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Chapter 17 - A Jornada Interior de Alex

Léo despertou em meio a um mar de escuridão, onde a gravidade parecia mais opressiva do que o normal. Nadando com esforço, ele percebeu que já estivera ali antes, durante o dia da celebração de sua entrada na Academia de Cavaleiros Perlasca. A escuridão era total, mas uma lembrança o guiava, uma chama acolhedora que brilhava em algum ponto distante.

Ele girou, buscando a fonte da voz fraca que o chamava.

— Olá? — sussurrou Léo. — Alguém está ouvindo?

A resposta veio como um eco, quase imperceptível.

— Léo, você precisa acordar. A garota de cabelos roxos, precisa de você.

Determinado, Léo perguntou como poderia retornar nesse lugar novamente. Uma chama amarelada surgiu, maior do que da última vez.

— Treine mais. — disse ele. — Conheça as habilidades da ascensão. Um dia, poderemos conversar de igual para igual.

E então, Léo afundou novamente na escuridão, despertando em seu mundo, com a promessa de um reino misterioso e uma missão a cumprir.

Léo lutou para se levantar, sentindo uma dor aguda na lateral de sua barriga. A ferida causada pelo sangue de Bruno parecia tratada momentaneamente, com um curativo improvisado ao redor de seu abdômen para conter o sangramento. Alex, que estava ao seu lado, comentou com sarcasmo.

— Até que enfim a bela adormecida acordou.

Léo agradeceu a Alex pelos primeiros socorros, e ela respondeu friamente.

— Não precisa agradecer. Fiz isso porque você ainda tem muito a me ajudar aqui.

Uma risada escapou de Léo, e ele acrescentou.

— Independente do que for, obrigado, Alex.

A cela em que estavam parecia parte de uma masmorra em um castelo abandonado. O lugar era velho, enferrujado e sombrio. Grades mágicas protegiam as celas, impedindo qualquer fuga. Nas outras celas, jovens e adultos capturados pelos monstros da floresta sob as ordens de Bruno e da vampira misteriosa aguardavam seu destino.

Léo olhou para Alex e perguntou sobre um plano de fuga. Ela respondeu.

— No momento, não. Nossa prioridade é nos curarmos. Depois, pensaremos em como escapar.

Léo, confiante, sacou sua espada mágica e sussurrou as palavras.

— Venha a mim, fênix. — Uma pequena chama no formato de uma fênix surgiu da lâmina flamejante, passando pelo peito de ambos e os curando parcialmente. Léo reconheceu. — Por enquanto, isso deve bastar, mas precisamos de tratamento adequado. Acho que perdi muito sangue.

Alex, impressionada com a habilidade de cura de Léo, soltou um riso sarcástico. Ele a interrompeu, dizendo.

— Gosto do seu sarcasmo, mas deixemos para outra hora, combinado?

Alex, rindo, respondeu.

— Sim, senhor. — E assim, na escuridão da masmorra, essa aliança entre Léo e Alex começava a se forjar.

A masmorra era um lugar sombrio e opressivo, com paredes de pedra áspera e úmida. A luz escassa filtrava-se através de pequenas frestas nas janelas gradeadas, criando padrões irregulares no chão de terra batida. O ar era viciado e carregado com o cheiro de mofo e decadência.

As outras celas alinhavam-se ao longo do corredor estreito. Cada uma delas era uma cela de ferro enferrujada, com grades espessas que pareciam resistir ao tempo. Os prisioneiros, variando de jovens a adultos, estavam encolhidos em cantos escuros, seus rostos desgastados pela dor e incerteza. Alguns tinham ferimentos visíveis, enquanto outros pareciam exaustos e famintos.

As camas eram simples, feitas de palha e cobertas com mantas rasgadas. Não havia conforto ou amenidades. Apenas o frio implacável e a sensação de desespero permeavam o ambiente. Nas paredes, marcas de arranhões e inscrições desesperadas testemunhavam o sofrimento dos que haviam estado ali antes.

Léo e Alex compartilhavam uma cela próxima à entrada. O chão de pedra estava manchado de sangue seco, resultado das feridas que ambos carregavam. A magia de proteção nas grades mantinha-os confinados, mas também os separava dos outros prisioneiros.

A masmorra estava escura e úmida, com paredes de pedra gastas pelo tempo. O som dos saltos altos ecoava pelo corredor estreito, anunciando a chegada da vampira. Seus cabelos brancos caíam em ondas perfeitas sobre os ombros, contrastando com a pele pálida e os olhos vermelhos como rubis. Ela se movia com uma graça sobrenatural, como se flutuasse no ar.

Alex e Léo, encurralados na cela, encararam a figura esbelta. A vampira sorriu, revelando presas afiadas. Seu tom cômico cortou o ar pesado.

— Olha só se não são meus novos ratos de laboratório. Parece que se curaram, impressionante. — Ela se aproximou das grades, examinando-os como se fossem espécimes raros.

Alex não se intimidou.

— Um morcego velho me chamando de rato? Se toca. — Sua voz era firme, desafiadora. Mas antes que pudesse dizer mais, a vampira a lançou contra a parede da cela com um simples olhar. Alex caiu no chão, atordoada.

A vampira se aproximou, inclinando-se para olhar nos olhos de Alex.

— Parece que o respeito não é um hábito de sua raça. — Sua voz era gélida.

Alex não recuou.

— Falou quem rouba sangue sem pedir permissão.

Nesse momento, Bruno apareceu. Seu terno branco e chapéu elegante contrastavam com o ambiente sombrio.

— Wanda, não maltrate nossas cobaias. — ele disse. — Precisamos delas para o progresso de nossa missão aqui.

Wanda, agora nomeada, afastou-se das celas, lançando um último olhar desdenhoso para Alex e Léo.

— Aproveitem suas últimas horas juntos. Vocês serão os próximos para os experimentos. — Ela e Bruno saíram, deixando os prisioneiros sozinhos na escuridão da masmorra. O destino deles estava selado, e a tensão no ar era palpável.

A masmorra, desgastada pelo tempo, parecia ainda mais opressiva à medida que Léo e Alex trocavam palavras. A pequena fênix de chamas que Léo lançou da espada curou os ferimentos recentes de Alex, mas ela insistiu que não queria que ele gastasse sua mana com ela. Léo, confiante, afirmou que estavam em condições de usar a magia de sua espada sem problemas.

Alex, corando levemente, agradeceu a Léo em voz baixa. O clima tenso da masmorra parecia ampliar cada palavra. Então, Léo mudou o tom da conversa, mencionando a ascensão. Ele explicou sobre um sonho recorrente, uma escuridão e uma chama que o instruía a se fortalecer para alcançar um nível onde pudesse realizar a ascensão com sua espada.

Alex, surpresa, compartilhou o conhecimento que tinha. A ascensão era um feito raro, onde o cavaleiro se tornava um só com sua espada. O lendário herói Perlasca havia sido o primeiro a alcançá-la. Quanto à chama que Léo via, Alex revelou que era o coração da espada, uma conexão incomum entre a arma e seu portador.

Léo, processando as informações, perguntou se era possível realizar a ascensão. Alex hesitou, mencionando uma pré-ascensão pouco conhecida. Ela alertou que antecipar etapas poderia destruir o corpo do usuário, sobrecarregando-o com mana. Léo olhou para a pequena janela gradeada acima da cela e questionou se a dor valeria a pena para salvar o vilarejo de Brisighella.

Alex suspirou, olhando para o teto.

— Mesmo que você queira, é quase impossível no seu estado atual. Enfiar a espada no próprio coração para forçar a conexão com o coração da espada... bem, não é algo que eu recomendaria. Você acabaria morrendo, e eu teria que resolver tudo sozinha. Embora, na maioria das vezes, eu já faça tudo sozinha. — O destino deles estava nas mãos daquela escolha impossível.

Léo, curioso, expressou o desejo de conhecer mais sobre Alex. Ela, surpresa, pensou que ele estava flertando, mas Léo esclareceu que não era esse o caso. Ele queria entender a garota que estava prestes a se tornar cobaia de laboratório junto com ele. Alex olhou ao redor, como se buscasse uma resposta nas sombras.

Quando Léo mencionou o diretor Lucius e o incidente com os antigos colegas de grupo da garota de cabelos roxos, Alex riu suavemente. Ela explicou que estavam em uma missão próxima de Romagna, e seus colegas decidiram entregá-la como moeda de troca para uma ordem de ladrões em troca de armas. A tentativa deles falhou miseravelmente, resultando em espinhos e mordidas de cobra por todo o corpo.

Léo, confuso, perguntou como alguém poderia considerar Alex como moeda de troca. Ela virou a cabeça, surpresa.

— Ué, você não sabe de qual família pertenço? — Alex revelou ser uma Seraphina, uma das famílias mais antigas que serviam à corte com seu exército particular. Todos os membros da família tinham cabelos roxos, como os dela.

A confissão de Alex sobre repetir de ano na academia intrigou Léo. Ela explicou que não estava acostumada a se juntar a grupos. O lema de sua família era "faça tudo sozinha e não dependa de estorvos." O diretor Lucius sempre tentava colocá-la em grupos, mas nunca dava certo e com esse ela falou que não seria diferente.

Léo olhou profundamente nos olhos de Alex.

— Você está errada. — ele disse. — Nosso grupo pode ter começado com o pé esquerdo, mas temos muito potencial juntos. Você não está sozinha, Alex.

Com um tom cômico e pequenas lágrimas nos olhos, Alex respondeu.

— Nossa, que cafona.

Léo provocou.

— Mas alcançou seu coração, né? Está até chorando.

Alex admitiu.

— Talvez. — E então, com um aviso sério, ela acrescentou. — Se você contar a alguém o que aconteceu aqui, estará morto.

O destino deles estava entrelaçado, e a masmorra parecia conter mais segredos do que imaginavam.

Foi então que a masmorra tremeu violentamente, pedaços de pedra se soltando do teto. O estrondo de uma explosão ecoou pelas paredes úmidas. Léo e Alex se agarraram às grades da cela, olhando para cima.

Luz filtrada invadiu a escuridão quando o teto acima deles rachou. Poeira e detritos caíram, obscurecendo a visão. Algo havia acontecido no castelo, algo que reverberava até ali nas profundezas.

Léo, com os olhos arregalados, perguntou.

— O que diabos aconteceu?

Alex, mais calma, respondeu.

— Acho que o castelo tem novos visitantes.

O castelo abandonado, com suas paredes desmoronando, testemunhou a entrada ousada de Cedric e Lucas. Eles derrubaram pedras e riram enquanto avançavam. A sala do trono, outrora majestosa, estava agora em ruínas. O teto parcelamento desabado revelava o céu cinzento.

No centro da sala, um homem elegante vestindo terno branco e chapéu branco os encarou. Era Bruno, e ele não parecia surpreso com a chegada dos intrusos.

— Mais intrusos. — disse ele com desdém. — Parece ser o dia de sorte de Wanda.

Lucas, sem rodeios, perguntou sobre os outros dois. Cedric, experiente, afirmou que eles provavelmente estavam presos em alguma masmorra. Ele já tinha sido capitulado e mantido de refém muitas vezes em castelos antigos.

Lucas, rápido como um raio, empunhou sua espada mágica e correu atrás dos amigos. O Homem de terno se apresenta.

— Olá intrusos, sou Bruno.

Cedric, por sua vez, apontou sua própria espada para Bruno.

— Olá, Meu nome é matador de Brunos, — declarou. Sua lâmina brilhou como lava de vulcão, lançando um jato ardente na direção de Bruno.

Bruno desviou com agilidade, parando ao lado do local onde a lava derretia tudo em seu caminho.

— Vejo que Wanda estava certa. — disse ele com um sorriso. — Todos de Lumirian não têm educação.

O salão do trono estava em ruínas, com destroços espalhados pelo chão. Cedric, determinado, cravou sua espada no solo, transformando-o em um mar de lava. Com gestos precisos, ele controlava jatos ardentes, lançando-os na direção de Bruno.

Bruno, ágil e experiente, desviava de cada ataque. Ele conjurou lanças de vento, lançando-as contra Cedric. O cavaleiro Rank sete da academia de cavaleiros Perlasca ergueu uma muralha de lava para se proteger, mas as lanças atravessaram, ferindo-o superficialmente. Cedric, por sua vez, resistia às investidas graças à magia de fortalecimento em seu corpo.

Então, Wanda apareceu ao lado de Bruno. Ela o instruiu a deixar Cedric com ela e cuidar dos "pirralhos". Bruno concordou e saiu do salão. Cedric olhou para Wanda, hesitante.

— Desculpe, bela dama. — disse ele. — mas não sou de bater em mulheres.

Wanda respondeu com um sorriso enigmático.

— Não se preocupe, você não conseguiria nem mesmo se quisesse. — O confronto estava longe de terminar, e segredos sombrios pairavam no ar.

Lucas, acha Léo e Alex aprisionados na masmorra, onde Lucas utiliza um papel encantado por Cedric para desfazer a magia que mantinha Léo e Alex presos. Libertos, eles apontam para os moradores de Brisighella, também aprisionados, e discutem como resgatá-los.

No entanto, uma voz conhecida interrompe. Bruno, que arremessou lanças de vento, na direção no trio e destruindo as paredes e chão da masmorra e transportando todos para um mausoléu com tumbas antigas abaixo da masmorra.

O mausoléu era sombrio e úmido, com paredes de pedra desgastadas pelo tempo. As tumbas antigas, cobertas de musgo, se alinhavam em fileiras, cada uma marcada por inscrições desbotadas. A luz fraca de tochas penduradas nas paredes projetava sombras dançantes, criando uma atmosfera sinistra.

Lucas, Léo e Alex se levantaram, ainda atordoados pela mágica de vento que os fizeram cair até ali. O esqueleto que Lucas havia perturbado caindo em cima agora estava de pé, ossos rangendo enquanto se erguia lentamente. Seus olhos vazios pareciam fixados em Lucas, como se acusando-o por perturbar seu descanso eterno.

Então, Bruno apareceu. Seu rosto estava contorcido em uma expressão de raiva, e ele lançou um olhar desdenhoso para os três. As lanças de vento que ele invocara anteriormente ainda flutuavam no ar, girando como serpentes prateadas.

— Vocês não vão a lugar nenhum! — rosnou Bruno. Sua voz soava mais profunda, mais ameaçadora do que antes. Ele apontou para os moradores de Brisighella, agora acordados e confusos, encurralados contra as tumbas.

Lucas olhou para Léo e Alex, buscando uma solução.

— Precisamos sair daqui. — sussurrou ele. — Mas como?

Foi então que Bruno começou a mudar. Seu corpo tremia, e suas roupas rasgaram à medida que músculos incharam e pelos negros brotavam de sua pele. Ele se transformou em algo monstruoso, um lobisomem. Seus olhos amarelos brilhavam com fúria, e suas garras afiadas rasgaram o ar.

O lobisomem deu um rugido ensurdecedor, fazendo tremer as tumbas ao seu redor. Léo engoliu em seco.

— Isso só pode ser brincadeira. — murmurou ele.

Mas era real. E agora, os três amigos enfrentavam uma batalha contra um inimigo que não era apenas humano, mas também bestial. O mausoléu ecoava com o som de dentes afiados e garras arranhando pedra. Eles estavam presos entre as tumbas antigas, com a vida e a morte se entrelaçando em uma dança perigosa. O próximo movimento seria crucial.