Chapter 22 - Os Tigres Brancos

O sol nascente pinta o céu com tons dourados enquanto Léo e Lucas correm pelo amplo jardim da Academia de Cavaleiros Perlasca. O canto dos pássaros acompanha seus passos, criando uma trilha sonora suave para a manhã.

Lucas, com olhos brilhantes, vira-se para Léo e anuncia animado.

— Hoje teremos nosso primeiro treino com Cedric na arena flutuante de tacos mágicos. Ele vai nos explicar como funciona esse esporte intrigante.

Léo responde com um pequeno sorriso, mas seu semblante esconde preocupações recentes.

Nas últimas semanas, boatos se espalharam pela academia, insinuando que Léo e seu grupo falharam em sua primeira missão. Como consequência, o diretor decidiu manter todos os alunos dentro dos limites da academia. Lucas tem se esforçado para animar Léo, mas uma carta inesperada muda tudo.

Um pombo entregador trouxe uma mensagem de Lumina, informando que ela e seu primo Greg foram à antiga capital real para tratar de assuntos importantes da família real. Após a morte do rei, as famílias próximas à coroa estão envolvidas em uma disputa acirrada pelo trono. A incerteza paira no ar, e Léo se pergunta como isso afetará seu próprio destino e o de seus amigos.

Lucas coloca a mão no ombro de Léo, transmitindo apoio silencioso.

— Vamos Léo. — ele diz, sua voz firme. — Não podemos nos deixar abalar pelos rumores. O desastre na capital real não foi culpa nossa. O diretor sabe disso, e nós também.

Léo assente, mas seus olhos ainda refletem a tristeza.

— Eu entendo, Lucas. Lumina está longe agora, e não podemos sair da academia para encontrá-la. É frustrante.

Os dois amigos caminham juntos em direção à arena flutuante. O sol está mais alto no céu, lançando sombras nas árvores ao redor. A arena é um espetáculo impressionante, uma plataforma circular suspensa no ar por magia, cercada por uma barreira translúcida que impede que os tacos e bolas mágicas voem para fora.

A atmosfera na arena é eletrizante quando Léo e Lucas se aproximam de Cedric e seu time, os Tigres Brancos. Os Tigres Brancos são conhecidos por sua destreza e estratégia impecável, e seus uniformes reluzem com runas mágicas bordadas.

Cedric, com um sorriso caloroso, cumprimenta os dois novatos.

— Bem-vindos, Léo e Lucas. Estou ansioso para ver o que vocês podem fazer. — Ele apresenta os outros membros da equipe.

Léo e Lucas trocam olhares, sentindo-se pequenos diante da experiência dos Tigres Brancos. Mas Cedric não perde tempo e mergulha nas regras do esporte.

— Os torneios de tacos mágicos acontecem anualmente. — explica ele. — É um esporte que combina habilidades mágicas, estratégia e destreza.

Cedric então começa a dizer com o funciona o esporte. O objetivo e acumular pontos e ser o primeiro time a atingir cem pontos. Cada equipe tem cinco jogadores, cada um com uma posição específica.

Os jogadores usam tacos com runas desenhadas para acertar as bolas mágicas. Esses tacos são carregados com mana dos próprios jogadores. As argolas se movem aleatoriamente pela arena. Os jogadores devem acertar as bolas mágicas nas argolas para marcar pontos.

Cedric olha para Léo e Lucas.

— Alguma dúvida?

A ansiedade e a empolgação se misturam enquanto os dois absorvem as informações. Eles estão prestes a entrar no mundo emocionante dos tacos mágicos, onde a magia e a estratégia se encontram no ar.

Cedric, com sua voz firme e experiente, continua a explicar as nuances do esporte. Ele aponta para os cinco círculos desenhados no chão da arena, cada um marcando a posição de um jogador.

Os Frontes são dois jogadores que ocupam essa posição. Eles são a linha de frente, atacando e defendendo com seus tacos mágicos. Seus movimentos rápidos e precisos protegem os arqueadores e mantêm o adversário sob controle.

O Arqueador são os especialistas em acertar as bolas nas argolas flutuantes, ele é a essência da precisão. Seus olhos seguem as trajetórias das bolas, e sua magia direciona os golpes com exatidão. Cada ponto marcado é uma vitória para o time.

O Magos detém o poder das magias. Com gestos fluidos, ele convoca tempestades, lança bolas de fogo e até provoca chuva de granizo. Sua influência afeta todo o jogo, e sua estratégia pode mudar o rumo da partida.

O Cérebro é o estrategista do time, ele é o cérebro por trás das jogadas. Ele cria táticas, coordena ações e antecipa os movimentos do adversário. Sua mente afiada é tão crucial quanto a destreza física dos outros jogadores.

A arena é um cenário dinâmico. Pequenas ilhas flutuantes aparecem e desaparecem, servindo como pontos estratégicos. Os jogadores saltam de uma para outra, buscando vantagem tática. As argolas flutuam, movendo-se em padrões complexos. Às vezes, elas se alinham perfeitamente, criando oportunidades para acertos precisos. Outras vezes, desviam-se abruptamente, desafiando a habilidade dos arqueadores.

As bolas mágicas surgem de portais aleatórios, como estrelas cadentes. Os jogadores devem reagir rapidamente, antecipando a trajetória das bolas e ajustando seus movimentos. A comunicação entre os membros da equipe é essencial. Eles gritam instruções, apontam para as argolas e coordenam ataques e defesas. A energia mágica flui, os tacos brilham e o público assiste com fascínio.

Léo e Lucas absorvem cada palavra de Cedric, imaginando-se nos papéis dessas posições. A arena flutuante parece maior agora, cheia de possibilidades e desafios.

Cedric observa Léo e Lucas com um olhar compreensivo. Lucas parece confuso, e Léo está visivelmente sobrecarregado. O instrutor solta uma risada calorosa, como se estivesse lembrando de seus próprios dias de novato.

— Não se preocupem — diz Cedric, apontando para a arena. — A prática é o melhor remédio. Vamos começar devagar.

Ele conduz os dois até o centro da arena flutuante. O chão parece instável sob seus pés, mas a magia os mantém equilibrados. As pequenas ilhas flutuantes aparecem e desaparecem, desafiando-os a saltar de uma para outra.

— Lucas! — diz Cedric, — você será um Arqueador hoje. Concentre-se nas argolas. Siga a trajetória das bolas mágicas.

Lucas assente, segurando seu taco mágico com determinação. Ele olha para as argolas, que flutuam em padrões imprevisíveis. A primeira bola surge de um portal próximo, e Lucas se prepara para o golpe, para começar a prática.

Enquanto isso, Léo está ao lado de Cedric.

— Léo! — diz Cedric, — você será o fronte atacante. Certifique-se de atacar o Arqueador do time aniversário e experimente algumas magias de velocidade.

Léo respira fundo, sentindo a energia mágica fluir através dele. Ele faz um gesto com a mão, e uma rajada de vento impulsiona sua próxima tacada. A bola mágica voa em direção a uma das argolas, mas desvia no último segundo.

Cedric sorri.

— Não se preocupe, Léo. A prática nos torna melhores.

Os Tigres Brancos observam, torcendo silenciosamente pelos novatos. A arena é um campo de possibilidades, onde a inexperiência se transforma em habilidade. Léo e Lucas estão prestes a descobrir que, mesmo com todas as regras e complexidades, o verdadeiro aprendizado acontece quando os tacos mágicos se encontram com a magia do esforço e da dedicação.

Algumas semanas se passaram e a atmosfera na arena estava eletrizante. As arquibancadas vibravam com expectativa enquanto os Tigres Brancos e os Lobos Negros se posicionavam. Os jogadores, trajando uniformes com as cores de seus times, pareciam prontos para a batalha.

Léo e Lucas, agora como jogadores dos Tigres Brancos, trocaram olhares determinados. Seus tacos mágicos brilhavam, ansiosos para entrar em ação. A adrenalina corria em suas veias, e eles sabiam que este era o momento pelo qual treinaram incansavelmente.

Do outro lado da arena, os Lobos Negros rosnavam figurativamente. Seus arqueadores ajustavam as luvas, e o mago sussurrava encantamentos. O Cérebro, com olhos astutos, estudava a formação adversária.

As argolas flutuantes começaram a se mover, e as bolas mágicas surgiram dos portais. Os jogadores saltaram de ilha em ilha, calculando trajetórias e antecipando movimentos. Lucas, como arqueador, seguia cada bola com olhos afiados, pronto para acertar as argolas.

Nas arquibancadas, Alex estava lá, torcendo por seus amigos. Ela riu ao lembrar-se de quando descobriu que Léo e Lucas haviam entrado para os Tigres Brancos. Ela imaginava os dois errando tacadas, e isso a divertia. Mas, secretamente, ela também sentia orgulho deles.

O público segurava a respiração a cada tacada, a cada magia lançada. Os pontos se acumulavam, e os times se revezavam na liderança. Os Frontes dos Tigres Brancos enfrentavam os ataques dos Lobos Negros, defendendo com destreza e atacando com coragem.

No meio da partida, Léo lançou uma magia de velocidade, desviando uma bola que parecia imparável. Lucas acertou uma argola em movimento, marcando cinco preciosos pontos. Os Tigres Brancos rugiram de alegria.

E assim, no jogo de abertura da liga Perlasca, a magia e a estratégia se entrelaçaram. Os amigos de Alex provaram que mereciam seu lugar nos Tigres Brancos. E, quem sabe, talvez até surpreendessem Alex com algumas tacadas perfeitas.

A arena pulsa com energia enquanto os Tigres Brancos enfrentam os Lobos Negros. Cada jogador desempenha seu papel com destreza e paixão, e a magia flui pelo ar.

Lucas, o Arqueador veloz se move como um relâmpago, seus olhos fixos nas bolas mágicas. A cada acerto, a multidão vibra. Sua velocidade é uma arma, e ele marca pontos com precisão.

Carlos, o Fronte Protetor dos Tigres Brancos segue Lucas, defendendo-o dos ataques inimigos. Seu taco bloqueia golpes, e sua determinação é inabalável. Ele é o escudo do time.

Valéria, a Maga do gelo dos Tigres Brancos com seus gestos criam obstáculos. Ela conjura paredes de gelo, desafiando os Lobos Negros a contorná-las. A magia gela o ar, e os adversários escorregam.

Cedric, o Cérebro estrategista observa tudo. Seus olhos prateados analisam cada movimento. Ele grita instruções, ajustando a formação. E, quando pode, acerta uma bola na argola, com um sorriso astuto.

Léo, o Fronte Atacante com seu taco irradia calor. Ele enfrenta o Arqueador adversário, um duelo de força e habilidade. O fogo flui por suas veias, e ele não recua. O adversário sente o calor, mas Léo não desiste.

A multidão aplaude, os tacos brilham e a arena se torna um campo de batalha mágico. Os Tigres Brancos lutam com paixão, e Léo, com sua magia de fogo, queima não apenas o adversário, mas também suas próprias dúvidas.

Os portões do grande salão se abrem com um rangido triunfante, e os Tigres Brancos entram, exaustos mas eufóricos. A multidão os recebe com aplausos ensurdecedores, e os jogadores erguem os tacos mágicos em comemoração. A vitória foi esmagadora: cento e um a quarenta e dois contra os Lobos Negros.

Léo e Lucas se reúnem a Alex, seus sorrisos irradiando felicidade. Eles se abraçam, compartilhando a adrenalina da batalha vencida. As preocupações recentes desvanecem, substituídas pela alegria do momento. Os três amigos se juntam à torcida, pulando e gritando, como se pudessem tocar as estrelas.

Mas algo está fora do lugar. O diretor Lucius, sempre presente nos jogos de tacos mágicos, não está lá. Cedric havia mencionado que o diretor nunca perdia uma partida. Onde ele estaria? Talvez os acontecimentos tumultuados fora da academia tenham exigido sua atenção.

Enquanto a festa continua, Léo olha para o vazio onde o diretor deveria estar. Uma sombra de preocupação cruza seu rosto, mas ele decide deixar isso para depois. Por agora, eles celebram a vitória, a amizade e a magia que os une.

Após festejar, Léo e Lucas foram para o dormitório masculino do primeiro ano para descansar. A chuva batia forte contra os vidros da janela, criando um ritmo constante e hipnotizante. Léo observou um pombo dourado, suas penas brilhando como se fossem feitas de ouro puro. Ele era majestoso, diferente de qualquer ave que já tinha visto. Suas asas eram largas e poderosas, e seus olhos, pequenos e penetrantes, pareciam carregar séculos de sabedoria.

O pombo caminhou com elegância pelo parapeito da janela, suas garras delicadas não fazendo o menor ruído. Léo notou que ele carregava uma pequena bolsa presa à pata, selada com um brasão real. O que um pombo da realeza estaria fazendo ali, naquela torre distante?

O trovão ribombou novamente, iluminando o quarto com um clarão. Léo sentiu um arrepio percorrer sua espinha enquanto Lucas estava roncando despreocupadamente. O pombo olhou diretamente para ele, como se soubesse que estava sendo observado. Com um movimento gracioso, ele abriu a bolsa e retirou um pergaminho enrolado.

Léo estendeu a mão trêmula para pegar o pergaminho. Suas mãos suavam, e ele mal conseguia desenrolá-lo. As palavras escritas com o nome de Lumina em tinta vermelha pareciam dançar diante de seus olhos.

Léo olhou para Lucas, ainda dormindo. O quarto estava abafado, e Léo sentiu o peso da responsabilidade.

— Ele nos enganou esse tempo todo, estamos correndo perigo e preciso de sua ajuda. E Léo, cuidado, não confie em ninguém. — Quem era "ele"? Por que Lumina estava em perigo? E por que não confiar em ninguém?

A chuva lá fora parecia ecoar a urgência da mensagem. Léo leu e releu as palavras escritas pela mão de Lumina agora clamava por sua ajuda. O nome dela no final da carta era como um farol em meio à escuridão.