No labirinto de becos e vielas da cidade de Romagna, o Homem encapuzado movia-se com a agilidade de um felino. Seus pulos eram precisos, e ele parecia flutuar sobre os obstáculos. A máscara escondia suas feições, mas seus olhos brilhavam com determinação. A foice em sua mão direita refletia a luz das poucas lâmpadas que iluminavam o caminho, criando um brilho ameaçador.
Atrás dele, dois jovens cavaleiros, aprendizes da academia Perlasca, corriam com todas as suas forças. O primeiro, com uma espada flamejante, iluminava o caminho com um brilho ardente, enquanto o segundo, com uma espada que conduzia eletricidade, fazia faíscas dançarem no ar ao seu redor. A tensão era palpável, e o som de suas respirações ofegantes ecoava pelas paredes estreitas.
A perseguição frenética culminou em um largo beco sem saída. O Homem encapuzado parou abruptamente, virando-se para encarar seus perseguidores. As sombras dançavam ao seu redor, criando uma aura de mistério e perigo. Os jovens cavaleiros, determinados, ergueram suas espadas, prontos para o confronto final. O ar estava carregado de eletricidade e calor, e o silêncio que se seguiu era quase ensurdecedor, como a calma antes da tempestade.
Léo, com a espada flamejante em punho, deu um passo à frente, seus olhos fixos no Homem mascarado.
— Você não tinha prometido que iria largar essa vida de roubos em Romagna, Fantasma? — Sua voz ecoou pelo beco, carregada de decepção e determinação.
O Fantasma, conhecido criminoso da cidade, começou a rir, um som rouco e amargo que reverberou pelas paredes de pedra. Ele havia sido derrotado antes por Léo e Lucas, e prometera abandonar o crime. No entanto, a promessa foi quebrada, e uma carta chegou à academia, convocando os cavaleiros para capturá-lo novamente. Léo e seu grupo aceitaram a missão sem hesitar.
O riso do Fantasma cessou abruptamente, e ele olhou diretamente para Léo.
— Não me entenda mal, garoto. Eu tentei. Mas após os acontecimentos na capital real, o reino inteiro virou uma bagunça. Vocês nunca entenderiam como é viver com fome o dia todo. Eu precisava fazer algo.
A tensão no ar era quase palpável. Lucas, com sua espada elétrica, estava pronto para agir, faíscas dançando ao redor da lâmina. As palavras do Fantasma trouxeram um momento de reflexão, mas a missão era clara. O beco sem saída parecia encolher ao redor deles, as sombras se alongando e criando um cenário de confronto iminente.
Léo apertou o punho em torno de sua espada, o fogo refletindo em seus olhos.
— Isso não justifica suas ações, Fantasma. Você escolheu esse caminho, e agora deve enfrentar as consequências. — O silêncio que se seguiu foi quebrado apenas pelo som distante da cidade, enquanto os três se preparavam para o inevitável confronto.
Lucas, determinado, diz.
— Eu resolvo isso.
Em um instante, ele avança com uma velocidade impressionante, eletricidade percorrendo seu corpo. O Fantasma, ágil, troca golpes com Lucas, mas seus ataques são ineficazes. Em um movimento desesperado, o Fantasma tenta um golpe horizontal para pegar o flanco de Lucas. Com uma agilidade impressionante, Lucas gira e escapa do golpe, acertando o criminoso no estômago com um chute poderoso.
O Fantasma é arremessado para longe, caindo desacordado no chão. Lucas rapidamente o prende com cordas, removendo seu capuz e máscara. A identidade do criminoso é finalmente revelada, e a missão está cumprida. O beco, antes palco de uma perseguição frenética, agora está em silêncio, com apenas o som da respiração pesada de Lucas e Léo ecoando nas paredes.
Léo, ainda segurando sua espada flamejante, olha para Lucas e diz com um sorriso cansado.
— Missão cumprida, parceiro. — Ele então levanta a cabeça, observando a lua brilhante no céu noturno. — Você sabe onde está Alex?
Lucas, inclinando-se ligeiramente, responde.
— Acho que ela deveria estar atrás de nós. Ela não está? — Ele olha ao redor, procurando sinais da companheira de equipe.
Léo bufa, frustrado.
— Mais uma vez ela sumiu. — Ele balança a cabeça, preocupado, enquanto as sombras da noite envolvem o beco. A lua lança um brilho prateado sobre a cena, criando um contraste entre a tranquilidade do céu e a tensão que ainda paira no ar.
Uma voz travessa ecoou dos telhados.
— Vocês estão preocupados comigo? Ah, que fofo. — Alex riu em um tom cômico.
Léo franziu a sobrancelha e perguntou.
— Alex, o que você está fazendo?
Ela respondeu com um sorriso.
— Juntando informações. — Então, começou a flutuar graciosamente, descendo na direção de Léo e Lucas. A luz da lua iluminava sua figura enquanto ela se aproximava, criando uma cena quase mágica no beco silencioso.
Léo arqueou os ombros e perguntou.
— O que você descobriu?
Alex, com uma expressão séria, respondeu.
— Após a explosão na capital real, o rei e a rainha foram declarados mortos. O caos está pairando no reino. As duas famílias mais influentes, os Visley e os Lightbringer, estão em uma briga acirrada para ver quem merece se sentar no trono.
Léo interrompeu, surpreso.
— Espera um momento, existe uma organização criminosa chamada as Garras do Dragão por aí e as pessoas mais importantes do reino estão mais interessadas em quem vai assumir o poder ao invés de se juntarem e irem atrás desses criminosos?
Lucas, com um olhar triste, olhou para a lua e disse.
— Talvez seja essa a corrupção que o líder daquela organização falou. Fiquei sabendo pelo meu avô que a Máfia Wolfs cresceu após esse incidente.
A cena estava carregada de tensão e incerteza. A luz da lua iluminava os rostos dos três, refletindo a seriedade da situação. Alex flutuava levemente, ainda processando as informações que havia coletado. Léo, com a espada flamejante ainda em punho, parecia pronto para enfrentar qualquer desafio que viesse. Lucas, com a espada elétrica, estava pensativo, refletindo sobre as palavras de seu avô e o estado do reino. O futuro parecia incerto, mas a determinação dos jovens cavaleiros era inabalável.
Léo, absorvendo todas as informações, olhou para Lucas e disse.
— Lumina deve estar sofrendo agora. Ainda não tivemos tempo de conversar depois de todo aquele incidente envolvendo nossa missão anterior.
Lucas assentiu, afirmando.
— Verdade, mas também, você ficou desmaiado por dias. Você tem ideia da sorte de estar vivo ainda?
Alex completou, com um tom sério.
— Sim, seu irresponsável. Você sabe quantas pessoas fizeram esse método de pré-ascensão prematura e saíram vivas? Só seis, contando com você, na história toda do reino. Até agora não sei como você sobreviveu, mas graças aos deuses, você sobreviveu.
Léo deu uma risada leve, sentindo uma culpa nas costas.
— Eu sei, me desculpem novamente. O diretor Lucius me repreendeu em todas as línguas possíveis. Ele disse que agora eu tenho que aprender a controlar meu mana para entrar no primeiro estágio da ascensão. Caso eu não controle direito, meu corpo pode virar pó.
Enquanto Léo ria, Alex deu um soco na cabeça dele, dizendo.
— Seu idiota, não fique rindo disso.
A cena era ao mesmo tempo tensa e cômica. Léo, com um sorriso culpado, esfregava a cabeça onde Alex o havia atingido. Lucas, com um olhar preocupado, observava a interação entre os dois. A lua continuava a brilhar no céu, lançando uma luz suave sobre os três amigos, enquanto eles processavam as informações e se preparavam para os desafios que ainda estavam por vir.
Alex então disse.
— As informações ainda não acabaram. — Ela complementou. — Os integrantes dessa organização criminosa têm cinco líderes, pelo que a gente já sabe. Um deles se chama Bruno Luponnaro, ele é um lobisomem do reino de Deathgunirus. Dizem que ele está envolvido com a máfia Wolfs.
Lucas franziu a testa e comentou.
— Deveria saber, parece até meio óbvio pelo nome. — Alex continuou. — Tem a vampira Wanda Chirossi, que também é do reino Deathgunirus. Ela faz experimentos com as pedras de sangue. Esses dois estão sendo procurados pelo reino inteiro, com seus nomes expostos.
Léo perguntou.
— O reino Deathgunirus não disse nada a respeito desses criminosos?
Alex respondeu.
— Eles mandaram uma carta, pelo que eu fiquei sabendo. Eles não sabem quem são esses criminosos, mas essas informações podem não ser precisas. Até porque a capital real está uma bagunça, não sei quem iria parar para ler cartas de outros reinos.
Léo assentiu.
— Entendo, pode continuar.
Alex confirmou com um aceno e continuou.
— Não há muitas informações sobre os outros membros dessa organização. Sabemos que o líder se chama Fockz da Máscara de Ferro e, junto dele, está um elfo negro, que é raro de existir hoje em dia, e um cavaleiro portador de uma espada mágica amaldiçoada.
Lucas perguntou, curioso.
— Como assim amaldiçoada?
Alex respondeu, com um tom de reprovação.
— Você está dormindo nas aulas de história do reino? As espadas mágicas amaldiçoadas são aquelas que possuem um visual totalmente negro e seu poder emana uma cor obsidiana. Já foram catalogadas duas espadas mágicas amaldiçoadas na história toda do reino. Contando com essa do cavaleiro negro, são três. A mais famosa é a espada das chamas negras que o rei Aldric III usou. Essas espadas têm o poder de corromper o usuário.
Léo ficou pensativo, se perguntando como poderiam derrotar esse cavaleiro negro. Ele tinha um poder devastador e, sem precisar usar ascensão, conseguiu enfrentar a pré-ascensão de Léo e Cedric. A preocupação estava estampada em seu rosto enquanto ele ponderava sobre a próxima estratégia. A lua continuava a brilhar intensamente, lançando uma luz prateada sobre os três, enquanto eles se preparavam para os desafios que estavam por vir.
Alex então disse.
— A última informação que eu consegui na verdade é um boato. Não sei ao certo se é real ou não, mas parece que essa organização está criando um exército de monstros controlados pela pedra de sangue. Ainda não se sabe onde eles estariam guardando esse exército, mas pelo que eu vi no laboratório do castelo abandonado, acho que tempos mais sombrios vão pairar sobre o reino.
Léo, preocupado, perguntou.
— O que nós vamos fazer sobre tudo isso?
Foi então que um pombo entregador começou a fazer barulho e jogou um pergaminho para Léo. Ele olhou surpreso e viu o pombo usando um mini óculos, saindo rapidamente.
Lucas, confuso, exclamou!
— O que diabos foi isso?
Alex respondeu.
— Uma mensagem para nós. Abre rápido, Léo, parece ser da academia Perlasca.
Léo pegou o pergaminho, desenrolando-o com cuidado. A luz da lua iluminava o papel, revelando as palavras escritas com urgência. Os três amigos se aproximaram, ansiosos para descobrir o conteúdo da mensagem. A tensão no ar era palpável, enquanto eles se preparavam para enfrentar os novos desafios que estavam por vir.
Léo desenrolou o pergaminho e leu em voz alta.
— Caros alunos da academia de cavaleiros Perlasca, eu, o diretor Lucius Perlasca, solicito sua volta para a academia com urgência. Uma reunião no grande salão será feita daqui a três dias. Estejam presentes.
Lucas, intrigado, perguntou.
— O que será que pode ser essa reunião?
Alex afirmou.
— Deve ser sobre todos esses problemas que estão acontecendo no reino.
Léo olhou novamente para a lua, refletindo sobre a situação.
— Vamos levar o Fantasma para a prisão de Romagna, concluir a missão e pegar o navio Vespucci de volta para a academia.
Os três amigos se prepararam para partir. Léo, com o Fantasma amarrado, liderava o caminho. Lucas e Alex seguiam logo atrás, atentos a qualquer sinal de perigo. A luz da lua iluminava seu caminho, enquanto eles caminhavam pelas ruas silenciosas de Romagna. A missão estava quase concluída, mas sabiam que novos desafios os aguardavam na academia. A determinação em seus olhos era clara, prontos para enfrentar o que viesse a seguir.
Próximos de embarcar no majestoso navio Vespucci, Léo parou em uma banca de jornal. Alex, confusa, perguntou.
— O que você está fazendo? O navio está prestes a sair.
Léo respondeu.
— Vou comprar a assinatura diária do jornal Gazeta Lumirian. O pombo entregador faz as entregas diárias do jornal para os assinantes, e parece uma boa forma de ficar por dentro dos acontecimentos do reino.
Lucas, observando a cena, riu e disse.
— Ah, Léo, você comprou a assinatura do Gazeta? Eu sabia que você faria isso. Alex, você sabia que ele tem uma paixão platônica pela repórter Nancy Lin, a dona do Gazeta Lumirian?
Alex levantou uma sobrancelha, intrigada.
— Ficando por dentro das notícias do reino, né? Sei.
Léo, tentando inventar uma desculpa, ficou visivelmente embaraçado. Com um sorriso tímido, ele disse.
— É... algo assim.
Os três amigos, rindo e brincando, embarcaram no navio Vespucci. O destino? A academia de cavaleiros Perlasca. A bordo do navio, eles se preparavam para a próxima etapa de sua jornada, sabendo que desafios ainda maiores os aguardavam. A lua brilhava intensamente no céu, iluminando o caminho de volta para casa.