Chereads / Anna Uma Nova Chance Para O Amor / Chapter 24 - Capitulo XXIII - As semanas seguintes...

Chapter 24 - Capitulo XXIII - As semanas seguintes...

 

Enfim chegou a sexta-feira. Meus dois estagiários estavam bem aplicados nos seus trabalhos e com a ajuda extra não precisei fazer hora extra no trabalho e agora eu tinha também duas "damas de companhia", estavam sempre lá quando saía para o almoço ou para ir para casa. E para minha surpresa até nas minhas caminhadas eles apareciam.

Já estava finalizando as cópias de segurança no meu notebook quando Vitor apareceu na porta da minha salada sorrindo.

- Ana, o que costuma fazer nas noites de sexta?

- Antigamente... - Sorrio. – Na sua idade eu já estava com o ingresso de alguma festa, ou quando não ia a festas já estava com uma pilha de filmes ou livros para hibernar.

- Ia perguntar se aceita dividir uma pizza.

Senti-me meio velha para isso, afinal, se eu tivesse sido mãe aos vinte e um anos, ele poderia ser meu filho.

- Claro, por que não? - brinquei.

- Combinado! Vou comprar a pizza e você escolhe o filme, chego às vinte horas.

Abriu um sorriso lindo e saiu em direção à porta. Eu apenas fiquei olhando aquele rapaz de quase dois metros sair pela porta.

Finalizo todo o meu trabalho, pego minha bolsa e as chaves do carro. Preciso ir ao supermercado. Tenho de abastecer minha geladeira e comprar ração para minhas meninas. Chegando à porta da cooperativa encontro o Matheus.

Acho que esses dois combinam, nunca consigo ficar sozinha.

- Ana, vai ao supermercado? - Matheus pergunta.

- Sim.

- Consegue me dar uma carona? Preciso levar algumas coisas que minha mãe pediu para casa.

E lá fui eu com meu segundo armário ao mercado. Matheus era um pouco menor que Vitor, mas igualmente muito bonito.

Às vinte horas chega minha visita. Aquele meninão, com uma pizza enorme fumegando.

- Olá Ana, pizza de frango com bacon, calabresa e quatro queijos.

- Hum, adoro frango e bacon.

- Chamei o Matheus, mas ele disse que ia sair com a Cintia e eu sei que eles andam ficando.

- A menina da recepção...Interessante, agora sei aonde ele vai quando some.

- Ana, não fala nada para ninguém, não temos permissão para namorar antes dos 21 anos, é uma regra, da mati...

De repente parou de falar como se estivesse revelando algo que não poderia.

- Regra dá o quê?

- Ana, temos algumas regras colocadas pelos mais velhos e sempre foram seguidas. Não nos é permitido namorar na adolescência. Ficamos esse período no acampamento, eu e o Matheus só estamos aqui porque o Ulisses precisou de nós. Por isso recebemos permissão de ficar no Vale.

- Acampamento? Não estou entendendo, me explica.

Ele ficou um pouco em silêncio, pensando como me explicaria tudo, e eu tinha noção que era algo que não poderia ser revelado a alguém. Então me olhou com uma expressão séria e acrescentou.

- Ana, o que eu contar, promete não compartilha com ninguém? Ulisses ou a Marcia não podem saber que eu contei. Fala todo preocupado. 

Apenas assenti com a cabeça. Servindo a ele um copo generoso de refrigerante.

- Assim, Ana. Nós somos descendentes da Romênia. Nossos antepassados vieram há muitos anos para cá, fugindo das crueldades do Império Otomano. Há mais de 300 anos atrás, nossas famílias acabaram chegando aqui no litoral de Santa Catarina e na época compraram as terras aqui onde o vale está situado. Havia muita pobreza e muita fome. Então o líder da nossa "Família", assim por dizer com os mais velhos, estabeleceram que viveríamos nos protegendo e isolados. Tudo que fosse feito seria para a comunidade e que nos casaríamos somente após os 21 anos, que é considerado nossa fase adulta. Teríamos que apreender a controlar nossos instintos e nos adaptar à nova cultura de um novo país.

- Deixa-me ver se entendi, vocês são de origem Romênia?

- Sim.

- E vieram há mais de 300 anos para cá?

- Sim. - Ele sorria.

- E o que quer dizer com "Apreender a controlar os seus instintos"? Não entendi sua colocação, Vitor.

- Ana, nossas famílias sofreram muito em nossa terra natal. Muitos perderam quase todos os membros familiares. Teve famílias que praticamente foram dizimadas, então nos protegemos. E nos fechamos em nosso mundo. Mas quando o pai do Ulisses assumiu o comando das nossas famílias, ele começou a mudar. Convenceu o conselho que deveríamos conviver com as pessoas aqui e começamos a explorar tudo ao nosso redor. Os filhos de todas as famílias foram enviados para a faculdade e com isso ganhamos muito. E o resto você já conhece.

- Vitor, essas histórias são bem confusas, e quando você disse "regra da mati..." você quis dizer matilha?

Nesse momento eu percebi que ele engoliu as palavras. Percebi o desconforto de como escondem algo. Mas minha experiência e astúcia de quem já passou um tempinho dos vinte anos, sabem muito bem como lidar com um jovem.

Mas sem me dar chance ele olha para o celular e se levanta rindo.

- Nossa, Ana já está tarde! Temos que sair cedo para o acampamento amanhã. Temos que ajudar na vinícola. Sabe que adoro conversar contigo, já disse que me decidi em fazer faculdade de finanças. - Sorri com uma piscadela.

Pensei que deve ter algo na água aqui para as pessoas serem tão charmosas. - Apenas sorri.

- Até segunda.

Estava arrumando a cozinha e ajeitando as coisas. Já estava há quinze dias sem ver Ulisses e pelo que pesquisei ele não viria esse final de semana. Parece que ficaria fora mais alguns dias.