O Ulisses é meu irmão, faço tudo por ele, porque quando eu estava na merda ele estava lá e me ajudou a sair. Ele explicou-me o que acontecia comigo, que eu sou o que se possa dizer de um lobo desgarrado. Não tive base de família ou matilha até agora. Eu não sabia o que era me transformar em um lobo.
Se não fosse meu irmão, eu estaria morto ou sendo estudado em algum laboratório, pois não sei quem são meus pais. Simplesmente um dia meu caminho cruzou com o dele e ele sentiu o meu cheiro e naquela noite, quando me transformei pela primeira vez, aos 15 anos, ele estava lá.
Então eu sabia o que tinha de fazer, falar com ela. Bato na porta da sua sala.
- Bom dia, Ana. Posso entrar?
- Claro!
Ela me dá um sorriso amarelo. Seus olhos estão com um aspecto cansando de como se não tivesse dormido nada.
"Droga, eu sou um bosta mesmo, só penso com a cabeça de baixo, vai ser foda explicar para ela!"
- Ana, vim para vermos os orçamentos dos próximos eventos. Até então sempre falamos por telefone, mas hoje podemos ver pessoalmente como vou ficar por aqui por mais uns dias. - Dou uma piscadela.
- Claro. Pode ser mais perto das onze horas? Preciso fechar as movimentações dos bancos e dos caixas do final de semana.
- Sim, sem problemas. Vou dar um beijo na Marcia e falar com o nosso Bernardo, já que Ulisses viajou ontem.
- Ulisses viajou?
Pergunta com curiosidade. Bom, minha introdução está lançada, agora só fazer a resenha logo mais.
- Sim, pelo que me disse vai ficar um tempo fora. Teve de ir visitar uns parentes afastados, bom deixo você trabalhar. - Falo com o meu sorriso de derreter corações, mas ela nem me deu muita moral. Pelo jeito ela é dura na queda.
Volto um pouco antes do horário combinado e começamos nossa reunião. A baixinha é dura na queda mesmo! Está com todos os meus gastos planilhado e me questiona de tudo. Gosto disso.
A cada argumento e raciocino seu, penso em meu amigo Ulisses. Estou começando a entendê-lo. E claro, a mulher tem um aroma delicioso, ameixas.
Mas preciso voltar ao foco.