Chereads / Anna Uma Nova Chance Para O Amor / Chapter 31 -   Capitulo XXX

Chapter 31 -   Capitulo XXX

E quando o sol chegar, a gente ama de novo, a gente liga pro povo.

Fala que tá namorando e casa semana que vem.

"Jorge e Matheus" ...

 

Ulisses...

 

Ela se aninha toda dengosa no meu colo e me olhando fala.

- Não quero falar nada sério agora, Ulisses...foi tão bom ter você de um jeito normal.

- Normal Ana, como assim? - Perguntou achando graça.

- Ulisses! - Ela fala e senta de frente pra mim vestindo apenas a minha camiseta. - Normal, na primeira vez que transamos eu estava subindo pelas paredes naquele chalé, me tocando e pensando em você. Nós nunca havíamos nos vistos antes e você aparece na minha frente, aquilo foi normal?

Apenas sorrio e tento explicar, era a minha deixa.

- Então Ana, é isso, preciso... -Ela me interrompe novamente.

- Depois daquela noite, nosso contato na cooperativa sempre me dava a impressão que a qualquer momento iria acontecer uma explosão. Então quando eu acho que teria a normalidade, depois daquele agradável jantar e do nosso beijo nas escadas da minha casa, acontece aquela situação com o verme. Aí você some de novo. E aí? - Ela faz um suspense e uma careta, me divertindo com sua narrativa. – Você simplesmente invade o banheiro em que eu estava no restaurante e faz aquela cena deliciosa e deixa meu corpo com um fogo que não sei explicar. Fiquei louca e sai sem rumo até sua casa e transamos de novo após seis meses da primeira vez, de pé, do lado de fora da sua casa. Então, meu caro Ulisses, esse sexo de hoje foi muito normal.

Ela ri com vontade, o que me faz gargalhar. Esse lado eu não conhecia.

- Viu e tudo foi tão ruim assim... digo me fazendo de magoado.

- Claro que não, pra mim que sempre fui certinha, no máximo dei uns amassos dentro do carro, tudo isso é ótimo. - Fala e volta pra televisão fazendo uma careta. - Acho que essa série não está legal não.

Pega o controle e busca outra. Vejo que ela escolhe "Anjos da Noite", um filme de lobisomens e vampiros. O universo está conspirando para entrar nesse assunto.

- Pelo jeito você gosta mesmo desse estilo de programação. Não acha muito viagem Ana?

- Não, eu já assisti a esses filmes umas quantas veze. Já viu Anjos da Noite?

- Não. - Minto só pra ver o que ela vai falar.

- Então vou dar spoiler. Assim Ulisses, é a história de lobisomens e vampiros que são inimigos naturais. Os lobisomens são irracionais bestas que se alimentam dos homens, até que uma mulher e mordida gravida e se torna um lobisomem, mas dá a luz a uma criança hibrida que consegue controlar a fúria, Maios ou menos isso. – Ela me diz – Aí esse menino tona-se o bichinho de estimação do vampiro chefe, e esse homem lobo se apaixona pela filha do vampirão.

- É filme de romance, não terror?

- Não, é um suspense romântico, mas na minha opinião, os lobisomens são mal interpretados. Eu acho que o grande vilão foi o vampirão. -Ela diz sorrindo.

Era a minha deixa, precisava explicar a ela minha origem, quem eu era.

- Ana, falando sério, sou um "licantropia". Falo.

- Lincan... o quê Ulisses?

- Ana, você sabe que nosso povo aqui do vale e de origem Romênia, que temos algumas regras um pouco estranhas e que nós defendemos e vivemos um tanto que fechados. -Ela me encara com uma expressão que eu não sei explicar, mas continuo. – Ana não tem um jeito mais certo de dizer, na sua cultura popular somos chamados de lobisomens.

- Ahhhh! - É o único som que sai de seus lábios. Então ela se levanta da cama, e com as pernas nuas, anda de um lado para o outro falando e gesticulando sozinha, eu fico ali sem ação. Pego o celular, vou chamar Marcia ou o Bernardo, mas são quatro horas da manhã. - O que eu vou fazer? - Faço menção de levantar. Ela me faz um sinal que não é pra sair de onde estou e assim continua ali, andando de um lado para o outro.

- Ana me deixa explic...

- Shiii! Me deixa assimilar o que você falou.

E volta a andar. Eu acho que ela já fez uns dez quilômetros. Então ela senta no sofá de frente para cama e fala:

- Você mata pessoas?

- Não, mas quando não soubemos controlar nossa fúria, atacamos como qualquer animal predador. Por esse motivo temos o acampamento, onde ensinamos a todos como se controlar e não expor quem somos.

- Todos vocês são esse troço aí?

- Sim, mas aqui no vale hoje há muitas pessoas que não são e sabem o que somos.

- Eu sabia que tinha algo diferente aqui, mas isso? Giovana é também?

- Não, mas Bernardo é, ele é meu Beta e o filho dele será também.

- Entendo, você, Ber, Júlio e o Vitor?

- Sim, somos todos, mas não machucamos pessoas, não matamos animais sem necessidade, controlamos nossos instintos. Mas para que isso seja possível, nós temos que apreender desde muito cedo. Júlio é uma exceção. Quando eu o conheci, ele era um adolescente sem família ou matilha e já estava se transformando, mas eu consegui ajudá-lo.

- Agora faz sentindo você chegar até mim nu naquela noite, o seu jeito, as palavras de bola fora do Vitor e a mordida na minha coxa aquela noite, parecia de um cão.

Ela fica sentada olhando para o nada, catatônica com a informação. Levanto-me devagar, estou nu - é dolorida a transformação. Prenda suas cachorras no banheiro para evitar atritos e consigo me transformar.

Ana...

Quando Ulisses me fala, que é um tal de "licantropia", que diabos é isso, lobo com homem, ele só pode estar louco! Hoje, no século XXI, nossos celulares são modernos, podemos fazer tudo por eles, e ele quer que eu acredite que ele é lobo, que todos aqui são lobos? Isso é ficção.

Ando de um lado para o outro... ele faz menção de querer falar algo e eu faço sinal para ficar quieto! Só posso estar sonhando, isso é fantasia, foge da razão, não é real! Olho pra ele e está confuso, e com certo medo no olhar. Aquele homem daquele tamanho está nervoso, pode ter certa lógica em tudo isso.

A forma que eles apresentam a audição, lembro dele me dizendo que me ouviu gritar quando fui atacada. As histórias que o Vitor me contou sobre quando entram na adolescência, que precisam aprender a controlar os seus extintos.

"Porra, Rodrigo, você me mandou viver uma aventura, sair da minha bolha, isso é obra sua!"

 Penso comigo olhando pra cima.

Estou tão distraída que não vejo ele se transformar e de repente vejo aquele cachorro enorme. Deve dar quatro ou mais da Pandora. Ele está na minha frente, me olhando. Estou estática... devo correr ou ficar? Sério, tô vivendo a minha versão do "Crepúsculo", só me falta parecer o Edward, porque Jacob eu já tenho bem na minha frente. Então, como se lesse a minha mente, ele se aproxima e leva a cabeça até a minha mão como se pedisse um carinho. Foi no automático, levanto a mão e afago a orelha e ele esfrega ainda mais a cabeça contra ela.

- Então é assim que é o outro você, Ulisses? -Falo pro Lobo a minha frente - será que ele entende o que eu falo? - penso comigo.

 - Viu amigo, você pode me trazer o Ulisses, tô pronta pra conversar.

Nesse instante eu o vejo transmutar e geme de dor, voltando a ser o homem com o corpo lindo onde já me perdi algumas vezes.

- Oi! - Ele fala com uma certa expressão de dor.

- Dói?

- Sim, Ana, doí um pouco, principalmente quando eu preciso forçar como agora. Mas é mais tranquilo quando estamos nas fases lunares.

- Por que eu Ulisses?

- Não sei explicar Ana. - Responde colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. – Eu senti uma atração por você no primeiro momento que meus olhos encontraram os seus. Achei que nunca mais iria sentir isso por alguém depois que Amanda morreu. Mas nós não éramos predestinados, apenas nos amávamos. Hoje em dia é muito difícil encontrar nosso destino, Ana. Mas eu encontrei você, naquela noite eu marquei você sem sua permissão porque foi muito forte a nossa conexão.

- Por isso a mordida Ulisses?

- Sim, é assim que nosso lado animal marca a companheira, para que nenhum outro se aproxime.

- Isso que você fez interferiu nos meus sentimentos por você Ulisses? Sou direta, preciso entender se fui manipulada ou não.

- Sim, Ana. Mas eu me afastei ao máximo para não impor a minha vontade a você, mas agora não vou conseguir me afastar.

- E se eu for embora Ulisses? - Vejo que minha pergunta mexe com ele.

- Eu vou definhar, a tristeza vai tomar conta de mim, Ana.

Fiquei ali por um momento olhando aquele homem tão imponente e com uma simples pergunta, mostra uma fragilidade enorme em seu rosto. Não resisti e toco com a palma da minha mão a sua face. Ele segura minha mão e a leva no peito, próximo ao coração.

- Sinta Ana, como eu estou.

Fico ali sem saber o que fazer ou falar. Sempre fui muito racional em tudo e pela primeira vez nos meus 35 anos, estou agindo pela emoção. Se é para viver uma história de amos ao estilo crepúsculo, só que ao invés de me entregar ao vampiro vou ficar com o lobo ele é mais quente!

Sugestão... Pela emoção. Viverei uma história de amor ao estilo de Crepúsculo. Só que ficarei com o lobo que demonstrou muito mais calor, em todos os sentidos.

 

Fim.