Estava completando seis meses que mudara completamente minha vida. E realmente estava sentindo que a felicidade voltava a minha vida. Minha saudade de meu Amor Rodrigo era diária, mas não havia mais aquele rancor, aquela raiva de Deus. Acredito que meu luto havia acabado.
Não tive mais nenhum encontro louco de sexo com Ulisses. Não que eu não o desejasse. Havia desenvolvido por aquele homem um tesão platônico, várias e várias noites acordava com o corpo em chamas e até já havia comprado alguns brinquedinhos para me saciar.
Mas desde a fatídica noite em que quase fui violentada pelo verme do Vinicius, Ulisses ficou mais distante, e nossos caminhos se cruzavam apenas nas reuniões da cooperativa. Era difícil ele estar presente nos almoços ou jantares nas casas dos meus novos amigos. A única vez que nos cruzamos foi no nascimento do bebê da Giovana e o Bernardo. Mas mesmo assim ele ficou apenas alguns minutos, pois estava saindo novamente em viagens.
A cooperativa devia aproveitar e participar de todos os eventos e feiras gastronômicas oferecendo os seus produtos. A meta para esse ano era aumentar em vinte por cento o faturamento, pois a comunidade gostaria de manter seus membros no vale, sem precisar mudar para as cidades vizinhas para se manter. E em breve teríamos o festival de inverno e o lançamento da vinícola "Vale da Lua". Para mim foi uma grande surpresa quando apresentaram o projeto que já estava em andamento, pois o clima do vale era ideal. A temperatura natural aqui da região do vale é propícia para o cultivo da videira. Então fiquei sabendo que havia grandes plantações de videiras, cultivadas pelos jovens da comunidade.
Eles tinham uma cultura de certa forma curiosa. Os meninos e meninas, ao completarem quatorze anos ou mais, precisamente ao entrarem na puberdade, ficavam em uma espécie de acampamento pôr na média de dois anos, até passar a fase crítica da puberdade. Isso quem me explicou foi Giovana.
Eu estava muito encantada com tudo como eles eram organizados e havia um certo ar de mistério em tudo. Minha nova melhor amiga me explicava algumas coisas, não entrava em detalhes em outras. E como eu quem estava controlando praticamente as finanças da cooperativa, conseguia fazer algumas deduções.
Era apenas segunda-feira quando recebi um e-mail que deveria me apresentar na quinta-feira no Fórum de São Francisco. Teria de dar meu depoimento no julgamento do verme. Não queria ir, mas Bernardo me disse que se eu não fosse depor ele poderia se safar já que as outras duas vítimas dele não queriam depor. Isso iria acontecer nos próximos 15 dias. Bernardo já havia explicado todo o processo. Eu estava ciente de que o meu depoimento era o principal. Mesmo assim eu tinha um mandado de segurança que o proibia até de visitar minhas redes sociais.
De repente alguém bate à porta. O que me traz de volta ao meu mundo.
- Entre. - Achei estranho a demora.
- Então é aqui que a princesa se esconde? - O tom de voz era alto e alegre, e, ao mesmo tempo, duas pestinhas que eu amava entraram correndo porta adentro.
- Raquel! Meninos! - Corri para abraçá-los. - Por que não me avisou que estavam chegando?
- Tia Ana, a mamãe queria fazer uma surpresa. - Falou o meu pequeno gnomo.
- Claro, né amiga, que graça teria em chegar sendo esperada? - Ela joga a cabeça para trás gargalhando.
- Aí amiga, como estava com saudades! - Abraço-lhe de novo.
Nesse momento meu armário favorito e risonho entra na sala, com cara de poucos amigos analisando toda a bagunça.
- Vitor, essa é minha melhor amiga, Raquel, e suas pestes Tiago e Iago.
- Tia Ana, peste não. - Fala Iago, fazendo beicinho. - Eu sou um anjo.
- Sua amiga?! -Você não avisou que iria receber visitas, mas muito prazer Sra. Raquel. - Falou ele todo certinho.
- Senhora não, capaz menino!
- Vitor, leve as crianças na lanchonete. Acredito que eles estão com fome e entediados de ficar no carro. Pela forma que corriam pela sala e como eu sabia que eram muito ativos, não demoraria muito para eles quebrarem algo.
- Isso mesmo, crianças acompanhe o amigo da Tia Ana, ele vai levar vocês tomar chocolate quente e comer sanduíches.
- Oba! - Gritaram os dois ao mesmo tempo, e correram em direção ao Vitor, que os abraçou e os carregou pendurados em seus braços.
- Gigante! Gigante! - Saíram os dois pendurados e gritando.
Raquel apenas me olhou divertida.
- Amiga, o que tem na água dessa vila? Todos os homens são lindos.
- Eu nunca tinha nem percebido. - Falei rindo.
- Sério amiga, o povo aqui é todo mundo lindo. Acho que vou mudar para cá também.
Percebo que há algo estranho em seu semblante.
- Raquel, você sempre brinca com tudo, mas está tudo bem?
- Ana, estamos em crise, eu e o Marcelo. Era para virmos nós todos, porém ele arranjou uma desculpa de trabalho. E está assim de uns tempos pra cá. Você me conhece. Arrumei as malas e dei tchau. Estou cansada amiga... Mas não vim falar dos meus problemas. E o chefe gato?
- Viajando, nos vimos muito pouco nos últimos meses. Segundo a rádio fofoca do vale, parece que ele está com uma super gata. A baixinha aqui ficou no escanteio.
- Ana, ele não faria isso, conversei com ele algumas vezes. E ele me parece interessado em você. Acho é você que deve estar sendo meio evasiva e distante.
- Você quer que eu jogue a calcinha na cara dele decerto. - Eu ralho com ela.
Por fim ficamos mais algum tempo na fofoca e eu pedi a ela licença para finalizar umas planilhas, pois deveria encaminhá-las a Marcia e ao Bernardo até o final do dia. Depois disto minha semana ficaria bem calma.
No final do dia as crianças voltaram com o gigante Vitor, com uma carinha exausta. E nos encontramos com Marcia saindo do escritório.
- Olá! - Ela nos cumprimenta.
- Raquel, amiga, essa aqui é a Marcia, minha locatária e chefe.
- Esqueceu-se de dizer amiga. - Marcia completa. - Muito prazer.
- O prazer é meu, e muito obrigada por estarem cuidando desse ser humano aqui. Ela é um pouco teimosa, mas amo ela assim mesmo.
E o papo foi descontraído até o estacionamento. Marcia me falou que era para tirar uma folga e dar atenção à minha visita.
A semana se passou incrível. Fizemos trilhas, visitamos as cachoeiras, e deixamos para o sábado à noite visitar o Restaurante do Bosque ao qual fui com Ulisses. Deixaríamos as crianças com o Gingante delas, Vitor. E a noite seria apenas das meninas.
Ulisses...
Estava há algum tempo longe de casa, meu lobo ansiava pela liberdade. Muito tempo longe sem poder soltá-lo. Era um inferno. E também precisava vê-la. Ao chegar próxima a sua casa sinto outros cheiros, há visitas com ela. Vou deixar para outra hora a minha visita.
Alguns amigos iriam ao Restaurante do Bosque hoje, é sábado. Além da música ao vivo muitos vão para namorar ou buscar uma transa sem compromisso com as turistas que visitavam os pontos turísticos do vale nos finais de semana.
Chegamos lá, com toda a turma. Alguns dos rapazes estavam já com, digamos, encontros arranjados. Eu não tinha vontade de prestar atenção nas moças. Eram lindas, mas apenas uma mulher nos últimos meses dominava meus pensamentos.
A ruiva que Júlio apresentou era uma bela mulher, alta, magra e olhos verdes. O que me fez lembrar-se de uma certa baixinha, mas cheinha e com um aroma de ameixas vermelhas.
A conversa estava um tédio, decididamente não era mais o meu estilo esse tipo de balada. Eu lembrava a vez que estive com Ana aqui. Estava muito mais agradável. Então, como se algo me chamasse, meu lobo podia sentir à distância aquele aroma. Ana estava aqui, só poderia ser.
Ana...
Raquel, empolgada com o lugar olhava tudo encantada e falando sem parar. Afinal fazia mais de seis meses que não nos víamos.
Optamos por um peixe acompanhado de vinho branco leve com uma boa acidez. Raquel contava-me sobre os últimos acontecimentos e também que meu inquilino desejava comprar a minha propriedade... foi quando eu o vi.
- Raquel, amiga. o Ulisses está aqui, ali de costas junto ao bar, próximo à banda e acompanhando uma ruiva que mais parece uma modelo.
- Não acredito, Ana. E ele mesmo? -Pergunta.
- Sim, é, mas não temos nada a ver. Ele é livre e pode sair com quem for. - Mas confesso que o ciúme me corroeu e nem entendi bem por quê.
- Putz! O que vou falar? Mas também, você ficou ali na sua. Eu sempre disse parta para o ataque.
Não conseguia desviar o olhar, na realidade estava fuzilando. Ainda bem que ele estava de costa para nós, mas por ironia ele se vira e nossos olhos se cruzam. Então ele abre aquele sorriso que me faz molhar a calcinha de um jeito indescritível. Fala algo à moça e vem em nossa direção.
- Boa noite, moças. - Chega falando.
- Oi Ulisses, como está? Não sabia que tinha voltado. A propósito, essa é a Raquel. Você a conhece apenas por telefone.
- Muito prazer, amiga Raquel. - Ele fala com aquele sorriso ainda mais sexy.
Raquel o cumprimenta e engata um assunto aleatório, que não presto atenção. Ele estava com os cabelos molhados, como se há pouco houvesse saído do banho. Uma calça jeans valoriza seu quadril e coxas e claro seu pau. Fiquei imaginando que ele acabaria nos braços da ruiva essa noite. Isso deixou-me com muita raiva, claro! Fui subindo o olhar para o seu tórax. Aqueles ombros largos devidamente marcados em uma camisa caqui de linha. As mãos, a boca... minha respiração ficou pesada e de repente tudo ficou muito quente. E como se ele lesse meus pensamentos, me encarando com um olhar malicioso, pergunta:
- Tudo bem, Ana?
- O quê? Ahh, sim, tudo. - Falo constrangida. - Vocês podem me dar licença um segundo? Preciso ir ao banheiro.
Saio apressada e nem olho para trás. Preciso me recuperar. O que foi aquilo? Minha carência é tamanha que quase tenho um orgasmo apenas olhando o homem. Ainda bem que quando chego ao banheiro o mesmo está vazio, pois esse fica ao fundo do restaurante, como a movimentação é mais próxima ao, os banheiros da frente são mais lotados.
Fico um tempo ali me olhando no espelho sem entender como posso desejar tanto um corpo. Perdida nos meus pensamentos, quando a porta abre me assusto ao ver Ulisses entrando e trancando a porta atrás de si.
- Meu Deus Ulisses, o que faz aqui?
Ele apenas sorri e aproxima seu corpo bem devagar.
- O que tá fazendo? - Pergunto.
- Fazendo o quê? - Ele responde com um ar sacana.
- Isso, o que significa isso? Aqui no banheiro, você tá louco?
- Isso o que Ana? - Sorri de uma forma que sinto estar sendo partida ao meio de tesão só com a voz dele. Imagina o resto. - Então ele complementa. - Louco eu estou há algum tempo, Ana.
Após falar isso, ele já prensa seu corpo ao meu na parede e apenas cheira a curva do meu pescoço.
- Esse seu cheiro ainda vai me enlouquecer. Não consegui resistir, tive de vir até aqui.
Então com uma facilidade incrível ele me levanta e me coloca sentada sobre a bancada de mármore da pia do banheiro e gentilmente com a ponta dos dedos ele abre minhas pernas e se coloca entre elas, esfregando-se com sua intimidade. Ainda assim fica sentindo o meu perfume e roçando a ponta do seu nariz ao meu, sinto seus lábios tocarem a princípio de forma gentil e delicada.
- Ana, o que eu faço com esse tesão que tenho por você? Não consigo mais controlar.
- Não controla. - Falo de forma provocante.
Sem Aviso ele toma os meus lábios de forma avassaladora. Suas mãos apertam meu quadril puxando mais próximo ao seu corpo... enquanto inicia um roçar mais forte de seu pau contra o meu corpo, me deixando simplesmente mais molhada do que eu estava.
Sua boca muito intensa explora a minha. Com muito fervor sua língua é quente e deliciosa. Enquanto seus lábios se ocupam da minha boca, uma de suas mãos aperta meu seio por cima da blusa e com a outra mão, ele nada gentil, abre o zíper da minha calça e sua mão massageia meu clitóris.
- Hammm gostoso...Ulisses não me judie assim. Estamos no banheiro, eu preciso voltar!
- Não ainda Ana, não ainda meu anjo.
- Hammm... Um gemido saí dos meus lábios. Sinto-o colocar dois dedos na minha buceta e movimenta um vai e vem. Sua mão agora está por dentro da minha blusa, massageando e beliscando o bico do meu seio enquanto me beija.
Desço minhas mãos pelo seu peito sentindo a sua cintura e por cima da calça massageio o seu pau que sinto que está duro - "Meu Deus esse homem é muito gostoso!"
Ficamos assim mais um tempo nessa excitação, não resisto e levo as mãos para abrir o seu jeans, mas ele segura-as.
- Não, Ana, só você vai gozar agora. Eu sinto que você quer isso desde que me viu hoje. Goza, Ana!
E assim continuou a me masturbar gostoso. A pressão que sua mão fazia na minha buceta era maravilhoso e eu estava escorrendo como uma adolescente. A sensação era deliciosa e o medo que alguém batesse a porta era terrível. Enquanto estávamos assim, aquelas mãos estavam cada vez mais em ritmo frenético. Jogo a cabeça para trás e fecho os olhos, somente sentindo.
- Ana, abra os olhos. Quero ver você gozar. Goza, eu sei que você quer. Geme para mim como uma boa menina. - Falou sorrindo.
Não consegui falar, apenas senti os espasmos do meu corpo com o orgasmo e minha buceta pulsando nos seus dedos.
Então ele me encara com o olhar mais sexy que eu possa imaginar, levando os seus dedos melados pelo meu gozo à boca e os chupa.
- Sempre gostosa, Ana, simplesmente deliciosa.
Beija minha testa e me ajuda a descer da bancada e com a cara mais safada que existe me olha dizendo:
- Acho que você tem que voltar para sua amiga, mas logo vamos ter que terminar isso daqui. Leva minha mão até seu pau que está duro e sorri. - Na próxima ele também precisa participar. Dá-me uma piscadela, destranca a porta do banheiro e sai.
Fico mais alguns segundos ali. Analiso-me no espelho e vejo que apenas estou bem corada e com o meu pescoço levemente avermelhado em algumas partes, devido à barba de Ulisses. Apenas ajeito os cabelos e graças a Deus que estou de blusa de gola alta. Respiro fundo e volto à mesa, pronta para encarar Raquel e seu interrogatório.
Para minha surpresa minha amiga está num papo animado com um gato moreno que chegou com Ulisses e a galera.
- Amiga, você demorou. - Fala com um ar maldoso e de quem sabe o que aconteceu.
- Encontrei um conhecido da cooperativa e ficamos conversando um pouco. - Falo sentando e tomando um gole do vinho.
- Muito prazer, eu sou o Júlio Cesar, Ana, é isso?
- Sim, Ana. Júlio, você é o moço que faz os eventos que a cooperativa nas feiras e exposições?
- Isso mesmo. - Ele sorri. - é contigo que falo sempre quando necessito extrapolar o orçamento.
- É, às vezes. - Digo devolvendo o sorriso.
- Então dona Ana, segunda-feira vamos falar de perto.
Estende sua mão em um cumprimento. Quando eu estendo a minha para o aperto de mão, ele deposita um beijo e uma piscadela para minha amiga e sai.
- Ana! Nossa senhorinha do céu! O que tem na água desse lugar? O que são esses homens? - Fala se abanando.
- Raquel, a senhora estava muito empolgada no papo, para ser uma "senhorinha" casada. - Digo.
- Ai amiga! Deixa só um pouquinho eu lembrar como é paquerar.
Rimos e conversamos mais um pouco e decidimos voltar para casa.