Eu trago-te nas mãos o esquecimento das horas más que tem vivido, Amor!
E para as tuas chagas o unguento com o que sarei a minha própria dor!...
Florbela Espanca
Acordei na segunda-feira, ainda com o corpo cansado. Dormi mal, tive pesadelos com aquele verme e a toda hora tinha a sensação que ele estava aqui dentro de casa.
Bem que Ulisses podia ter ficado aqui e passado a noite novamente. Com certeza me sentiria segura. Infelizmente preciso me levantar e me arrumar.
Fiz um café, bacon com ovos e comi uma fruta. Alimentei minhas cachorras e pronto! - vamos ao trabalho.
Ainda estava me sentindo insegura e como se adivinhasse meus medos, encontro Marcia saindo para o trabalho também.
- Bom dia, Ana. Pensei que poderíamos ir juntas.
- Claro. - Respondi me sentindo aliviada. Enfim não estava com vontade de ir de carro, mas confesso que estava com medo, ainda mais depois que o Bernardo falou para Ulisses que o infeliz poderia conseguir um habeas corpus. Precisava ligar para a Raquel. Ela não me chamou mais depois que falou comigo ontem. Eu me lembro de que Ulisses havia digo que iria adicionar o número dela. Quando chegar na Cooperativa eu ligo.
Marcia e eu fizemos o caminho em silêncio. Marcia respondia algumas mensagens, pois Milena sua filha iria se casar e a festa seria aqui no vale. Então minha amiga estava iniciando os contatos com o cerimonial para a realização da festa.
Quando chagamos na Cooperativa, Julia, nossa assistente de recepção, já estava lá. Era uma moça na fase dos vinte e anos. Não tinha escolhido curso superior, pois sonhava em ser modelo. Então estava fazendo alguns testes e na esperança de conseguir um bom a gente até o sucesso não vir, ela ficava na recepção atendendo aos chamados do telefone. Ao me ver, sorriu e me pediu para ir direto à sala do chefe, disse que Ulisses estava me aguardando.
Ulisses...
Teria de ter saído cedo, mas precisava ver como ela estava. Sabia que ela teve uma noite muito agitada e também queria deixar tudo organizado com Bernardo. Queria falar pessoalmente com os meninos em relação à sua proteção. A minha desculpa seria que Matheus e Vitor fariam estágio na área financeira e iriam auxiliá-la em tudo que fosse necessário. Mas o que realmente eles iram fazer era cuidar da sua segurança.
Conversei muito com sua amiga Raquel ontem. Ela me contou que Ana sempre foi uma guerreira, que sempre encontrava forças quando ninguém mais imaginava. Foi bom ter tido esse contato. Acho que ganhei uma aliada. Pois sua amiga foi bem direta me pedindo quais eram minhas reais intenções com a sua amiga.
Expliquei a Raquel que tudo começou de uma forma muito louca e estranha. Mas que eu estava me controlando ao máximo para não influenciar na sua capacidade de decisão. E que no momento oportuno eu revelaria detalhes a Ana.
Estava na cozinha pegando um café quando senti seu cheiro. Sabia que ela havia chagado...
- Bom dia, Ana.
- Bom dia, Ulisses.
Seu olhar estava carregando de tristeza e suas olheiras a entregavam da noite mal dormida.
- Ana, tem um minuto?
- Sim! Estava indo falar com você, recebi o seu recado.
- Quero apresentar os meninos, Matheus e Vitor. Eles vão iniciar o estágio aqui contigo, não tive tempo de te avisar.
Ana olhou para aqueles "meninos" que mais pareciam dois armários. Sentiu-se uma anã com seus 1,68 m de altura. anos".
- Ana, eles vão ajudar você. Como estamos ampliando o segmento das águas, e em breve começamos os preparativos para o festival de inverno, você terá muito trabalho com os orçamentos e planejamentos financeiros e nos próximos dias temos que apresentar ao conselho. Assim você não se sobrecarrega.
- Muito prazer. - Sorri para ambos. Pensei comigo "armário 1 e armário 2, esses meninos são muito grandes para alguém com dezessete ou dezoito".
- Claro, será um prazer ter companhia.
- Então resolvido. Agora vou pegar a estrada. Bernardo, você fica responsável por tudo até o meu retorno.
Bernardo assentiu com a cabeça. Já havíamos conversando anteriormente e como ele era o meu Beta, na minha ausência era responsável por tudo e todos. E os meninos não iriam me decepcionar. Estavam ansiosos em mostrar o seu valor para a nossa matilha.