Ao sair do banheiro percebi que a porta do Loft estava entreaberta, sorri para mim mesma estava tão perdida em meus pensamentos que não me lembrei de fechar a porta.
E ainda com certa distração, Ana não vê aquele homem sentado na poltrona no escuro, pois não tinha o hábito de ligar as luzes e andava pelo Loft com a iluminação que vinha de fora. Foi até a porta e a trancou. Ao virar de frente que vê o vulto do homem se aproximando, ficando totalmente paralisada.
- Olá, Ana.
- Porra Vini! Quer me matar do coração?
- Claro que não, mas como você tem me evitado não atendendo minhas ligações, eu vim pessoalmente ver você.
Seu sorriso não era acolhedor, mas sim ameaçador e ela não gostou.
- Vini, eu não gostei de você entrar assim na minha casa, já esta tarde. Vá para o hotel, amanhã falamos!
Ela foi no sentindo da porta para abri-la quando ele Vinicius a puxou pelos cabelos com força fazendo-a cair no chão. Para seu desespero, nesse momento ele sentou-se sobre ela, prendendo o seu quadril com o seu corpo e uma das mãos segurou as mãos de Ana acima da cabeça e com a outra mão livre abriu o seu roupão.
A agonia de Ana, foi tamanha, pois estava nua. Aquele homem começou a tocar seu corpo, apertado e mordendo seus seios. Nunca havia sentindo tanta repulsa, tentava em vão se debater, gritava, mas ele abafava seus gritos com sua boca asquerosa – Ana pensou: "como eu, em algum dia achei este homem gentil e amigável?"
- Você será minha! - Falava com uma voz sombria.
- Por favor, não! Me solta! - Eu implorava. – Alguém me ajude, socorro! - Gritava e chorava.
- Por que, Ana, você me faz ser assim, por quê? A CULPA É SUA! – Berrava.
Ele falava e me olhada ainda mais sombrio, ainda pinçada no chão vi que ele abria o botão da calça e o zíper. Estava excitado, conseguia sentir seu pênis duro em contato com o meu corpo. "Que nojo!"
- Você será minha, vou te mostrar o que um homem de verdade faz! - Ele falava.
Eu estava cansada da luta e o inevitável iria acontecer, ninguém me ajudaria, meu corpo não conseguia mais lutar, eu só sentia aquela boca nojenta explorando o meu corpo, e a ânsia e o nojo tomavam conta de mim. Sempre li sobre violência sexual, mas nunca imaginei que seria uma vítima. A gente sempre pensa que conosco nunca acontecerá.
Não sei quanto tempo estávamos naquela luta, mas por fim, quando ele tentou tirar a calça eu consegui acertar um tapa na sua cara e me livrar do seu corpo, de uma forma rápida tentei ir até a bancada da pia. Havia facas ali, ainda poderia me defender. Mas ao tentar ficar em pé, ele me puxou pelos cabelos que estavam amarrados em um rabo de cavalo e me fez cair. Dessa vez prendeu-me de bruços com o meu rosto sendo esmagado ao chão. Eu chorava, somente sentia seu pênis duro entre minhas pernas.
- Eu gosto assim, selvagem! Essa é a Ana de verdade, não aquela tonta puritana!
- Por favor, não! Vamos conversar, Vini. Você não é um monstro!
- Monstro, Ana, não! Você me ignorou, mas será minha! - Berrava.
E com um gesto grotesco, com os joelhos abriu minhas pernas e tentou colocar seu pau nojento. Com toda a minha força me debatia.
Então ouvi um barulho de vidro quebrando. Não conseguia ver o que estava acontecendo, Vinicius ainda pressionava o meu rosto contra o chão...em alguns segundos senti o peso aliviar e percebi que não havia mais ninguém sobre o meu corpo. Corri rápido dali e fiquei em posição fetal no canto do salão da pia. Quando levantei meus olhos, vi Ulisses segurando Vinicius pelo pescoço, com o Bernardo atrás e mais dois homens, os quais eu já tinha visto na cooperativa. A expressão dele era de fúria.
- Você merece que te mate agora mesmo, verme! - Bufava. – Como tem coragem de fazer isso com uma pessoa que você chamava de amiga.
- Ulisses, calma, não faça isso! - Falava Bernardo.
- Você não entende, ele estava machucando-a, você não entende! - Ulisses repetia.
Ulisses ainda dava tampas no rosto do Vinicius e gritava. Foi então que ele me viu ali, encolhida nua no chão e chorando, com o corpo machucado e o nariz sangrando.
- Eu vou te matar! - E mais um soco no estômago dessa vez, fazendo aquele escroto cair de joelho e gemer de dor. Nesse instante os dois homens se adiantaram e pegaram Vinicius já cambaleando de tanto apanhar, pelos braços.
- Leve esse verme e o tranque, chame a polícia da cidade para vir buscá-lo e fazer o Boletim de Ocorrência. Avise o delegado que houve uma tentativa de estrupo.
E assim eu vi aquele escroto sendo arrastando para fora da minha casa. Foi só então que vi a porta de vidro quebrada. Foi assim que eles conseguiram entrar, mas como me ouviram? Não importa, eu estava salva.
Foi nesse momento que Ulisses pegou a manta sobre a minha poltrona e veio até mim. Seu olhar estava tenso e com medo. Fez menção de me tocar e automaticamente eu me esquivei do toque. Ele ficou ainda mais tenso.
- Aquele verme machucou você? Eu cheguei tarde, Ana?
Seu olhar tinha uma súplica de pedido de perdão. Então colocou a manta sobre meus ombros, cobrindo a minha nudez.
Eu não conseguia falar por mais que eu tentasse, só as lágrimas corriam pelo meu rosto.
- Vem, você precisa se limpar. Preciso ver se ele não te machucou.
Sua voz era terna e carinhosa. Eu vi que ele tentava me erguer e ao mesmo tempo, arrumar a manta sobre mim para me manter confortável.
- Ana, se não está se sentindo confortável comigo, eu vou mandar buscar a Maria e posso ficar ali do lado de fora até ela chegar.
Eu somente chorava. Ainda sentia aquele escroto no meu corpo. Por mais que ele não houvesse me penetrado, ele havia me tocado e tinha sido nojento. Então com muito custo minha voz saiu.
- Não precisa chamar Maria. Eu sei que você não vai me fazer mal. - As palavras saíram em meio a um choro histérico. Então ele sentou-se no chão ao meu lado e me abraçou, me deixando chorar.
- Como pode Ulisses? - Eu falava. – Eu o considerava um amigo. Ele frequentava a minha casa, participava da minha vida. Eu nunca dei esperança de algo a mais, meu Deus, por quê? - Eu o rejeitei. Agora não tenho direito de escolher quem eu quero?
Ulisses, ainda com os braços em torno do meu corpo, repuxou-se ainda mais forte, como se estivesse com medo.
- Ana, eu preciso te pedir, eu não cheguei tarde né? Aquele bastardo não fez nada com você?
Pela primeira vez na sua vida Ulisses tinha medo da resposta da sua pergunta. Será que ele havia chegado tarde? - Pensava consigo mesmo. Quando um dos seus homens, que vigiava aquele carro no final da rua, disse que o homem havia saído do carro e ido em direção casa de Ana, ele ficou louco, deveria ter aceitado o vinho. Então ligou para seu Beta e o mandou vir com mais um homem. Ao chegarem, a porta estava trancada e ele ouvia os gritos de Ana. O sangue ferveu e não pensou em mais nada e arrebentou a porta com a cadeira. A cena daquele homem parcialmente nu e excitando sobre a mulher que ele havia reclamado, deixou seu lobo cego. Ele o mataria naquele momento se não fosse pelo seu Beta e pelos olhos de Ana.
- Não, ele não chegou a me estuprar. Você chegou a tempo. - Ela ainda chorava muito.
- Ana, vamos levantar desse chão gelado, vá para o banheiro, tome um banho e vista algo quente. Eu vou limpar esses vidros do chão.
No piloto automático fui até o banheiro, liguei o chuveiro e deixei a água quente escorrer pelo meu corpo... peguei a bucha e esfreguei todas as partes do corpo até ficarem vermelha de tanto esfregar. Não sei quando tempo eu estava ali, me esfregando. Eu me sentia suja, quando Ulisses me chamou.
- Ana, está tudo bem?
- Sim, está. - Desliguei o chuveiro, peguei a toalha e enrolei no meu corpo. Nesse momento Ulisses abriu a porta do banheiro com uma calça de moletom, calcinha, sutiã e camiseta.
- Tomei a liberdade e olhei em seu roupeiro. Acho que ficará mais confortável em vestir-se aqui no banheiro... - Ele não terminou a frase quando olhou em meus braços e meu rosto, agora na claridade da luz do banheiro. Esmurrou o batente da porta com as duas mãos.
- Obrigada, vou me vestir.
Falando isso ele saiu e fechou a porta. Eu vi a fúria em seu olhar.
Ao sair do banheiro o vi com uma xícara de chá, me esperando.
- Ana, sente-se aqui na cama. Tome esse chá, vai lhe ajudar a descansar.
Assentei com a cabeça e me senti na cama. Ele foi gentil, cobriu minhas pernas com o edredom e me entregou o chá. Tomei alguns goles e devolvi a ele a xícara.
- Tente descansar agora. Amanhã temos de ir à delegacia.
- Não quero ir, não quero! - Junto com as palavras veio o choro.
- Calma, você não precisa fazer nada que não queira.
- A porta! -Gritei. – Ele vai voltar, a porta foi quebrada!
- Calma, Ana. Ele está preso e não vai voltar nunca mais e não se preocupe, eu vou ficar aqui a noite toda. Amanhã arrumamos a porta.
Não sei o porquê, mas eu me sinto segura com ele junto de mim. Ajeitei-me na cama. Já estava sonolenta... acho que tinha algo no chá, estava como muito sono.
Ulisses vendo que ela finamente adormeceu, ligou para Bernardo. Estavam com a polícia e já estavam fazendo o Boletim de ocorrência. Pelo menos o verme ficaria um bom tempo na cadeia, pois ele já tinha duas denúncias de tentativas de agressão em outras ocasiões.
Ainda bem que cheguei a tempo, pensava Ulisses. Olhando-a agora dormindo. Tinha sido bom colocar um calmante no chá, assim ela vai descansar bem. Ela era forte, lutou bravamente pois havia quebrado o nariz do verme. Sorrindo Ulisses pensou: "não é à toa que meu lobo é encantado por ela". Sentou-se na poltrona de leitura e ficou ali zelando o sono daquela mulher.