Os nossos corpos se completam, mesmo estando longe.
Henrique e Juliano
Um dia de sol incrível, ao abrir meus olhos e me espreguiçando toda como um gato, ouvi a Pandora agitada na varanda. "Será que ela fugiu" -pensei.
Levantei de pijama e saí para a varanda, mas o que vi fez seu coração parar. Ulisses, cabelos molhados, calça de moletom que marcava as pernas torneadas e musculosas, uma camiseta de manga branca que mais parecia uma segunda pele marcando aquele peito gostoso, as mangas estavam puxadas até a altura dos cotovelos deixando à mostra as tatuagens. "Isso sim que é a visão do paraíso" - penso comigo.
- Bom dia! Ele brinca. – Achei que iria acordar ao meio dia, dorminhoca. - Ele fala sorrindo.
"Eu morri e estou no céu" - pensei.
- Bom dia. Hoje é sábado e posso dormir até mais tarde. Falei com cara de quem estava com sono e um pouco mal-humorada.
Sorrindo ele mostra uma caixa de pizza já fria e o suco.
- Café da manhã. E sorri.
"Que é isso, senhor? molhei a calcinha... que calcinha que nada! Não estou usando nenhuma ainda" - pensei maliciosa. Tenho a sensação que ele cheirou o ar e ficou um pouco tenso, como se estivesse se segurando com algo.
- Por que trouxe pizza para o café? Não precisava. - Ri. – Entre vou fazer um café então.
Ulisses entrou e olhou a cama desfeita. Sentiu o desejo invadir seu corpo, poderia deixar a pizza pra depois e tomá-la novamente nos braços como aquela noite, porém apenas respirou fundo e sorriu.
- Café ótimo. E aí moça, qual é a programação hoje?
Ela fica um pouco confusa, pois ainda desejava repetir aquela noite, mas apenas responde.
- Supermercado, banho nos pets, limpar a casa e estava pensando em ir à cidade cortar o cabelo, ou pelo menos tentar.
- Vi que a moça está toda programada, mas será que não sobra um tempinho para um jantar?
Fiquei sem reação e resposta. Literalmente muda. Ele acrescentou e pegou um pedaço da pizza fria enquanto eu lhe alcançava uma xícara de café.
- As oito então passo lhe pegar. -Falou e me lançou um sorriso malicioso.
Mas que depressa falei:
- Não precisa me pegar, só me passe o endereço que eu vou.
- Que tipo de cavalheiro eu seria se não vir lhe buscar?
Ele brinca e seu olhar se direciona para os meus seios, estava sem sutiã e ainda de pijama de uma malha fina branca, que deixa à mostra os meus mamilos levemente endurecidos. Cruzo os braços como proteção meu rosto arde de vergonha. Então ele se levanta da banqueta que estava sentado debruçado sob a bancada da cozinha e toca com o dedo indicador levemente a ponta do meu nariz, com um sorriso enorme lindo e muito sacana. Dizendo:
- Não esconda o que é bonito, para não falar delicioso.
Fico estática, nem sei como conseguia manter a respiração. Imagino ele me colocando sentada naquela bancada. Então balanço a cabeça negativamente, tentado espantar aquela imagem da minha mente. "O que ele está fazendo comigo?". Ulisses com um olhar divertido apenas sorri da cena, "e que sorriso". Percebendo o meu constrangimento pela situação, ele acrescenta:
- Moça o que você fez aqui? Apontando para o peito com o mesmo dedo indicador que tocou o meu nariz, e como se nada estivesse acontecendo ele estende a xicara e pede: - Mais um pouco de café, por favor.
Ulisses estava testando seus limites, sentia a excitação dela e sabia que sua intimidade estava levemente endurecida, precisava se concentrar. Ele tinha que dar tempo, mas ele também queria provocá-la, deixá-la com o mesmo desejo que habitava nele, desde aquela noite. Terminou o seu café e olhou para ela.
- Moça, então até as oito horas, esteja pronta. E obrigada pelo café. Deu uma piscadela com um ar safo, sorriu e saiu.
Ana fica em pé paralisada por algum tempo tentando controlar toda a excitação que percorria pelo seu corpo, naquele momento. Não conseguia entender Ulisses, o que ele queria, pois desde a noite tórrida de sexo que tiveram, tinha a impressão que ele a estava evitando, mas o que foi aquele momento?
Mais tarde, após almoçar o restante da pizza, ligou pra Raquel; precisava compartilhar com ela, precisava falar com alguém sobre os sentimentos e o sexo feito com Ulisses.
Ana e Raquel...
Chamei minha melhor amiga no whats, primeiro se ela poderia atender, pois ela também tinha uma vida corrida com todos os seus afazeres e mais as crianças.
- Ana, desde de quando não atendo minha melhor amiga.
- Humm! Não sei. - Brinco. – O que tem feito de bom?
- Nada, só trabalhando. - Ela fala. – Não aguento mais, preciso de férias.
- Então, no próximo mês vai haver aqui a abertura do Festival de Inverno. As pessoas sobem a serra e procuram os encantos dos chalés. O pessoal me falou que aqui há sempre muitos turistas buscando a gastronomia e o frio. Vem com as crianças?
- Pois então, nas férias escolares acho que seria bom. Sabe amiga ando meio esgotada.
- Venha então. Peça folga pro maridão e vem passar o final de semana comigo, por favor. - Ana implorava e fazia beicinho pela chamada de vídeo.
- Tá! - Responde Raquel rindo. – Eu ia fazer uma surpresa, mas ainda bem que você me contou que vai ter festa, assim deixo para ir nas festas. Quem sabe encontro algum "belo". - ri.
Aproveitando a deixa do "Belo":
- Raquel, vou contar para o Miguel. - Falo com um ar sério. – Onde já se viu uma mulher casada e de bem, ficar falando assim? - Raquel mostra a língua num gesto infantil. Então respiro e com um sorriso malicioso acrescento. – Preciso te contar um segredo.
Com uma expressão maliciosa ela sorri e pergunta:
- Tem a ver com homens?
- Tem. - Respondo tentando escolher as palavras menos comprometedoras e diretas.
- Já sei, aquele gato do Vinicius subiu a serra e foi te encontrar e vocês transaram? -Ela fala nada discreta. E Acrescenta: - Estava na hora de voltar ao mundo do sexo. - Falando e rindo ao mesmo tempo.
Fiquei uma pimenta de vermelha, e penso:
"Minha amiga sendo ela como sempre".
Então suspiro e demoro um pouco a responder para criar uma certa expectativa falo:
- Transa eu transei, porém, não foi com o Vini.
- O quê? E com quem foi sua louca? - Ela me pergunta catatônica e quase sem voz.
- Foi com meu novo chefe, no dia em que o conheci e foi incrível. - Falo tão rápido que ela quase não entende as palavras todas emendadas.
- CHOCADA! - Ela grita. – Amiga, o que aconteceu contigo? Você não é assim. - Ela comenta com um certo ar de preocupação.
- Raquel, não sei o que me deu. Quando eu dei por mim, estava na cama com ele. Amiga, acho que foi o tempo de abstinência de sexo.
- Pode ser, e agora como vocês estão?
- Calma Raquel, ele não me pediu em casamento, foi só uma noite louca de sexo. E no trabalho quase não o vejo. Nesses dias todos que estou aqui, o vi poucas vezes e com os outros juntos. Não ficamos mais sozinhos no mesmo ambiente.
Ocultei da minha amiga a noite passada onde ele me pegou dançando e também não quis falar que ele me trouxe pizza hoje cedo. Mas contei tudo sobre os últimos acontecimentos, a cooperativa o espirito da vila, de como todos se cuidavam no vale como se fosse uma grande família. Ficamos por horas falando como sempre fazíamos, só uma pequena diferença, hoje ela estava em um estado e eu em outro. Por fim, quando me dei conta, estava na hora de começar a me arrumar para jantar com Ulisses. Passei a tarde toda fofocando com a minha melhor amiga e sabia que necessitaria de uma boa desculpa para encerrar o papo com Raquel.
Por fim disse:
- Raquel, preciso desligar, tenho que tomar banho. Hoje vou jantar na casa da Giovana e do Bernardo. - Menti.
Ela ri e diz que nem tinha visto a hora passar. Nos despedimos e eu fiquei em pé rumo ao chuveiro.
Tomei um belo banho, lavando os cabelos com todo o cuidado, passando um óleo de banho perfumando em todo o meu corpo, deixando minha pele com um toque aveludado. Enquanto secava meus cabelos, meu celular vibra. Olhei e era o Vinicius. Não estava a fim de falar com ele. Eu precisava dar um tempo em nossas conversar. Ele havia confundindo os papos que para mim era apenas conversas entre dois amigos. Eu o considerava um amigo, nada mais, porém ele não via assim e eu sentia que o sentimento dele estava um pouco obsessivo e isso eu não gostava. Então havia decidido me afastar dele.
Voltei à minha produção. Olhei os três vestidos sobre a cama. Havia um azul turquesa, o mesmo que usei no dia em que nos conhecemos, então o descartei, não queria que ele lembrasse da noite, porém me senti tentada em vesti-lo. Pensei no vestido preto, não teria erro é era perfeito, mas a fenda do vestido combinando com o degote dava impressão de mulher à caça... voltei minha atenção ao verde musgo. Era de alça, com um babado na barra, longo, com detalhe para amarrar à cintura e um recorte no centro das costas. A frente era bem-comportado e escondia todo o colo dos meus seios, mas deixava as costas bem valorizadas, e por ser um tecido leve, usaria em estilo bem informal. Poderia usar uma sandália rasteira sem preocupar-me com saltos, era o look perfeito. Era esse vestido mesmo! Olhei-me no espelho e gostei do que vi. Escovei os cabelos e os deixei soltos cobrindo as minhas costas. Uma maquiagem bem leve e um perfume mais doce e romântico.
Ulisses pontualmente chegou às vinte horas. Estava um charme. Jeans apertado, camiseta branca de mangas longas, sendo que as mesmas estavam puxadas até os cotovelos. Percebi que ele sempre usa mangas compridas puxadas até os cotovelos e na minha opinião era lindo. Esse estilo deveria ser sua marca, pois sempre estava assim e isso o dava a ele uma aparência incrivelmente sexy. Os cabelos estavam amarrados em um pequeno coque estilo samurai, deixando seu rosto totalmente à vista e para mim, a visão dele era o paraíso.
Ele Ulisses...
Passei boa parte do dia pensando em Ana, estava ansioso pela hora do jantar, eu sabia que teria de me controlar, pois a imagem dela pela manhã com aquele pijama branco com certa transparência não sai de minha mente, e o cheiro da excitação que vinha do corpo dela me deixava louco. Meu lobo queria a todo custo tomar a frente, mas ele queria mais que apenas uma transa.
Eu desejo que Ana se encante pelo Vale. Quero-a como minha companheira de vida. Ela é o que eu sempre esperei. No meu mundo, todos acreditam em uma ligação especial com alguém, o que nos torna únicos em nosso amor. E essa ligação com o passar dos tempos está muito mais difícil de acontecer. Eu tenha certeza que o sentimento por Ana é mais que que uma paixão, é o encontro de almas. Mas Ana não é do meu mundo e eu devo ser paciente.
Meus amigos, Maria e Bernardo me aconselharam a manter uma certa distância, dando o espaço para ela se acostumar.
Perdido em meus pensamentos, vou até a casa de Ana, pontualmente as vinte horas. E não foi preciso nem bater, eu a vi descendo a escada em um lindo vestido verde, bem-comportado, que lhe caía muito bem ao seu corpo curvilíneo. Alças que deixavam seus ombros à mostra, porém seus seios e pernas bem protegidos. Seus cabelos estavam soltos e escovados com as pontas com pequenos cachos. Quando olho seu rosto me perco naqueles olhos verdes contornados de pretos. "Ela está perfeita" - penso comigo. Penso que devo tomá-la nos braços e levá-la até a sua cama e não sair mais.