No segundo dia, Sophia resolveu começar a manhã com uma boa dose de otimismo, mas ao entrar em seu departamento foi imediatamente notificada pela líder de equipe sobre as mudanças, a partir daquele momento Sophia, Ji Woo e mais duas estagiárias — que ela ainda não conhecia — iriam trabalhar diretamente para o presidente em funções provisórias. E mesmo sem saber o motivo, Sophia apenas arrumou suas coisas e seguiu rumo ao elevador junto de Ji Woo.
— A gente deve ser muito incompetente mesmo. – resmungou Ji Woo emburrada — Entre tantos estagiários, aquela velha rancorosa nos manda.
— Por que isso? – Sophia a olhou ainda alheia à situação.
— Parte da equipe do Presidente foi demitida, e nós iremos quebrar um galho ou ficar lá permanentemente servindo café. – Ji Woo suspirou e olhou para a colega — Desculpe, Sophia. Estou apenas chateada, eu lutei muito para conseguir estagiar aqui e agora que estou no final do meu contrato não quero que pensem que sirvo apenas para tarefas fúteis. Minha faculdade e cursinhos foram caros.
— Calma, Ji Woo. Com sorte mal vamos ficar por lá. – tentou Sophia otimista, mesmo não compreendo a situação — Capaz de não ficarmos nem mesmo dois dias.
— Eu realmente espero que seja isso. – comentou Ji Woo inconformada — Por que será o meu fim.
Sophia queria poder ficar tão chateada quanto ela, mas era o seu segundo dia na empresa, não havia nem o que pensar tão pouco o que sentir a respeito da mudança. Não sabia qual seria a gravidade do problema para ela.
Quando chegaram ao novo andar foram recebidas pela líder Han Joo Eun, uma mulher de cara fechada que mostrou-se ainda mais exigente que Choi Hye Jin do departamento de marketing. Em questão de minutos, as duas garotas estavam cheias de trabalho para fazer e a líder de equipe não saia de perto, sempre com um nova tarefa as quais pareciam urgente seguidas de críticas e exigência.
— Sophia Harper, isso não está bom o suficiente. Revise esses relatórios e entregue até o meio-dia. – ordenou a superior, empilhando uma pilha de pastas na mesa de Sophia.
— Sim, líder Han. – respondeu Sophia, tentando manter a calma.
Para piorar, o clima no escritório estava tenso. Havia murmúrios e sussurros entre os funcionários, todos comentando sobre o humor do presidente. Diziam que Kim Jae Hyun estava furioso naquele dia, e todos andavam nas pontas dos pés, tentando evitar qualquer situação que pudesse atrair sua ira.
Ji Woo se aproximou discretamente da mesa de Sophia durante uma pausa rápida.
— Está tudo bem com você? – perguntou preocupada.
— Sim, só estou tentando lidar com toda essa pressão. – respondeu Sophia, forçando um sorriso.
— Estou odiando esse lugar. – desabafou Ji Woo em voz baixa — Sinto que estão nos explorando. Veja, só as nossas mesas estão lotadas.
Sophia virou o rosto disfarçadamente, percebendo que apenas elas, a novatas, estavam trabalhando ferozmente enquanto os demais estavam tranquilos conversando ou passeando.
— E o que vamos fazer? – inquiriu no mesmo tom.
— Nada. – Ji Woo deu de ombros entristecida — Acho que devemos apenas nos acostumar com isso.
Ji Woo voltou para sua mesa com uma expressão cabisbaixa. Restava para elas apenas focar no trabalho e torcer para que em breve chegasse a tão merecida pausa para o almoço.
Por volta do meio-dia, enquanto Sophia estava profundamente concentrada no trabalho, a líder Han apareceu pronta para tirar a paz de qualquer um.
— Harper, preciso que entregue esses documentos no escritório do Presidente imediatamente. – ordenou de olhar severo.
Sophia sentiu uma onda de nervosismo tomar conta de seu corpo ao ouvir a ordem da líder Han. A última coisa que queria naquele momento era encarar Kim Jae Hyun, especialmente sabendo que ele estava de mau humor.
O peso dos documentos em suas mãos parecia multiplicar a pressão que já sentia no peito. Enquanto atravessava o escritório rumo à sala da presidência, sua mente girava em mil direções, relembrando o olhar intenso que ele lhe lançou no elevador.
"Será que ele vai me reconhecer?" – se perguntou mentalmente, com o coração batendo acelerado a cada passo.
Tentava controlar a respiração, mas as mãos trêmulas denunciavam o medo crescente de reencontrar aquele homem.
Quando chegou à porta, Sophia parou por um momento, fechou os olhos e respirou fundo, tentando reunir coragem. O som abafado de vozes vindas de dentro da sala sugeria que ele estava ocupado, o que lhe deu uma ponta de esperança de que talvez fosse apenas uma entrega rápida e discreta.
— Apenas entre, entregue os documentos e saia. – repetia para si mesma como um mantra.
Após um momento de hesitação, bateu levemente na porta e ouviu uma voz firme dizer "Entre." Com o coração na garganta, Sophia empurrou a porta, entrando na sala silenciosa e sofisticada, onde o homem que ocupava seus pensamentos levantou o olhar de maneira lenta e meticulosa para encontrá-la.
— Senhor Kim, estes são os documentos que a senhora Han pediu para entregar. – informou a menina.
Sophia tentou manter a compostura enquanto caminhava até a mesa de Kim Jae Hyun, suas mãos ainda um pouco trêmulas ao colocar os documentos na frente dele. O silêncio na sala era quase ensurdecedor, e ela sentiu o peso do olhar dele sobre si por um breve momento, um olhar que a fez relembrar a noite no hotel. Por um instante, ela sentiu como se o tempo tivesse parado, porém a expectativa de que houvesse algum reconhecimento da parte dele foi frustrada quando o mesmo desviou o olhar rapidamente, sua expressão continuava inalterada e profissional.
— Obrigado. Pode ir. – sua voz era fria e direta, como se ela fosse apenas mais uma funcionária entre tantas outras.
Sophia assentiu, saindo rapidamente da sala com um alívio palpável. Ao fechar a porta atrás de si, uma onda de tensão deixou seu corpo, e ela respirou fundo, tentando se recompor. O encontro havia sido breve, mas o impacto emocional ainda reverberava em seu peito.
Ela caminhou de volta à sua mesa, sentindo o coração mais leve, mas sua mente continuava a girar, cheia de perguntas e incertezas sobre o que viria a seguir.
Ji Woo apareceu novamente, com um olhar de solidariedade.
— Você foi bem. Não se preocupe, todos nós passamos por isso em algum momento. – disse ela, tentando animar a colega.
— Obrigada, Ji Woo. – Sophia sorriu levemente, infelizmente sua querida colega não imaginava o real motivo de seu nervosismo.
Quando todos imaginavam que as coisas estavam se acalmando, o inesperado aconteceu. A porta do escritório do presidente se abriu com um estrondo, chamando imediatamente a atenção de todos. Kim Jae Hyun saiu com uma expressão de fúria que fez o escritório inteiro congelar. A raiva evidente nos olhos deixando os funcionários tensos e nervosos.
Ele caminhou rapidamente até a mesa de Han Joo Eun, segurando a pasta de documentos que Sophia havia entregue mais cedo. Sem hesitar, jogou a pasta com força na mesa da funcionária, fazendo um barulho que ecoou pelo escritório e fez todos pularem de susto.
— Líder Han Joo Eun, isso é inaceitável! – gritou Jae Hyun de voz cortante — Como você tem coragem de me enviar documentos com erros tão graves? E ainda por cima, mandar outra pessoa entregar.
Han Joo Eun ficou pálida, visivelmente assustada e envergonhada. Tentou balbuciar uma resposta, mas Jae Hyun não lhe deu tempo.
— Se não consegue fazer seu trabalho direito, não deveria estar aqui! – continuou ele, sem baixar o tom — Essa é uma empresa de excelência, e não vou tolerar incompetência. Quero esses documentos corrigidos e em minha mesa até o final do dia, e você mesma vai entregá-los. Entendido?
— Sim, senhor Presidente. – respondeu a mulher de voz trêmula.
Jae Hyun lançou um último olhar fulminante para a funcionária antes de se virar e voltar para sua sala. O silêncio no escritório era absoluto, todos estavam atordoados com a explosão de raiva do presidente. Han Joo Eun, visivelmente abalada, pegou a pasta e começou a revisar os documentos, os dedos tremendo enquanto trabalhava.
Enquanto Sophia que havia testemunhado toda a cena, sentia uma mistura de alívio e nervosismo, por sorte não sobrou para ela, mas ao mesmo tempo temia que em algum momento seria a próxima a ouvir gritos. E tudo aquilo servia apenas para aumentar a pressão e deixar a atmosfera ainda pior.
Ela olhou para Ji Woo, que estava sentada a algumas mesas de distância, e viu a preocupação nos olhos da amiga. Restava agora ser ainda mais cuidadosa e eficiente em seu trabalho.
[...]
Ji Woo se aproximou da mesa da amiga, pronta para fugir do escritório, usando como desculpa o horário de almoço.
— Terminou tudo? – quis saber em voz baixa.
— Sim, esse foi o último por agora. – garantiu a jovem com suspiro de alívio.
— Então, vamos logo antes que apareça mais. – propôs Ji Woo apressada.
Sophia sorriu e levantou pegando sua bolsa, porém neste exato momento a porta do escritório do presidente foi aberta por ele. Os poucos funcionários que ainda estavam ali o olharam imediatamente, e a líder Han se moveu em direção a ele para mostrar algum serviço. Jae Hyun apenas procurou com os olhos por alguém e parou sobre as duas novatas.
— Você. – apontou para Sophia — Na minha sala, agora.
A menina se assustou e congelou no lugar, voltando à vida apenas quando Ji Woo a cutucou no braço para se apressar. E sentindo o frio percorrer a espinha e o coração bater acelerado, Sophia moveu-se em direção a sala ouvindo seus passos ecoando no silencioso escritório, passando por uma Han Joo Eun enfurecida.
Soltando o ar de uma vez, ela bateu na porta antes de abrir.
— Sim, senhor presidente. – murmurou Sophia, fazendo uma reverência apressada, sem perceber que sua postura estava um pouco desalinhada.
Os costumes e a hierarquia na Coreia ainda a confundiam, e naquele breve momento de nervosismo, ela demorou alguns segundos para corrigir-se. Ao se endireitar, percebeu que Jae Hyun não desviava a atenção da tela do computador, como se sua presença ali fosse irrelevante.
A atmosfera pareceu carregada, e o silêncio que se seguiu só aumentava sua apreensão. Ela tentou manter a postura, mas seus pensamentos estavam a mil, imaginando milhares de cenários sobre o que ele poderia querer. Será que ele se lembrava daquela noite? Será que ele a reconheceu? A dúvida e o medo de ser descoberta criavam uma tempestade de possibilidades em sua cabeça.
— Preciso que compre essa bolsa para mim. – a voz firme dele quebrou o silêncio de forma abrupta, fazendo-a sobressaltar.
Jae Hyun colocou uma foto e um cartão preto sobre a mesa, empurrando-os em sua direção com uma expressão impassível.
— Preciso disso para agora, e não quero nenhuma especulação sobre o que te pedi pelos corredores. Entendido?
— Sim, senhor. – respondeu Sophia com a voz trêmula, pegando o cartão e a fotografia rapidamente, antes de sair da sala com o coração acelerado.
Jae Hyun a observou por um breve instante, seus olhos penetrantes percorrendo cada detalhe de sua aparência. Algo nela lhe parecia vagamente familiar, uma estranha sensação de déjà vu que o incomodava sem razão aparente. Seu olhar se fixou por um segundo mais do que deveria, antes de ele desviar a atenção, reprimindo qualquer curiosidade.
— Ainda está aqui? – inquiriu a voz cortando o ar de forma fria e direta.
Sentindo o peso da indiferença, Sophia saiu apressada, determinada a cumprir a tarefa o mais rápido possível. Contudo, isso significava abrir mão do tão esperado almoço. Ela lançou um olhar murcho para Ji Woo, que refletia a decepção silenciosa por não poder acompanhar a amiga.
— Força. – Ji Woo sorriu docemente, fechando o punho em um gesto de encorajamento.
Sophia apenas sorriu de volta.
[...]
Embora morasse na cidade há pouco tempo, Sophia já conhecia quase todas as lojas de produtos luxuosos, aquelas que só quem pretendia gastar fortunas em acessórios se atreveria a entrar. Isso, devia a Soo Ji, sua ex-amiga ambiciosa, que costumava arrastá-la por esses lugares, sonhando com uma vida de riqueza e glamour.
Agora, enquanto caminhava pelo shopping movimentado, sentia a raiva ferver dentro de si ao lembrar de como Soo Ji havia a traído.
— Soo Ji… – murmurou com rancor, mal acreditando que ainda se dava ao trabalho de lembrar de alguém tão desprezível.
O sentimento de desgosto foi substituído por uma determinação fria enquanto Sophia se dirigia à entrada da loja. Cada passo que dava parecia uma afronta ao passado que queria deixar para trás, mas ela não tinha escolha, a maldita bolsa estava ali na vitrine e ela precisava comprá-la.
O cheiro familiar de perfume caro e couro a envolveu assim que entrou, fazendo-a lembrar das inúmeras vezes em que havia se sentido deslocada ali ao lado de Soo Ji. Agora, tudo era diferente. Ela estava ali a trabalho, e não mais como a garota inocente arrastada pelos sonhos alheios, com um olhar firme, a menina se aproximou da vendedora, pronta para encerrar essa tarefa o mais rápido possível.
A mulher olhou para Sophia com um olhar de desdém, avaliando-a dos pés à cabeça com o semblante de alguém que estava enojado com algo. Seus olhos se detiveram na roupa simples e na aparência modesta da jovem, ignorando o fato de que ela poderia está ali para realizar uma compra de alto valor.
— Posso ajudar? – perguntou a funcionária, seu tom de voz carregado de desdém não disfarçado.
— Sim, quero uma bolsa igual a essa. – Sophia mostrou a foto.
A funcionária lançou um olhar de ceticismo para a foto. A expressão de superioridade da vendedora denunciava claramente seu preconceito, como se a mera presença de Sophia em uma loja de luxo fosse uma afronta ao seu padrão de clientes habituais, sem falar o acessório que acabou de pedir, era inconcebível que alguém com aquele visual pudesse ter a capacidade de adquirir um item tão caro, e seu tratamento frio e desdenhoso refletia essa crença superficial.
— Tem certeza de que quer essa bolsa? Ao menos sabe quanto custa um produto limitado? – indagou ela, sua voz carregada de sarcasmo.
— Sim, eu sei. Preciso comprá-la imediatamente. – respondeu Sophia, tentando manter a calma. Sua voz permaneceu firme, apesar do desprezo evidente da funcionária.
— Hm, verei o que posso fazer. – disse a mulher de tom sarcástico.
— Acho que você não entendeu. – Sophia respirou fundo, tentando manter a paciência enquanto se sentia testada — Eu quero essa bolsa. Se a tem, traga-a para mim. Se não a tiver, diga-me e eu procurarei em outra loja.
A vendedora encarou a menina de forma rude antes de se afastar lentamente, claramente sem a menor vontade de atender uma pobretona. Sophia esperou, e esperou, sentindo os olhares desconfiados de outras funcionárias e determinados clientes que entravam e saiam com sacolas. E quando finalmente a mulher voltou, não trazia apenas a bolsa como uma expressão de desdém junto.
— Aqui está, mas vou ser honesta, essa bolsa é muito cara. Talvez queira procurar algo mais dentro do seu orçamento nas outras lojas por aí. – sugeriu a funcionária, sorrindo de maneira provocativa.
— Não, muito obrigada pela sua sugestão tão desnecessária. – respondeu Sophia, mantendo o mesmo tom de desdém — Vou levar essa mesmo..
A vendedora deu de ombros e começou a processar a compra, mas seu comportamento deixava claro que ela não acreditava que Sophia poderia pagar por aquilo. E quando a viu tirar o cartão da empresa, parou o processo disposta a expulsá-la do estabelecimento.
— Isso não vai funcionar aqui. Acha mesmo que esse cartão de gastos pode pagar por um item de cinco milhões? — disse a mulher quase rindo.
— É assim que você trata todos os clientes? – inquiriu Sophia com a irritação clara em sua voz
— Apenas aqueles que não podem pagar e ainda tomam meu tempo. – a vendedora respondeu rudemente.
— Isso é um absurdo. – Sophia respirou fundo para se acalmar — Chame o seu gerente, agora.
— Não posso, ele não está aqui. – disse a funcionária tranquilamente — Sugiro que volte outra hora.
— Então, que venha outra pessoa me atender que não seja você.
— Lamento, mas todas estão ocupadas.
— Algum problema aqui? – perguntou um homem baixo de terno escuro, dirigindo seu olhar de Sophia para a funcionária.
— Gerente Jung. – rapidamente a mulher arrogante mudou a postura ao ver o homem.
— O senhor quem é? – perguntou Sophia fixando o olhar nele.
— Sou o responsável pela loja.
— Ah, perfeito! – Sophia voltou-se para ele — Estou tentando comprar essa bolsa, mas a funcionária não quer vender. Está me tratando mal desde o instante que entrei aqui.
O homem olhou a menina dos pés a cabeça duvidando que ela pudesse comprar qualquer item da loja, mas ainda assim, permitiu que prosseguisse com a compra, curioso para ver como ela iria pagar.
— Prossiga com a compra da cliente.
Sophia tirou da bolsa o cartão Black dado pelo presidente, e naquele instante os olhos do gerente foram para a mão dela mudando completamente sua expressão.
— Vamos, finalize o pedido da senhorita. – ele apressou a vendedora de má vontade — Gostaria que embrulhasse?
— Não, obrigada. – se limitou Sophia recebendo o comprovante da compra.
O gerente pegou a sacola das mãos da funcionária para entregar a menina.
— Aqui está a sua bolsa, senhorita. Peço desculpas pelo mal-entendido. – disse o homem de sorriso forçado, entregando a sacola.
Sophia pegou a bolsa e saiu da loja rapidamente, sentindo-se aliviada por não precisar destruir ninguém no processo, porém o sentimento de humilhação ainda a incomodava por dentro. Tudo aquilo foi tão desnecessário, tratar alguém mal apenas pela aparência. Parando em frente de uma das vitrines, observou seu reflexo, claramente não era rica, mas também não estava matando cachorro a grito.
— Fracamente. – resmungou voltando a caminhar.
Olhando a hora no celular, percebeu que ainda daria tempo de comer alguma coisa antes de voltar para o escritório, e não se importou se deveria voltar naquele exato momento, após o estresse que passou, fazer uma boa refeição e tirar uns minutos para descansar era o mínimo que o presidente devia. E se o presidente reclamasse, diria que foi difícil de achar.
[...]
Quando voltou ao escritório, não precisou ir à sala do presidente entregar a bolsa, o secretário Jung Dong Hyun esperava por ela. Sophia não sabia que ele está ali seria algo bom ou ruim.
— Senhorita, Harper. – ele a cumprimentou educadamente.
— Sim? – a menina o olhou confusa.
— Vir para pegar isso… – ele apontou para a sacola na mão da jovem.
— Ah, sim. – Sophia sorriu sem graça ao entregar a sacola — Fiz alguma coisa de errado? Eu acabei de chegar.
— Não, não. Fique tranquila, apenas estou encarregado de finalizar a tarefa. – disse ele e esboçou um leve sorriso — Muito obrigado.
— Imagina, não foi nada. – Sophia sorriu levemente, e então, lembrou do cartão — Espere, não posso esquecer.
Levando a mão a bolsa, ela tirou o cartão black estendendo para ele com as duas mãos.
— Muito obrigado. – Jung Dong Hyun o pegou e deu as costas em direção ao elevador.
Assentindo, Sophia puxou sua cadeira e sentou após soltar o ar aliviada, procurou Ji Woo com os olhos e a encontrando escondida atrás de uma pilha de pastas. Mal estavam de volta e a líder Han já havia entregue montanhas de papéis.
Han Joo Eun apareceu do seu lado, carregando uma pilha de pastas. A expressão dela era de pura raiva, claramente irritada pelo fato de Sophia ter saído para uma tarefa diretamente designada pelo presidente.
— Aqui estão mais alguns relatórios para revisar. Preciso deles prontos até o final do dia. – disse ela, jogando a papelada na mesa de Sofia com um olhar de desdém.
Sophia suspirou internamente, tentando manter a calma. No fundo sabia que sua superior estava descontente desde que o dia iniciou, e como se não bastasse estava fazendo de tudo para dificultar as coisas para as novatas, ou seja, para Ji Woo e ela.
— Sim, senhora Han. Vou começar agora mesmo. – respondeu Sofia, pegando os relatórios.
Han Joo Eun cruzou os braços, olhando para Sophia com um olhar desafiador.
— Espero que você consiga lidar com suas responsabilidades aqui.
Sofia sentiu a tensão no ar, mas decidiu não entrar em confronto.
— Farei o meu melhor para cumprir todas as minhas obrigações, senhora Han.
A mulher deu um sorriso frio antes de se afastar, claramente satisfeita por ter conseguido incomodar Sophia.
[...]
Mais tarde, ao chegar em casa, Sophia sentia-se exausta. O peso do dia, tanto físico quanto mental, era como um manto que ela não conseguia retirar. Quando abriu a porta do pequeno apartamento que dividia com sua colega de quarto e melhor amiga, Eun Na, foi recebida pelo cheiro acolhedor de comida caseira. Era um alívio familiar que aquecia não apenas o estômago, mas também o coração.
— Bem-vinda de volta, Soph. – a voz de Eun Na soou calorosa e convidativa enquanto ela acenava da cozinha, com um sorriso brilhante no rosto — Acabei de preparar o jantar. Venha, vamos comer.
— Ah, obrigada. Estou morrendo de fome. — Sophia praticamente choramingou enquanto se arrastava até a mesa e se sentava pesadamente.
Eun Na colocou diante dela tigelas de bibimbap e kimchi, o vapor subindo e perfumando o ar. Sophia pegou os hashis com gratidão e começou a comer, sentindo-se lentamente mais humana a cada mordida.
Enquanto se serviam, o ambiente estava calmo, mas Eun Na parecia ter algo em mente. O habitual brilho despreocupado em seus olhos estava ofuscado por uma sombra de hesitação, como se estivesse ponderando se deveria ou não falar.
Após alguns momentos de silêncio, Eun Na finalmente suspirou e olhou para Sophia, a preocupação evidente em sua expressão.
— Soph, preciso te contar algo que vi recentemente. – ela começou, sua voz carregada de incerteza.
Sophia levantou os olhos do prato, intrigada e um pouco apreensiva com o tom da amiga.
— O que foi, Eun Na? – perguntou, tentando esconder a tensão em sua voz.
Eun Na mordeu o lábio inferior antes de continuar, os olhos atentos à reação de Sophia.
— Outro dia, eu vi Park Soo Ji saindo do Hotel Royal. – ela hesitou, como se ponderasse suas próximas palavras com cuidado — Ela parecia... diferente, como se fosse outra pessoa. Sabe quando alguém tenta esconder algo, mas não consegue disfarçar completamente?
Sophia parou por um momento, o nome que Eun Na mencionou ressoando em sua mente como um eco indesejado. Park Soo Ji. Era uma pessoa que ela detestava profundamente, e isso não era algo que acontecia com frequência. Sophia já tinha cruzado o caminho de pessoas horríveis antes, mas ninguém jamais havia chegado ao nível de crueldade que Soo Ji atingiu. Nenhuma delas havia sido capaz de algo tão vil quanto drogá-la e tentar vendê-la para algum homem rico como se fosse uma mercadoria.
— Ela deve ter conseguido o que queria. – murmurou Sophia, o tom de sua voz carregado de raiva contida. As lembranças amargas começaram a se agitar dentro dela, e, por um instante, ela sentiu o gosto amargo da traição que ainda estava fresco.
Eun Na, percebendo a mudança no humor da amiga, pareceu se arrepender de ter mencionado o nome de Soo Ji. Ela mordeu o lábio, sua expressão cheia de preocupação.
— Desculpa, achei que deveria te contar. – disse Eun Na, sua voz suave e cheia de remorso. Não queria causar dor a Sophia, mas achava importante que ela soubesse onde Soo Ji estava se metendo.
Sophia respirou fundo, tentando dissipar o turbilhão de emoções que a invadiam. Ela olhou para Eun Na e sorriu de leve, apreciando o gesto de sua amiga.
— Não se preocupe. É bom saber por onde aquela cobra rasteja. Pelo menos assim fico de olho e não sou pega de surpresa. – disse Sophia, com uma determinação fria nos olhos. Saber que Soo Ji estava rondando novamente a fazia se sentir mais alerta, mais preparada para o que quer que pudesse vir.
Sophia sabia que não podia baixar a guarda, especialmente agora, que parecia estar cruzando o caminho de pessoas poderosas. Mas, com Eun Na ao seu lado, sentia que podia enfrentar qualquer coisa, até mesmo os fantasmas do passado que insistiam em assombrá-la.