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Chapter 2 - Capítulo 2: Primeiro dia

Três meses se passaram desde aquela noite no hotel, uma lembrança que Sophia guardava como um segredo profundo. Ela finalmente havia conseguido o trabalho dos seus sonhos e estava radiante de felicidade. Quando decidiu deixar sua cidade natal, tinha em mente o desejo de estagiar na grandiosa DreamLight, a empresa mais disputada do país, por algum tempo chegou a acreditar que estava sonhando demais, e esse pensamento ganhou força quando viu as pessoas no processo seletivo; tinha alguns veteranos da faculdade, justo os que julgavam-se está num patamar muito acima dela. Mas, Sophia não se deixou desanimar por muito tempo, passar na primeira etapa a fez ter certeza que poderia ser tão capaz quanto qualquer um ali.

Na manhã de seu primeiro dia, Sophia se arrumou com o que tinha de melhor: uma blusa branca simples, uma saia preta modesta e seu par de óculos de grau, que usava mais por hábito do que por necessidade. Se olhou várias vezes antes de sair de casa, precisava ter certeza que estava bem arrumada, mesmo sabendo que seu guarda-roupa estava longe do ideal para o ambiente corporativo, ela ainda não tinha dinheiro para comprar roupas bonitas e melhores, contava com o primeiro salário para que isso acontecesse.

Ao chegar ao imponente edifício de vidro e aço da empresa, Sophia respirou fundo antes de entrar. Mal podia acreditar que sua determinação finalmente a tinha levado até agora. O saguão era grandioso, com um lustre deslumbrante e funcionários apressados indo e vindo. Tudo era tão deslumbrante que — quase — abriu a boca impressionada, se recompondo tratou de lembrar que passaria por ali todos os dias a partir daquele e não poderia agir como alguém que nunca entrou em um lugar tão fino e elegante, mesmo que fosse verdade.

Sophia se dirigiu à recepção, onde uma mulher de expressão séria não parecia estar interessada em guiar a nova funcionária.

— O departamento de marketing fica no décimo andar. Siga em frente e depois vire à esquerda. – informou a recepcionista sem sequer levantar o olhar.

Sophia agradeceu e se dirigiu aos elevadores, sentindo um misto de nervosismo e excitação. Uma mulher de aparência fina parou ao seu lado, mantendo a postura esnobe apenas fingiu que não havia mais ninguém abaixo do seu campo de visão. Quando as portas se abriram Sophia entrou junto da esnobe e mais algumas pessoas, percebeu logo que as portas se fecharam o clima tenso dentro do curto espaço e isso, é claro, que serviu para deixá-la ainda mais nervosa, se as pessoas estavam tensas é porque se tratava de alguém importante, provavelmente alguma diretora.

O alívio a atingiu quando pode se livrar daquele casulo desconfortável, a tal mulher estava indo para outro andar, o que a fez soltar um amém mentamente. Seguindo as instruções da recepcionista conseguiu chegar ao seu novo departamento, e para sua surpresa foi recebida por Choi Hye Jin — a gerente víbora que tanto ouviu falar dos outros candidatos — uma mulher elegante e de olhar crítico. Choi Hye Jin olhou Sophia de cima a baixo, claramente desaprovando sua aparência.

— Você deve ser a nova estagiária, Sophia Harper, certo? Sou Choi Hye Jin, líder de equipe do departamento. – disse Choi Hye Jin, sem sequer tentar esconder o desdém — Vejo que precisa de algumas melhorias no seu guarda-roupa. Aqui na DreamLight, esperamos que nossos funcionários mantenham um certo padrão. E esses óculos... Francamente, poderiam ser mais modernos.

Sophia sentiu o rosto queimar de vergonha, mas se manteve firme. Não deixaria que os comentários de Choi Hye Jin a abalassem. Ela era boa no que fazia e estava determinada a provar isso, assim pensou para não se abalar.

— Entendo, líder Choi Hye Jin. Farei o possível para me adequar. – respondeu Sophia, com um sorriso educado.

— Muito bem. Agora, vou lhe mostrar seu posto de trabalho. Espero que seja tão competente quanto seu currículo sugere. – disse Choi Hye Jin, conduzindo Sophia pelo escritório.

Enquanto caminhavam, Sophia observava o ambiente ao seu redor. A decoração era moderna e sofisticada, com mesas impecavelmente organizadas e funcionários bem vestidos, porém a hostilidade daquele lugar não passou despercebido por seus olhos; ela sabia que teria de se concentrar no trabalho e não deixar que as críticas afetassem seu desempenho, principalmente com uma líder como Choi Hye Jin.

— Esta é a sua mesa. Se precisar de algo, mostre competência se virando sozinha ao invés de me chamar. – disse a mulher com um tom levemente condescendente.

Antes que Sophia pudesse responder, uma agitação começou a se espalhar pelo escritório. Murmúrios e olhares nervosos voltaram para a entrada do andar. Choi Hye Jin ajustou a postura, assim como todos os outros funcionários, e Sophia percebeu que algo importante estava prestes a acontecer.

— O Presidente está chegando. – sussurrou um dos colegas ao lado dela, com um misto de respeito e medo na voz.

Todos ficaram de pé com a cabeça baixa, uma demonstração de respeito. Sophia seguiu o exemplo dos outros, tentando parecer calma, mas sentia o coração acelerado, e quando finalmente levantou os olhos discretamente, viu a figura imponente do Presidente. Ele caminhava com uma autoridade inquestionável, o rosto sério e impassível, era raro estar ali pessoalmente e seus passos firmes iam em direção à sala do Diretor Jung, e sem olhar para ninguém seguia em frente com o secretário e mais dois homens logo atrás.

Sophia baixou a cabeça rapidamente, tentando esconder o nervosismo e desespero que se instalou dentro dela, talvez fosse a presença de alguém tão importante. Ele entrou na sala e a porta se fechou, e assim todos os funcionários voltaram a seus postos e o ambiente retomou a normalidade.

— Comece a trabalhar, Sophia Harper. Não temos tempo para distrações. – ordenou a líder de equipe, passando por ela com um olhar crítico.

Quando Choi Hye Jin finalmente se afastou para lidar com outras tarefas, Sophia respirou aliviada, ficou agradecida por não ter que lidar com alguém tão crítica e chata o tempo todo, pelo menos assim desejou. No entanto, ainda não haviam dito o que exatamente era para fazer e a menina se sentia perdida e nervosa, achando como solução organizar os materiais na mesa em busca de calmaria para que depois pudesse pensar com clareza.

Ouviu o barulho das rodinhas da cadeira ao seu lado e logo após uma jovem de aparência meiga sorriu amigavelmente parecendo genuinamente interessada em conhecer Sophia.

— Oi! Você deve ser a nova minha colega. Eu sou Kim Ji Woo. – disse ela, estendendo a mão.

— Sim, sou Sophia Harper. Muito prazer. – a menina sorriu, apertando a mão de Kim Ji Woo.

— Prazer é todo meu! — respondeu Kim Ji Woo — Vi que a líder Choi não pegou leve com você. Não se preocupe, ela é assim com todo mundo. Mas, para nossa sorte, ela está sempre muito ocupada.

— Ainda bem. Já estava começando a achar que seria impossível sobreviver aqui. – Sophia riu aliviada.

— Não é tão ruim assim, mas para você não ter problemas vou te mostrar as pessoas que deve evitar se possível, assim você evita encrencas desnecessárias. – se antecipou Kim Ji Woo dando uma risadinha humorada e logo após puxou a cadeira para mais perto de Sophia.

Ji Woo apontou para um homem alto e sério no fundo da sala.

— Aquele é o diretor Kang Dae Hyun, do financeiro. Ele é um pouco reservado, mas super competente. A moça ao lado dele é a gerente Han Ye Rin, do RH, sempre disposta a ajudar. – começou Ji Woo — Eles estão quase sempre por aqui, tome cuidado. Mesmo sendo de outro departamento, os dois são muito respeitados e se falarem que você não serve será demitida na hora.

— Que medo. – admitiu Sophia e ouviu uma risadinha da jovem ao lado — Com certeza vou evitá-los.

— Não se preocupe, apenas não se meta em encrenca – aconselhou Ji Woo com um sorriso gentil.

Nesse momento, uma mulher elegante passou em passos rápidos em direção ao escritório do diretor chamando a atenção de todos, principalmente da novata curiosa.

— Ela parece ser importante. Quem é? – perguntou Sophia, curiosa.

Ji Woo sorriu animada como se fosse falar do seu assunto favorito.

— Ah, essa é a Lee Min Seo, diretora de vendas. – começou empolgada e baixou mais a voz para que apenas Sophia pudesse ouvir — Ela é apaixonada pelo Presidente. E mesmo sendo super linda e muito competente, ele nunca demonstrou nenhum tipo de interesse.

A jovem fofoqueira inclinou-se para mais próxima como se fosse confidenciar um segredo.

— Dizem que ela já tentou de tudo para chamar a atenção do Presidente, mas ele é uma fortaleza de gelo.

— Nossa, mas que situação ruim, melhor partir para outra. — comentou Sophia, imaginando a situação.

— E não é só isso. – continuou Ji Woo — Tem muitas fofocas sobre o Presidente, dizem que nenhuma mulher consegue seduzi-lo, é como se ele fosse imune aos encantos femininos.

— Ele realmente é isso tudo? – quis saber Sophia curiosa.

— Você não viu ele? – Ji Woo a olhou levemente espantada — O nosso presidente chega a ser um deus de tão lindo que é.

— Vi apenas as costas dele. – admitiu a menina sem graça.

Ji Woo sorriu animada.

— Você vai ouvir muitas histórias por aqui, mas a maioria das pessoas respeitam e temem o Presidente Kim. – disse Ji Woo com admiração — Ele é brilhante! Tudo que toca prospera. É por isso que nossa empresa é tão bem-sucedida.

Sophia já tinha ouvido falar sobre aquela pessoa, um homem magnífico que fazia até empresas à beira da falência se reerguer novamente, porém não imaginou que trabalharia para ele no futuro, nem sequer poderia cogitar algo assim.

— Obrigada, Kim Ji Woo. É bom saber que posso contar com alguém aqui. – Sophia sorriu simpática.

— Claro! Vamos nos ajudar mutuamente. Se precisar de qualquer coisa, é só chamar estou do seu lado. – disse Ji Woo animadamente — Ah, pode me chamar de Ji Woo, somos colegas agora.

— Obrigada Ji Woo. – Sophia sorriu docemente — E pode me chamar de Sophia.

A líder Choi apareceu atrás delas com a expressão habitual de desagrado.

— Vamos, aqui não é lugar para conversinhas. Voltem ao trabalho! – ordenou Choi Hye Jin com olhar severo.

— Sim, líder Choi. – responderam em uníssono, voltando rapidamente às suas tarefas.

Sophia tentou se concentrar no trabalho, mas sua mente estava a mil. Era sempre assim quando iniciava uma nova rotina ou frequentava um novo ambiente, levaria algum tempo para que o frio na barriga e o nervosismo sumisse completamente. Por agora, pretendia analisar e estudar as pessoas com quem iria trabalhar, aprender a lidar com cada uma delas pareceu uma tarefa quase impossível quando conheceu a líder de seu departamento, porém em breve estaria apta e pronta para lidar com aquela mulher critica e mal educada.

[...]

Mais tarde, na hora do almoço, Ji Woo conseguiu convencê-la de irem almoçar juntas, sendo sua nova colega havia um restaurante perto que servia uma comida maravilhosa, e para Sophia isso estava perfeito, já que seus planos seria comer um sanduíche e caminha pelas reduzidas para matar o tempo e conhecer o local.

Enquanto esperavam o elevador, Ji Woo não parava de falar sobre seus primeiros dias na empresa e Sophia tentava acompanhar o máximo que podia. Ouviram os passos se aproximando e rapidamente Ji Woo se calou ficando do lado da menina.

— O presidente. – disse num sussurro.

Sophia praticamente congelou no lugar apavorada. Nunca em sua vida achou que seria tão fácil encontrar com o presidente de uma empresa, para ela isso sempre foi algo impossível, mas ali estava ele junto do secretário.

As portas do elevador abriram-se e os dois homens entraram de imediato, enquanto as garotas permaneceram no mesmo lugar de cabeça baixa. De forma alguma que se atreveriam a entrar no mesmo elevador que o presidente, teriam de estar loucas para isso. Um pensamento que se passou na cabeça das duas.

Jae Hyun, percebendo a situação, lançou um olhar para o secretário, que entendeu o recado.

— Senhoritas, por favor, entrem. – disse o homem educadamente, fazendo um gesto convidativo.

Sem alternativa, Sophia levantou o olhar, e seu coração deu um salto ao encontrar os olhos de Jae Hyun. A realidade de encontrá-lo ali, em um ambiente tão formal e distante da intimidade de um quarto de hotel, a atingiu com força. O choque fez seu corpo congelar por um instante, e um frio percorreu sua espinha. A sensação de déjà vu era quase insuportável; o homem frio e temido diante dela era o mesmo com quem tinha vivido um momento tão intenso e enigmático. Ela lembrou do quanto ele era atraente e sedutor, e o contraste entre o homem misterioso de três meses atrás e o presidente de uma empresa milionária era quase surreal.

Sophia se viu tomada por uma onda de nervosismo e embaraço, suas mãos começaram a suar e a respiração tornou-se irregular.

Ji Woo, aparentemente alheia ao turbilhão interno de Sophia, sorriu educadamente e entrou no elevador levando sua colega junto, que se não fosse por sua ajuda não entraria. Sophia, com o coração batendo frenético, pensou em sair dali o mais rápido possível, mas não teve coragem. Sua mente criou uma armadilha misturando comparando as lembranças daquela noite com a realidade impiedosa que agora a confrontava.

Com uma mistura de ansiedade e determinação, ela finalmente arrumou a postura e mudou o semblante. A presença dele era avassaladora e parecia preencher o espaço ao seu redor, intensificando sua sensação de vulnerabilidade. Sophia se forçou a focar no chão, respirando fundo para controlar o tumulto emocional que ameaçava se manifestar. O silêncio no elevador era carregado, e Sophia lutava para manter a compostura, consciente de que cada segundo ao lado dele era uma lembrança que agora tornava-se dolorosa.

Jae Hyun olhou para Sophia por um breve momento, sem mostrar nenhum interesse aparente. No entanto, algo a incomodava. Havia algo familiar no perfume que ela usava, algo que o fez lembrar de uma certa mulher misteriosa e a noite no hotel Imperial. Ele desviou o olhar rapidamente, tentando afastar os pensamentos que começavam a surgir.

O elevador descia lentamente, cada segundo parecia durar uma eternidade. Ji Woo permanecia ao lado de Sophia, tão quieta quanto ela. O ambiente parecia tenso e extremamente desconfortável, pelo menos para as duas garotas.

Quando as portas finalmente se abriram Jae Hyun saiu primeiro, seguido do secretário, Sophia sentiu um alívio imediato e quase palpável. Ela respirou profundamente, como se finalmente pudesse soltar o ar que estava retido em seus pulmões desde o momento em que entrou no elevador. A presença de Jae Hyun havia criado um ambiente tenso e carregado, e o fato de vê-lo sair foi como se uma pesada cortina tivesse sido levantada, revelando um pouco de paz. Ela piscou algumas vezes para se certificar de que estava realmente livre daquela sensação, e seus ombros relaxaram, como se um peso invisível tivesse sido retirado de cima dela.

— Uau, que tenso. – sussurrou Ji Woo, enquanto caminhavam em direção ao hall.

— Nem me fale.

— Ele faz com que a gente fique um pouco intimidada. É uma presença muito forte. – comentou Ji Woo sentindo seu coração voltar ao normal.

— Nunca mais outra dessa. – disse Sophia fazendo a menina rir.

As duas cruzaram saguão de entrada e passando pelas portas de vidro que refletiam a luz suave do início da tarde. Assim que colocaram os pés na calçada, sentiram o ar fresco da cidade e o movimento frenético das ruas de Seul. Ji Woo, com um sorriso caloroso, guiou Sophia pelas ruas movimentadas, onde a arquitetura moderna se misturava harmoniosamente com toques tradicionais. O clima era leve entre as duas, e a conversa fluía de maneira descontraída enquanto caminhavam. A tranquilidade da rua ao redor do restaurante contrastava com a tensão que Sophia havia sentido momentos antes dentro da empresa, e ela se permitiu relaxar um pouco, apreciando o ritmo mais calmo do passeio.

O restaurante para o qual Ji Woo a estava levando era simples, mas acolhedor, com uma fachada modesta que quase se escondia entre os prédios ao redor. As luzes quentes no interior e o cheiro de comida caseira que escapava pelas portas faziam o lugar parecer um refúgio seguro após a manhã agitada. Ji Woo falava animadamente sobre os pratos mais recomendados do lugar, enquanto Sophia a ouvia com um sorriso mais tranquilo, tentando focar sua mente no presente. Cada passo as aproximava do restaurante, e Sophia sentia que, ao menos durante aquele almoço, poderia afastar os pensamentos sobre Jae Hyun, encontrando um pouco de normalidade ao lado de sua nova colega.

— Este é o nosso refúgio. – disse Ji Woo, sorrindo. — Aqui podemos relaxar e ser nós mesmas.

Ji Woo a guiou para uma mesa onde haviam algumas pessoas esperando por elas, e nisso a menina foi pega de surpresa. Sophia foi apresentada às amigas de Ji Woo. Todas eram muito simpáticas e adoráveis, a receberam muito melhor do que poderia ter imaginado e isso foi mais que o suficiente para alguém que acreditou ter dado sorte em encontrar uma colega de trabalho gentil.

Conheceu Han Ji Soo, uma jovem vibrante que trabalhava no departamento de TI; Choi Yoo Mi, uma artista que atuava na equipe de design gráfico; e Jung Eun Ji , uma mulher casada, mas com espírito de solteira, que trabalhava no setor de recursos humanos.

— Olá, Sophia, seja bem-vinda! – disse Park Ji Soo com um sorriso caloroso.

— Obrigada. É ótimo conhecer vocês. – respondeu ela, sentindo-se mais à vontade.

Enquanto se acomodavam e faziam os pedidos, o assunto inevitavelmente se voltou para as fofocas que circulavam pela empresa. Era impossível evitar, dada a quantidade de histórias intrigantes que corriam pelos corredores.

— Então, Sophia, já ouviu falar sobre as escapadas românticas da diretora Lee Min Seo? – perguntou Choi Yoo Mi rindo.

— Ah, sim! A diretora de vendas, não é? – respondeu Sophia, lembrando-se do que Woo havia lhe contado.

— Exatamente! – disse Jung Eun Ji, piscando — Fiquei sabendo que ela convenceu o presidente a ir ao baile de máscaras naquele hotel luxuoso, mas acho que nada funcionou.

— Disseram que ele não foi, ela entrou sozinha. – comentou Choi Yoo Mi espantada.

Sophia quis chorar por dentro, quando achou que aliviaria a mente, ele se torna o assunto na mesa. No entanto, seria mentira se negasse a leve sensação de satisfação de lembrar o por quê dele não estar ao lado da diretora no baile.

— O presidente não parece se abalar fácil, não importa quantas roupas caras ela use e desfile na frente dele. – acrescentou Park Ji Soo.

Ji Woo riu animada.

— Hoje ela passou toda apressada para a sala do diretor, apenas porque o presidente estava lá. – comentou com satisfação.

— Eu desistia de uma vez, principalmente agora que a escolhida está para chegar. – disse Choi Yoo Mi e tomou um gole de água — A diretora não vai ganhar da mulher que a família dele escolheu.

— Verdade, fiquei sabendo que ela estava voltando para o país. – comentou Ji Woo pensativa — Isso é melhor que novela das 7:00.

As garotas riram, e enquanto esperavam por suas refeições passavam o tempo compartilhando informações sobre seus assuntos favoritos da empresa. Sophia por outro lado apenas ouvia quieta comentando algumas vezes, ela estava começando a entender mais sobre a dinâmica da empresa e as pessoas que a rodeavam. Sentiu-se grata por ter feito amigas que a incluíam nas conversas e a ajudavam a se integrar.

— Foi um prazer conhecer vocês, eu realmente adorei. – disse Sophia, sorrindo para as novas amigas.

— Imagina, estamos aqui para qualquer coisa que precisar. – respondeu Yoo Mi, dando um leve tapinha no ombro de Sophia.

O almoço continuou com muitas risadas e histórias, criando uma atmosfera de camaradagem que Sophia tanto precisava. Quando voltaram ao escritório, ela se sentia revigorada, e horas mais tarde, enquanto se ajustava à nova rotina, Sophia recebeu um monte de documentos para revisar. Choi Hye Jin fez questão de lembrar que qualquer erro seria imperdoável.

Pelo menos agora ela tinha algo para fazer.

[...]

Sophia desceu do ônibus e, assim que colocou os pés no chão, seus olhos encontraram Eun Na esperando por ela no ponto. O sorriso animado de sua amiga era um reflexo perfeito da alegria que sentia ao vê-la novamente. Sem pensar duas vezes, Sophia correu em sua direção, e antes mesmo que qualquer palavra fosse dita, envolveu Eun Na em um abraço apertado, quase esmagador, como se tentasse recuperar todo o tempo que haviam passado longe uma da outra.

Eun Na, surpreendida mas igualmente emocionada, retribuiu o abraço com a mesma intensidade. O riso leve de ambas se misturou ao som dos carros passando, mas naquele momento, nada mais importava além de sua adorada amiga. O calor familiar do abraço, o perfume doce de Eun Na, e a sensação de finalmente estar perto da pessoa que sempre a entendia, esse conjunto perfeito trazia para dentro de Sophia uma sensação de alívio profundo.

— Eu senti tanto a sua falta! – Sophia sussurrou, ainda sem soltar sua amiga.

— Também senti sua falta. – Eun Na respondeu, com a voz transbordando de animação enquanto apertava ainda mais o abraço.

Quando finalmente se afastaram, Sophia a olhou com curiosidade, como se ainda estivesse processando o fato de que sua amiga estava ali, ao seu lado.

— Quando você voltou? – Sophia perguntou com os olhos brilhando de alegria — Por que não me avisou? Eu teria ido te buscar no aeroporto.

— Faz algumas horas. – respondeu Eun Na com um sorriso travesso, enlaçando seu braço no de Sophia antes de começarem a caminhar — Queria fazer uma surpresa para você.

— E conseguiu. – Sophia riu, sentindo a felicidade florescer em seu peito, como se o simples fato de estar ao lado de Eun Na tornasse o dia mais leve.

As duas se conheceram na faculdade, em um daqueles dias de incertezas que marcam o início de uma nova fase da vida. Eun Na, recém-chegada a um país estrangeiro, sentia-se completamente deslocada, perdida em uma cultura diferente e em um ambiente onde tudo parecia desconhecido. O alívio veio quando, no meio de uma sala cheia de rostos novos, seus olhos encontraram o de uma coreana que parecia tão amigável quanto acolhedora.

Sophia, com sua personalidade aberta e curiosa, logo se aproximou. Não demorou para que a empatia e a gentileza de Eun Na cativassem Sophia. Era difícil não se encantar com a energia leve e contagiante de Eun Na, que parecia transformar qualquer ambiente com seu jeito animado e caloroso. O vínculo entre elas se formou de maneira natural, e, em pouco tempo, uma amizade forte e verdadeira surgiu, baseada em apoio mútuo e carinho.

— Vamos comemorar o seu primeiro dia! – disse Eun Na, a animação vibrando em sua voz enquanto caminhavam lado a lado.

— Vamos! – Sophia respondeu, com o mesmo entusiasmo, sentindo uma alegria crescente em compartilhar aquele momento especial com sua melhor amiga.

Eun Na apertou ainda mais o braço de Sophia, o sorriso em seu rosto parecia iluminar o ambiente ao redor.

— Agora, a nossa Sophia foi oficialmente contratada! – exclamou com orgulho evidente. — E logo uma efetiva na DreamLight!

Sophia riu, o coração aquecido pelas palavras de Eun Na.

— Ainda estou me acostumando com a ideia… – admitiu, mas a felicidade em sua voz era inegável.

As duas passaram em frente a uma loja de conveniência e, em um impulso, decidiram entrar e comprar algumas cervejas e petiscos. Com sacolas nas mãos e a atmosfera leve e descontraída, elas continuaram a caminhar pelas ruas iluminadas, rindo e conversando.

— Eun Na, você ainda lembra daquele cara do baile de máscaras? – Sophia perguntou, hesitante, quebrando o silêncio que por um momento havia se instalado entre elas. Seu tom revelava um misto de ansiedade e curiosidade.

Eun Na, sempre pronta para uma boa conversa, riu enquanto passava seu braço pelo de Sophia, puxando-a mais para perto.

— Claro que lembro! O seu príncipe encantado misterioso, né? – brincou, com um sorriso malicioso.

Sophia sentiu o rosto esquentar, rindo sem jeito.

— Não exagera... – balbuciou, o nervosismo evidente em sua voz — Hoje eu descobri o nome dele.

Eun Na parou abruptamente e virou-se para encará-la, os olhos arregalados de surpresa.

— Sério?! – a excitação era palpável em sua voz — Ele é solteiro? Ainda lembra de você? Vocês vão namorar?

— Calma! Uma pergunta de cada vez… – Sophia soltou uma risada nervosa, balançando a cabeça.

Eun Na estava criando expectativas muito altas, o que fazia Sophia se sentir um pouco apreensiva. Conhecendo bem sua amiga, ela sabia o quanto Eun Na era uma romântica incurável, sempre acreditando que o mundo real poderia ser como um dorama, cheio de momentos épicos e apaixonantes. Sophia quase podia ver as engrenagens na mente de Eun Na girando, já imaginando cenas dramáticas e declarações de amor à luz da lua.

— Não crie muitas expectativas, Eun Na... – disse, suavemente — O mundo não é um dorama, e, para ser sincera, as coisas são um pouco mais complicadas do que parecem.

Eun Na fez uma careta, mas não perdeu o brilho nos olhos.

— Ah, mas quem disse que eu não posso sonhar? – respondeu ela, animada, entrelaçando os dedos nos de Sophia enquanto puxava-a para continuar a caminhada — Vai, me conta! Mesmo que não seja como nos doramas, ainda quero saber cada detalhe.

— Ah, nossa Eun Na é realmente muito fofa. – Sophia riu carinhosa, enquanto apertava a bochecha da amiga com delicadeza.

— Não me enrola! – Eun Na protestou, rindo, mas sua curiosidade brilhava em seus olhos.

Sophia soltou um suspiro nervoso, sentindo o peso do que estava prestes a revelar.

— Ok, ok... – ela hesitou por um segundo, seu coração acelerando — O nome daquela pessoa é... Kim Jae Hyun.

O sorriso no rosto de Eun Na se transformou em uma expressão confusa.

— Por que sinto que esse nome é familiar? – ela franziu o cenho, tentando lembrar.

Sophia desviou o olhar por um momento antes de responder, com uma leve tensão na voz.

— É porque ele é o CEO da DreamLight. Sabe, o tal "deus dos negócios".

Eun Na congelou no meio do caminho, os olhos arregalados em um misto de choque e descrença. Ela virou-se lentamente para encarar Sophia, a boca levemente entreaberta.

— Você dormiu com o homem mais poderoso do país?! – sua voz saiu quase gritando, incapaz de conter a surpresa.

Sophia rapidamente levou a mão até a boca de Eun Na, os olhos se movendo ao redor, checando se alguém tinha ouvido.

— Shh, não fale tão alto! – ela sussurrou desesperada, sentindo suas bochechas queimarem de vergonha — As pessoas podem ouvir!

Eun Na congelou no lugar, seus olhos arregalados enquanto tentava processar a revelação. O choque estava estampado em cada linha de seu rosto, e Sophia sentiu uma mistura de nervosismo e alívio por finalmente compartilhar aquele segredo com sua melhor amiga. Sabia que a reação de Eun Na seria grande, mas ver a expressão atônita dela ainda a deixava um pouco desconfortável.

— Desculpa! – Eun Na sussurrou, tentando se recompor, embora a incredulidade ainda brilhasse em seus olhos — Isso é... surreal, Sophia! Você dormiu com o CEO da DreamLight? Isso é o tipo de coisa que só acontece em filmes, nos doramas!

— Eu sei, parece uma loucura completa. Mas, por favor, não fale tão alto! Não quero que isso vaze. – Sophia soltou uma risada curta e nervosa.

— Claro, claro! Não vou contar para ninguém, prometo. Mas, pelo amor de Deus, me conta… – ela se inclinou para mais perto, a curiosidade brilhando em seu olhar — Como foi? Ele se lembra de você? Como ele reagiu quando descobriu quem você era?

Sophia mordeu o lábio, hesitando por um momento antes de responder.

— Ele não lembra de mim. E as coisas são mais complicadas do que parecem, Eun Na. Agora estou nessa situação estranha, e honestamente, eu não sei o que vai acontecer daqui para frente.

Eun Na piscou, ainda tentando entender a complexidade da situação. A empolgação inicial começou a desaparecer, dando lugar a uma expressão de preocupação. Ela segurou o braço de Sophia com firmeza, os olhos fixos nos dela.

— Soph, o que aconteceu? Ele te ameaçou por acaso? – a expressão de Eun Na mudou drasticamente, a preocupação tomando conta de seu rosto. Sem hesitar, ela fechou o punho — Porque se foi isso, eu vou lá agora e quebro a cara dele.

Sophia arregalou os olhos, surpresa com a reação impulsiva da amiga, mas antes que pudesse protestar.

— E depois, fugimos do país antes que ele complique nossas vidas. – ela concluiu com um tom decidido, como se estivesse pronta para enfrentar qualquer desafio que pudesse surgir.

A cena era ao mesmo tempo cômica e reconfortante. Apesar da tensão que pairava sobre Sophia, o jeito protetor e destemido de Eun Na a fez sorrir.

— Não precisa exagerar. – Sophia riu, passando o braço pelo ombro de Eun Na enquanto retomavam a caminhada — Só fiquei desconfortável ao vê-lo hoje. Para ser sincera, tive medo de ele me reconhecer, mas, ao mesmo tempo, fiquei triste porque ele não me reconheceu.

— Ah, amiga, você foi se apaixonar logo pelo homem mais poderoso do país. – seus olhos brilhavam com uma mistura de empolgação e sonhos românticos — Mas, sabe, ainda acho possível um romance de dorama acontecer.