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Chapter 13 - Essentia (Parte 5)

Depois de semanas exaustivas na floresta, Kieran e Gylf estavam tampando a última cratera causada pela destruição da luta. O suor escorria por seus rostos, o corpo de ambos sentia o peso de todo o trabalho braçal. Kieran, mais jovem e impaciente, estava visivelmente exausto, enquanto Gylf, apesar da idade, mantinha o ritmo constante e até assobiava enquanto trabalhava, parecendo se divertir com a situação.

"Porra, quanto tempo já faz que estamos fazendo esse 'trabalho' voluntário para essa mulher?" Kieran murmurou baixo, acreditando que Arwen não o ouviria. Porém, antes que pudesse sequer respirar, uma pedra veio voando e o atingiu diretamente na cabeça, derrubando-o no chão.

"Para você, é senhora Arwen! Mais respeito, seu moleque!" Gylf disse, tentando esconder o riso ao ver Kieran se contorcendo de dor. Mas o riso de Gylf foi de curta duração, porque uma segunda pedra veio em sua direção, mais rápida desta vez, acertando-o em cheio. Ele cambaleou para trás, caindo ao lado de Kieran.

"Era pra eu ser um mestre sério e forte... por que estou nessa posição também?" Gylf resmungou, massageando o local onde a pedra o acertou, enquanto Kieran, ainda se recuperando do impacto, ria da situação.

"Bem feito!" Kieran zombou, levantando-se lentamente. "Não é porque você tem cabelo branco e mais idade que vai escapar das pedradas."

Gylf, envergonhado e com o orgulho ferido, levantou-se também, coçando a cabeça e tentando ignorar o riso de Kieran. "Eu juro que ela tem mira de arqueira. Nunca vi alguém tacar pedras com tanta precisão..."

Com a tensão quebrada por aquelas pequenas pedras de Arwen, os dois voltaram ao trabalho. Após mais alguns minutos de esforço, finalmente terminaram de tampar a última cratera. Eles se afastaram um pouco para observar o trabalho completo. O local, que antes era um campo devastado de destruição, agora estava restaurado. As árvores haviam sido replantadas, e as crateras, preenchidas com cuidado. O solo voltava a parecer fértil, e a vida começava a pulsar de novo na floresta.

Kieran olhou para Gylf, ofegante. "Finalmente acabamos... E olha só, mestre, você está até começando a ganhar músculos de novo."

Gylf, ainda suando, olhou para os próprios braços e deu de ombros. "Talvez. Faz tempo que não faço um trabalho braçal assim. Até sinto minha definição voltando." Ele sorriu levemente, mas sem perder seu tom sarcástico.

Kieran, por sua vez, estava visivelmente mais forte. Seu corpo, que antes parecia mais esguio, agora tinha mais massa muscular. Seus braços estavam mais definidos e os músculos começavam a se formar em seus ombros e costas, resultado das semanas de esforço físico contínuo. Ele olhou para si mesmo, meio surpreso com as mudanças.

"Talvez esse trabalho tenha sido mais útil do que eu imaginava..." Kieran comentou, ainda ofegante, mas orgulhoso de si.

Arwen se aproximou, observando os dois com seu olhar sempre firme, mas desta vez havia uma pequena sombra de gentileza em sua expressão. Mesmo que a destruição não pudesse mais ser vista fisicamente, ela sentia que a vida estava se restaurando. Novas energias fluíam pela floresta, e a natureza estava grata pelos esforços de Kieran e Gylf.

"Bom trabalho," ela disse, sua voz firme, mas com um toque de aprovação. "Vocês dois foram além do que eu esperava. Não apenas passaram nos testes, mas respeitaram a natureza e ajudaram a restaurá-la. Agora, a vida vai voltar a crescer aqui, graças a vocês."

Gylf, ainda massageando a cabeça onde a pedra o acertou, soltou um pequeno suspiro. "Tudo bem, tudo bem. Acho que no final das contas, valeu a pena."

Kieran sorriu, finalmente sentindo que todo o esforço teve algum propósito maior. "Bem, se você diz isso, deve ser verdade. Pelo menos agora podemos deixar essa floresta com a consciência limpa."

Arwen balançou a cabeça, cruzando os braços. "Sim, vocês podem ir. Mas lembrem-se: a natureza observa. Cada ação tem uma consequência, e vocês foram lembrados disso da maneira mais difícil." Com isso, os dois pegavam seus pertences e olhava para ela, orgulhosos de si mesmos.

Com um último olhar para a floresta restaurada, Arwen se permitiu um sorriso discreto, algo raro para sua personalidade rígida. "Vocês fizeram bem. Agora, sigam suas jornadas, mas nunca esqueçam a lição aprendida aqui."

"Sinceramente, você é uma boa pessoa Arwen, estou feliz de ter conhecido, mesmo que tenhamos começado com pé esquerdo!" Gylf apenas observava ambos conversarem, colocando sua jaqueta novamente. "Temos que ir Kieran, já ficamos tempo demais nessa floresta.

"Ah, ok...bem, aposto que iremos se ver novamente Senhora Arwen! Até mais!" Kieran corria até Gylf, que já tinha começado a caminhar, ele olhava pra Arwen por uma última vez, acenando para ela até desaparecer de vista.

"Droga, bem quando estava gostando da companhia destes humanos..." Arwen parecia ser absorvida pelo o chão enquanto cruzava os braços. "Bem, desde que eu tenha você...nunca me sentirei sozinha..." Arwen olhava para a natureza ao redor pela a última vez, feliz por fazer parte de tudo aquilo, e com isso, ela era completamente absorvida pelo o chão, se juntando a natureza.

Kieran e Gylf caminhavam pela trilha de terra que serpenteava para fora da floresta, com a luz do sol filtrando-se através das árvores, criando uma sensação de alívio após semanas de trabalho exaustivo. Kieran ainda sentia o corpo dolorido, mas agora havia um novo propósito em sua mente. Ele olhava para o horizonte, incerto do que o futuro lhe reservava, enquanto Gylf, andando ao seu lado, mantinha uma expressão pensativa.

"E agora? Onde vamos?" Kieran perguntou, quebrando o silêncio.

Gylf deu de ombros, mas havia uma seriedade em sua resposta. "Precisamos seguir em frente e encontrar as peças que faltam sobre a sua *Essentia*, garoto. Isso não vai ser simples, e você vai ter que ir a lugares... que nem sabe que existem ainda."

"Essentia..." Kieran repetiu a palavra, franzindo a testa. "Por que isso é tão importante? Eu mal entendo o que é."

O velho soltou um suspiro profundo, como se estivesse prestes a explicar algo que o próprio Kieran ainda não estava pronto para entender completamente. "Sua Essentia é o que define sua verdadeira natureza. Não é apenas sobre força, é sobre quem você é e o que pode se tornar. E acredite, a resposta não está em um único lugar. Vamos ter que viajar muito, enfrentar criaturas e perigos que você nem imagina."

Kieran sorriu levemente, apesar da incerteza. "Então, mais aventuras?"

"Mais testes." Gylf corrigiu, com um tom pragmático. "Vamos para terras distantes, para as profundezas do conhecimento antigo, cruzar fronteiras de mundos que só os mais corajosos ousam explorar."

Kieran acenou, pronto para o desafio, mesmo que uma parte dele sentisse o peso das responsabilidades futuras. Eles continuaram andando, agora deixando a floresta completamente para trás.

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Em outro lugar, onde a luz era uma memória distante, um castelo sombrio se erguia contra um céu negro, rodeado por névoas espessas. O interior era ainda mais opressor, com paredes de pedra escura que absorviam qualquer brilho que pudesse existir. No vasto salão principal, uma atmosfera pesada pairava. No centro, sentado em um trono esculpido com caveiras e ossos, estava Vorgath Solis. Seus olhos vermelhos brilhavam sob a luz fraca das tochas, e em sua mão, uma taça de sangue.

Rodeado por quatro de seus soldados mais leais — criaturas imponentes e monstruosas, cujas presenças exalavam malícia — Vorgath parecia perdido em pensamentos, bebendo lentamente do líquido escarlate.

De repente, a porta do salão foi escancarada, e um soldado monstro entrou correndo, seus passos ecoando pelo chão de pedra. Seu rosto era marcado pelo desespero, e ele correu diretamente para o centro do salão, parando apenas a alguns metros de Vorgath. Respirava com dificuldade, mas sabia que não podia hesitar.

"Meu senhor... o soldado Human... sumiu. Não há sinal dele, e não conseguimos rastreá-lo. Parece... que ele desapareceu sem deixar vestígios."

O salão ficou em um silêncio mortal. Vorgath abaixou lentamente a taça de sangue e olhou diretamente nos olhos do mensageiro. Um brilho sinistro dançava em seu olhar. Sem dizer uma palavra, ele levantou a mão, e um raio vermelho saiu disparado, cortando o ar com uma força devastadora. A energia destruiu metade do salão em uma explosão de pedra e poeira, mas poupou o mensageiro por pouco.

"Pode ir." Vorgath disse, sua voz fria e baixa, mas carregada de uma fúria contida.

O mensageiro mal conseguiu assentir antes de sair apressadamente, tremendo de medo. Assim que ele saiu, o salão foi tomado por murmúrios. Os outros soldados, Virdar, Maghras, Chronax e Daevael, que observavam a cena, começaram a falar entre si.

"Human era fraco," zombou Virdar, uma criatura imensa com pele escamosa. "Sempre achei que ele era o mais dispensável de nós."

Maghras, uma besta de quatro braços, riu de forma sinistra. "Acho que esse foi o fim inevitável para ele. Que desapareça, não fará falta."

Chronax, com sua presença espectral, deixou escapar um riso seco. "Um soldado que não deixa traços... talvez ele nunca tenha sido realmente forte."

Daevael, a mais astuta do grupo, apenas observava em silêncio, com um sorriso sarcástico no rosto.

Vorgath, no entanto, não participava das piadas. Ele permanecia calado, com seus olhos fixos no vazio, enquanto seus dedos apertavam a taça de sangue com força. Human poderia ter sido considerado o mais fraco, mas Vorgath não conseguia imaginar um cenário em que seu soldado desaparecesse sem lutar. Havia algo mais em jogo, algo que ele ainda não podia ver claramente. E esse pensamento o incomodava profundamente.

"Ele não foi derrotado por meu filho..." Vorgath sussurrou, mais para si mesmo do que para os outros. "Human não cairia tão facilmente. Alguém está protegendo Kieran... alguém poderoso."

O rosto de Vorgath se contorceu em frustração, veias surgindo sob sua pele enquanto sua raiva crescia. Ele sabia que seu filho tinha mais aliados do que ele inicialmente imaginara. Isso complicava seus planos, mas não os impedia. No fundo de sua mente, um plano maior começava a se formar, algo que mudaria completamente o curso de sua estratégia.

Enquanto os soldados ao redor continuavam suas discussões e zombarias, Vorgath permaneceu imerso em seus pensamentos sombrios, já planejando seus próximos passos. Ele sabia que o tempo estava se esgotando — para Kieran, e para qualquer um que ousasse se colocar em seu caminho.

(Continua...)