Após terminarem de falar sobre os acontecimentos na vila e como eles poderiam ajudar, Kieran e Gylf desceram da cabana com passos firmes. A noite havia se aprofundado, e o frio parecia carregar consigo um prenúncio de desgraça. Assim que chegaram ao térreo, o dono da pousada levantou-se do balcão e caminhou até eles, bloqueando o caminho com uma expressão séria.
"Vocês estão indo para o túnel dos monstros, não é?", perguntou o velho, sem rodeios, enquanto os encarava com olhos cheios de tensão.
Kieran e Gylf trocaram um olhar breve antes de confirmar com um aceno. A resposta pareceu pesar no homem, que soltou um longo suspiro, como se carregasse o fardo de cada morte anterior associada ao túnel.
"Não se apressem", disse ele com a voz grave, quase um murmúrio, mas cheia de autoridade. "Um passo em falso e vocês conhecerão o verdadeiro inferno."
Gylf estreitou os olhos, intrigado. A mudança de comportamento do homem era evidente. Antes, ele reclamava de não ter ajuda, mas agora parecia determinado a afastá-los.
"Por que está nos dizendo isso agora?", perguntou Gylf com cautela, cruzando os braços. "Não era você quem reclamava que ninguém fazia nada sobre os monstros?"
O dono não respondeu de imediato. Seu olhar oscilava entre preocupação e algo mais sombrio. Finalmente, ele falou: "Só lembrem disso... A maioria não volta. E os que voltam... não são mais os mesmos."
Kieran, impassível, apenas deu de ombros, desprezando o aviso. "Se estivermos errados, descobriremos do nosso jeito", disse com frieza, seguindo em frente.
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A entrada do túnel era incrivelmente comum, quase decepcionante para algo que carregava tantas histórias sombrias. A relva ao redor estava intocada, e o solo não mostrava sinais de batalha recente. Entretanto, o silêncio absoluto era perturbador. Não havia o som de insetos, nem o farfalhar de folhas, apenas o sussurrar distante do vento.
Gylf olhou ao redor, analisando cada detalhe. "Está quieto demais."
"Paranoia. Vamos logo", respondeu Kieran sem hesitação, enquanto avançava.
Ao entrar no túnel, a estranheza só aumentou. As paredes eram lisas, perfeitamente moldadas, como se fossem obra de mãos humanas. Não havia marcas de garras ou qualquer sinal de erosão natural. Era um contraste gritante com o que esperavam.
"Monstros podem fazer algo assim?", perguntou Kieran, deslizando os dedos pela superfície polida da parede.
"De média classe? Nunca. E mesmo os de alta classe... dificilmente fariam algo tão preciso. Isso aqui foi feito por humanos", respondeu Gylf, ainda mais alerta.
Os dois continuaram em silêncio, cada passo ecoando pelo túnel. A atmosfera parecia mais pesada a cada metro avançado, como se algo invisível os observasse.
No final do túnel, encontraram algo inesperado: uma cela. Dentro dela, encolhido em um canto, estava uma criatura humanóide com feições de tigre. Seu corpo musculoso denunciava uma força imensa, mas o estado deplorável de desnutrição revelava que estava ali há dias, talvez semanas. Seus olhos, grandes e amarelados, estavam arregalados de medo.
"Um monstro... preso?", Kieran murmurou, franzindo o cenho. "Isso não faz sentido."
"Mais do que isso", Gylf respondeu, analisando o entorno. "Isso parece uma prisão. Ele não está aqui por acaso."
O monstro olhou para eles assim que percebeu sua presença. Por um instante, seu olhar pareceu se iluminar com um resquício de esperança, mas logo o medo voltou, esmagador. Ele se encolheu ainda mais, tremendo.
"Ei, não vamos machucar você. Só queremos entender o que está acontecendo", disse Kieran, tentando soar firme, mas não ameaçador.
A criatura apenas balançou a cabeça, incapaz de responder. Suas mãos enormes tremiam, agarrando-se ao próprio corpo como se pudesse se proteger de algo invisível.
"Ele não está com medo da gente", Gylf murmurou, estreitando os olhos. "Ele está aterrorizado com algo pior."
Antes que pudessem processar mais, um som ecoou pela entrada do túnel. Os dois se viraram rapidamente e, para sua surpresa, viram o dono da pousada parado ali, agora com um sorriso que congelou o sangue em suas veias.
"Vocês realmente não ouvem os avisos, não é?", disse ele, sua voz carregada de um tom sinistro.
Antes que pudessem reagir, o homem pisou em um piso falso. Um clique ecoou, seguido pelo som de mecanismos antigos. O chão abaixo de Kieran e Gylf se abriu, e os dois caíram abruptamente em um buraco profundo.
Gylf tentou conjurar magia para estabilizar a queda, mas foi interrompido por uma barreira invisível que o lançou de volta ao chão. Ambos aterrissaram pesadamente sobre a pedra dura, com o monstro da cela caindo logo atrás, ainda mais apavorado.
Kieran tentou acessar o Bestiário, mas nada aconteceu. Confuso, ele olhou para Gylf. "Minhas habilidades estão bloqueadas."
Gylf examinou o chão ao seu redor, seus olhos captando o brilho de um círculo mágico gravado na pedra. "É um círculo de Essentia. Não é o mais forte, mas é o suficiente para restringir tudo."
Acima deles, o dono da pousada aproximou-se do buraco. Os moradores da vila o seguiam, cercando a abertura com risadas macabras e sorrisos distorcidos.
"Vocês nunca deveriam ter vindo", disse o homem, sua voz carregada de ódio. "Por anos, fomos abandonados. Por anos, fomos esquecidos... até que vieram os monstros. E depois os caçadores. Tudo um teste da maldita Ordo Umbraeth!"
Ele socou a borda do buraco com força, rachando a pedra e criando um som ensurdecedor.
"Vocês vão morrer aqui. Lentos e miseráveis. E quando forem apenas carne morta, nós faremos bom uso dela... Afinal, nossa vila está sem carne há semanas."
Kieran observava tudo, tentando entender como aquelas pessoas tinham chegado a tal ponto de insanidade. "Canibalismo...?", pensou ele, chocado. "O que a Ordo fez para destruir essas pessoas assim?"
Gylf ergueu as mãos em um gesto de rendição. "Se você quer uma prova de que não somos parte disso, me mate. Mas deixe meu sobrinho ir."
O velho gargalhou alto. "Você só pode estar brincando! Não sou idiota. Não vou descer aí para me arriscar. Prefiro vê-los apodrecendo lentamente... e depois aproveito o que sobrar."
O túnel agora estava cercado por um silêncio denso, quebrado apenas pelas risadas insanas da multidão acima. Kieran e Gylf sabiam que, por enquanto, estavam presos — sem magia, sem ferramentas, e cercados por um ódio que não podiam ignorar.
Kieran, Gylf e besta mística estavam lá, no mesmo lugar de antes, os esforços das pancadas no círculo era em vão, parecia que não iria ceder nem se ficasse socando por anos, eles perderiam a noção de quanto tempo tinha se passado, mas no mínimo, alguns dias, Kieran agora desidratado e sem forças, se sentava no chão na frente da besta, enquanto Gylf pensava profundamente no que fazer, mas parece que nada na mente dele iria dar certo ou era cabível naquela situação, a besta olhava de relance para ambos, mas voltava a olhar pro chão.
"Ei... Se formos pra morrer, pelo menos quero pelo menos saber o motivo de você estar aqui, Sr.Tigre." Kieran tomava uma iniciativa após horas de silêncio, embora a besta não tenha o respondido por imediato, era claro que ele não tinha muita força sobrando pra falar livremente.
"Eu era dessa vila, um morador." Sua voz era roca e intenso, apesar de sua fraqueza evidente, é claro que por ser um monstro, ele teria uma voz macabra mesmo enfraquecido, Kieran ao ouvir a resposta dele, ficava perplexo.
"Por acaso...foram a Ordo quem fez isso?" Kieran falhava a voz conforme completava sua pergunta, mas invés de ser respondido, ele apenas ficou no silêncio absoluto, parecia que o Tigre não queria falar sobre aquilo.
"Ei... tá tudo bem-" a fala de Kieran é imediatamente interrompido pela a besta. "Yto... Esse era meu nome, eu acho... A mente esvazia bastante depois que tu vira algo que tu não é, não lembro de meus pais, do que eu fazia nesta vila, eu apenas lembro que meu nome era Yto."
"Yto...mas espera aí... Você por acaso consegue controlar isso, essa sua forma?"
"Não, sempre tem uma voz no fundo do meu consciente falando pra eu simplesmente aceitar o meu novo eu, que não é a minha culpa, e sim das pessoas em quem eu convivi, dizendo que é esse o motivo de estar aqui em primeiro lugar, mas de vez em quando... Ele dorme, e demora bastante pra acordar, acho que precisa de acontecer algo em específico pra ele acordar, e se ele acordar... Duvido que eu consiga controlar ele novamente, pra ser sincero, foi um milagre eu ter controlado ele da primeira vez, e bom... Como eu virei um monstro, meu destino foi ser selado aqui, e ainda mais agoniante saber que um monstro consegue ficar semanas sem beber ou comer algo." A cada sentença, ele soltava um grande suspiro, como se ele estivesse guardando toda as suas forças pra aquela fala, Kieran ficava quieto por um momento, pensando no que falar em seguir.
Kieran olhou para Yto, sentindo um misto de compaixão e indignação. "Então, é isso? Eles te transformaram em algo que você não é, e os aldeões te jogaram você aqui e decidiram que essa seria sua punição eterna?" Ele apertava os punhos, as unhas cravando na própria pele. "Eles se acham no direito de decidir quem vive ou morre, quem é digno de redenção ou esquecimento."
Gylf, até então silencioso, levantou os olhos, analisando cuidadosamente o comportamento de Yto. "Essa 'voz'... o que ela diz, exatamente? É apenas sobre aceitar quem você é agora, ou tem algo mais? Algo que te empurra para a destruição?"
Yto hesitou antes de responder, seus olhos cansados fitando Gylf com certa desconfiança. "Ela não só me diz para aceitar, mas para me entregar completamente... para devorar tudo ao meu redor, como se isso fosse me libertar. É um chamado constante, como o sussurro de uma maré que nunca cessa. No início, eu resisti... mas quanto mais tempo passa, mais difícil é ignorá-la."
Kieran estreitou os olhos percebendo que em seus sonhos existe algo semelhante, sua mente girando com possibilidades de se eles são parecidos de certa forma. "Isso não é natural... Parece mais como... um tipo de magia. Ou talvez uma maldição. Algo colocado em você, algo que tenta quebrar sua humanidade, destruir o que restou de quem você era...eu tenho alguns sonhos sobre o meu outro eu, e sempre que eu penso... Fica ainda mais pesado de sustentar"
Gylf assentiu. "Verdade. Transformações monstruosas nem sempre são espontâneas. Alguém ou algo está puxando as cordas aqui. E, se essa voz está ligada à sua forma, talvez seja parte do mecanismo que te prende nessa condição."
Yto soltou uma risada amarga, que soou mais como um rugido contido. "Vocês falam como se fosse fácil. Descobrir isso não muda o fato de que estou preso nesse corpo... e nesse lugar. Nem mesmo sei se quero voltar a ser humano. Depois de tudo o que vi e ouvi... talvez ser um monstro seja menos doloroso."
Kieran se aproximou, mesmo cambaleando pela fraqueza. "Eu não sei o que você passou. Mas, seja o que for, isso não define quem você é. Você ainda tem escolha, Yto. Essa voz... ela não pode tirar isso de você."
Antes que Yto pudesse responder, um som distante ecoou pelo túnel. Era baixo e constante, como um tambor ritmado, aumentando de intensidade a cada segundo. Gylf virou-se abruptamente, seus sentidos aguçados entrando em alerta. "Algo está vindo."
"É a Ordo?", perguntou Kieran, tentando se levantar totalmente, mesmo com o corpo exausto.
"Não sei", respondeu Gylf, sua voz tensa. "Mas não é humano. E, seja lá o que for, é grande."
O som ficou mais próximo, reverberando pelas paredes do túnel, até que se transformou em um rugido grave que fez o chão tremer. As luzes fracas que mal iluminavam o lugar começaram a piscar, como se a própria energia fosse drenada pela presença daquilo que se aproximava.
Yto, que até então estava encolhido, levantou a cabeça de forma abrupta, seus olhos amarelados brilhando intensamente. "Ele está aqui..." Sua voz tremeu, e não era apenas medo. Era algo mais profundo, como se reconhecesse o que estava vindo. "A coisa que colocou essa voz em mim... está aqui."
Kieran e Gylf trocaram olhares rápidos, o entendimento mútuo em suas expressões. Eles estavam em uma armadilha, e algo terrível estava prestes a atacá-los.
Gylf começou a desenhar runas no chão com os dedos, tentando contornar o círculo de Essentia que os restringia. "Precisamos de um plano. Se não conseguimos usar magia ou habilidades, vamos depender apenas de instinto e estratégia."
"Instinto?" Kieran deu uma risada seca, mesmo com a situação apertada. "Com a força que tenho agora, meu instinto é não morrer. Mas e ele?" Apontou para Yto. "Você pode lutar?"
Yto parecia estar travando uma batalha interna. Seu corpo tremia, os músculos tensos como se estivesse resistindo a algo. "Eu não sei... Se eu me entregar a isso, talvez tenha força... Mas vocês não vão gostar do que vão ver."
O rugido ecoou mais forte, e a forma da criatura que se aproximava finalmente começou a surgir na escuridão. Seus olhos vermelhos cortavam a penumbra como brasas vivas, e suas patas gigantes arrastavam-se pelo chão, deixando marcas profundas nas pedras. Era um ser grotesco, com traços de várias bestas fundidos em um único corpo descomunal. Seus dentes brilhavam, e um líquido negro pingava de sua mandíbula, corroendo o chão onde caía.
"Não temos escolha." Kieran se levantou com dificuldade, seu olhar fixo na criatura. "Se você tem alguma força dentro de você, agora é a hora de usar, Yto. Porque, se não fizermos nada, todos nós morremos aqui."
Gylf terminou seu trabalho e sussurrou uma prece para ativar as runas que havia desenhado. "Essas runas devem enfraquecer o círculo por alguns segundos. Será o suficiente para liberar algo mínimo. Mas só temos uma chance."
Yto fechou os olhos, respirando fundo. Quando os abriu novamente, seus olhos brilhavam como faróis dourados. "Eu não confio em mim mesmo... Mas, por agora, confiem em mim."
Com um rugido que abalou as paredes, Yto começou a transformar-se ainda mais, permitindo que o lado monstruoso tomasse controle parcial. A criatura que avançava contra eles parou, hesitando por um instante, como se percebesse que algo estava diferente.
Kieran pegou a espada que estava caída ao lado, segurando-a firmemente, e lançou um último olhar para Gylf e Yto. "Vamos acabar com isso... juntos."
Antes que pudessem reagir, o chão começou a vibrar violentamente. De dentro da escuridão do túnel estava a criatura colossal, coberta por uma carapaça negra que brilhava como obsidiana. Seus olhos vermelhos brilhavam no escuro, e suas garras, afiadas como lâminas, rasgavam as paredes ao seu redor. A criatura era monstruosa, uma fusão grotesca de um inseto gigante com traços humanos.
"Que diabos é isso?" Kieran se levantou, forçando seu corpo enfraquecido a entrar em posição de combate.
"Isso é uma Guardiã do Círculo... feita para proteger este lugar e garantir que ninguém saia vivo," disse Gylf, suas mãos tremendo enquanto tentava conjurar magia sem sucesso. "sem poderes, isso vai ser quase impossível. Aqueles aldeões realmente estão em um outro nível quando se trata de preparo"
A Guardiã rugiu novamente, e seu som parecia perfurar o crânio de Kieran. Ela avançou com uma velocidade impossível para seu tamanho, mirando diretamente nos três. Kieran empurrou Yto para o lado e rolou para escapar do impacto, enquanto Gylf saltava para trás.
A criatura esmagou o chão com suas garras, criando uma cratera no local onde eles estavam segundos antes. A força do impacto causou rachaduras no túnel, e pequenas pedras começaram a cair do teto.
"Se isso continuar, vamos ser soterrados!" Gylf gritou, já preparando uma estratégia de último recurso.
Kieran olhou para Yto, que parecia paralisado. "Yto! Se você tem alguma força sobrando, agora é a hora de usá-la!"
O monstro-tigre balançou a cabeça lentamente, como se estivesse lutando contra algo interno. "Se eu perder o controle... todos aqui morrem."
"Então é melhor tentar do que ficar parado e deixar essa coisa nos devorar!" Kieran gritou, esquivando-se de outra investida da Guardiã.
Yto fechou os olhos por um momento, respirando fundo. Um brilho alaranjado começou a surgir de seu corpo, e ele começou a mudar. Suas garras ficaram mais longas, seus músculos incharam, e um rugido primal escapou de sua garganta. Seus olhos, antes amedrontados, agora brilhavam com uma fúria selvagem.
"Não deixem que eu perca o controle por muito tempo," ele disse, sua voz agora mais grave e carregada de poder.
Yto atacou a Guardiã com uma força impressionante, suas garras rasgando a carapaça negra da criatura. Ela rugiu de dor, mas revidou com um golpe que o lançou contra a parede. Apesar do impacto, Yto se levantou imediatamente, o brilho feroz em seus olhos ainda mais intenso.
Kieran aproveitou a distração e, mesmo sem acesso ao Bestiário, pegou uma faca improvisada que tinha em seu equipamento e correu em direção à criatura. Ele mirou nos pontos vulneráveis entre as placas de carapaça, tentando infligir o máximo de dano possível.
Enquanto isso, Gylf finalmente encontrou uma fraqueza no círculo mágico. Ele começou a traçar runas no chão com o próprio sangue, tentando desativar a barreira. "Eu só preciso de mais tempo! Segurem essa coisa!"
A batalha continuava feroz. A Guardiã rugia e atacava com fúria, mas Yto e Kieran, apesar de suas condições debilitadas, lutavam como se suas vidas dependessem disso — porque realmente dependiam.
Em um momento de abertura, Yto conseguiu prender a Guardiã contra a parede, suas garras cravadas profundamente na criatura. "Agora!" ele gritou.
Kieran não hesitou. Ele escalou o corpo da Guardiã, ignorando os cortes e o sangue que escorria, e fincou sua faca diretamente em um dos olhos brilhantes da criatura. A Guardiã soltou um rugido ensurdecedor, mas ainda não estava derrotada.
"Quase... lá..." Gylf murmurou, finalizando a última runa. Com um flash de luz, o círculo mágico se desfez.
Kieran sentiu uma onda de energia percorrer seu corpo. O Bestiário se manifestou em sua mão, brilhando com um poder renovado. Ele abriu o livro e escolheu a essência do lobisomem que havia derrotado anteriormente. Seu corpo começou a se transformar, ganhando garras afiadas e uma força sobre-humana.
Agora com suas habilidades restauradas, Kieran avançou contra a Guardiã com uma fúria renovada. Seus golpes eram rápidos e precisos, rasgando a carapaça da criatura e expondo sua carne vulnerável.
"Terminemos isso juntos!" Gylf gritou, lançando uma rajada de energia elétrica de alta potência contra a Guardiã, onde a voltagem era tanta que queimava levemente os dedos de Gylf, isso não só atordoaria a criatura como daria um dano interno.
Enquanto isso, Kieran e Yto uniram suas forças em um ataque final. Yto segurou a criatura pelo pescoço, cravando suas unhas no pescoço da aberração, e logo após Kieran com um salto poderoso, perfurou o coração da Guardiã com suas garras lupinas.
Com um último rugido, a Guardiã caiu, derrotada.
A respiração de todos estava pesada, mas o silêncio que se seguiu foi uma vitória em si.
"Isso... foi intenso," Kieran disse, caindo de joelhos, exausto.
"Agora sabemos o que estamos enfrentando," Gylf respondeu, limpando o suor da testa.
Yto, ainda em sua forma monstruosa, olhou para os dois. "Isso é apenas o começo. Eles nunca nos deixarão sair facilmente e aliás..." Yto veria o Kieran em sua forma de lobisomem. "Você também é como eu?"
"É complicado, mas vamos dizer sim pra não" Kieran dava um leve sorriso, voltando a sua forma humana enquanto Yto suspirava de frustração, enquanto Gylf colocava mais algumas bandagens em seus dedos queimados.
"Não se preocupe Yto, por bem ou por mal faremos você voltar a normal, eu acho..."
Yto olharia uma feição ainda frustada.
"Não senti muita confiança, mas é o jeito... Se a vida te dá um limão, você faz uma limonada bem azeda." Yto riria da sua própria analogia, enquanto Kieran riria junto.
"Que fofo, parece que até esqueceram que tem uma vila inteira querendo comer nossos rabos, vamos logo." Gylf disfarçava o riso, querendo bancar uma de durão.
"Claro, claro... Os idosos sempre tem razão afinal." Kieran zombava de Gylf, mas ele ignorava, indo até a entrada, enquanto Yto confuso com que tipo de relacionamento eles tem, perseguia com um pouco de dificuldade enquanto tenta ainda controlar sua monstruosidade.
(Continua)