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Chapter 19 - Alaskard

Em uma cidade remota, onde todos festejavam dias e noites por serem uma das cidades mais fortes e seguras de toda a Luminaria, não só sua localização no mapa era perfeita caso houvesse conflitos de monstros atacando, como seus recursos abundantes parecia não ter fim, mas...

Fora da cidade - Vilarejo Fangorn

Havia uma pequena vila ao lado, onde apesar de parecerem anexados um ao outro, não recebia apoio da cidade, o que fez a vila parecer mais do mesmo que muitos outros. No entanto, havia uma peculiaridade entre todos os outros...

"Huff, tou quase acabando..."

Um jovem estaria arando as terras férteis com a sua exada, apesar de pequena, fazia o trabalho como qualquer outro, seu cabelo apesar de negro, já tinha algumas mechas brancas, mesmo sendo tão jovem, e toda a metade de seu corpo enfaixado de forma tão firme que parecia fazer parte da pele dele, mas parecia bem acostumado com aquilo.

"E... Pronto, agora só falta plantar as sementes..." O jovem deixava sua humilde enxada de lado de fora do terreno arado e pegava um saco gigante que continha no mínimo centenas de sementes, ele colocava cada semente em um lugar separado para que pudessem crescer sem esbarrar uma nas outras, depois de colocar todas elas, ele pegava uma irrigadora e já começava levemente molhar a terra, mas é interrompido após uma mulher cheia de cicatrizes e queimaduras não só em seu rosto, como todas as partes de seu corpo chamar por ele.

"Hiro! Se apresse, a comida não vai ficar esperando você por muito tempo, se não ela irá marchar até a minha boca!"

O jovem olhava para até onde estava sendo chamado, ele acenava de leve até chegar a parte onde ela mencionava que iria comer sua porção.

"Como é que é?! Se tu comer a minha parte eu juro pra você que irei estrangular você até vomitar tudo!" Logo em seguida, ele corria fora do campo ao lado do que era a suposta cabana dele, entrando desesperadamente pela a porta de madeira humilde que eles mesmo fizeram.

"Cadê?! Cadê a minha porção??" A mulher riria, apenas apontando ao prato com comida em um banco.

"Relaxa, do jeito que tu reagiu nem parece que não te dou comida direito, só em dias em que tu não faz nada, aí sim." O jovem apenas ignorava as palavras dela, pegando o prato e se sentando no mesmo banco, a comida era simples, onde a maioria do prato era consisitido em verduras e pouquíssimos vestígios de carne.

"Ehh... só isso de carne?" A mulher riria novamente, mas desta vez de forma forçada

"Exatamente, só tem isso porque o desesperado aqui comeu quase toda a carne semana passada, é um milagre que eu tenha conseguido conservar até nesse dia, pare de reclamar e come logo!"

"Tá, eu só fiquei animado que tinha conseguido caçar um veado, eu tive que andar 10 quilômetros com eles nas costas, dá um desconto vai." A mulher bufava, mas permanecia quieta para continuar a comer.

Hiro devorava o prato de comida com voracidade, ignorando o olhar da mulher, que o observava com uma mistura de afeto e exasperação. A pequena cabana, feita de madeira rústica, era iluminada por uma fraca lamparina a óleo. O ambiente era humilde, mas aconchegante, com poucos móveis, uma lareira apagada e uma sensação constante de isolamento do restante do mundo.

Ao terminar a refeição, Hiro olhou para o prato, lambendo os lábios em satisfação.

"Tá, terminei. Agora é só lavar, né?" Ele se levantou, caminhando até a pia improvisada. No entanto, algo estranho aconteceu.

Antes que pudesse dar um passo, Hiro piscou e, subitamente, estava de pé diante da pia, o prato já limpo em suas mãos. Ele franziu a testa, confuso, olhando para o prato brilhante como se esperasse que houvesse alguma explicação óbvia para o que acabara de acontecer.

"Mas... eu nem lavei isso ainda..." murmurou ele, sentindo um arrepio percorrer sua espinha. Olhou em volta, esperando que a mulher tivesse visto algo, mas ela permanecia sentada, distraída, terminando sua própria refeição.

"Ei, você viu alguma coisa estranha agora?" Hiro perguntou, tentando soar casual, mas sua voz entregava sua inquietação.

"Algo estranho? Além de você ser um apressado que come mais rápido do que mastiga? Não." Ela deu de ombros.

Hiro ficou em silêncio, encarando o prato em suas mãos. Ele sentia que algo estava errado. Algo não fazia sentido. "Talvez eu esteja cansado demais... É, deve ser isso." Forçando um sorriso, ele colocou o prato no escorredor e voltou para seu lugar, mas a sensação incômoda permaneceu.

Alaskard - Entrada da Cidade

Enquanto Hiro lidava com sua estranha percepção do tempo, três figuras avançavam calmamente pelos portões imponentes de Alaskard. Disfarçados como simples viajantes, Chronax, Maghras e Virdar caminhavam em silêncio, suas presenças cuidadosamente ocultas por feitiços e habilidades que os tornavam indistinguíveis de outros humanos.

A cidade estava em plena festividade. Luzes coloridas adornavam as ruas, e multidões se reuniam para celebrar mais um ano de prosperidade e segurança. Crianças corriam rindo, enquanto adultos brindavam com canecas de cerveja e vinho.

"Então, este é o lugar onde começaremos?" perguntou Chronax, sua voz carregada de desdém. Apesar de estar disfarçado, havia algo em sua postura e olhar que exalava superioridade.

"Sim. A cidade mais forte de toda Luminaria. Irônico, não acha?" respondeu Maghras, ajustando sua capa para esconder melhor sua identidade. "Será divertido derrubar a ilusão de segurança deles."

Virdar, o mais silencioso do trio, observava os arredores com um olhar impassível, quase apático. Seus sentidos estavam conectados à própria terra, permitindo que ele sentisse cada vibração, cada pulsação de vida dentro da cidade.

"Eles estão despreparados," murmurou ele. "A arrogância deles será sua queda."

Os três avançaram pelas ruas movimentadas, misturando-se à multidão como sombras invisíveis. Apesar das festividades, havia um desconforto latente no ar, uma sensação de que algo grande e sombrio estava prestes a acontecer.

Vilarejo Fangorn - Dentro da cabana

Hiro, ainda inquieto, levantou-se novamente e foi até a janela, olhando para o horizonte que conectava o vilarejo à cidade. A festa de Alaskard era visível mesmo à distância, com as luzes brilhando contra o céu escuro.

"Você nunca pensa em ir até lá?" perguntou a mulher, percebendo seu olhar distante.

"Às vezes... Mas não acho que eles me receberiam bem." Ele olhou para o próprio braço enfaixado, apertando-o inconscientemente. "Gente como eu não pertence a lugares como aquele."

Ela suspirou, levantando-se da cadeira. "Besteira. Se você quisesse, poderia ir. Só precisa ter coragem o suficiente para enfrentar o que te espera lá fora."

Hiro permaneceu em silêncio, mas algo dentro dele parecia concordar com as palavras dela. Algo em seu interior pulsava, quase como uma voz sussurrando: "Você está destinado a muito mais do que isso."

O jovem afastou o pensamento e voltou a olhar para as luzes da cidade, sem saber que, naquele exato momento, forças que ele mal compreendia já estavam em movimento, avançando em direção ao que seria o começo de uma nova era de caos.

Alaskard - Praça Central

A festividade atingia seu auge. Fogos de artifício iluminavam o céu, e a música ressoava pelas ruas como um hino de glória. Comerciantes gritavam para atrair clientes, oferecendo desde frutas exóticas até armas enfeitadas. Era difícil imaginar que, em meio a tanto brilho, havia uma escuridão prestes a se infiltrar.

Chronax, Maghras e Virdar estavam ali, misturados à multidão, analisando cada detalhe. Chronax, sempre inquieto, observava com olhos atentos as figuras de destaque na cidade: guardas, líderes comunitários e até alguns caçadores. Ele sorria maliciosamente.

"Vão cair como moscas," ele murmurou, enquanto sua mão direita acariciava uma adaga escondida.

"Calma," alertou Maghras, que caminhava logo atrás. "Ainda não. Eles precisam sentir segurança até o último segundo. Só assim o impacto será completo."

Virdar, silencioso como sempre, ergueu levemente a cabeça, como se algo no vento o chamasse. "Há resistência aqui. Alguém com poder... Não é suficiente para nos deter, mas eles podem atrasar nossos planos."

Maghras estreitou os olhos, refletindo. "Acha que eles sabem?"

"Não," respondeu Virdar. "Mas estão atentos. Alguém sente que algo está errado, mesmo que não compreenda o que."

Chronax bufou, irritado. "Que sintam. Não fará diferença quando tudo desmoronar."

Vilarejo Fangorn - Uma hora depois

Hiro estava do lado de fora da cabana, sentado em um tronco velho, olhando para o céu. As estrelas brilhavam intensamente, mas algo nelas parecia inquietante. Ele sentia novamente aquela aura negativa, um peso no ar que parecia pressionar seus ombros.

A mulher, que agora terminava de organizar a pequena casa, saiu, enxugando as mãos em um pano velho. "Você está estranho hoje. Algum problema?"

Hiro hesitou antes de responder. "Não sei... É como se algo estivesse errado. Sinto isso desde mais cedo, como se o tempo estivesse... quebrado."

Ela arqueou uma sobrancelha, intrigada. "Talvez seja só cansaço. Você trabalha demais, garoto."

"Talvez." Ele forçou um sorriso, mas seus olhos continuaram fixos no horizonte. As luzes da cidade ainda brilhavam, mas, por um instante, pareceram tremer, como uma vela prestes a apagar.

Hiro não sabia, mas naquele momento, Kieran e Gylf já estavam na entrada do vilarejo, vindos de uma longa discussão.

"Não faz sentido," Kieran dizia, sua voz carregada de frustração. "Ele prometeu destruição em massa, então por que tudo está tão calmo? Isso não é do estilo dele."

Gylf, sempre mais ponderado, ajustou seu manto e respondeu: "Vorgath não é apenas um destruidor. Ele gosta do espetáculo. Se não há caos ainda, é porque ele quer algo maior. Algo que demore a ser esquecido."

"Mas por quê? Ele tem o poder. Ele poderia simplesmente..." Kieran parou, sentindo um arrepio. Seus olhos se estreitaram enquanto olhava na direção de Alaskard. "Você sente isso?"

"Sim," confirmou Gylf, ficando em alerta. "Algo está prestes a começar."

Kieran apertou o punho, sua aura começando a vibrar levemente. "Não podemos esperar. Se ele está envolvido nisso, precisamos agir agora."

Os dois apressaram o passo, mas, antes que pudessem seguir em frente, Kieran parou abruptamente. Seus olhos fixaram-se em uma figura à distância. Hiro, ainda sentado no tronco, parecia alheio ao que estava por vir, mas havia algo nele que chamou a atenção de Kieran.

"Quem é aquele garoto?" perguntou Kieran, apontando para Hiro.

Gylf olhou na mesma direção, franzindo a testa. "Não sei. Mas... há algo estranho nele. Algo que não deveria estar aqui."

"Vamos descobrir," disse Kieran, começando a caminhar na direção do jovem.

"Não, apesar dele parecer ter uma aura diferente, não foi por isso que a gente veio, temos que averiguar qualquer coisa que estiver de anormal nesta cidade, e eu tenho certeza que tu também está sentindo uma energia negativa lá dentro, apesar de ter tanta festa." Kieran olhava para o jovem na distância mais uma última vez, soltando um leve suspiro e focando a sua visão para o povo de Alaskard.

"Tem razão, vamos." Kieran olhava na distância onde estava Hiro, mas logo adentrava para Aleskard.

Hiro, já completamente convicto que tinha algo acontecendo, principalmente após ver aqueles dois entrando na cidade, voltava para sua cabana, mas ele se deparava com a mulher que uns segundos antes estava bem, agora pálida e aflita. Hiro ficou parado por um instante diante da mulher, sua expressão séria ocultando a inquietação que sentia.

"Eu não quero que você vá," disse a mulher, a voz baixa e quase quebrada, parece que ela já sabia o que Hiro tinha em mente. Ela olhava fixamente para Hiro, seus olhos refletindo medo e memórias que ele não conseguia acessar.

Hiro colocou uma mão gentil no ombro dela, tentando transmitir uma calma que ele mesmo não tinha. "Eu prometo que volto, mãe. Não vai acontecer nada comigo. É só uma olhada, nada além disso."

Ela apertou o ombro dele com força inesperada, como se quisesse segurá-lo ali, protegê-lo de algo que ela não conseguia nomear. "Você sabe o que está em jogo... Hiro, eu... Eu não posso te perder também."

O jovem suspirou, mas não respondeu diretamente. Ele sabia que, no fundo, não poderia ignorar aquele chamado. Havia algo naquela cidade que o puxava, algo que ele sentia desde o momento em que viu aqueles dois homens entrando em Alaskard.

Ele deu um leve sorriso, forçando uma confiança que parecia fora de lugar. "Se algo der errado, eu corro de volta. Sempre fui rápido, lembra?" Enquanto falava, seu olhar desceu para as faixas que envolviam seus braços. Ele passou os dedos sobre elas como se sentisse o peso do poder contido ali.

A mulher apenas assentiu, mas o silêncio dela dizia mais do que qualquer palavra. Era como se ela soubesse que, uma vez que Hiro atravessasse aqueles portões, não haveria como escapar do que estava por vir.

"Eu vou ficar bem," ele repetiu, mais para si mesmo do que para ela. Com um último olhar para a cabana e para a mulher que ele chamava de mãe, Hiro virou-se e começou a caminhada em direção à cidade.

O caminho era familiar, mas desta vez parecia diferente. O vento carregava um frio estranho, o som das folhas sussurrando como vozes distantes. Cada passo que ele dava o aproximava da cidade, mas também de algo que ele não podia explicar.

Enquanto isso, em Alaskard, as luzes e a música continuavam, mas as sombras nas ruas pareciam mais longas, e o riso das pessoas soava vazio. Algo estava prestes a acontecer, e Hiro, mesmo sem saber, estava indo direto para o centro da tempestade.

Hiro cruzou os portões de Alaskard, sentindo o contraste gritante entre a celebração à sua volta e o peso que carregava no peito. As ruas estavam cheias de luzes, e as vozes da multidão misturavam-se ao som de música e risos, mas havia algo fora do lugar. A cidade, vibrante em sua superfície, escondia uma tensão que Hiro não conseguia ignorar.

Ele caminhou pelas ruas, os olhos atentos a cada detalhe, cada rosto. Uma estranha sensação de déjà vu tomou conta dele, como se ele já tivesse estado ali antes, mesmo sabendo que nunca havia pisado naquela cidade. O vento frio soprou novamente, trazendo consigo um silêncio estranho que parecia engolir momentaneamente todo o som ao redor.

Enquanto isso, em um canto mais isolado da cidade, onde a luz das lanternas não chegava e as sombras eram profundas como um abismo, Virdar emergiu da escuridão. Seus olhos brilhavam em um tom gélido enquanto ele olhava ao redor, analisando os arredores.

"Podemos começar?" ele perguntou, sua voz baixa, mas carregada de autoridade. "Pelo que eu notei, terá apenas duas pessoas capazes de realizar algo, mas é estranho... Essas energias, uma delas em específico me lembra do nosso mestre..."

"Impossível, o único que poderia aparentar ter a mesma semelhança na energia do mestre seria...ah, será que... O tal descendente dele que o mestre tanto fala está aqui?" Virdar riria após Maghras falava aquilo.

"Então isso será ainda melhor que eu imaginava." Virdar apontava.

Chronax, ao lado dele, esboçou um sorriso sombrio, observando a cidade que se estendia diante deles. Ele ergueu o olhar para o céu, onde as estrelas pareciam desaparecer lentamente, engolidas pela noite.

"Exatamente, e por isso, esta noite será longa, senhores," disse ele, quase em um tom de reverência. "Eu quero que vocês observem... o que o tempo pode fazer com esta cidade, após sofrerem nesta noite infinita."

No instante em que essas palavras foram ditas, as luzes da cidade começaram a piscar, e um frio ainda mais intenso tomou conta do ar. O riso que antes ecoava pelas ruas foi silenciado, substituído por um sussurro estranho e inquietante.

Hiro, sentindo a mudança, parou de caminhar e olhou ao redor. Algo estava errado, muito errado. Ele fechou os punhos instintivamente, suas faixas parecendo pulsar levemente como se respondessem ao ambiente ao redor.

Ao longe, Chronax observava o jovem. "Um intruso... ou uma peça útil?" ele murmurou, seus olhos estreitando-se em curiosidade.

E então, a primeira batida de um sino profundo ecoou pela cidade, um som que parecia arrancar o ar dos pulmões de quem o ouvisse.

A noite, de fato, seria longa.