Chereads / Harry Potter em Changed Prophecy & a Câmara Secreta - Livro 03 - / Chapter 16 - Proteção-Ancestral-Vs-Depressão-Emocional.

Chapter 16 - Proteção-Ancestral-Vs-Depressão-Emocional.

O sol ainda estava tímido no horizonte quando Harry se dirigiu ao Salão Principal de Hogwarts para tomar seu café da manhã. Ao chegar lá, no entanto, algo parecia estar diferente comparado a noite de bebedeira que tinha junto a Severus, seu professor de ressaca, ignorava tudo e todos de olhos fechados onde estava, Harry que não bebera tanto a ponto de ficar de ressaca, repensava o que fizera noite anterior, impulsivamente, sim... mas necessário, principalmente com tanto daquele dinheiro envolvido.

O salão, normalmente barulhento e animado, estava em silêncio, mas um silêncio inquietante. Muitos estudantes sussurravam e cochichavam em grupos, e seus olhares estavam carregados de preocupação.

Preparando um grande prato de café da manhã, foi que ele notou um grupo de garotas ao canto da mesa sussurrando, e vendo que eram suas perseguidoras frenéticas da Sonserina, na qual pensavam elas que ele não as notava só porque ficavam fora de sua área de efeito, foi que o mesmo abruptamente virou sua atenção a cada uma, pegando-as de surpresa:

- O que está acontecendo? - Ele perguntou casualmente enquanto bebia de seu café com leite. - Parece que alguém morreu.

Os colegas hesitaram por um momento antes que uma delas, mais corajosa, respondesse:

- A Câmara Secreta foi aberta, Harry. - Disse a morena de cabelos cacheados em voz baixa, testando se ele aprovava ser chamado pelo primeiro nome.

- A lenda da Sonserina? - Harry indagou mordendo um pão de queijo com mortadela dentro. - Pensei que fosse só uma historinha fantasiosa.

Hermione, que acabara de chegar à mesa para desagrado de alguns alunos, olhou para ele com seriedade:

- Ninguém tem certeza, mas há muitos rumores circulando. Alguns estudantes disseram que viram mensagens escritas nas paredes, antes é claro do diretor os retirar da área. - Hermione disse quando ela mesma em pessoa estava lá. - Aliás, onde o senhor estava? Não iriamos estudar na biblioteca depois da festa?

- Que festa, Jean? - Harry indagou massageando a têmpora devido à dor de cabeça que sentia quando bebia bastante, mas sem chegar ao ponto de virar uma ressaca de dia seguinte.

- A do Halloween, que festa mais? - Hermione disse com um ar de severidade, tendo Harry rindo da piada. - Está rindo do quê?

- Posso ter bebido algumas doses ontem e nunca ter comemorado o feriado, querida... mas não sou burro. Halloween é só em outubro. - Harry disse vendo o grupo de Sonserinas se aproximando mais dele, com o mesmo sorrindo em um falso flerte que fez uma Pansy Parkinson no canto bufar.

- Harry? Estamos em outubro. - Hermione disse com Harry querendo continuar a risada, mas algo na voz dela o impediu, assim pela primeira vez olhando para cima, foi que ele viu como Hermione parecia seria. - 31 de outubro, Harry... está mesmo tudo bem? - Indagou ela com os professores no pódio logo acima bebericando de suas bebidas, mas nunca deixando a atenção dali quando sentiram um pulso magico ressoar da mesa Sonserina, quase como um batimento cardíaco para aqueles que eram sensíveis à magia.

- Pare de brincar, Jean... estamos no terceiro dia de aula. - Harry disse com um aperto no peito que ele tocou.

- Não, Harry... amanhã irá fazer dois meses que estamos no castelo. - Hermione disse com um certo alarme ao ver como Harry parecia ficar ofegante do nada.

Com a mente nublada por alguma coisa, Harry sentiu um calafrio percorrer sua espinha enquanto vozes ressoavam em sua mente, como se alguém cochichasse em seus ouvidos. Ele apertou os olhos, tentando afastar a sensação perturbadora que o dominava. As imagens dos eventos que ele acabara de se lembrar surgiram como flashes em sua mente.

Ele se lembrou do aniversário de Hermione, a noite especial de 19 de Setembro em que os dois amigos fugiram para Hogsmeade em sua capa da invisibilidade e passearam juntos por horas, compartilhando risadas e memórias. Aproveitando para brincar e conversar durante todo o trajeto entre o castelo e a aldeia naquela noite maravilhosa que ambos exploravam juntos fazendo a menininha achar que estava sonhando.

As conversas em seu grupo de Astronomia vieram em seguida, onde ele e seus colegas discutiam com entusiasmo sobre a possibilidade de colonizar um planeta morto, sonhando com as fronteiras do desconhecido. Como as garotas da Sonserina pareciam se aproximar dele como alguma fonte de segurança, e o mesmo não se importando de acolher as gracinhas que eram Daphne Greengrass e Tracy Davies.

A memória do aniversário de Minerva em 04 de Outubro, bebendo gim e compartilhando risadas a noite toda, trazendo um sentimento de felicidade misturado com uma ponta de saudade ao escutar da infância dos pais e amigos. Momentos preciosos, mas distantes agora, apesar de tão recentes.

A chamada no Grimório de seus tutores o deixou ansioso. Ele se lembrava de ter sumido, mas não conseguia entender o motivo. Por que ele faria isso? E o que seus tutores queriam-lhe dizer no guia de campo?

E então, em meio ao turbilhão de memórias, veio a lembrança mais intrigante: seu encontro com Severus em 30 de Outubro. Noite passada em que eles bebiam, conversavam e tocavam músicas. Como vinha se tornando amigo de Severus já tinha alguns meses desde a segunda detenção que ele teve no ano, revelando camadas ocultas de sua história familiar e como ambos haviam escapado do castelo em algum momento, resgatando um gato e um cachorro no que parecia uma torre enorme em meio a um oceano escuro e turbulento. Não era que fizeram isso no segundo dia de aula, já vinham tendo esses encontros na detenção tinha semanas, semanas que faziam poções avançadas juntos, que seu professor mostrava um lado dele que só mostrava a sua mãe, isso antes da dor que era carregar a marca de Voldemort, marca essa que Harry mesmo arrancou.

As vozes em sua mente aumentaram de intensidade, e Harry começou a sentir uma pressão forte no peito, como se quisesse sair. Ele mal conseguia respirar, sentindo-se sufocado pelas lembranças e emoções que o invadiram.

Inseguro sobre o que estava acontecendo, ele se afastou abruptamente da mesa do café da manhã, salão afora o mesmo se apoiou na parede, tentando acalmar a respiração descompassada. As vozes continuavam a ecoar em seus ouvidos, deixando-o tonto e desorientado como se lá dentro de sua mente, dentro de toda sua psique mental, algo estivesse oculto, contido, isolado, e de toda maneira queria aparecer, ter a atenção dele.

Ele não sabia o que estava acontecendo consigo mesmo. A confusão se misturavam em sua mente embaralhando memórias e vozes, enquanto ele lutava para entender o porquê de todas essas emoções estarem revisitando de forma tão avassaladora, era porque ele bebeu além da conta? Por que ele estava estudando magia escondido perto do salgueiro lutador ou nas paredes externas do castelo quando decidia se isolar de todos?

Como Severus estava ensinando os fundamentos da magia das trevas, e como superar a sensação viciante e inebriante que tais feitiços entorpecem a mente de um bruxo?

Como após noites de debate, conversas, risadas e encontros nas detenções com Minerva, ela enfim se sentiu pronta para dar mais um passo quando descobriu sua história e ele usou daquela massagem magica que trouxe seu lado animago para fora?

Sem perceber, Harry estava tendo um ataque de pânico e uma crise de ansiedade, e não tinha a menor ideia do que fazer para lidar com aquilo ou o que era realmente aquilo. Seu coração batia acelerado, suas mãos tremiam e sua visão ficava turva igual na noite que chegara a casa dos Weasleys juntos aos gêmeos. Quando eles o deitaram no solo e o acalmaram, quando aquele assovio que sua mãe sempre assoviava antes de dormir ressoava em seus ouvidos.

Aliás, ali estavam eles... os gêmeos, lhe olhando preocupado com uma mão gentil em cada ombro dele, e ao ajeitar os óculos encontrou outros noves pares de olhos preocupados, eram tantas pessoas, Hermione, Lino, Angelina, Katie, Alicia, o grupo de garotas mais velhas da Sonserina.

- Harry, você está bem? - Hermione perguntou, sua voz parecendo distante com um olhar preocupado em sua face.

Ele tentou falar, mas as palavras pareciam presas em sua garganta, como se estivesse embaixo d'água, se afogando igual como quando seu tio tentou afogá-lo na banheira antes dos sete anos.

Mas ele não estava dentro da água, não estava afogando em nada, somente em seu puro Magoi que novamente parecia crescer dentro de si descontroladamente nos selos que ele mesmo criou, é como se sua magia tentasse vazar para fora e consertar algo que fazia mal a ele, mas ele não estava machucado para ser consertado, e quando anteriormente sua magia não encontrou nada de errado no seu corpo, ela explodiu tudo à sua volta buscando atomizar qualquer ameaça que tivesse pressionando seu portador. Isso resultando na destruição parcial de uma floresta as três da madrugada.

Sentindo seu corpo ser apoiado na janela aberta atrás de si, Hermione o abraçou suavemente, e aquela sensação de calor e segurança começou a acalmá-lo um pouco. Enquanto Hermione o acolhia, algumas pessoas se aproximaram para ajudar.

Fred e George Weasley, sempre prontos para uma boa confusão, colocaram suas travessuras de lado e mostraram um lado mais sério quando viram Harry sair rapidamente do salão comunal. Eles se aproximaram de Harry, mantendo as mãos em seus ombros em apoio:

- Harry, estamos aqui com você, irmão. Se precisar conversar ou desabafar, saiba que pode contar conosco. - Disse Fred, enquanto George assentia com um sorriso gentil, porém forçado nessa preocupação toda.

Lino Jordan, Angelina Johnson, Alicia Spinnet e Katie Bell, membros do time de quadribol da Grifinória, também se aproximaram o encarando em preocupação, mesmo que ele não estivesse mais no time da Grifinória, que ele nem mais conversava com elas quando começou a se isolar e estudar sozinho pouco a pouco, tendo somente Neville como seu parceiro de Quadribol no dia que ele informou que estava abandonando o esporte e colocando o Longbottom em seu lugar:

- Harry, o que quer que esteja acontecendo, você não está sozinho nisso. Estamos aqui para apoiá-lo mesmo contigo desistindo do time da Grifinória. - Disse Angelina, enquanto os outros concordavam.

Para sua surpresa, quatro garotas mais velhas da Sonserina se juntaram ao grupo. Elas eram conhecidas por sua atitude imponente e competitiva na quadra de quadribol como time rival, mas agora estavam ali com uma expressão de preocupação genuína, fazendo os mais próximos do Potter estranharem isso tudo, mas que não contestaram, pois ele parecia querer elas perto.

Enquanto Hermione continuava a segurá-lo gentilmente, o grupo formou um círculo ao redor dele contra a parede e janela aberta que estava sentado, pouco notando como na porta do salão principal que era fechada para estudantes não verem nada, era que Albus, Minerva, Severus, Filius e outros membros da equipe viam tudo com preocupação genuína nesse ataque de pânico que seu melhor aluno estava tendo, e principalmente como Harry não sabia reagir a tantas pessoas o cercando pelo olhar perdido em sua face, ou era isso que pensavam, pois pouco a pouco sua pupila se ascendia em um esmeralda reluzente.

Diante da demonstração espontânea de magia de Harry ao ter sua esclera se obscurecendo, deixando todos surpresos e atordoados. Um portal de faíscas esmeraldas surgiu com ele girando seus braços, assim se desvencilhando de todos e sumindo de forma rápida e misteriosa quando se jogou para dentro do portal, levando-o embora do castelo, deixando até mesmo o diretor surpreso por essa forma de magia.

Hermione, Fred, George, Lino, Angelina, Alicia e as garotas da Sonserina olharam uns para os outros, sem entender o que acabara de acontecer. Não sabiam se pulavam no portal, principalmente quando Albus chegou rapidamente e estudou essa magia potente que mostrava uma floresta.

- O que foi isso? - Perguntou Lino, ainda perplexo.

- Nunca vi ninguém fazer algo assim antes. - Respondeu Angelina, com a testa franzida.

Hermione, com sua mente ágil, começou a juntar os pedaços da situação:

- Acho que ele ficou sobrecarregado com tudo o que estava acontecendo, e a magia apenas... saiu... digo, viram os olhos dele?

- Mas para onde ele foi? - Perguntou uma das garotas da Sonserina, olhando para o local onde Harry estava segundos antes.

- Nós podemos deixá-lo lá sozinho - Disse Fred assustado. - Essa parece a mesma floresta que ele explodiu quando o resgatamos. - Mas já era tarde, pois com surpresa e choque de todos, Albus colocou uma barreira de frente ao portal magico e um estrondo ressoou lá de dentro, varrendo tudo o que tinha de árvores e um terremoto leve chegando onde todos estavam de pé, caindo assim ao lado pelo efeito que chegou até ali.

[ ... ]

Harry pousou do outro lado do portal com um baque surdo. O portal o levou para uma parte que se encontrava desolado e abandonado. Arvores caídas se estendiam por toda parte, dando a impressão de que aquela área havia sido palco de uma explosão. Uma brisa fria soprava, fazendo-o estremecer.

Enquanto seus olhos percorriam o ambiente, ele sentiu sua magia crescer em seu peito, pulsando com uma intensidade assustadora. Era uma sensação familiar, semelhante à que ele sentiu no lar abusivo dos Dursley quando teve que cometer o pior pecado de sua vida antes das aulas.

As palavras ressoaram em sua mente novamente, mas desta vez, ele sabia que só ele as ouvia. A voz que o atormentava e que agora o guiava para gritar, e ele fez isso:

Shinra Tensei! - Ecoou em sua cabeça, assim com ele gritando junto.

A magia explodiu de dentro dele, poderosa e avassaladora. O grito ecoou pelo terreno destruído enquanto o poder mágico se manifestava em sua forma mais pura.

Uma onda de energia se expandiu rapidamente em todas as direções, arrastando todo o entulho, alcançando um raio ainda maior que o da última vez.

Árvores foram jogados para longe além do que já foi destruído antes, o solo tremeu e a própria atmosfera pareceu se curvar sob o poder da magia de Harry.

Mas assim como o poder saiu, ele também se acalmou nesse dreno magico todo. Harry se ajoelhou, ofegante, sentindo a exaustão física e emocional pesar sobre ele. Seus olhos brilhavam com a intensidade do que acabara de acontecer.

Ele sabia que não podia permitir que essa magia o dominasse e muito menos que essa varinha continuasse o induzindo a usar seu poder contra algo vivo. Ele não queria ser controlado pelo poder que possuía ou muito menos as superstições que guiavam o núcleo do objeto magico, onde a todo momento sussurrava para ele arrebatar quem estava a sua volta, ou espancar em uma polpa de sangue quem o encarava com superioridade.

Erguendo-se com determinação enquanto suspirava e amassava todos esses sentimentos dentro do seu mais profundo ser, Harry se esforçou para acalmar sua respiração e sua magia interior. Ele sabia que precisava encontrar um equilíbrio e uma compreensão de seu poder antes que o portal se fechasse, para que não ocorresse mais acidentes quando ele voltasse ao castelo, mas era tão pouco tempo, e seu portal podendo se fechar em instantes, com seu magoi drenado nessa sensação de exaustão, sabia ele que não conseguiria abrir outro.

Enquanto olhava para os destroços que havia causado, notou como já esteve ali, quando antes das aulas ele e os gêmeos sobrevoavam a área com um carro.

E dessa vez notava que isso não era acidental, uma vez..., sim, magia acidental pelos eventos caóticos que teve de realizar na residência dos Dursley, na segunda quase isso, que foi usado como uma mera desestabilização emocional controlada pela presença de seus amigos... porém agora, agora era um padrão, era a segunda vez que ele destruía a área, e pelo visto sua área de alcance dobrou de tamanho.

Assim, vendo tal destruição, ele fez uma promessa silenciosa a si. Não dava mais para isso acontecer sem controle, iria estudar o que era essa magia estrangeira guiada a ele pelas vozes de sua cabeça, e não iria permitir novamente ser controlado, pois se isso tivesse ocorrido no castelo, tinha medo de ter levado todos ao seu redor junto a estrutura de Hogwarts.

Com um último olhar para o local em que estava, Harry caminhou de volta, só agora percebendo que quando pousou aqui havia caminhado por minutos para longe, visando assim caminhar exaustivamente só querendo ir para a ala da Papoula, tomar uma poção e cair na cama para dormir quieto e longe de todos.

Assim, mal notando ele em como a todo momento uma figura obscura parecia colado a suas costas, o perseguindo a todo caminho de volta para o castelo.

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E com isso dou fim ao décimo sexto capítulo da Changed Prophecy e a Câmara Secreta.

Espero que tenham gostado, tentei retratar aqui como Harry não viu o tempo passando, mesmo com um vira tempo em mãos, isso por conta de a depressão estar vindo em força total com base nos acontecimentos na residência dos Dursley no começo da obra.

Enfim, deixei algumas pontas soltas para explorar a magia antiga que protegeu ele do Lorde das Trevas e como algo parecia colado a ele, seja bom ou ruim.

De todo modo, aguardo geral na seção de comentários. XD