Kael estava preocupado com o pequeno Branco, o filhotinho tinha ficado sozinho lá em cima. Ele não tinha certeza de quanto tempo o tigre podia ficar sem comer. Já faziam quase um dia desde que estavam nesse lugar.
Lia flutuava atrás de Kael, já fazia um bom tempo desde que ela o acompanhava dessa forma.
"Nós realmente tivemos sorte. Se houvesse apenas uma Pedra de Energia Extrema, independente do elemento, teríamos morrido."
Ela comentou de forma casual, como se não tivessem acabado de escapar da morte.
Kael assentiu. Só de lembrar da situação, seu corpo estremecia. Mas era como Lia havia dito: apesar daquelas energias serem extremamente poderosas, uma anulava a outra, reduzindo seus efeitos. Se não fosse por isso, eles teriam sido destruídos instantaneamente.
Lia deu uma risadinha e continuou:
"Mas você é realmente sortudo. Essas pedras são extremamente raras e possuem energias puras. As pessoas ficariam loucas se as encontrassem, principalmente se praticassem algum método de cultivo compatível. Se os anciões dos clãs soubessem da existência dessas pedras, provavelmente já estariam em guerra."
Kael ficou chocado. Ele já havia entendido que essas pedras eram raras, mas não imaginava que a ponto de causar conflitos entre anciões. Eles eram cultivadores ricos e experientes, capazes de obter quase qualquer tesouro que desejassem. Era difícil para Kael imaginá-los lutando por essas duas pedras.
Lia, estava satisfeita com a reação de Kael, como se gostasse de exibir seu conhecimento. Ela flutuava alegremente enquanto olhava ao redor.
O lugar estava completamente desprovido de vida. Qualquer ser que passasse por ali teria sido destruído.
"Não tem absolutamente nada aqui!"
Kael estava frustrado. Não havia encontrado nada valioso, nem mesmo uma forma de sair. Desamparado, decidiu voltar ao local de onde haviam caído.
Olhando para cima, ele avistou o buraco por onde tinham passado, mas estava muito alto, e as paredes eram completamente lisas, impossíveis de escalar.
"Agora que não estou usando minha força para nos proteger das energias, talvez eu consiga levar vocês dois para cima, mas..."
Lia começou a falar na mente de Kael, mas quando chegou a esse ponto, um sorriso astuto surgiu em seu rosto. Ele imediatamente teve um mau pressentimento.
Kael se sentou de pernas cruzadas, virado para a grande parede, esperando que Xia Rou retornasse. Felizmente, não demorou muito.
"Não encontrei nada de útil, nem mesmo algo para cobrir nossos corpos."
As palavras de Xia Rou destruíram a última esperança de Kael.
"Você conseguiu achar uma saída?" Ela se aproximou e perguntou.
Kael balançou a cabeça.
"Não encontrei outra saída, mas talvez eu tenha uma forma de voltarmos por onde caímos."
Os olhos de Xia Rou brilharam. Depois de sobreviver a tantas dificuldades, ela estava começando a temer que poderiam acabar morrendo presos naquele lugar.
"Mas..." Kael se virou e a olhou nos olhos, visivelmente constrangido. "Vou precisar te carregar de novo."
Seu rosto ficou vermelho. Depois do que havia acontecido, ele estava com muita vergonha de fazer tal proposta, e achou que Xia Rou não aceitaria. Mas contrariando suas expectativas, ela apenas sorriu e acenou com a cabeça, se aproximando para que ele a pegasse no colo.
Kael ficou surpreso, mas suspirou aliviado e não perdeu tempo, tomando-a nos braços mais uma vez. Ele podia sentir novamente a pele macia e a leve fragrância que emanava dela. Ele forçou sua mente a se concentrar em outra coisa.
"Eu sou um cultivador! Minha força de vontade não pode ser tão fraca!" Ele pensou, frustrado.
Apesar de ter uma força de vontade impressionante, Kael era apenas um jovem na puberdade, e nunca havia tido qualquer relação romântica com mulheres, então era difícil não ser afetado por estímulos como aqueles.
Xia Rou, por sua vez, se divertia observando a expressão de Kael. Era fácil ler suas emoções, talvez porque ele estivesse muito distraído.
Lia também estava se divertindo. Na verdade, não era necessário que Kael carregasse Xia Rou. Lia poderia tirá-los dali, desde que estivessem próximos, mas decidiu provocá-los um pouco. Ela havia dito que não se importaria com quantas mulheres Kael tivesse, mas, na verdade, não permitiria que qualquer uma entrasse em suas vidas. Se fosse uma mulher sem caráter, por exemplo, Lia a mataria sem hesitação.
No entanto, ela realmente gostou de Xia Rou. A garota não hesitou em ficar ao lado de Kael e, em nenhum momento, pensou em abandoná-lo, até aceitando morrer junto com ele. Por isso, Lia a aceitou completamente. Além disso, Lia sabia ler as pessoas, ela sabia que Kael já havia conquistado o coração de Xia Rou. Ela só precisava dar um empurrãozinho.
"Lia?" Kael percebeu que Lia estava demorando para fazer algo e a questionou mentalmente.
Ela não perdeu mais tempo e começou a reunir energia ao redor dos dois. Quando eles começaram a flutuar, Xia Rou exclamou chocada:
"Como você está fazendo isso?!"
Ela sabia que apenas cultivadores no Reino do Núcleo Espiritual ou superior podiam voar, então não tinha como não ficar surpresa.
"Não sou eu..." Kael respondeu sinceramente, mas não deu mais explicações.
Xia Rou franziu a testa, confusa, mas preferiu não continuar questionando.
Os dois continuaram subindo. A velocidade não se comparava à queda que haviam sofrido, mas finalmente chegaram ao topo. Kael colocou Xia Rou no chão.
"Obrigada!" Ela falou com uma voz suave.
"Não há necessidade de agradecer, nós trabalhamos juntos!" Kael balançou a cabeça, respondendo com sinceridade. Ele realmente acreditava nisso.
Imediatamente, Kael olhou ao redor, procurando por Branco. Seu coração acelerou ao perceber que o pequeno tigre não estava em lugar nenhum.
"Para onde ele foi?" Pensou, preocupado.
Xia Rou pegou alguns pedaços de couro que eles haviam deixado no local, mal conseguindo cobrir seus seios e o quadril.
Kael pegou o último pedaço que sobrou e cobriu suas partes íntimas. Ele olhou novamente para Xia Rou. Embora ela estivesse parcialmente coberta, o apelo de seu corpo não diminuiu nem um pouco.
"Espere aqui um pouco. Vou procurar Branco e algo para que você possa se cobrir melhor."
Por algum motivo, Kael não queria que Xia Rou andasse por aí vestida daquela maneira. Sem esperar uma resposta, ele se dirigiu à saída estreita da caverna.
Xia Rou sorriu docemente e se sentou de pernas cruzadas, aceitando as palavras de Kael sem contestar e aguardando tranquilamente.
Enquanto andava pelo corredor, Kael avistou Branco brincando entre as rochas. Assim que o tigre viu Kael, seus olhos brilharam de felicidade, e ele correu para seus braços.
"Rapazinho, você me deu um grande susto. Felizmente, não foi muito longe." Kael suspirou, aliviado.
"Vamos procurar algo para comer. Você deve estar com muita fome."
A dupla, homem e tigre, saiu da caverna e entrou novamente na floresta. Eles não tiveram muita sorte, pois não havia bestas selvagens por perto. Eles tiveram que andar um pouco até encontrarem uma besta selvagem no pico do nível um. Antes, tal besta não representava quase nenhuma ameaça para Kael, muito menos agora que estava no Reino da Condensação, ele a abateu rapidamente.
Kael estava prestes a pedir para Branco comer a carne da besta, mas o pequeno tigre já havia saltado de suas costas e avançado na presa. Mesmo sendo jovem, ele era um Tigre Branco Feroz, e a selvageria estava impregnada em seus ossos. Ele rapidamente, começou a devorar a carne. Kael, impressionado, se aproximou.
"Espere, coma apenas desse lado. Não destrua todo o couro, precisamos fazer algumas roupas."
Kael gritou ao ver Branco rasgando o corpo da besta. O tigre parecia entender Kael, pois obedeceu e se concentrou apenas em uma parte do corpo do animal.
Depois de retirar o couro, Kael deixou Branco se banquetear. No entanto, ficou chocado com o que viu.
"Como você consegue comer tanto?"
A besta selvagem tinha mais de quatro metros, mas Branco comeu quase dois terços dela. Com um corpo tão pequeno, Kael não sabia como ele conseguia fazer isso.
Mas isso era algo normal para bestas selvagens. Elas evoluíam mais rapidamente se alimentando de outras bestas. Seus corpos eram preparados para absorver o máximo de energia e nutrientes possíveis, praticamente sem desperdício. Assim, podiam crescer rapidamente, e quanto mais poderosas fossem as bestas que devorassem, mais benefícios receberiam. Por isso, as bestas selvagens viviam em lutas constantes, ainda mais do que os humanos, sempre em busca da evolução.
Depois que os dois estavam satisfeitos, Kael começou a voltar. Agora que tinha o couro suficiente, poderia fazer algumas roupas e, em seguida, explorar sua nova força. Ele precisava entender como lutar usando energia espiritual, pois, agora que estava no Reino da Condensação, não dependia mais apenas da energia espacial.
Kael observava a floresta tranquila, sempre atento aos arredores. Ele ainda não conseguia manter seu sentido espiritual ativo por muito tempo, mas estava praticando e tentando se acostumar com ele. De repente, jogou-se para o lado. Uma silhueta passou por onde ele estava, e uma cultivadora o observava, surpresa; claramente, ela não esperava que ele fosse capaz de escapar de seu ataque furtivo.
Kael notou uma pequena adaga na mão da mulher. Um líquido verde pingava da lâmina, e só de olhar, ele estremeceu.
"Veneno?"
Não seria nada agradável ser atingido por uma arma dessas.