Kael e Xia Rou corriam pela floresta enquanto o vento frio soprava em seus rostos. A temperatura caía rapidamente, e o céu começava a escurecer.
"É melhor fazermos um abrigo, vai começar a chover de novo." Kael olhou para Xia Rou ao seu lado e disse.
Xia Rou assentiu, e os dois começaram a procurar um bom local. Mais uma vez, Kael começou a montar seu conhecido abrigo em uma grande árvore. Já estavam juntos há vários dias, e Xia Rou havia se acostumado com essa forma de se abrigar. Sem dizer nada, ela simplesmente se aproximou e o ajudou a cortar a árvore.
Assim que terminaram, o som de trovões começou a ecoar ao longe. O céu escureceu completamente, piscando de vez em quando com a luz dos relâmpagos. O vento balançava as árvores como se quisesse arrancá-las pelas raízes. Pouco depois, o som da chuva pesada atingindo a terra chegou.
Xia Rou sentou-se e soltou um suspiro de alívio.
"Terminamos a tempo!" disse ela, satisfeita.
Se tivessem demorado mais, teriam que terminar o abrigo debaixo da chuva.
Kael concordou e se sentou ao lado dela. Branco se deitou ao seu lado também. Durante esses dias, o tigre havia crescido bastante; agora já era maior que um cachorro adulto. Kael ainda ficava impressionado com a velocidade de crescimento dele. Felizmente, a árvore que haviam escolhido era grande o suficiente para que os três pudessem ficar confortáveis no abrigo.
"Já andamos tanto, mas ainda não encontramos ninguém." Kael falou de repente, com a testa franzida. Parecia que todos haviam simplesmente evaporado.
Desde que saíram da caverna, os dois não encontraram uma única alma viva. Felizmente, ainda assim acharam algumas coisas valiosas. Muitos desses tesouros estavam sendo guardados por bestas selvagens poderosas, mas com a força de Kael e Xia Rou, esses monstros não tiveram chance.
Xia Rou sorriu e respondeu: "Na verdade, isso é uma coisa boa. Não ter que lutar o tempo todo é bom para variar."
Ela estava um pouco cansada; não era de seu desejo ficar envolvida em batalhas constantes. Se pudessem evitar, ela ficaria mais feliz. Era agradável caminhar pela floresta na companhia de Kael, sem preocupações.
Kael riu também. "Felizmente, eles não levaram todos os tesouros."
Ele não se importava tanto em enfrentar outros cultivadores, mas também gostava do tempo de calmaria que estavam vivendo.
Após o breve descanso, os dois começaram a se concentrar no cultivo. Kael olhou para o pequeno mundo dentro de si e, de repente, ficou chocado.
As coisas estavam muito diferentes de antes. O pequeno mundo, que antes estava quase destruído, cheio de rachaduras e áreas queimadas, agora era tomado pela natureza. Grandes áreas verdes e várias árvores preenchiam o espaço. Sim, árvores. Os pequenos brotos finalmente haviam crescido, e a vitalidade ali era exuberante.
O clima estava perfeito, com uma mistura harmoniosa entre o calor e o frio, proporcionando temperaturas agradáveis. Os olhos de Kael brilhavam.
"As árvores finalmente cresceram!" pensou ele, sentindo-se cheio de alegria.
Esse era um problema que o incomodava há algum tempo. Ele não sabia o motivo dos brotos não crescerem, e quem diria que, após alguns dias sem prestar muita atenção, uma transformação tão drástica ocorreria. Ele olhou para as duas esferas de energia que brilhavam no horizonte do pequeno mundo.
"Parece que a criação do 'sol' e da 'lua' foi o fator decisivo."
Quando criou essas esferas, Kael sentiu que algo havia mudado no pequeno mundo, e agora parecia óbvio que o motivo estava relacionado a isso.
"Isso é realmente impressionante..." de repente, ele ouviu a voz de Lia em sua mente.
"Lia, você descobriu algo?" ele perguntou, surpreso.
Lia suspirou, admirada. "Esse mundo está desenvolvendo suas próprias leis naturais."
Kael ficou chocado. O mundo estava criando suas próprias leis? Quando alguns cultivadores atingem certo nível de poder, eles começam a entender e dominar as leis do mundo. Um cultivador que domina a Lei do Fogo, por exemplo, se torna muito mais poderoso do que um cultivador comum que apenas possui afinidade com esse elemento.
Aqueles que dominam alguma lei sempre levam vantagem em confrontos, mesmo que tenham um cultivo inferior. Mas o que estava acontecendo com Kael era ainda mais inacreditável: seu pequeno mundo estava criando suas próprias leis, algo que parecia inconcebível.
"Está apenas no início, mas com o tempo ficará cada vez mais completo. Esse mundo realmente se tornou algo separado do mundo real." Lia continuou explicando.
"Isso é incrível! Agora que me concentrei nisso, consigo sentir um pouco dessas leis!" Kael estava eufórico. A alegria e o orgulho que sentia eram difíceis de descrever.
Lia ficou chocada por um momento, mas logo abriu um grande sorriso.
"Esse mundo foi criado por seu poder. Você deve ter muito mais facilidade para sentir as leis dele do que as leis do mundo real. Normalmente, você não deveria ser capaz de perceber isso, mas agora conseguiu."
"Então, se eu aprender as leis desse mundo, poderei usá-las normalmente?" Kael perguntou, animado. A possibilidade de dominar todas as leis de seu próprio mundo parecia incrível.
Lia pensou por um momento antes de responder: "Não sei bem como será. Esse mundo acabou de começar a desenvolver suas leis. Mesmo que você consiga dominá-las, talvez elas ainda não sejam fortes o suficiente para fazer diferença em uma batalha. Mas as leis não são algo comum, então acredito que, no mínimo, elas terão alguma utilidade."
Ao ouvir isso, Kael esfriou um pouco. Ele finalmente voltou à realidade. As coisas não seriam tão fáceis. No entanto, ele não se sentiu desanimado. Tudo ainda estava no começo, e as perspectivas para o futuro eram ilimitadas.
De repente, ele pensou em algo, pegou algumas ervas e as colocou no pequeno mundo.
Kael não se incomodou com a presença de Xia Rou. Ele já havia parado de esconder esse tipo de coisa dela, embora nunca tenha explicado claramente. Durante esses dias, ele colocou e tirou várias coisas do pequeno mundo na frente dela.
As ervas foram transferidas para o pequeno mundo, e Kael as observava atentamente. Com o passar do tempo, ele percebeu que elas não estavam morrendo.
Kael riu internamente."Então, agora é realmente possível acomodar vida!"
As mudanças no pequeno mundo durante esse período foram impressionantes. Vendo as árvores crescendo vigorosamente, Kael começou a imaginar que talvez fosse possível sustentar vida. E, de fato, ele estava certo. No entanto, ele sentiu algo diferente.
O pequeno mundo estava conectado a ele de forma íntima, cada pequena alteração era como uma sensação em seu próprio corpo. Quando as ervas foram inseridas no pequeno planeta, o lugar vibrou levemente, como se reagisse à presença das ervas e à vitalidade que elas traziam. As leis do pequeno mundo estavam interagindo com as leis das plantas.
Kael ficou pensativo.
"As leis desse mundo ainda são muito instáveis. Se entrarem em conflito com as leis do mundo exterior, podem colapsar. As ervas têm uma energia muito fraca, por isso ainda podem ser acomodadas, mas se eu tentar colocar um ser mais complexo, como uma besta selvagem, problemas podem surgir."
Ele rapidamente entendeu a situação. Isso, no entanto, não significava que jamais poderia acomodar seres vivos mais poderosos. À medida que as leis do pequeno mundo se estabilizassem, ele poderia colocar criaturas com auras mais fortes sem se preocupar.
Depois de investigar mais um pouco o pequeno mundo e observar todas as mudanças, Kael finalmente começou seu cultivo. Ele fez uma sessão regular de meditação e, em seguida, passou a temperar seu corpo. Após tanto tempo praticando essa técnica, seu corpo estava forte o suficiente para temperar ossos, pele e músculos simultaneamente.
Além disso, Kael acabou aprimorando a técnica. Agora, ele absorvia apenas uma pequena quantidade de energia externa, utilizando, em sua maior parte, a energia do "sol" e da "lua" de seu pequeno mundo, criando um ciclo perfeito: a energia saía das esferas, percorria seu corpo e retornava às esferas, repetindo o processo. Assim, ele poderia usar a técnica por muito mais tempo, já que estava utilizando sua própria energia, evitando a saturação. A única limitação era o quanto seu corpo poderia suportar.
*
A chuva finalmente passou, e Kael e Xia Rou retomaram a corrida pela floresta. Quando encontravam uma besta selvagem mais fraca, deixavam Branco lutar com ela. Sua força já era bastante impressionante. Agora, seu corpo começava a exibir as listras pretas características.
Os dois observavam enquanto Branco derrotava mais uma besta. Xia Rou estava admirada com sua força e ferocidade.
"Ele é mesmo um Tigre Branco Feroz!"
"Se continuar nesse ritmo, ele vai nos superar em breve se vacilarmos." Kael concordou, com um tom zombeteiro, mas Xia Rou conseguia perceber a felicidade em sua voz. Ele estava claramente orgulhoso do pequeno que estava criando.
Após Branco terminar de devorar sua presa, os três seguiram caminho. De repente, Kael parou.
"O que é aquilo?" Ele murmurou, chocado.
Xia Rou olhou para onde ele apontava e também ficou impressionada. Diante deles, no meio da floresta, havia uma grande mansão.
Não era uma construção abandonada e desgastada pelo tempo, como poderiam esperar em um lugar como aquele. Pelo contrário, a mansão parecia estar perfeitamente preservada, com paredes imponentes e majestosas. As árvores ao redor, num raio de 50 metros, haviam sido arrancadas, e em seu lugar havia uma grama baixa e bem cuidada, formando um lindo tapete verde.
Os dois trocaram olhares, vendo o choque refletido nos olhos um do outro. Após um breve momento de hesitação, decidiram se aproximar. Caminharam com cautela, pois a situação parecia muito estranha. Quando seus pés tocaram o gramado, seus corpos congelaram instantaneamente. Uma pressão aterradora os envolveu.
Seus corações dispararam, e seus rostos ficaram pálidos. Eles não conseguiam se mover, e suor começou a escorrer de suas testas. Uma sensação de desespero os dominou.
De repente, uma figura saiu lentamente da mansão, caminhando com passos tranquilos, como se estivesse apenas passeando. O homem era elegante, com uma postura perfeitamente ereta. Seus cabelos longos balançavam levemente ao vento, e seu rosto transmitia uma calma incomum. Ele era bonito, com traços suaves e delicados.
Sua aparência passava até uma certa fragilidade. No entanto, ao vê-lo, tanto Kael quanto Xia Rou sentiram um pânico ainda maior.
"Ele não é humano..." O pensamento surgiu simultaneamente na mente dos dois.