A viagem até as Catacumbas de Ithoria foi longa e exaustiva. O grupo atravessou florestas densas, planícies áridas e montanhas traiçoeiras, sempre cientes de que estavam se aproximando de um local onde poucos ousaram pisar. O ambiente ao redor parecia absorver toda a luz e calor, criando uma sensação constante de opressão e medo. Mesmo os corajosos sentiam o peso do que estava por vir.
Finalmente, após dias de jornada, chegaram à entrada das Catacumbas de Ithoria. O local era sombrio e desolado, um antigo templo em ruínas que agora servia como a entrada para um mundo subterrâneo desconhecido. Colunas quebradas e estátuas de deuses esquecidos ladeavam a entrada, suas feições desgastadas pelo tempo e pelo abandono. Uma névoa espessa e fria envolvia o local, aumentando a sensação de desconforto.
Elara respirou fundo, sentindo o peso da missão. "Este é o lugar," disse ela, com um olhar determinado. "O Véu de Arannis está lá dentro, e temos que encontrá-lo."
Os outros assentiram em silêncio, preparando-se para o que estava por vir. Kaelion foi o primeiro a avançar, acendendo uma tocha e iluminando o caminho. As sombras dançavam nas paredes, criando formas e figuras que pareciam ganhar vida nas profundezas da escuridão.
Ao entrar nas catacumbas, foram imediatamente envolvidos por um silêncio mortal. O ar estava frio, e cada passo ecoava pelas passagens estreitas e sinuosas. As paredes eram decoradas com runas antigas e estranhas, cujo significado havia se perdido há muito tempo. O chão estava coberto de ossos e detritos, evidência de que muitos tinham vindo antes deles, mas poucos tinham saído.
Conforme avançavam, a sensação de perigo aumentava. Miriel, sempre alerta, mantinha seu arco pronto, enquanto Aldric segurava firmemente sua espada. Rashid, sempre com uma piada pronta, agora estava silencioso, seus olhos atentos a qualquer movimento suspeito. A atmosfera era tão densa que parecia que a própria escuridão estava viva, observando-os de cada canto.
Finalmente, após horas de exploração, chegaram a uma vasta câmara subterrânea. No centro da sala, havia um pedestal de pedra negra, e sobre ele, envolto em uma aura de luz fraca, estava o Véu de Arannis. O artefato parecia pulsar com uma energia própria, uma antiga força de proteção que era ao mesmo tempo reconfortante e aterrorizante.
"Lá está ele," disse Kaelion, avançando com cautela. "Mas algo me diz que não vai ser tão simples quanto apenas pegá-lo."
Elara concordou. "Sim, sinto uma presença aqui. Algo está nos observando, esperando que façamos um movimento."
Assim que ela terminou de falar, a sala começou a tremer. As runas nas paredes se iluminaram com uma luz vermelha intensa, e uma voz profunda e ressonante ecoou pelo espaço.
"Vocês ousam entrar no domínio de Ithoria e tentar roubar seu tesouro? O Véu de Arannis pertence aos guardiões da escuridão, e vocês não sairão daqui vivos!"
Do chão, surgiram figuras sombrias, humanoides de pura escuridão, com olhos brilhando em um vermelho malévolo. Eram os guardiões de Ithoria, criaturas criadas para proteger o artefato e destruir qualquer um que tentasse tomá-lo.
A batalha que se seguiu foi feroz. Elara e seus companheiros lutaram com todas as suas forças, mas os guardiões eram implacáveis. Cada golpe de espada ou flecha parecia ser absorvido pela escuridão, e os inimigos pareciam infinitos.
Aldric girava sua espada com habilidade, fendendo os guardiões enquanto tentava proteger seus amigos. Miriel disparava flechas precisas, mas por cada guardião que derrubava, dois outros surgiam para tomar seu lugar. Kaelion, usando sua magia, criava barreiras de luz para impedir que fossem cercados, mas sabia que não conseguiria manter a defesa por muito tempo.
Rashid, usando sua agilidade, desviava dos ataques enquanto procurava uma abertura para chegar até o Véu. Ele sabia que o artefato era a chave para selar aquelas criaturas e dar-lhes uma chance de escapar. Finalmente, após um salto ousado e um rolamento no chão, Rashid alcançou o pedestal.
"Agora, Elara!" gritou ele, segurando o Véu de Arannis com ambas as mãos.
Elara correu até Rashid, posicionando-se ao lado dele. Ela sabia o que tinha que fazer. Com os guardiões avançando sobre eles, Elara usou toda a sua força de vontade para canalizar a energia do Véu, envolvendo-se e aos seus amigos em uma barreira de luz pura.
Os guardiões rugiram em fúria, mas não conseguiram ultrapassar a proteção do Véu. A luz cresceu em intensidade, queimando as sombras e forçando os guardiões a recuar. Em um último esforço, Elara concentrou toda a energia do Véu em um único ponto, criando uma explosão de luz que varreu a câmara, destruindo os guardiões de uma vez por todas.
Quando a luz se dissipou, o grupo estava exausto, mas vivo. A câmara agora estava vazia e em silêncio, os guardiões completamente aniquilados. Elara caiu de joelhos, ainda segurando o Véu de Arannis, enquanto os outros se aproximavam.
"Nós conseguimos," disse ela, ofegante. "Mas ainda há trabalho a fazer. Precisamos levar o Véu para o Seer, e então descobrir como usá-lo para selar a escuridão de uma vez por todas."
Aldric ajudou Elara a se levantar, colocando uma mão no ombro dela. "Você foi incrível, Elara. Todos vocês foram. Agora, vamos sair daqui e completar nossa missão."
Com o Véu de Arannis em mãos, o grupo começou a retornar à superfície, conscientes de que o pior ainda estava por vir. Sabiam que a verdadeira batalha estava se aproximando, e que o destino de Elysium dependia do que fariam a seguir.
Enquanto saíam das catacumbas, a sensação de perigo iminente ainda os seguia. Mas agora, com o Véu em seu poder, tinham uma chance de enfrentar a escuridão e proteger o mundo que amavam.
E assim, com corações pesados, mas cheios de determinação, começaram a última parte de sua jornada, conscientes de que o confronto final estava cada vez mais próximo.