Ano 4012 - Horas após o Despertar dos Guardiões
O céu de Elysium estava tingido de vermelho. Aetheria, outrora a joia da civilização moderna, agora estava em ruínas. Os guardiões, gigantescos seres de pedra e metal, caminhavam pela devastação que haviam causado, enquanto os sobreviventes fugiam em pânico. A cidade estava à beira da aniquilação, e a única esperança residia em um passado que todos pensavam estar enterrado.
Dr. Aria Voss avançava pelas ruas desoladas, desviando-se dos escombros e tentando evitar os guardiões que patrulhavam a cidade em ruínas. O som distante de explosões ecoava ao longe, sinal de que os esforços das forças militares continuavam fúteis. Aria sabia que o tempo era crucial. Se não conseguisse encontrar as respostas rapidamente, tudo estaria perdido.
Seu destino era o Arquivo Central, um dos poucos lugares na cidade que abrigava registros completos das antigas lendas de Elysium. Localizado no subsolo de Aetheria, o Arquivo estava fortificado contra ataques, mas agora, mesmo sua proteção estava em risco. Aria não tinha certeza se os registros ainda existiam ou se haviam sido destruídos na destruição, mas tinha que tentar.
Ao chegar ao edifício parcialmente colapsado que abrigava o Arquivo, Aria viu que a entrada estava bloqueada por escombros. Sem perder tempo, ela começou a escalar sobre os destroços, cada movimento cauteloso, consciente de que um único deslize poderia selar seu destino.
Finalmente, ela encontrou uma entrada lateral, meio soterrada, mas acessível. Aria forçou a passagem e entrou no interior do edifício. Dentro, o silêncio era opressor, quebrado apenas pelo eco distante dos tremores causados pelos guardiões. A escuridão reinava, mas ela acendeu uma lanterna e seguiu em frente.
O caminho para o núcleo do Arquivo estava obstruído por várias portas trancadas, mas Aria conhecia bem o local. Usando um cartão de acesso que sempre carregava, ela abriu uma porta após a outra até chegar à sala central. As paredes eram revestidas de prateleiras repletas de livros, pergaminhos e discos holográficos. Em meio a tudo isso, Aria procurava uma única coisa: o registro dos heróis antigos, aqueles que selaram os guardiões pela última vez.
Depois de minutos que pareceram horas, seus olhos se fixaram em um livro volumoso e coberto de poeira, intitulado **"Crônicas dos Primeiros Heróis"**. Ela puxou o livro da prateleira e o colocou sobre a mesa. Com mãos trêmulas, Aria começou a folhear as páginas amareladas. Os textos eram escritos em uma língua arcaica, mas ela havia estudado o suficiente para compreender o essencial.
Os heróis, conforme a lenda, não eram meros mortais, mas escolhidos pelos deuses, portadores de relíquias poderosas que lhes permitiam enfrentar os guardiões e selá-los em seu sono eterno. O véu entre os mundos, um artefato místico, era a chave para manter os guardiões adormecidos. Se o véu se enfraquecesse, os guardiões despertariam para restaurar o equilíbrio, mas isso significava a destruição de tudo.
Aria continuou lendo freneticamente até encontrar uma passagem que falava sobre o **Altar do Véu**, um local sagrado onde os heróis realizaram o ritual final. Era dito que o altar continha o poder necessário para restaurar o véu, mas apenas aqueles com o sangue dos heróis poderiam ativá-lo. Seu coração acelerou. O Altar do Véu poderia ser a única esperança de Elysium.
De repente, um estrondo sacudiu o edifício. Aria levantou a cabeça e ouviu o som de pedras sendo esmagadas. Um dos guardiões havia encontrado o Arquivo. Ela sabia que não tinha muito tempo.
Com o livro nas mãos, Aria se dirigiu para a saída mais próxima. Quando estava prestes a alcançar a porta, a parede à sua direita explodiu em fragmentos, revelando a figura colossais de um guardião. Seus olhos brilhavam com uma luz dourada e fria. Aria sentiu o chão tremer sob seus pés, mas não tinha tempo para hesitar. Ela se lançou em direção à saída, escapando por um triz.
Lá fora, a cidade estava ainda mais devastada do que antes. O céu parecia estar em chamas, e as ruínas de Aetheria se estendiam até onde os olhos podiam ver. Mas Aria tinha uma nova missão: encontrar o Altar do Véu. Ela sabia que o templo mencionado nos textos antigos estava localizado nas montanhas do norte, um lugar remoto que nenhum mapa moderno mencionava. Seria uma jornada perigosa, mas Aria não tinha escolha.
Ela não estava sozinha. Ao sair dos limites de Aetheria, encontrou pequenos grupos de sobreviventes, todos desesperados, tentando encontrar um lugar seguro. Aria tentou alertá-los sobre a situação, mas a maioria estava cética ou muito aterrorizada para ouvir. Apenas alguns concordaram em segui-la, percebendo que ela tinha um propósito claro.
Enquanto se afastavam das ruínas da cidade, Aria sentiu o peso da responsabilidade em seus ombros. O destino de Elysium, mais uma vez, estava nas mãos de poucos. Com o livro das Crônicas dos Primeiros Heróis em mãos e uma nova determinação em seu coração, ela liderava um grupo pequeno, mas decidido, em direção ao norte, na esperança de encontrar o Altar do Véu e salvar o mundo antes que fosse tarde demais.
O vento gélido das montanhas já soprava, trazendo consigo os ecos de uma história que estava longe de terminar.