A caverna parecia se estender infinitamente, suas paredes cobertas por símbolos e gravuras que narravam a antiga história de Elysium. O grupo avançava com passos cuidadosos, suas lanternas tremeluzindo na escuridão. Aria liderava, os olhos fixos nas inscrições ao seu redor, tentando decifrar o significado das runas desgastadas pelo tempo. Algo sobre aquele lugar a fazia sentir como se estivesse em solo sagrado, um terreno marcado pela luta entre deuses e homens.
Lena, que seguia logo atrás de Aria, olhou para os símbolos nas paredes com curiosidade e um toque de inquietação. "O que tudo isso significa?" ela perguntou, a voz ecoando suavemente pelo túnel.
"Essas são as histórias dos primeiros heróis," respondeu Aria, ainda estudando as gravuras. "Eles foram os responsáveis por selar os guardiões há milênios, usando o poder do véu para restaurar o equilíbrio. Mas agora... o véu foi rompido, e eles estão livres."
Darian, que vinha logo atrás, franziu a testa. "Você acha que vamos encontrar algo aqui que possa nos ajudar a selá-los de novo?"
Aria fez uma pausa, hesitando por um momento antes de responder. "Espero que sim. O Altar do Véu é nossa única chance."
Conforme se aprofundavam mais na caverna, o ar parecia ficar mais denso, carregado de uma energia antiga e poderosa. Aria sentia o peso desse poder em seus ossos, como se o próprio tempo estivesse distorcido naquele lugar. As runas nas paredes começaram a brilhar fracamente, emitindo uma luz dourada semelhante à dos guardiões.
Subitamente, o chão tremeu levemente, como se algo estivesse se movendo nas profundezas da terra. O grupo parou instantaneamente, seus corações acelerando em uníssono.
"Vocês ouviram isso?" Darian perguntou, já colocando a mão na arma novamente, embora soubesse que seria inútil contra qualquer coisa que encontrassem ali.
Aria assentiu, o rosto sério. "Algo está vindo... ou acordando."
Lena deu um passo para trás, visivelmente assustada. "E se for outro guardião? Estamos presos aqui dentro!"
Antes que Aria pudesse responder, o tremor aumentou, e uma rachadura apareceu no chão da caverna, estendendo-se rapidamente como uma teia. O som de pedras caindo ecoou pelas paredes, e o grupo se moveu instintivamente para o lado, tentando evitar ser pego por qualquer desabamento.
A rachadura parou de se expandir, mas o silêncio que se seguiu foi ainda mais opressor. De repente, uma voz baixa e profunda, mas distinta, ecoou pelo túnel, uma língua antiga que apenas Aria compreendia, graças a seus estudos.
"O tempo do julgamento chegou. O véu foi rompido. E os antigos poderes despertarão."
Aria sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Aquela voz não pertencia a um guardião, mas algo ainda mais antigo e poderoso. Era como se o próprio espírito da terra estivesse falando com eles, anunciando um destino inevitável.
"Precisamos continuar," disse Aria, com a voz trêmula mas firme. "Se estamos sendo chamados... isso significa que estamos no caminho certo."
O grupo, embora relutante, continuou a seguir Aria pela caverna. A luz das runas ficava cada vez mais intensa à medida que avançavam, como se algo à frente estivesse gerando essa energia. Finalmente, após o que pareceram horas de caminhada, eles chegaram a uma ampla câmara subterrânea.
No centro da câmara havia uma enorme pedra, semelhante a um altar, coberta de símbolos que pulsavam com uma luz dourada. Ao redor do altar, estatuas colossais dos heróis antigos vigiavam o local, suas expressões severas e imponentes. Aria soube imediatamente que aquele era o Altar do Véu.
"Este é o lugar..." Aria murmurou, avançando lentamente em direção ao altar. O ar ao redor dele parecia vibrar com uma força invisível, como se a própria energia do mundo estivesse concentrada ali.
Darian e Lena ficaram parados, observando em silêncio enquanto Aria se aproximava. "O que você vai fazer?" Lena perguntou, quase num sussurro.
Aria colocou as mãos sobre a pedra fria do altar, sentindo a energia percorrer seus dedos. "Preciso ativá-lo. Preciso restaurar o véu."
No entanto, assim que ela tocou o altar, uma luz intensa encheu a sala, cegando todos momentaneamente. Quando a luz diminuiu, o grupo viu algo que os deixou sem palavras.
Um dos heróis antigos — uma das estátuas — estava se movendo.
O herói, uma figura gigantesca com armadura brilhante, deu um passo à frente, seus olhos brilhando com a mesma luz dourada que as runas no altar. Ele olhou diretamente para Aria, e sua voz ecoou pela câmara.
"Você é digna?" ele perguntou, sua voz reverberando como um trovão. "O poder do véu não pode ser concedido a qualquer um. Somente aqueles que possuem o sangue dos antigos heróis podem selar os guardiões."
Aria engoliu em seco, seu coração acelerado. "Eu... não sei se sou digna," ela admitiu, sentindo o peso das expectativas. "Mas não tenho escolha. Se não fizermos nada, Elysium será destruído."
O herói ficou em silêncio por um momento, como se ponderasse suas palavras. Então, ele estendeu uma mão gigantesca em direção a ela.
"Prove sua linhagem. Prove que você carrega o sangue dos heróis."
Aria olhou para a mão estendida, sua mente correndo com dúvidas e medos. Ela não tinha certeza de sua linhagem, de sua conexão com os antigos heróis. Mas, naquele momento, sabia que precisava tentar.
Com um suspiro profundo, ela estendeu a própria mão e tocou a mão do herói.
No instante em que suas mãos se encontraram, uma onda de energia percorreu o corpo de Aria, quase a derrubando. Sua visão escureceu, e ela se viu em meio a uma paisagem desolada, um campo de batalha antigo onde os guardiões e os heróis travavam sua última guerra.
Ela ouviu os gritos de batalha, o clangor das armas, e sentiu o peso da responsabilidade que agora recaía sobre ela. Ao longe, viu uma figura familiar — uma mulher, uma guerreira que parecia estranhamente com ela. A guerreira levantou uma espada brilhante e, com um golpe poderoso, selou os guardiões em sua prisão.
Quando a visão desapareceu, Aria caiu de joelhos, respirando pesadamente. O herói estava de pé à sua frente, sua expressão inalterada.
"Você é descendente de Alyra, a heroína que selou os guardiões. O poder do véu está em você, Aria Voss. Use-o com sabedoria."
Aria, ainda tremendo da experiência, assentiu lentamente. Agora ela sabia. Ela tinha o poder, mas também a responsabilidade. O futuro de Elysium estava em suas mãos.
Mas a batalha estava apenas começando.