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Chapter 16 - Sussurros na Escuridão

O Vale da Aliança estava imerso em uma tranquilidade que há muito tempo não se via. As nações de Elysium começaram a reconstruir e fortalecer seus laços, trabalhando juntas para garantir que a paz durasse. Mas, como uma brisa fria ao amanhecer, havia algo no ar que fazia Elara se sentir inquieta.

Embora os dias passassem sem incidentes, Elara não conseguia afastar a sensação de que uma nova ameaça se aproximava. Seus sonhos, antes cheios de luz e esperança, agora eram assombrados por sussurros indistintos, como se uma presença obscura estivesse tentando se comunicar com ela. Ela acordava no meio da noite, coberta de suor, com uma estranha convicção de que algo estava observando-a.

Na manhã seguinte a uma dessas noites inquietas, Elara decidiu compartilhar suas preocupações com seus companheiros. Reunidos na sala do trono do castelo, onde agora residiam temporariamente, ela relatou seus sonhos e a sensação de perigo iminente.

"Há algo que não está certo," disse Elara, olhando para cada um de seus amigos. "Desde que selamos as Espadas do Destino, não consegui encontrar paz. Esses sonhos... não são normais. É como se algo estivesse tentando entrar em minha mente."

Aldric franziu a testa, visivelmente preocupado. "Você acha que pode ser uma conexão remanescente com as espadas? Algum tipo de ressonância?"

"Talvez," respondeu Elara. "Mas não sinto que seja as espadas. Parece algo... exterior, algo antigo e desconhecido."

Kaelion, sempre curioso sobre o desconhecido, inclinou-se para frente, interessado. "Se há uma nova força em jogo, precisamos investigar. As Espadas do Destino podem ter sido seladas, mas isso não significa que todo o mal foi erradicado. Há muitas forças ocultas em Elysium que ainda desconhecemos."

"Concordo," disse Miriel. "Mas como começamos a investigar algo que não conseguimos ver ou tocar? Precisamos de um ponto de partida."

Foi então que Rashid, que havia estado em silêncio, falou. "Lembram-se do Velho Seer nas Montanhas Cinzentas? Ele tem o poder de ver além do véu da realidade. Se há algo tentando se conectar com você, Elara, ele pode ser capaz de identificar o que é."

Elara assentiu, reconhecendo a sabedoria do conselho. "Você tem razão, Rashid. O Seer sempre foi uma fonte de conhecimento e orientação. Se há uma resposta para o que está acontecendo, ele a terá."

Decididos, os companheiros prepararam-se para mais uma jornada, desta vez rumo às Montanhas Cinzentas, onde o Velho Seer vivia em reclusão. A viagem prometia ser longa e difícil, mas o grupo estava acostumado aos desafios, e sabiam que essa nova missão poderia ser crucial para manter a paz que haviam conquistado.

No dia seguinte, partiram ao amanhecer, deixando o Vale da Aliança com promessas de retornar em breve. À medida que se afastavam, a presença da floresta ao longe parecia observá-los, como se os próprios espíritos da natureza estivessem cientes da nova jornada que se iniciava.

As Montanhas Cinzentas eram conhecidas por suas paisagens áridas e traiçoeiras, e ao longo do caminho, Elara não conseguia deixar de sentir que algo os estava seguindo. Ela mantinha essa preocupação para si, sem querer alarmar os outros, mas os sussurros em sua mente continuavam a intensificar-se, como se estivessem se aproximando de algo muito antigo e poderoso.

Após dias de viagem, finalmente chegaram ao pé das Montanhas Cinzentas. O caminho até o refúgio do Velho Seer era íngreme e traiçoeiro, mas o grupo avançou com determinação. Quando finalmente alcançaram o topo, uma pequena caverna oculta por névoas se revelou diante deles. A entrada estava marcada com runas antigas, emitindo uma luz fraca que pulsava como um coração batendo lentamente.

Ao entrar na caverna, foram recebidos por uma atmosfera densa de magia antiga. Nas profundezas da caverna, uma figura encapuzada esperava, sentada em um trono de pedra. O Velho Seer, cujos olhos brilhavam com uma sabedoria incomensurável, ergueu a cabeça para saudá-los.

"Vocês vieram em busca de respostas," disse o Seer com uma voz que ecoava nas paredes da caverna. "E as respostas que procuram não são fáceis de ouvir."

Elara se aproximou com cautela. "Senti algo, Seer. Algo sombrio, tentando se conectar comigo. Você pode nos dizer o que é?"

O Seer ficou em silêncio por um momento, seus olhos penetrando profundamente na alma de Elara. Finalmente, ele falou, e suas palavras foram como uma lâmina cortante.

"Há uma escuridão antiga em Elysium, que existia muito antes das Espadas do Destino. Algo que Maelrik tentou despertar, mas não conseguiu. Agora, com o equilíbrio do poder alterado, essa entidade está se agitando, buscando um novo caminho para emergir. E você, Elara, foi marcada por seu toque."

As palavras do Seer caíram pesadas sobre o grupo. A ideia de que uma força ainda mais antiga e poderosa do que Maelrik estava à espreita, era aterrorizante.

"O que podemos fazer?" perguntou Kaelion, quebrando o silêncio. "Como podemos impedir que essa entidade se manifeste?"

O Seer suspirou, levantando-se lentamente de seu trono de pedra. "Há muito que ainda não sabemos sobre essa entidade. Mas há um caminho... um artefato antigo, conhecido como o Véu de Arannis, pode ser capaz de protegê-la e selar essa escuridão. O Véu está escondido nas profundezas das Catacumbas de Ithoria, um lugar onde poucos ousaram pisar."

Rashid deu um passo à frente, sua determinação evidente. "Então, é para lá que vamos. Não importa o quão perigoso seja, não podemos permitir que essa escuridão consuma Elysium."

Elara assentiu, sentindo a coragem de seus amigos reacender sua própria determinação. "Vamos encontrar o Véu de Arannis e garantir que essa entidade seja mantida onde pertence – nas sombras."

O Velho Seer observou-os com um olhar grave, mas havia um brilho de esperança em seus olhos. "Lembrem-se, a verdadeira força não está em suas armas ou poderes, mas em seus corações. O caminho será traiçoeiro, mas se mantiverem a fé uns nos outros, poderão prevalecer."

Com essas palavras gravadas em suas mentes, o grupo deixou a caverna do Seer, prontos para enfrentar o próximo desafio. Enquanto desciam as Montanhas Cinzentas, a sensação de perigo iminente continuava a pairar sobre eles, mas agora, sabiam qual era sua missão.

Elara olhou para o horizonte, onde o sol começava a se pôr, tingindo o céu com cores de fogo. Com seus amigos ao seu lado, ela estava pronta para enfrentar qualquer escuridão que viesse em seu caminho. E assim, com passos determinados, começaram a jornada para as Catacumbas de Ithoria, onde o destino de Elysium seria mais uma vez decidido.