Chereads / Dead Gods (Portuguese Edition) / Chapter 5 - Capítulo 4: Paraíso

Chapter 5 - Capítulo 4: Paraíso

Parte 1

Eles continuaram andando pelo corredor metálico, a respiração pesada e os corpos cobertos de suor e sangue. Broke estava visivelmente ferida, e seus passos vacilantes denunciavam a gravidade de seus ferimentos. Garen também estava machucado, e Ellen tinha cortes e hematomas espalhados pelo corpo.

"Precisamos parar e tratar desses ferimentos..." disse Lirian, olhando preocupado para Ellen e Garen e Broke.

"Não vamos durar muito se continuarmos assim."

"Concordo." respondeu Garen, ofegante.

"Vamos encontrar um lugar seguro para descansar."

Após alguns minutos de caminhada, encontraram uma câmara vazia, onde poderiam se abrigar temporariamente. O local era escuro e úmido, mas oferecia um mínimo de segurança. Eles se sentaram, exaustos, e começaram a tratar dos ferimentos.

Ellen tirou um kit de primeiros socorros de sua mochila e começou a limpar os cortes de Broke. "Segure firme." disse ela, enquanto aplicava um antisséptico nas feridas abertas.

Broke ensaiou uma careta, mas não reclamou. "Não é nada que eu não possa aguentar."

Thalon cuidava dos machucados de Garen, aplicando pomadas e bandagens com precisão. "Vocês foram incríveis lá atrás," disse ele, admirado.

"Não sei o que teríamos feito sem vocês dois."

Garen sorriu, apesar da dor. "Não tanto quanto você. E é para isso que estamos aqui."

Depois de algum tempo, os ferimentos foram tratados o melhor que podiam naquele ambiente precário. Decidiram que era hora de descansar. Garen, Thalon, Lirian e Ethan se deitaram, exaustos, enquanto Broke e Ellen se ofereceram para fazer a primeira vigília.

Sentadas próximas uma da outra, Broke e Ellen observaram os companheiros adormecidos. A chama de uma pequena fogueira lançava sombras dançantes nas paredes ao redor, criando uma atmosfera quase aconchegante, apesar da situação.

Ellen olhou para Broke, rompendo o silêncio. "Você parece tão forte, Broke. O que te trouxe a essa vida?"

Broke deu um suspiro profundo antes de responder. "A vida tem suas surpresas. E você?"

Ellen assentiu, compreendendo. "Ela realmente gosta de pregar peças. Fugi de casa quando era adolescente. Meu pai era um homem cruel, e minha mãe nos abandonou assim que nasci, me deixando só com ele. A vida de Aventureira me ofereceu uma saída, uma forma de sair daquele inferno."

"Entendo..." disse Broke, olhando para Ellen com um certo respeito.

"Não é uma escolha fácil, para ninguém. Mas aqui estamos nós, tentando sobreviver."

Ellen sorriu. "Sim, aqui estamos. E apesar de tudo, eu não trocaria isso por nada. Eu sinto que finalmente encontrei uma família, mesmo que seja de um jeito meio maluco."

De repente, Ellen sentiu uma picada aguda em seu braço. Ela olhou rapidamente e viu uma aranha pequena, e preta, se afastando. "Droga!" exclamou ela, esmagando a aranha com a mão.

Broke se aproximou rapidamente. "Tudo bem?"

"Sim..." respondeu Ellen, sacudindo a mão para aliviar a dor.

"Foi só uma aranha. Nada que não possa lidar."

"Mesmo assim, vamos verificar isso, ela pode ser venenosa." insistiu Broke, examinando o braço de Ellen com cuidado.

"Parece que a picada não foi profunda, mas precisamos ficar de olho."

Ellen assentiu, aliviada e surpresa pela preocupação repentina de Broke. "Obrigada, Broke. Acho que já é hora de eu acordar Thalon. Você precisa descansar também."

Broke relutou, mas finalmente concordou. "Está bem. Mas se algo acontecer, me acorde imediatamente."

Ellen se levantou e foi até Thalon, sacudindo-o gentilmente. "Thalon, sua vez de ficar de vigia."

Garen abriu os olhos lentamente, piscando contra a luz fraca da fogueira. "Tudo bem," disse ele, se sentando e esfregando os olhos. "Vocês duas precisam de descanso. Eu cuido disso."

Broke e Ellen se deitaram, tentando encontrar conforto no chão duro e frio. Ellen olhou para Broke uma última vez antes de fechar os olhos. "Boa noite, Broke."

"Boa noite, Ellen," respondeu Broke, sua voz quase inaudível para Ellen.

Parte 2

Depois de algumas horas de descanso, o grupo de Aventureiros se levantaram, prontos para continuar a exploração do Abismo. Garen, Ellen, Thalon, Lirian, Broke e Ethan estavam mais descansados, apesar dos ferimentos que ainda doíam. Eles se reagruparam, verificando seus equipamentos e discutindo a próxima etapa da jornada.

"Prontos para seguir em frente?" perguntou Thalon, esticando os braços e preparando-se mentalmente para o que estava por vir.

"Sim." respondeu Broke, com uma inabalável calma em sua voz.

Depois de andar por algum tempo, o grupo achou uma escadaria de pedra que parecia não ter fim. O ar ficava mais pesado e úmido à medida que desciam, e os sons do Abismo ecoavam ao redor, criando uma sensação de inquietude. A escuridão era quase total, exceto pelas tochas que eles carregavam, lançando sombras tremeluzentes nas paredes antigas e musgosas.

Após o que pareceu uma eternidade, eles finalmente chegaram ao fim da escadaria. Mas para frente, diante deles, uma enorme porta de aço negro frio, extremamente densa e pesada.

Ethan olhou para o mapa com uma expressão preocupada. "Estamos no terceiro andar agora. De acordo com o mapa, ainda não estamos no desvio desconhecido da missão. Esta porta não deveria existir."

"E então, o que fazemos?" perguntou Garen, examinando a porta com curiosidade.

"Vamos entrar com cautela," sugeriu Thalon, sua voz firme.

"Pode haver algo importante do outro lado."

Broke acenou com a cabeça. "Concordo. Este lugar é cheio de surpresas."

Com um esforço conjunto, eles empurraram a porta, que se abriu lentamente com um ranger sinistro. Ao cruzarem o limiar, ficaram surpresos com a visão que se desenrolou diante deles.

O que viram era absolutamente deslumbrante. Um jardim imenso e esplendoroso se estendia à sua frente, um contraste gritante com a escuridão e a desolação do Abismo. Flores de dama da noite, com suas pétalas brancas e fragrância intoxicante, preenchiam o espaço, iluminadas por uma misteriosa luz que emanava do teto, embora nenhuma fonte de luz visível pudesse ser discernida. A luz parecia infinita e suave, banhando todo o jardim em um brilho etéreo.

No centro do jardim, havia uma fonte de água cristalina, cujas águas brilhavam com um brilho prateado. As borboletas voavam graciosamente ao redor, suas asas coloridas refletindo a luz de forma hipnótica. As flores de dama da noite pareciam pulsar com uma vida própria, suas pétalas brilhando com um tom suave e sereno.

O ar estava impregnado com o doce perfume das flores, criando uma atmosfera de calma e tranquilidade. O chão estava coberto por uma grama macia e verde, convidando-os a relaxar e esquecer, por um momento, as dificuldades que haviam enfrentado.

"E eu achando que já tinha visto de tudo..." disse Ellen, maravilhada com a beleza do lugar.

"Isso é... incrível."

"Sim..." concordou Lirian, seus olhos arregalados enquanto ele observava o jardim.

"É como se estivéssemos em outro mundo."

Thalon se ajoelhou perto de uma das flores, examinando-a de perto. "Estas flores... não deveriam estar aqui. Elas só florescem à noite e em ambientes abertos. Como é possível?"

"Isso é magia." disse Broke, com um tom de voz que misturava respeito e cautela.

"Uma bem poderosa..."

Ethan concordou, seus olhos ainda fixos no mapa. "Seja lá quem for que criou este lugar, tinha um poder além do nosso entendimento."

Eles caminharam pelo jardim com cuidado, absorvendo a serenidade do lugar enquanto mantinham a guarda alta. A sensação de perigo iminente nunca os abandonava completamente, mas, por um momento, puderam relaxar e admirar a beleza ao seu redor.

Perto da fonte, Broke se abaixou e tocou a água com a ponta dos dedos. "É fria e limpa." disse ela, olhando para os outros.

"Podemos reabastecer nossas provisões de água aqui."

Garen assentiu, enchendo seu cantil. "Não sabemos quando teremos outra chance como esta. Vamos aproveitar enquanto podemos."

O grupo se reabasteceu e descansou mais um pouco mais, maravilhados com a tranquilidade e a beleza do jardim.