Parte 1
Um jovem e seu pai caminhavam pela densa floresta, o som de folhas secas estalando sob seus pés. O sol já estava se pondo, lançando sombras longas e sinistras por entre as árvores. O jovem de olhos atentos e músculos tensos carregava suas duas cimitarras com confiança. Ao seu lado, seu pai, um veterano de muitas batalhas, empunhava uma espada curta e uma besta leve.
De repente, um grito estridente cortou o ar. Antes que pudessem reagir, um grifo enorme mergulhou do céu, suas garras prontas para atacar. A criatura, com corpo de leão e asas de águia, era uma visão aterrorizante, com penas douradas brilhando à luz do entardecer.
"Eddy, cuidado!" gritou o pai, levantando sua besta e disparando um virote. O projétil voou rápido, mas o grifo, com reflexos incríveis, desviou no último momento, o virote apenas raspando suas penas.
O grifo pousou com um baque pesado na frente do jovem Ed, suas garras afiadas rasgando o solo. Com um rugido feroz, ele avançou, batendo as asas com força, criando uma rajada de vento que quase derrubou Ed. Ele girou suas cimitarras, pronto para o confronto.
A criatura atacou primeiro, suas garras cortando o ar em direção a Ed. Com agilidade, ele desviou, as garras passando a milímetros de seu rosto. Ele contra-atacou com um corte rápido, suas cimitarras brilhando enquanto se moviam. O grifo bloqueou com uma asa, as lâminas deslizando inofensivamente pelas penas duras como aço.
O pai, vendo a oportunidade, avançou pela lateral. Com um golpe preciso de sua espada curta, ele cortou uma das patas do grifo, fazendo a criatura rugir de dor e cambalear. Aproveitando a abertura, ele disparou mais um virote da besta, atingindo o grifo no flanco. A besta leve era eficaz a curta distância, e o virote penetrou profundamente na carne da criatura.
"Agora!" gritou o pai.
Ed não hesitou. Com uma rotação rápida, ele cortou uma das asas do grifo com uma das cimitarras, impedindo que a criatura pudesse alçar voo novamente. Com a outra cimitarra, ele golpeou o pescoço do grifo, abrindo um corte profundo. A criatura rugiu em agonia, suas forças começando a se esvair.
Desesperado, o grifo tentou um último ataque, suas garras mirando o peito de Ed. Mas ele estava preparado. Com um movimento fluido, ele esquivou-se e, com ambas as cimitarras, desferiu um golpe mortal, cravando as lâminas profundamente no coração do grifo.
A criatura soltou um último suspiro antes de cair, seus olhos se apagando. Ed retirou suas cimitarras, limpando o sangue com um pano antes de guardá-las.
O pai se aproximou, colocando uma mão no ombro do filho. "Precisamos tirar a carne do grifo. Não podemos deixar nada para os corvos."
Ed assentiu, pegando uma adaga de caça de sua cintura. Juntos, eles começaram a trabalhar, cortando a carne da criatura com habilidade e precisão. O pai orientava o filho, mostrando os melhores cortes e como aproveitar ao máximo o que o grifo oferecia.
"Essas asas são duras, mas a carne das pernas é macia," disse o pai, arrancando um pedaço.
"E as penas podem ser vendidas por um bom preço."
Eles trabalharam em silêncio, a única música sendo o som da carne sendo cortada e o farfalhar das folhas ao vento. A tarefa era árdua, mas eles eram eficientes. Em pouco tempo, haviam retirado toda a carne e a embalado em sacos de couro que carregavam.
Finalmente, com os sacos cheios e o corpo do grifo reduzido a ossos e penas, o pai limpou a testa suada e olhou para o filho. "Bom trabalho. Vamos embora antes que a noite chegue."
Parte 2
Eles fizeram o caminho de volta para a cidade, os sacos pesados com a carne de grifo balançando em seus ombros. Chegando ao açougue, foram recebidos pelo açougueiro, um homem robusto com um sorriso caloroso.
"Ah, bem-vindos de volta! O que temos aqui hoje?" perguntou o açougueiro, esfregando as mãos com entusiasmo.
O pai abriu um dos sacos, revelando a carne do grifo. "Conseguimos uma boa quantidade desta vez. Grifo. Fresco."
Os olhos do açougueiro brilharam. "Excelente! Isso vai render um bom dinheiro. Vocês dois são os melhores Mercenários que eu conheço." Ele começou a pesar e examinar a carne, separando os cortes de maior valor.
"Vocês sabem como me agradar, hein?"
Depois de pesar e embalar toda a carne, o açougueiro entregou uma bolsa cheia de moedas para o pai. "Aqui está o pagamento. E como sempre, é um prazer fazer negócios com vocês."
O pai apertou a mão do açougueiro. "O prazer é nosso. Até a próxima."
Eles deixaram o açougue e seguiram para casa, o sol já começando a se pôr. Ao entrarem, foram recebidos pelo cheiro reconfortante de um ensopado no fogão e pela visão da mãe de Ed preparando o jantar.
"Vocês estão de volta!" exclamou a mãe, com um sorriso radiante.
"Como foi o dia?"
O pai colocou a bolsa de moedas na mesa e começou a contar a história da batalha com o grifo, exagerando um pouco para fazer o filho parecer ainda mais heroico. "E então, ele cortou o grifo bem na garganta! Foi espetacular!"
A mãe riu, balançando a cabeça. "Vocês dois sempre se metem em encrenca. Mas estou feliz que estão bem."
Enquanto o jantar prosseguia, a conversa era leve e cheia de risadas, todos se sentindo aliviados por estarem juntos e seguros. No entanto, uma batida alta e firme na porta interrompeu a conversa bem-humorada, fazendo com que todos se virassem com surpresa.
O pai se levantou, a expressão ficando séria. "Quem será a essa hora?"
Ele abriu a porta e encontrou um velho amigo vestido com um manto negro, a expressão grave.
"Preciso falar com você, Billy." disse o homem, a voz baixa e urgente.
"Há algo que precisa ser caçado."
William franziu a testa, mas assentiu. "Entre. Vamos conversar."
O homem de manto negro entrou na pequena casa, o ambiente se tornando imediatamente mais tenso. Ele puxou o capuz, revelando um rosto marcado pelo tempo e pela batalha.
"Wilde, é bom ver você novamente." disse William, fechando a porta atrás dele.
Wilde assentiu, mas foi direto ao ponto. "Preciso da sua ajuda. Há uma ilha isolada, ao norte, chamada Fen, que está sendo atormentada por um monstro. Os habitantes estão desesperados. Precisamos de Mercenários que caçam, e que sejam experientes."
A mãe, que estava escutando da cozinha, aproximou-se com preocupação evidente no rosto. "Uma ilha isolada? Isso soa perigoso demais. Você não pode ir."
William olhou para a esposa, a expressão resoluta. "Jona, eles precisam de ajuda. E se esse monstro é tão terrível quanto parece, alguém tem que fazer alguma coisa."
Wilde interveio, a voz grave. "Entendo sua preocupação, mas deixe-me explicar melhor a situação." Ele puxou uma cadeira e sentou-se, o rosto sério. "A ilha de Fen é pequena, habitada por cerca de mil pessoas. Nos últimos meses, um monstro começou a atacar a cidade costeira, matando gado e pessoas de uma forma brutal. Já perdemos contato com três Caçadores e Mercenários que enviamos antes. Este monstro é diferente de qualquer coisa que já vimos."
O pai cruzou os braços, pensativo. "Que tipo de monstro estamos falando? Um animal selvagem? Uma criatura mágica?"
O visitante balançou a cabeça. "Não temos certeza. Os sobreviventes falam de uma sombra gigantesca, com olhos que brilham no escuro e um rugido que congela o sangue. Alguns dizem que é um demônio, outros acham que é uma antiga maldição que foi despertada."
Jona apertou o braço do marido, a preocupação evidente. "Isso soa muito perigoso. Você não pode arriscar sua vida por algo tão incerto."
Wilde olhou diretamente para ela, a expressão séria. "Eu entendo sua preocupação, mas precisamos de Caçadores ou Mercenários habilidosos, e ele é um dos melhores nos dois. Sem ele, as chances de sucesso são mínimas. As pessoas de Fen estão desesperadas. Se não fizermos algo agora, temo que será tarde demais."
William suspirou, colocando a outra mão sobre a de sua esposa. "Eu preciso fazer isso. Eles precisam de alguém."
Antes que Jona pudesse responder, Ed interveio. "Eu também vou. Se é tão perigoso, você vai precisar de toda a ajuda possível."
Jona olhou para ele com uma mistura de surpresa e medo. "Não, você é muito jovem. Não posso perder vocês dois."
Ed manteve o olhar firme. "Tenho treinado para isso, mãe. Nós faremos isso juntos."
William olhou para o filho, avaliando sua determinação. Finalmente, ele assentiu. "Tudo bem. Iremos juntos."
Wilde inclinou a cabeça em agradecimento. "A viagem até a ilha levará três dias. Uma vez lá, teremos que montar acampamento e começar a investigar os ataques. Precisamos estar preparados para qualquer coisa. Levem o que puderem carregar, mas estejam prontos para lutar."
Jona assentiu, resignada, mas com lágrimas nos olhos. "Só prometa que ambos voltarão para mim."
William apertou a mão dela com firmeza. "Nós prometemos. Vamos voltar."
Wilde ficou de pé, pronto para sair. "Obrigado. Partiremos ao amanhecer. Estejam preparados."
Com isso, ele se despediu e saiu da casa, deixando a família em um silêncio pesado. O pai abraçou a esposa, tentando confortá-la.
"Vai ficar tudo bem," disse ele, tentando sorrir.
"Voltaremos antes que perceba."
Jona assentiu, tentando esconder a preocupação. "Vamos torcer para que sim."