Chereads / Dead Gods (Portuguese Edition) / Chapter 9 - Capítulo 8: O Desvio

Chapter 9 - Capítulo 8: O Desvio

Parte 1

Garen inclinou-se sobre Ethan que estava jogado no chão, sacudindo-o suavemente. "Ethan, acorda. Nós vamos continuar."

Ethan abriu os olhos lentamente, piscando para se ajustar à pouca luz do corredor. Seu corpo ainda tremia do encontro com o olho monstruoso, mas ele assentiu, levantando-se com a ajuda de Garen.

O grupo, agora reduzido, começou a descer mais uma escadaria sinuosa. As paredes ao redor deles continuavam cobertas de musgo e umidade, e o som de água gotejando ecoava pelos degraus de pedra, amplificando o silêncio pesado que os envolvia.

Thalon seguia atrás, segurando o arco queimado de Lirian. Seus dedos acariciavam a madeira chamuscada, e os olhos dele estavam cheios de tristeza. Cada passo parecia mais difícil que o anterior, como se a ausência de Lirian fosse um peso físico sobre seus ombros.

Ellen, percebendo o estado de Thalon, se aproximou dele. Ela colocou uma mão reconfortante em seu ombro, oferecendo um sorriso triste. "Thalon, sinto muito pelo que aconteceu. Lirian era um grande amigo e um Aventureiro valente. Não foi sua culpa."

Thalon parou, virando-se para olhar nos olhos de Ellen. "Eu... eu sabia que poderia acontecer, mas ver isso de perto... Não consegui salvar ele." Sua voz estava embargada, cheia de culpa e dor.

Ellen apertou o ombro dele, tentando transmitir um pouco de força. "Todos nós sabíamos dos riscos quando entramos aqui. Lirian também sabia. Ele fez o que achava certo para nos proteger. E você fez o que precisava ser feito."

"Mas eu ainda o matei..." Thalon murmurou, os olhos cheios de lágrimas.

"Você salvou todos nós." Ellen respondeu com firmeza.

"Sem sua magia, todos estaríamos mortos. Lirian sabia disso. Ele se sacrificou porque acreditava em nós. Em você."

Thalon respirou fundo, tentando encontrar algum consolo nas palavras de Ellen. "Você acha que ele me perdoaria?"

Ellen fez uma pausa, escolhendo suas palavras cuidadosamente. "Eu sei que ele já perdoou. E agora, ele precisa que você se perdoe também. Não podemos deixar que sua morte seja em vão. Precisamos continuar, por ele."

Thalon assentiu lentamente, enxugando os olhos com a manga. "Você está certa. Precisamos continuar."

Parte 2

Depois de andar por alguns minutos, todos pararam em frente a uma grande abertura na parede do corredor. A escuridão do novo caminho parecia mais densa e opressiva do que qualquer coisa que já haviam encontrado. Ethan levantou uma tocha, tentando iluminar a passagem à frente, mas a luz mal conseguia penetrar o manto de sombras.

"Este é o desvio desconhecido da comissão," Ethan avisou, sua voz baixa e cautelosa.

"Não sabemos o que nos espera lá dentro."

Garen olhou para os outros, sua expressão séria. "Temos que seguir em frente. Não há outro caminho."

Com um aceno de cabeça, o grupo começou a entrar no desvio, um a um. A escuridão os envolveu rapidamente, e o silêncio era quase absoluto, quebrado apenas pelo som de suas respirações e passos. Ethan foi o último a entrar, segurando a tocha alta para tentar iluminar o máximo possível.

Thalon, ainda lutando contra seus próprios demônios internos, estava distraído enquanto caminhava. Seus pensamentos estavam presos nas memórias de Lirian e nas palavras de Ellen. Ele não percebeu o perigo que se aproximava nas sombras.

De repente, um som abafado de algo cortando o ar ecoou pelo túnel. Antes que Thalon pudesse reagir, uma dor lancinante atravessou suas costas. Ele arfou, caindo de joelhos enquanto sentia o calor do sangue escorrendo pela pele.

"Thalon!" Ellen gritou, virando-se rapidamente ao som do grito de dor.

Garen e Broke se voltaram ao mesmo tempo, os olhos arregalados de surpresa ao ver Thalon caído no chão, uma adaga perfurando suas costas.

Ainda com a adaga em Thalon, Ethan o levantou, segurando-o pela arma cravada em suas costas. Ele saiu das sombras, revelando um sorriso cruel em seu rosto.

"Obrigado por terem me levado até aqui." ele disse, sua voz gotejando sarcasmo.

"Só é realmente uma pena que Lirian tenha morrido."

Dando uma leve risada, ele continuou: "Não que eu não mataria ele depois, é claro."

Garen deu um passo à frente, os olhos ardendo de raiva. "Eu juro que vou te matar, Ethan."

Ellen estendeu a mão, segurando Garen pelo braço. "Não agora, Garen. Precisamos pensar."

Ethan, completamente calmo, inclinou a cabeça. "Ah, Garen, não é uma boa ideia fazer barulho nesta câmara. Existe algo aqui que você não entenderia."

"Você não vai sair vivo daqui, Ethan," Garen rosnou, ainda furioso.

Ethan riu, um som baixo e frio. "Acho que é exatamente o contrário."

Do fundo da câmara, uma magia de aprisionamento surgiu de repente, prendendo Garen, Ellen e Broke em cordas de energia cintilantes. Eles lutaram contra, mas não conseguiram se libertar.

Das sombras, quatro figuras emergiram silenciosamente. Cada uma delas segurava uma adaga, que foi rapidamente apontada para a garganta de cada membro do grupo.

"Obrigado por tudo..." Ethan disse, seu sorriso se alargando.

"Vocês fizeram o trabalho pesado para mim, e agora eu vou colher as recompensas."

Ellen olhou para ele com desprezo. "Você não vai se safar disso, Ethan."

"Ah, minha querida Ellen," Ethan respondeu suavemente.

"Eu já me safei."

Garen, com uma fúria contida, murmurou: "Você não entende com quem está lidando."

Ethan apenas deu de ombros, indiferente. "Veremos, Garen. Veremos."

Broke tentou se mover, mas a lâmina fria pressionada contra sua garganta a manteve imóvel. "O que você quer, Ethan? Vorgue tem algo haver com isso?"

"Talvez." Ethan disse, seu tom casual. "Isso você terá que descobrir sozinha."

Thalon, ainda se contorcendo de dor, conseguiu sussurrar: "Você vai pagar por isso, Ethan."

Ethan se inclinou mais perto de Thalon, o sorriso cruel nunca deixando seu rosto. "Talvez, mas não hoje."

Ao tocar em Thalon, Ethan podia sentir o corpo de Thalon ficando gelado, o Aventureiro tremendo enquanto tentava usar uma magia de cura com as forças que lhe restavam.

"Ah, Thalon, é realmente patético ver você assim..." Ethan murmurou, segurando Thalon pela adaga.

"Mas vou te dar uma chance. Vou deixar você se curar. A única coisa que você tem que fazer é lançar uma grande magia para mim."

Thalon olhou para Ethan, seus olhos se enchendo de desespero e raiva. "Por que eu faria isso?"

Ethan deu de ombros, o sorriso nunca desaparecendo de seu rosto. "Porque se não fizer, você morre agora. Se fizer, pelo menos tem uma chance de viver um pouco mais."

Thalon hesitou, sua mente corrida com possibilidades. Ele sabia que Ethan não podia ser confiável, mas também sabia que estava à beira da morte. Sem muitas opções, ele cedeu.

"Está bem." Thalon disse, sua voz fraca e trêmula.

"Vou lançar a magia."

Ethan deu um passo atrás, dando espaço para Thalon se concentrar. "Boa escolha, Thalon. Agora, vamos ver essa magia."

Thalon, com os olhos cheios de dor e determinação, começou a conjurar a magia. Suas mãos tremiam enquanto fazia complexos símbolos com as mãos, canalizando toda a energia mágica que lhe restava. O ar ao redor dele começou a brilhar com uma luz cinza intensa e pulsante, à medida que o encantamento tomava forma.

"Concentre-se, Thalon." Ethan sussurrou, sua voz suave mas cheia de autoridade.

"Faça a magia. Faça o chão tremer."

Thalon fechou os olhos, invocando toda a sua força de vontade. A energia mágica começou a ressoar no ar, vibrando com um poder primordial. Os símbolos, desconhecidos e brilhantes começaram a se alinhar, formando um círculo místico no chão ao seu redor. A luz se intensificava, preenchendo a câmara com um brilho quase cegante.

Com um último esforço, Thalon abriu os olhos e gritou em sua mente o comando final do encantamento. "Trema!"

O chão começou a tremer violentamente, como se uma força titânica estivesse despertando abaixo deles. As paredes de pedra do Abismo vibravam, poeira e pequenos detritos caindo do teto. Um rugido profundo e ensurdecedor ecoou pela câmara, reverberando pelas paredes e fazendo o ar vibrar com uma intensidade quase tangível.

Das profundezas da câmara, um brilho azul cintilante começou a emanar, crescendo em intensidade. O chão rachou e se abriu, e um enorme dragão emergiu do Abismo, rompendo a chão e a aço ao seu redor. Seu corpo era colossal, composto inteiramente de rochas e minerais que pareciam fundidos em uma armadura natural. Cada movimento do dragão fazia ecoar o som de aço se esmagando e se rearranjando.

O dragão tinha escamas que pareciam blocos de granito, com veios de minerais brilhantes que refletiam a luz de forma sinistra. Seus olhos, duas safiras brilhantes, emanavam uma fúria primitiva. As asas eram feitas de lâminas de pedra, afiadas e poderosas, capazes de cortar o ar com um som ameaçador. Suas garras, embutidas nas asas, eram como estalactites afiadas, prontas para despedaçar qualquer coisa em seu caminho.

O rugido do dragão ressoou novamente, mais alto e mais feroz, fazendo com que o chão tremesse ainda mais. A criatura estava descontrolada, seus olhos azuis varrendo a câmara com uma fúria selvagem. Detritos e fragmentos de ferro e aço voavam pelo ar enquanto ele se movia, sua presença esmagadora transformando a câmara em um caos de poeira e ruínas.

Ethan sorriu, claramente satisfeito com o caos que havia desencadeado. Ele olhou para Thalon, que estava quase desmaiando de exaustão, e murmurou: "Bom trabalho, Thalon. Agora, vejam só o que vocês desencadearam. É o grande Dragão de Raio! Parece que sua jornada está prestes a terminar de forma grandiosa."

Com o dragão furioso entre eles, Ethan deu um passo atrás, rindo baixinho. "Espero que vocês apreciem o show." ele disse, sua voz cheia de desprezo e malícia.

O dragão, completamente descontrolado, lançou-se para frente, suas garras afiadas arranhando o chão de aço. O som era ensurdecedor, como mil aços se partindo ao mesmo tempo. O chão rachava sob seu peso, criando fissuras que se espalhavam como teias de aranha. A criatura soltava rugidos de fúria e destruição, a magia de Thalon causando um impacto devastador.