Parte 1
Desesperada, a mulher explicou, entre soluços, "Minha filha foi encontrada morta perto da igreja... toda estraçalhada! Por favor, ajudem!"
Pallas franziu o cenho, sua expressão ficando ainda mais séria. "Nós leve até lá." ordenou, dirigindo-se aos guardas e aos recém-chegados.
O grupo, liderado por Pallas e pela mulher em prantos, começou a caminhar pelas ruas lamacentas da cidade. A chuva não dando trégua, tornando o terreno ainda mais escorregadio e traiçoeiro.
Enquanto seguiam em direção à igreja, um murmúrio crescente podia ser ouvido à medida que se aproximavam. A notícia da morte brutal havia se espalhado rapidamente, e muitos moradores saíram de suas casas, curiosos e preocupados com o que acontecera. As ruas estreitas estavam apinhadas de gente, todos vestidos com mantos pesados e capuzes para se proteger da chuva incessante. Pallas e seu grupo avançavam com dificuldade, abrindo caminho pela multidão.
"Façam espaço!" gritava Pallas, sua voz autoritária conseguindo abrir uma passagem entre os curiosos.
Finalmente, a igreja apareceu no horizonte, situada ao pé de uma montanha imponente. A construção de pedra, com suas paredes robustas e torres altas, parecia um bastião de resistência contra o clima adverso. No entanto, mesmo a igreja, com sua fachada imponente, não podia esconder a atmosfera de medo que pairava no ar.
Ao chegarem à igreja, encontraram uma multidão de pessoas reunidas ao redor do corpo. Murmúrios de horror e choque ecoavam pelo local. Pallas avançou, seguido de perto por William, Ed, Wilde e os guardas. Eles se aproximaram do centro da aglomeração, onde o corpo da mulher estava deitado no chão, coberto parcialmente por um manto fino e encharcado de sangue.
O tronco da mulher era uma visão horrível. Sua carne estava retalhada e estraçalhada, com cortes profundos que revelavam ossos e órgãos internos. Sangue e vísceras estavam espalhados pela terra ao redor, criando uma cena de brutalidade grotesca. O restante do corpo estava desaparecido, deixando apenas o tronco como testemunho de uma violência indescritível.
William se abaixou, examinando os ferimentos com um olhar clínico. "Isso não foi obra de uma lâmina." murmurou ele, sua voz baixa e sombria.
"Isso é obra do monstro." disse Wilde, o rosto endurecido pela determinação.
"Precisamos agir agora."
Pallas assentiu, seu rosto refletindo a gravidade da situação. "A caçada começa imediatamente. Não podemos esperar mais."
Virando-se para um dos guardas, Pallas deu ordens claras: "Vá chamar o Don e diga que é urgente. Precisamos da ajuda dele agora."
O guarda assentiu e correu em direção à cidade, desaparecendo rapidamente na multidão. Enquanto isso, Pallas avistou o padre da igreja se aproximando, a expressão dele refletindo a dor e a preocupação que sentia pela comunidade.
Pallas foi ao encontro do padre. "Padre, quem encontrou o corpo?"
O padre, um homem de meia-idade com olhos cansados, suspirou pesadamente antes de responder. "Foi uma das freiras, senhor. Irmã Denise encontrou o corpo no início da manhã, quando ela foi rezar antes do amanhecer. Ela está profundamente abalada."
Wilde, aproximando-se com William, fez uma pergunta direta. "Padre, a irmã Denise mencionou algo estranho ou incomum nas últimas noites? Algo que possa ter precedido esse ataque?"
O padre balançou a cabeça, pensativo. "Ela mencionou ter ouvido ruídos estranhos, quase como um uivo, vindo das montanhas. Mas não achamos que fosse algo perigoso. Este monstro tem sido uma ameaça há algum tempo, mas sempre evitamos pensar que poderia chegar tão perto da cidade."
William olhou intensamente para o padre. "O corpo foi movido de onde foi encontrado, ou está exatamente como a irmã Denise o encontrou?"
"Está exatamente como ela encontrou, senhor." respondeu o padre, a voz trêmula.
"Ela não tocou em nada, apenas correu para nos chamar. Quando cheguei, não havia nada além do corpo estraçalhado."
Wilde cruzou os braços, refletindo. "E quanto à vítima? Ela frequentava a igreja regularmente? Havia algo de especial nela que pudesse atrair a atenção do monstro?"
O padre fez uma pausa, visivelmente abalado. "Sim, ela era uma devota fiel. Sempre ajudava nas missas e nas atividades da igreja. Não havia nada de especial que a destacasse mais do que os outros fiéis."
Don chegou, os olhos fixos no corpo mutilado da mulher. Ele não precisou de muitas palavras para entender a gravidade da situação. Pallas deu um passo à frente, introduzindo-o rapidamente.
"Este é Don Hatzidakis, nosso rastreador. Ele vai nos ajudar a entender o que aconteceu aqui."
Os guardas começaram a dispersar a multidão, murmurando para que todos voltassem para suas casas. A multidão se dispersou lentamente, relutante em deixar a cena do crime.
Don se ajoelhou perto do corpo, examinando o sangue já dissolvido pela forte chuva que caía. Todos ficaram quietos, observando enquanto ele trabalhava.
William se aproximou de Pallas, sussurrando: "O que ele está fazendo?"
Pallas respondeu em tom baixo: "É o método dele. Ele consegue rastrear criaturas pelo cheiro. Confie em mim, ele é o melhor nisso."
Don ergueu a cabeça, inalando profundamente. "O cheiro já está muito fraco." disse ele, levantando-se.
"Mas deve estar mais forte na floresta. Teremos que entrar nela."
Wilde franziu a testa, preocupado. "Você acha que o monstro está se escondendo na floresta?"
"É provável." Don respondeu.
"Essas criaturas tendem a se esconder em lugares isolados. Precisamos nos preparar para uma caçada difícil."
William olhou para Pallas. "Estamos prontos. O que precisamos fazer?"
Pallas assentiu, virando-se para Don. "Lidere o caminho. Nós o seguiremos."
Parte 2
A floresta estava envolta em escuridão, com a chuva incessante aumentando a sensação de isolamento e mistério. As árvores, altas e antigas, formavam um dossel espesso acima de suas cabeças, bloqueando quase toda a pouca luz do dia que cortava as nuvens de chuva. O chão estava coberto de folhas úmidas, galhos caídos e lama, tornando a caminhada difícil e escorregadia. O som da chuva caindo sobre as folhas e o farfalhar ocasional dos animais escondidos criavam uma atmosfera tensa.
Don liderava o grupo, movendo-se com cuidado enquanto examinava cada detalhe ao redor. Seus olhos estavam constantemente atentos, procurando por qualquer sinal do monstro.
Enquanto caminhavam, William se aproximou de Pallas. "Pallas, quantas vezes você já enfrentou uma criatura como essa?"
Pallas manteve o olhar fixo na floresta à frente. "Não muitas, William. Essas criaturas são raras, mas cada encontro é único e mortal."
Wilde, caminhando ao lado de William, perguntou: "O que sabemos sobre o monstro? Alguma informação pode nos ajudar."
Pallas suspirou, hesitando antes de responder. "Sabemos que é uma criatura noturna, predadora e extremamente territorial. Sua força e velocidade são superiores às de qualquer animal comum. Não será uma caçada fácil."
Ed, que até então estava quieto, ouvindo atentamente, permaneceu em silêncio, absorvendo cada palavra.
De repente, Don levantou a mão, pedindo silêncio. O grupo parou imediatamente, todos os sentidos em alerta. Don se abaixou, examinando o chão e as árvores ao redor. Eles notaram várias árvores arranhadas, com marcas profundas que indicavam a presença de algo grande e feroz. Além disso, carcaças de animais mortos estavam espalhadas pelo chão, com sinais claros de que foram devorados por uma criatura faminta.
"Esses arranhões são recentes," sussurrou Don, olhando para Pallas.
"E as carcaças... isso não é obra de um predador comum, entende?"
Pallas assentiu, a expressão sombria. Ele se virou para William, Wilde e Ed. "Isso confirma nossas suspeitas. A criatura está caçando por aqui, mas não podemos enfrentá-la agora. Teremos que esperar pela próxima lua cheia."
William franziu a testa. "Por que a lua cheia?"
"Essas criaturas são mais ativas durante a lua cheia." explicou Pallas.
"Isso nos dará uma chance melhor de localizá-la e enfrentá-la em condições favoráveis."
Wilde assentiu, compreendendo a lógica. "Então, temos que nos preparar até lá. Armas, armadilhas, qualquer coisa que possa nos dar uma vantagem."
Don se levantou, terminando sua inspeção. "Precisamos voltar e nos preparar. Esta caçada vai exigir tudo o que temos."