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Chapter 16 - Passado

~ ZEV ~

Sasha o levou até as escadas e subiu um lance. Ele abriu a porta para ela e ela olhou para ele com uma expressão estranha no rosto, mas entrou rápido no seu apartamento, a apenas duas portas pelo corredor. Seus olhos estavam muito abertos, mas, fora isso, qualquer um que os observasse diria que ela estava tensa, mas normal.

Então ela fechou a porta atrás dele e virou a tranca, jogou suas chaves e bolsa na mesinha do hall de entrada e virou, passando por ele em direção ao quarto.

Entrar no seu apartamento era como estar no céu. Era banhado pelo seu perfume—baunilha e maçãs—e havia lembranças dela por toda parte—aquela manta de pelo falso jogada sobre o encosto do sofá o fez sorrir. Ela sempre foi muito contra peles, o que costumava fazê-lo rir.

Se ao menos ela soubesse.

A emoção o atingiu bem no peito e ele teve de engolir o nó na garganta. Ele havia imaginado entrar aqui tantas vezes nos últimos dois anos... ansiava por isso. Sofria por isso. Quase entrou escondido só para estar perto dela, mesmo que ela não soubesse. Mas isso teria sido assustador. Ele preservou a privacidade dela, mas a desejava. Queria estar aqui. Precisava estar perto. Manter distância dela havia sido como mastigar o próprio pé. E agora não precisava mais. Ele quase não podia acreditar.

"Cinco anos, Zev", ela disse, com a voz tremendo e aguda. "Cinco anos e então... você simplesmente aparece como se nada tivesse acontecido? Você espera que eu simplesmente... o quê? Onde diabos você esteve?"

"Trabalhando", ele disse, com a voz um rosnado baixo enquanto avançava sorrateiramente, sem fazer som algum, cobrindo cada centímetro do quarto enquanto falavam, verificando cantos e móveis, procurando algo que pudesse estar escondendo uma transmissão de vídeo.

"Trabalhando? Vinte e quatro horas por dia? Sete dias por semana? Trabalhando tanto que não podia nem me mandar um bilhete dizendo que estava vivo?!"

"Não é o tipo de trabalho que dá folga aos sábados, Sash."

"Pare de me chamar assim."

Ele parou bruscamente com isso, franzindo a testa para ela. "Eu sempre te chamei de Sash."

"Você não me chamou de nada por cinco anos, Zev. Qual é o seu problema?" Ela tinha ido para o quarto que ficava logo após a pequena sala de estar e, depois de verificar atrás da televisão, ele a seguiu, girando de lado para caber entre a cesta de cobertores e o braço do sofá para dois.

Ele se sentia grande demais para aquele lugar. Embora o teto da sala fosse alto, ela era pequena. Espaços estreitos entre o sofá e a mesa de centro, a mesa e a televisão. De repente ele estava muito grande, como se não coubesse no espaço.

Então ele passou pela porta para o quarto dela e as lembranças o atingiram, uma atrás da outra, atormentando-o como granizo.

Diretamente em frente à porta estava uma grande cama coberta com uma colcha macia de cor creme. Havia criados-mudos de cada lado e uma cômoda à sua esquerda, uma porta à direita que devia ser o banheiro.

Mas a primeira coisa que chamou sua atenção foi a fotografia, meio enrolada sobre si mesma, enfiada na moldura do espelho dela. Uma foto, não apenas deles. Era uma daquelas fotos de noite de jogos com todo mundo gritando, com sorrisos e braços para o alto fazendo sinais de paz ou de chifres. Todos estavam empolgados porque o time deles venceu, algo que não acontecia com frequência, e metade dos amigos dela estava na banda, metade dos dele no time de futebol.

"Eu não sei o que você acha que vai acontecer aqui, mas você não pode simplesmente voltar para a minha vida e me tirar do apartamento da minha melhor amiga e simplesmente... estar aqui. Não é assim que a vida funciona!" ela esbravejou.

"Só queria ter certeza de que você chegou em casa em segurança", ele murmurou, sua atenção voltada para a foto.

Eles estavam no lado direito do grupo, inclinados para frente em direção à câmera para que seus amigos atrás dele pudessem ser vistos—ele já era alto, até naquela época. Seu braço estava jogado sobre os ombros dela, uma das mãos dela estava levantada para segurar seu queixo, a outra estendida com o sinal de paz.

Eles pareciam jovens e felizes e... simples. Tinha sido um ato para ele, naquela época. O lance todo de ser o garoto dourado da escola secundária. Mas não com ela. A maneira como ele era com ela, aquilo nunca foi fingimento.

Ele pegou a foto da moldura do espelho e a encarou.

Atrás dele, Sasha estava abrindo uma mochila na cama. Quando ela se virou para abrir uma gaveta na cômoda onde ele estava, viu-o olhando a foto, e ela parou.

Sua cabeça levantou de supetão e ela alternava o olhar entre ele e a foto. "Isso... não é seu", disse ela, o rubor subindo às suas bochechas enquanto agarrava a foto de sua mão.

Mas ele notou que quando ela abriu a gaveta para pegar roupas íntimas e meias, ela não colocou a foto de volta no espelho, mas a pressionou na pilha de pequenos itens que ele estava tentando ignorar e a empurrou para dentro da mochila.

Havia outros objetos no quarto. Pequenas lembranças—sua borla da formatura do ensino médio pendurada em um quadro de avisos, entre outras bugigangas—fotos da formatura da faculdade, ingressos, crachás, coisas das quais ele não esteve presente para testemunhar. Havia um urso de pelúcia em uma prateleira no canto que sempre ficava na frente do travesseiro dela naquela época.

Então, enquanto ele se movia sorrateiramente pelo quarto fechando cortinas, checando por dispositivos, viu o abajur na mesa de cabeceira dela e aquilo o paralisou.

A base do abajur era um vaso de vidro cheio de pedras de variadas cores, formas e até tamanhos, embora mesmo a maior delas coubesse na palma da mão dela.

Ele conhecia aquelas pedras. Quase todas elas. Sabia que em um bom dia provavelmente encontraria seu próprio cheiro nelas.

Caramba. Ela as guardou todo esse tempo?

Era uma força de vontade imensa não se virar, pegá-la nos braços e cobri-la de beijos. Desejou poder pegar a porcaria daquela coisa, quebrá-la e colocar aquelas pedras na mochila também. Mas isso era só tolice.

"Você não tem direito nenhum de estar aqui!" ela disse, e sua voz tremia com lágrimas. Ele se virou então, boquiaberto ao encontrá-la enfiando um casaco grosso na mochila—boa menina, ela se lembrara. Ele esperava que ela tivesse meias de lã. Mas ela estava olhando para ele, com os olhos delineados por lágrimas prateadas, o queixo começando a tremer.

O estômago dele despencou.