Quando percebeu, lágrimas caíram de seus olhos, estava estática olhando para o caderno onde estava escrevendo.
Seu coração doeu e gritou, ninguém a ouviu e ela chorou novamente.
— Rannala, você está bem?
— O que você fez com a menina?
— Eu não fiz nada, idiota.
— Ei, Rannala fala comigo.
Rannala grita e chora, seu coração ansioso dói, ela se vira para algum lugar e se afunda no edredom empurrando seus amigos.
Falta de ar, hiperventilação, espasmos involuntários e medo.
Sua amiga, sem saber o que aconteceu, olha para o que Rannala estava fazendo na mesa e vê a carta.
Lendo com calma, se sente nervosa e se joga na cama abraçando Rannala.
Vendo a cena das duas, o amigo delas não entende até ler a carta.
"Você que está lendo está aí?"
"Eu tenho medo a noite."
"Às vezes eu choro."
"Tenho pavor de estar só."
"Não quero ir para o colégio."
"Me deixem aqui sozinha no quarto"
"Você me disse que…"
A carta foi amassada pelo amigo de Rannala, ele se odiou por não ver sua amiga sofrendo tanto.
Seus olhos também começam a cair lágrimas e seu nariz começa a escorrer.
Passando o braço no nariz e sentindo nojo daqui, ele pula na cama onde as meninas estavam, deixando cair a carta amassada no chão.
"Que amigos somos se não estamos nos melhores e piores momentos de quem amamos?"
Os três choram juntos.
— Rannala você chora todas as noites?
Ele se juntou a elas na cama enquanto os três choravam juntos.
As feridas demoram a cicatrizar, mas nunca somem.
Algumas coisas são eternas demais e ficam em sua pele que se contorce à noite.
Nem mesmo a melhor tatuagem iria lhe marcar mais que uma dolorosa lembrança.
Os olhos, pesados e ardidos de tanto chorar, se enxugam.
— Vocês precisam ir…
Os dois amigos de Rannala olham para ela como se ela estivesse falando outra língua.
— Não mesmo.
— Nem vêm.
Rannala tenta desconversar, era certo que estava ficando de noite e eles teriam que ir uma hora ou outra.
— Só preciso ficar só.
— Não.
— Ela tem razão, amigos deveriam cuidar uns dos outros, não?
Rannala olhou para o lado, desviando o olhar deles.
— O que vocês dois pretendem fazer após ler aquilo? Não era para vocês. — Para a surpresa de Rannala a resposta dela foi unânime.
— Nada.
— Não faremos nada.
— Mas, não sei ele, só que eu vou te acompanhar todo dia agora para a escola até você tomar uma decisão e, se ela não chegar, nunca faremos nada.
— Ela está certa, também respeito… Mesmo quando não deveríamos respeitar.
Rannala chorou enquanto abraçou os dois.
— Obrigada.
Rannala chora abraçando os dois.
A noite que devia ser um açoite ficou mais tolerável, a escuridão que engolia seu coração nunca deixou de existir, mas por agora ela estava quente e protegida.
— Que nojo, por que seu braço está grudando?
— Eu estou triste.
— Isso não são lágrimas, né?
— Não.
— Ah...
Rannala sorri enquanto os dois discutem. Ela se sentiu finalmente em paz, momentaneamente.