Sua roupa de empregada era personalizada, em seus pulsos estavam pulseiras com espinhos e no pescoço um colar também com espinhos.
Unhas grandes pintadas de preto, meia calça branca, com o vestido chegando até os joelhos.
Uma fragrância doce e familiar era como estar em casa.
— Reona essa é Inari, e Inari está é Reona. E eu já pedi para não me chamar de senhor, sou seu amigo e mordomo.
As orelhas de Reona se abaixaram, mas Swon fez um cafuné em sua cabeça e logo seu sorriso voltou e, com ele, as suas orelhas de lobo voltaram a ficar para cima.
Sua calda balançou muito, ela chegava até o chão, seu cabelo, por outro lado, era até sua cintura.
— Então, daqui a pouco, voltarei e irei agora para meus aposentos.
— Certo, chamarei o senhor… Que dizer, chamarei você assim que terminar aqui.
Inari estava realmente impressionada como a jovem Reona era linda, parecia uma princesa tirada de contos de fadas.
Reona que se sentiu encarada, ficou com vergonha e olhou para os lados.
Quando virou seu rosto para o lado, fez a sua franja recuar um pouco e mostrar uma tatuagem em sua testa, uma lua vermelha de sangue.
— Vocês… vão para o quarto…
— Vamos…
— Hm, ok. — As orelhas de Reona baixaram enquanto mordeu seus lábios.
Swon apertou as bochechas dela, a fazendo olhar em seus olhos.
— Odeio quando faz essa carinha, Reona.
— Me desculpa, meio que fiz essa expressão sem perceber.
— Tudo bem, vou montar meu quarto para ela.
— Certo, assim que terminar aqui, vou buscar vocês.
— Obrigada, conto com você.
Inari abaixa sua cabeça, Reona faz o mesmo e sorri.
Diferente do que muitos pensariam, Reona achou todas muito lindas e não se incomodou com elas, por nenhum momento.
Voltando a segurar a mão dele, andou pelo corredor com quase nenhuma decoração, existiam apenas alguns vasos de flores e quadros pintados à mão.
"Os quadros são lindos, pintados de aquarela. Mas todos passam uma vibração tão imponente com essa lua sempre aparecendo junto aos lírios aranhas."
Lírios aranhas ou Hymenocallis caribaea, eram lírios comuns em todo o país. Dizia-se que o sangue que escorreu de Deus os criou, fazendo então surgirem em toda a terra, suas flores faziam referência ao sangue que se espalhou.
A lua vermelha era onde a bruxa morava, pelo menos era isso que os mais velhos sempre diziam.
"A criação da lua era uma falha e não deveria existir, lá é a casa dela, onde ela se esconde na sua solidão sem fim."
Inari, que estava olhando os quadros, ficou impressionada pelos detalhes. Notando seu apreço, Swon começou a explicar a origem de todos eles.
— Gostou dos quadros? Foram pintados por Sephy, os cavaletes que você viu antes também são dela.
— Nossa, nunca imaginaria.
— Alguns quadros que ela fez são: A bruxa da cabana, o vampiro saltador, A mariposa divina, o lobo solitário da noite, a mulher que ama seu cabelo, o demônio com duas faces, o corvo, a gata que rouba.
— Eles são todos baseados em lendas.
— Sim, são.
— E qual é aquele no final do corredor? Parece assustador.
Swon olhou para o último quadro do corredor que mostrava um demônio com duas faces. Ele sorria e chorava enquanto devorava um cadáver embaixo de seus pés.
— Sou eu, uma representação minha feita por Sephy. Tem medo?
Inari olhou com uma expressão provocadora, levantando a sua sobrancelha.
— Nenhum pouco, mas o quadro é enigmático, ela falou o que ele quer transmitir?
— É basicamente um homem devorando um cadáver do seu eu do passado. Chorar pelo passado sorri para o presente.
Das mãos do Swon surgiu uma máscara vermelha com dois chifres com uma expressão de desgosto.
Inari ficou impressionada, talvez um pouco assustada, mas algo naquela máscara a deixou atraída.
— Onde é seu quarto?
— O último, onde está o quadro no final do corredor. — Inari o puxou.
— Precisamos ir.
Inari se sentiu atraída e com tesão, seus passos foram rápidos até o quarto dele.
— A porta está aberta?
— Está.
A porta era como todas as outras com o mesmo padrão e aparência.
Abrindo a porta do quarto, ficou novamente impressionada de como ele estava limpo e bem cuidado. Boa parte dos homens que ficou, de diferentes idades, nenhum deles tinha o quarto tão bem-arrumado como aquele, o cheiro era igual a toda a casa, lembrava rosas.
A aparência do quarto era simples, com apenas uma janela, cama de casal, guarda-roupa de madeira e uma escrivaninha.
Os móveis pareciam antigos, mas isso era o que dava o charme do lugar.
Para sua surpresa, um gato tricolor estava dormindo na cama dele, mas ao ver que Swon chegou, o gato simplesmente acordou e pulou da cama, se transformando em uma mulher.