A refeição do meio-dia foi organizada no gazebo do jardim.
Uma bela mulher na casa dos vinte e poucos anos estava de pé diante da mesa onde uma luxuosa variedade de comida estava disposta. Como Arlan, ela também tinha olhos azuis e cabelos castanhos cinza, a aparência característica daqueles com sangue real, apenas os dela eram um tom mais claro. Em seus braços esguios, havia um pequeno pacote de alegria emitindo adoráveis sons gorjeantes.
Ela era a irmã mais velha de Arlan, esposa do Duque de Wimark e Primeira Princesa de Griven, Alvera Cromwell Wimark. O recém-nascido era seu segundo filho, o primeiro filho da família Wimark e seu futuro senhor, Ryan Wimark.
"Minha querida irmã, ouvi dizer que você sente minha falta?" Arlan perguntou ao se aproximar da dupla.
Ele agora estava vestindo um casaco em um leve tom de azul com uma capa militar branca escancarada por cima de seus ombros. Os punhos abotoados de suas mangas com debrum branco ostentavam um design de carvalho, o emblema da virtude e força, que também era o símbolo da Família Real Cromwell.
A aparência do homem de olhos azuis transformou-se de um perigoso caçador para a de um príncipe deslumbrante de branco. Seu sorriso era tão brilhante quanto a luz do sol, dando aos observadores a impressão de que o Príncipe Herdeiro era um galante e bondoso homem.
Alvera apenas lançou um olhar para seu irônico irmão antes de voltar sua atenção para seu filho. "Pequeno Ryan, como eu estava dizendo, não seja como seu Primeiro Tio. Aquele moleque descuidado se machucou sem motivo. Hmph!"
"Seus servos são bons espiões. Você se importaria de transferir alguns deles para o meu serviço?"
Só então Alvera encarou o homem sorridente.
"Hah, você fala como se aquele esquadrão sombrio trabalhando sob seu comando fosse inábil. Aqueles homens que você treinou poderiam até mesmo se infiltrar nos reinos de Abetha e Thevailes. Por que você está roubando meu pessoal?"
"Claro, ainda preciso expandir minha rede não apenas nos reinos vizinhos, mas no resto do continente. Pessoas talentosas em que posso confiar são poucas e distantes entre si—"
"Pare, pare, não quero ouvir mais de suas vantagens." Embora sua voz soasse irritada, ela olhou para a cintura dele com um olhar um tanto preocupado. "Como vai a sua ferida?"
"Curada, é claro. Tal pequeno arranhão desaparece em questão de segundos por si só. Você sabe que seu irmão não é um humano comum."
A mulher suspirou aliviada. "Diga-me a aparência do culpado. Vou ordenar às guardas da cidade que emitam um mandado em todo o ducado."
"Não é necessário. Eu mesmo pegarei aquela pessoa."
Havia um entendimento silencioso entre os irmãos. Apesar da relutância dela, Alvera respeitou seus desejos. Ela conhecia bem seu irmão — uma vez que ele estabelecesse sua mente, era impossível mudar sua decisão.
"Fiz você esperar por muito tempo?" eles ouviram alguém falar, fazendo-os olhar para o recém-chegado.
Duque Rhys Wimark, marido de Alvera, era um homem alto e bem-apessoado uma década mais velho que Arlan. O homem de cabelos castanhos usava um casaco de comprimento até o joelho, com um design de ouro bastante intrincado, o traje indicava que ele estivera ao ar livre para assuntos oficiais e apenas recentemente voltara à propriedade. Seus olhos castanhos emitiam o calor que ele sentia após ver a esposa e o filho.
"Estou de volta, meu amor." Ele beijou a esposa na testa antes de cutucar a bochecha gordinha do filho com o dedo de sua mão enluvada. O homem então observou o irmão e a irmã. "Eu interrompi algo importante?"
Alvera deu a Rhys um sorriso travesso. "Com certeza! Meu coração está cheio de ansiedade. Nosso irmão mais novo, Lenard, está se casando em menos de duas semanas, mas o irmão mais velho continua solteiro. Ah, sem uma Princesa Herdeira, o futuro do reino é aspreo!"
Comparado à brincalhona esposa, o comportamento de Rhys era mais sério e reservado.
Sua observação casual lembrou ao Duque um aviso secreto que recebeu recentemente. "Sobre este assunto, gostaria de relatar algo ao Príncipe Herdeiro."
"Que tal conversarmos enquanto jantamos?" Alvera ofereceu a qual os dois concordaram.
Alvera entregou seu filho à babá e acompanhou os dois homens à mesa.
"É sobre a futura esposa desaparecida de Arlan?" Alvera perguntou enquanto recebia um prato de bife que o marido pessoalmente cortou para ela.
Rhys sorriu carinhosamente para a esposa antes de voltar-se para Arlan. "Dois meses atrás, informei a você que vestígios dos Verners foram avistados na fronteira entre Megaris e Griven."
"Sim, você fez."
"Meus espiões recentemente me informaram que eles tinham reduzido a área onde Philip Verner e sua neta provavelmente estão morando. Surpreendentemente, isso os levou a acreditar que esses dois estão escondidos dentro do território Wimark. Me dê uma semana, no máximo um mês, eu garanto que trarei boas notícias."
O território do Ducado Wimark fazia fronteira com o reino vizinho de Megaris, cujo governante, Rei Drayce Ivanov, era um amigo próximo de Arlan. Devido à sua localização, criminosos e fugitivos que desejavam fugir para outro reino eram comuns na região.
"Minha noiva desaparecida?" disse Arlan com o sorriso maldoso pintado em seus lábios, "Você quer dizer esses criminosos? Duque Rhys, eles podiam orar para que você os encontrasse antes de mim. No máximo, você os enviará à capital para serem presos, mas o Príncipe Herdeiro vai tirar a cabeça deles pelo crime."F
Antes que o Duque Wimark pudesse dizer qualquer coisa, Alvera suspirou.
"Você sempre fala em puni-los. Não sei o que aconteceu naquela época e por que o Senhor Verner fugiu com ela, mas a justiça deve ser cumprida de acordo. Alguém da sua posição deve saber melhor do que deixar o seu preconceito prevalecer."
Arlan levantou uma sobrancelha. "Aqueles vagabundos insultaram a Família Cromwell. A lei exige que eles recebam uma sentença de morte."
A mulher não recuou. "Mas sua neta era apenas um bebê recém-nascido quando aquele incidente aconteceu. Como você pode culpar uma criança inocente? Sem mencionar, você não deveria chamar sua futura esposa de vagabunda. Se ela fosse verdadeiramente reles, nossos pais não teriam organizado o casamento de vocês. É muito provável que a Jovem Senhorita Verner não saiba de seu noivado com o Príncipe Herdeiro deste reino."
"Se uma pessoa da família comete um crime, então a família inteira tem que pagar por isso. Ela pode ser infeliz, mas muitos aristocratas caídos que tiveram seus títulos e riquezas arrancados devido à tolice de um parente também são. Por que ela deveria ser um caso especial?" Arlan retrucou. "Se ela tem que culpar alguém, então deveria culpar o avô por quebrar o confiança da família real e levá-la consigo."
Alvera estava começando a ter uma dor de cabeça. "Quando você os encontrar, que tal ouvir primeiro as razões deles? Dê a eles um julgamento público justo."
"Um crime é um crime — a motivação de alguém é secundária. Cometer um crime contra a família real é o pior que alguém poderia fazer," Arlan declarou. "Se Pai os perdoar, que assim seja, mas se eu tiver que julgar o crime deles, eu digo, 'Cortem-lhes as cabeças!'"
Alvera suspirou desamparada. "Espero que você não se arrependa disso."
Enquanto os irmãos discutiam, o Duque de Wimark permaneceu calado, seus pensamentos desconhecidos. Ele não se meteu entre o casal teimoso de irmão e irmã. Embora a esposa estivesse insatisfeita, Arlan também não estava errado.
Ao final do dia, Rhys é um leal vassalo da família real, e sua lealdade é para com o trono. Independentemente de sua opinião, ele executaria as ordens dadas a ele pelo Rei de Griven — e essa seria a de encontrar os únicos sobreviventes da caída da Família Verner.