Arlan não era um humano comum. Seus sentidos eram aguçados como um falcão, e juntamente com sua natureza cautelosa, havia poucas coisas que poderiam escapar do seu olhar.
Especificamente essa fragrância estava fixada em sua mente desde que ele deu uma inalada, e mesmo em meio aos diversos cheiros ao seu redor, ele poderia identificar essa em particular sem errar. Ele mesmo se surpreendeu com essa descoberta.
'Esse tipo de aroma envolvente que atrai pessoas para ele... É impossível para mim não reconhecê-lo.'
Ele pisou na rua movimentada, permitindo que seus sentidos o guiassem. Seus olhos azul-mar olhavam para a esquerda e para a direita em busca de uma mulher com cabelos castanho-avermelhados. Existiam algumas mulheres que se enquadravam nessa descrição, mas pela altura e pela silhueta ele podia dizer de cara que elas não eram o seu alvo.
Sua busca o levou à rua principal, e seu olhar pousou em uma pequena figura caminhando à sua frente. Embora ele só pudesse ver suas costas, parecia que ela ainda estava vestindo aquela roupa toda preta que ia da cabeça aos pés, um tipo de roupa folgada e escura que não permitia que ninguém visse sua forma corporal.
Sua vestimenta poderia ser incomum para um local, mas dado que Jerusha era o centro do comércio entre os reinos, a maioria das pessoas não prestaria atenção à diferença de roupas, descartando-a como uma diferença cultural.
Essa pessoa era a fonte daquele aroma envolvente.
'Te encontrei, baixinha.'
Ele sorriu.
'...mas por que ela está vestindo roupas masculinas na cidade? Ela está se passando por um homem?' ele não pôde deixar de especular. 'Hmm, pelo menos hoje ela não está cobrindo o rosto.'
Para ver o que ela estava fazendo, Arlan a seguiu mantendo uma distância segura. Depois de algum tempo, ela parou como se sentisse que alguém estava seguindo-a.
Arlan ficou impressionado. Ele também parou, até aumentando a distância entre eles, e quando ela continuou a caminhar, ele manteve o ritmo.
Logo ela deixou a rua principal, indo em direção ao distrito que atendia boticários e ingredientes medicinais. Ela continuou a caminhar em direção a outra rua que estava visivelmente menos movimentada e parou em uma loja.
Arlan decidiu observá-la de uma distância suficiente para vê-la negociando com o dono da loja. Ela tirou algo de sua bolsa e mostrou ao dono da loja.
O príncipe reconheceu facilmente a planta por suas grandes folhas pontiagudas violetas.
'Então ela vende ervas raras para lojas de ervas? Ela é uma colhedora?.' Ele observou com os olhos semi-cerrados a planta. 'Não é de se admirar que ela tenha invadido a floresta pertencente à Família Wimark. Ela é bastante ousada para roubar da propriedade de um duque.'
Arlan continuou a vigiá-la. Depois de fazer um negócio satisfatório, ela saiu da loja. Ela estava se movendo tão rápido que Arlan foi forçado a acelerar para não perder de vista. De uma rua para a próxima, os dois eram como um gato e rato em uma perseguição.
'Eu sei que você sabe que eu estou te seguindo… mas você é habilidosa o suficiente para me despistar?'
Arlan entrou em outra viela, mas para a sua surpresa, a viela estava vazia.
'Impressionante!'
Um brilhante sorriso iluminava seu rosto bonito como o de um menino encontrando um bom brinquedo.
'A fragrância dela para aqui...' Ele olhou para os caixotes de madeira espalhados de um lado para o outro na viela. 'Será que ela está se escondendo atrás desses?'
Arlan fingiu estar perdido, movendo-se lentamente em direção ao outro extremo da viela estreita.
Alguém apareceu atrás dele. Antes que ele pudesse se virar, o príncipe foi pressionado de frente contra a parede, uma mão delicada segurava uma faca contra a parte de trás de seu pescoço.
"Não se mova."
A voz de uma mulher soou por trás dele. Embora carregasse uma ameaça, um aviso, para alguém do calibre de Arlan, suas palavras soavam como uma doce melodia para seus ouvidos.
"Por que você está me seguindo?" ela perguntou enquanto pressionava a lâmina contra sua pele.
Arlan riu internamente. 'Eu pensei que ela tentaria fugir, mas ela superou as expectativas e optou por me enfrentar. Ela é realmente impressionante.'
"Responda ou você morre!" ela ameaçou, chegando ao ponto de fazer um pequeno corte em seu pescoço.
'Essa é a segunda vez que meu sangue real é derramado.' Isso deixou Arlan ainda mais divertido. "Você ousa matar?"
"Você não sabe que um jovem nobre delicado como você não deveria andar por vielas desérticas?"
"Delicado?"
"Ah!"
No momento seguinte, suas posições foram invertidas. Arlan se moveu tão rapidamente que ela não conseguiu reagir a tempo. A faca em sua mão foi para a dele e ele sem dificuldade colocou-a contra o pescoço dela.
Dessa vez era ela quem estava imobilizada, e com suas costas contra a parede, o jovem nobre pôde ver seu rosto chocado.
"Ouse dizer delicado novamente?" ele comentou brincando enquanto a analisava.
Era um rosto bonito com um par de expressivos olhos castanhos, a maior parte dourada com flocos de verde e marrom sob a luz do sol. Com sobrancelhas bem delineadas e um nariz delicado, somado aos seus lábios rosados desdenhosos de forma desafiadora, a dela era uma beleza transbordando um encanto jovial.
Esse tipo de rosto encantador, juntamente com sua personalidade interessante, Arlan sentiu o desejo mais forte de provocá-la.
Por outro lado, no momento em que ela viu seu rosto, ela começou a se xingar.
'É ele, o homem que eu esfaqueei ontem!'
Sempre que se metia em encrenca, ela confiava em sua magia para escapar. Que infelicidade ser apanhada pela única pessoa imune à sua magia. Esta deve ser a situação mais perigosa em que ela esteve em anos.
'Ele me reconhece? Não, isso não deve ser possível. Eu estava com o rosto coberto naquela época. Por que então ele está me perseguindo?'
Seus sentidos estavam dizendo para ela fugir dele. Era um tipo estranho de ameaça, que ela nunca sentiu de ninguém.
Havia algo de diferente neste homem, mas ela não conseguia entender exatamente o quê.
Tudo que ela sabia era que tinha que fugir - e rápido!
"Então, minha bela dama, que tal ensinar este delicado jovem nobre sobre como as vielas são perigosas?" ele perguntou com um sorriso tão angelical, que parecia mal. "Não se preocupe. Eu não sou mesquinho. Prometo pagar minha professora uma bela quantia por cada lição. Podemos começar nos apresentando."
Ela estava em desespero!
'Como fui descuidada! Vovô, mais uma vez me meti em encrenca.'
'Por que eu não fugi como uma pessoa normal em vez de confrontá-lo. Por quê?!'