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Chapter 27 - Bom dia Theodore

No instante em que pisara fora do ginásio coberto, vira o loiro seguir para os fundos do prédio. Estranhando, se apressara para alcançá-lo.

— Ei, Theodore, espera!

O garoto encapuzado parara de caminhar, sem se virar para trás. Tentando acalmar sua respiração ofegante, Gabriel apoiou-se em seus joelhos antes de se aproximar lentamente do loiro.

— Não consegui conversar contigo hoje. Você está bem?

— Estou bem.

A resposta seca fizera Gabriel engolir em seco.

— Theo!

— Volta aqui seu tampinha! Temos um assunto pra resolver.

Gabriel fechara os olhos reprimindo a vontade de xingar ao ouvir a voz de Nicolas e Milles tão perto de onde eles estavam.

— Cala a boca, seu babaca. Volta pra sua trupe que eu quero conversar com meu amigo.

— Oh, já está se escondendo atrás da sua esposa.

— Ei, Theo! Dá pra parar de fugir de mim?

Theodore virou a cabeça minimamente sobre o ombro, percebendo aquelas três figuras o olhando tão curiosamente. Engolindo em seco, o rapaz apenas puxara mais do capuz cobrindo seu rosto.

— Sinto muito, eu preciso voltar pra casa.

— Você não vai fazer a prova? — Questionava Gabriel antes que o outro fugisse novamente.

— Farei em outro dia, junto com a outra turma.

— Eh... Parece que alguém não está confiante.

— Dá pra calar a sua maldita boca, Milles? — Repreendia Nicolas com as mãos na cintura, logo se virando para o amigo tentando suavizar sua expressão. — Ei, aconteceu alguma coisa nesse final de semana?

O peito de Gabriel parecia um verdadeiro rebuliço de emoções quando o final de semana fora mencionado. A única coisa que passava na sua cabeça era de que o ômega teria visto a maldita foto, e poderia agora se afastar dele. Seria um mal-entendido que precisaria desfazer para não perder a amizade de Theodore.

— Não aconteceu nada.

— Não minta pra mim, Theo. Ele fez alguma coisa pra você?

Milles e Gabriel perceberam o tom ameaçador de Nicolas, e permaneceram mudos esperando a resposta de Theodore. O loiro, por outro lado, apenas negava com a cabeça.

— Não, Nico. Tem nada para se preocupar.

— Então olhe nos meus olhos, se não eu não vou acreditar em você.

Theodore tornara a olhar sobre o ombro, percebendo os três parados o fitando com curiosidade e preocupação.

— Por que estão atrás de mim? Eu preciso ir pra casa.

— Estamos preocupados com você. — Respondera Gabriel dando alguns passos perto de Theodore, tendo vontade imensa de baixar aquele maldito capuz que lhe impedia de ver o rosto alegre. — Somos seus amigos.

— Eu não sou amigo dele.

— E tá aqui por que então, pedaço de fezes? — Retrucava Nicolas.

— Pra te acertar um soco na tua fuça, seu pivete...

— Será que dá pra pararem com isso? — Esbravejara Gabriel mostrando para aqueles três, pela primeira vez, a raiva em seus olhos castanhos. — É a única coisa que sabem fazer? Irritar um ao outro?

— Fica na sua. Ou melhor, deveria voltar para os braços da sua namorada ao invés de ficar correndo atrás do Theo.

Gabriel revirava os olhos para Nicolas, já imaginando que as palavras ásperas seriam voltadas para si. Porém, ele não respondera ao seu capitão, não quando Theodore parecera aproveitar da discussão para tentar fugir.

O alfa fora ligeiro em segurar o pulso de Theodore de modo a impedi-lo, mas ouvira um gemido baixo do loiro no instante em que usara força demais. Soltando-o de imediato, Gabriel se lamentou.

— Desculpa, não quis te machucar.

— Dá pra você soltar o meu amigo?

Theodore baixou o capuz e se virou para os três rapazes atrás de si, da qual emudeceram diante dos hematomas fortemente aparentemente no rosto do loiro.

Tanto Nicolas quanto Gabriel estavam surpresos e horrorizados com o quão machucado Theodore parecia. Seu lábio inferior, mais à esquerda, estava ferido assim como canto de seus lábios. A mandíbula e maçã do rosto tinham marcas fortes, e um corte riscava sua bochecha onde o anel de Beto havia lhe ferido.

Milles explodira uma risada apontando para o garoto ferido.

— Está se escondendo por ter se metido em uma briga? Deve ter perdido feio pra fugir com o rabo entre as pernas...

Gabriel silenciara o amigo com o soco leve em sua barriga, o repreendendo com o olhar.

Nicolas, por outro lado, aproximou-se do amigo com passos lentos e olhos arregalados.

— O que aquele monstro fez com você dessa vez, Theo?

— Ele não fez nada.

— Como quer que eu acredite nisso, Theo?

— Sei bem quem fez isso comigo, não acha?

Engolindo em seco tendo seus olhos cansados marejados, Nicolas puxara o cotovelo do amigo arregaçando as mangas de sua blusa onde vira mais marcas roxas em seus pulsos. Gabriel prendera a respiração em perceber que fora ali onde havia segurado momentos antes.

— Onde mais ele te machucou?

— Já falei que não foi ele...

— Onde mais?

Theodore respirara fundo desistindo de argumentar com o amigo irritadiço. Sem dizer nenhuma palavra mais, o garoto apenas erguera a blusa e a camisa do uniforme mostrando as marcas roxas em seu abdômen e costelas. Ainda se virou de costas, onde haviam mais algumas marcas onde havia batido na maçaneta da caminhoneta.

Quando Theodore baixara a blusa, percebera que seu melhor amigo cerrava o punho trêmulo. Provavelmente contendo sua raiva.

— Não foi ele. Foi outra pessoa.

Erguendo os olhos para seu melhor amigo, Nicolas arqueou a sobrancelha.

— Outra pessoa? Quem?

— Ninguém que você conheça. Não precisa ficar bravo, já estão lidando com a situação.

— Brigou com alguém que tentou dar em cima? Trair seu marido não é muito bom...

Mesmo com o olhar irritadiço de Nicolas sobre si, Milles não desfizera o sorriso zombeteiro. Porém, fora Theodore quem rira nasalado, em total descrença ao fitar o terceiranista loiro.

— Eu dou em cima dos outros? O que faz vocês pensarem que sempre estou tentando seduzi-los? Se acham tão bonitos assim? Eu não fiz merda alguma, fiquei na minha aguentando os olhares e as fofocam a meu respeito. E ainda assim fui seguido e quase abusado. Acha isso engraçado, Milles, que eu apanhe só por dizer que gosto de homens?

— Ei Theo...

— Sim! Eu sou um ômega e gosto de homens. Sinto-me bem quando o cara que eu gosto me abraça e me beija. Gosto quando sou tocado pela pessoa que gosto. Mas não vai pensando que só por ter um rostinho bonito ou se achar o homem mais foda do mundo que irá me fazer te querer.

— Theo não precisa perder seu tempo.

O loiro virou-se para o seu melhor amigo respirando fundo.

A única pessoa que permanecera muda todo aquele tempo cerrava os punhos com força. Os olhos castanhos das quais eram acostumados a transparecer a gentileza e carisma davam espaço para um novo sentimento desconhecido.

Desde o momento em que vira aqueles machucados, o mundo de Gabriel parecia perder o som tornando-se lento demais. Seu corpo deixara de agir conforme a consciência, sua expressão se tornara vazia apesar dos seus olhos...

Ah.

Gabriel intervira entre Theodore e Nicolas, tendo seus olhos refletindo bem aquele novo sentimento. Milles e Nicolas emudeceram quando seus instintos berravam em alerta para o vazio e frieza que aqueles olhos castanhos transmitiam.

Sua voz, então, soara tão rouca e ameaçadora como jamais ouvido antes.

— Deixem ele. Agora.

Nicolas estava prestes a peitar seu colega de time e colocá-lo em seu lugar, no entanto, a mão no ombro o impedira. Virando-se para trás, vira Milles encarar seu amigo seriamente, como se realmente temesse a ameaça que aquela voz transmitira.

Prestes a reclamar, Nicolas tivera sua boca coberta por uma mão grande e quente. Um braço forte o segurara firmemente impedindo cada debate corporal seu. Milles conseguira arrastar o seu capitão para longe, sem dizer uma única palavra.

Theodore piscara algumas vezes sem compreender o que havia acontecido. Quando Gabriel virou-se para si novamente, ele sorria gentilmente como se nada tivesse acontecido.

— Não estava com pressa para ir embora?

— O que aconteceu?

— Apenas assustei eles um pouco. — Gabriel ficara diante de Theodore, afagando-lhe o cabelo. — Mas antes você não pode ir embora sem ouvir isso.

— Ouvir o quê?

— Bom dia, Theodore.