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Chapter 15 - Início da partida amistosa

O final de semana finalmente chegara e assim como prometido por sua mãe, Theodore fora deixado no ginásio da escola onde ocorreria o amistoso do time de vôlei. Depois de pegar a imensa bolsa térmica e a outra bolsa contendo toalhas limpas, o rapaz loiro apenas se abaixara na janela para acenar em despedida.

— Me ligue quando terminar, eu venho te buscar.

— Está tudo bem, provavelmente eu vou a pé.

— Você sempre trás mais coisas nos finais das partidas. Apenas deixa que eu te ajudo, hm?

Pete com seu sorriso amigável tornava difícil rejeitar sua oferta. Apertando a alça em seu ombro o garoto loiro apenas concordara com a cabeça acenando novamente, não se esquecendo de mandar um beijo no ar para Lisa.

Assim que o carro escuro virara a esquina saindo de sua vista, Theodore respirara fundo checando a hora em seu relógio no pulso. Tinha chego uma hora e meia antes do combinado. Olhando ao seu redor não encontrara nenhum outro estudante por ali.

Deveria ser o primeiro.

Seguindo o caminho até o ginásio silenciosamente, Theodore repassava em mente todas as suas tarefas. Apesar de ser uma partida amistosa, suas tarefas eram iguais as partidas oficiais. As garrafas com água de todos os jogadores estavam geladas na bolsa térmica. As toalhas que lavara no dia anterior estavam passadas e dobradas na segunda bolsa que carregava. Além disso também trouxera um kit de primeiros socorros e cadernos para fazer avaliações – certamente Nico lhe encarregaria disso.

O que precisava cuidar era pedir os lanches da tarde para os atletas, mas esperaria o técnico do outro time chegar para saber se também iriam querer alguma coisa. E então ao final do dia ajudaria na limpeza da quadra guardando as bolas e a rede.

Retirando uma cartela de comprimidos da calça de moletom, retirou um comprimido o enfiando na boca engolindo em seco enquanto seguia o seu caminho. Pisando na porta do ginásio logo encontrara o seu professor de educação física, que abria a porta.

— Eaí Moss, chegou cedo hoje.

— Boa tarde professor. Vim mais cedo pra ajudar na arrumação da quadra.

— Sempre de prontidão, não é garoto? Venha, venha, eu te ajudo com a rede.

Portas abertas e o cheiro amadeirado lhe davam as boas vindas. Aluno e professor logo deixavam seus pertences em um canto do ginásio, seguindo para o depósito onde eram guardados os instrumentos esportivos. A rede era grande e um tanto quanto pesada, mas Theodore conseguia lidar muito bem com o seu trabalho.

Para a sua sorte o professor Marcus era alguém com espírito esportivo que só se importava com jogos. Mesmo que os rumores sobre a sexualidade do loiro circulavam entre os atletas, Marcus apenas cuidara do assunto de modo a não interferir no time.

Se não tinha a ver com jogos, não lhe interessava.

Theodore, então, sentia confortável ao lado do seu professor.

Depois de montada a rede e o carrinho com as bolas posicionadas ao lado da quadra, os primeiros jogadores chegavam à quadra. Como de praxe, Theodore ficava em silêncio sentado no banco de madeira retirando as toalhas da sua bolsa e as deixando empilhadas na ponta do outro banco, o mais longe possível de si.

Se alguém começasse a fazer piadinhas sujas só por ter entregue uma toalha, Theodore imaginava que renderia em uma grande discussão mais tarde. Quanto menos contato com os jogadores, melhor.

— Theodore, você veio!

Erguendo os olhos claros para o alto, encontrara o rapaz cujo sorriso era gentil. Aquele que lhe dominara os pensamentos desde o momento em que sentira um abraço quente e uma respiração próxima de si. Piscando algumas vezes para acordar de seus devaneios, o loiro erguera a mão acenando.

— Eaí!

— Pensei que não fosse vir.

Gabriel jogara a bolsa esportiva no chão e se sentara ao lado de Theodore, retirando a blusa de moletom que usava.

— Nico pediu que eu fizesse uma nova análise do time, já que vai ser a sua primeira partida.

— Ah é? Ele pediu isso mesmo?

A surpresa de Gabriel fizera o loiro soltar um riso nasalado.

— Ele é seu capitão, é claro que vai querer tirar o seu melhor desempenho em quadra.

— Digamos que ainda não encontrei uma forma de me relacionar bem com esse capitão.

Theodore concordava com a cabeça, engolindo a pequena ponta de culpa que surgia. Claro que os dois poderiam se dar bem, mas por conta do ômega ter deixado tão claro o seu interesse sobre o aluno novo, Nicolas seria protetor. Provavelmente os dois nunca teriam conversado sobre o que ocorrera no refeitório semanas antes.

Se Theodore não fosse amigo de Nicolas, provavelmente eles seriam bons amigos.

Percebendo o silêncio do loiro, Gabriel esticou as pernas preguiçosamente.

— Então, como costuma funcionar esses amistosos?

Respirando fundo para abandonar os pensamentos incômodos, pela segunda vez, Theodore erguera o rosto para a quadra.

— É uma partida treino. Daqui à duas semanas começam as eliminatórias do intercolegial. Você pode encarar isso como uma forma de se acostumar à jogar contra outras pessoas.

— Acho que agora fiquei um pouco ansioso.

Rindo baixo, Theodore virava o rosto para o amigo bonito dando uma leve ombrada em seu braço.

— Fique de boa. Você é bom, por isso está no time.

Percebendo ter elogiado o rapaz, Theodore sentira suas orelhas queimarem. Imediatamente ele desviou o olhar, puxando a bolsa térmica para perto de seus pés tentando focar em outra coisa que não fosse no rapaz ao seu lado.

No entanto, Gabriel lhe dera um aperto no ombro, aumentando o nervosismo do rapaz.

— Valeu Theodore.

— Pode ir tirando suas patas do meu assistente.

O resmungo ganhara a atenção dos dois rapazes, que se depararam com a figura mais sonolenta vista na face da terra. Nicolas estava com boné e moletom, carregando uma bolsa e um Kapo de uva. As imensas olheiras roxeadas já alertavam Theodore de que seu melhor amigo se encontrava no péssimo humor.

Contrário do aviso baixo, mas repleto de intenção assassina, Gabriel não soltara o ombro de Theodore. Muito bem pelo contrario, apoiara o braço ali, encarando o capitão.

— Boa tarde pra você também, capitão.

Nicolas espreitava os olhos.

— Boa tarde o meu rabo. — Resmungava o rapaz segurando o pulso de Gabriel o obrigando a tirar o braço sobre Theodore. — Se já está pronto, vá se aquecer.

— Não adianta tentar me expulsar daqui, capitão.

Theodore suspirou passando a mão sobre os fios loiros, e então encarara o amigo.

— Não dormiu essa noite? Parece mais cansado do que o normal.

— Acordei agora.

— Agora? — Surpreendia Theodore, olhando o relógio de pulso, percebendo ser quase duas da tarde. — E que horas foi dormir?

Nicolas bebia do seu suco de uva, piscando tão lentamente quanto um bicho preguiça. E então erguera seis dedos das mãos.

— Tá brincando comigo, não é? — Questionava Theodore indignado, recebendo uma negativa do amigo. — Nico! Deveria ter ido dormir cedo pra não ficar todo sonolento na partida.

— Quer que eu durma agora, então?

Theodore bufara em resposta. Com um sorriso debochado no rosto, o alfa se inclinava no banco encarando Nicolas.

— Isso não é muito saudável, capitão. Pode acabar jogando mal...

— De novo, querem que eu durma agora?

O olhar sonolento de Nicolas logo se tornara raivoso. Gabriel e Theodore entreolharam-se e negaram com a cabeça. A conversa fora interrompida pelo grupo de garotas que entraram no ginásio com seus gritinhos e conversas paralelas espalhando feromônios pra todo canto. Os três rapazes, assim como todos os jogadores que haviam chego, acompanharam aquele imenso grupo de meninas entrarem e subirem para arquibancada.

Os poucos lugares que haviam ali foram completamente preenchidos. Faixas e cartolinas com o nome de Milles predominavam o ginásio.

— Mas o que está acontecendo aqui?

— Parece que meus saques já tem um alvo. — Rosnava Nicolas com o canudinho na boca.

Ignorando o amigo, Theodore aproximara de Gabriel para lhe sussurrar.

— É o fã clube do Milles. Mesmo que a gente tente manter em segredo essas partidas de treino, elas dão um jeito de descobrir e vir assistir.

— O cara tem um fã clube?

— Não iria me surpreender se ele fosse capa da revista Capricho de tão popular que ele é. — Respondia Theodore, que desviava o olhar para o capitão do time. — O problema é outro...

Seguindo o olhar do loiro, Gabriel percebia a aura assassina de uma pessoa que parecia sonolenta. Em pé tomando o suco de uva, um baixinho fitava as arquibancadas com um olhar tão vazio que parecia um buraco pronto pra sufocar alguém em seu abismo.

Um arrepio passara pela espinha do aluno novo.

— Ele não teria coragem de jogar bola nas meninas propositalmente, teria?

Os gritos eufóricos ganharam força e ecoaram até fora do ginásio quando o principal motivo dos hormônios pisara em quadra descendo do seu skate. Milles em sua calça de moletom e camisa regata acenava para a arquibancada, espalhando o seu belo sorriso em agradecimento às doces meninas que suspiravam aos seus pés.

Angelicalmente também cumprimentara os demais jogadores do seu time e o técnico, olhando em volta da quadra com um sorriso satisfeito com sua fama.

— Vamos nos aquecer — Comandava Nicolas ao apertar a caixinha de suco já vazia.

Nicolas deixara sua mochila ao lado de Theodore e logo retirou o boné e o moletom, ficando apenas de shorts escuro e a camisa acinzentada. Ignorou por completo toda a doçura que irradiava um certo atleta alfa loiro, indo até o técnico discutir alguns planos de treinamento.

Já Gabriel, que amarrava o tênis, olhava aquele cenário com curiosidade.

— Sinto que se eu pisar na quadra irei morrer.

— Você não, mas o seu amigo já não tenho tanta certeza. — Ria Theodore dobrando a blusa de Nicolas com cuidado.

Percebendo tamanho cuidado com a blusa do amigo, Gabriel engolira em seco olhando a sua própria jaqueta jogada no banco ao seu lado.

— Você vai ficar aqui o tempo todo?

— Sim, por quê?

Gabriel puxara a própria bolsa para os pés de Theodore, e então lhe estendia a blusa que usara ao chegar no ginásio.

— Pode cuidar pra mim?

O aroma perfumado daquela blusa fora um verdadeiro tapa na face de Theodore. Encarando o rapaz de cabelos escuros à frente, não lhe respondera de imediato como gostaria. Talvez fora o seu silêncio que fizera Gabriel aproximar ainda mais a blusa perfumada em sua direção.

Pigarreando para forçar a sua voz a sair nítida, Theodore encontrara coragem pra responder diretamente.

— Tem certeza? Digo... Podem entender que estou mexendo nas suas coisas.

— Estou te entregando na frente de todo mundo. É só um pedido pra cuidar das minhas coisas enquanto treino.

Mordendo o lábio inferior, Theodore estendera as mãos segurando a blusa e a deixando em seu colo. Gabriel alargava um estonteante sorriso nos lábios, bagunçando os cabelos loiros do seu colega de classe. E então, como se aquilo fosse nada, ele seguia para a quadra junto de seus colegas de time.