Chereads / Me apaixonei pelo aluno transferido / Chapter 17 - Cumprindo a promessa

Chapter 17 - Cumprindo a promessa

A partida amistosa terminara com a vitória do time da casa que recebera grandes elogios do outro técnico. O último set transformara a quadra em um verdadeiro campo de batalha, obrigando os jogadores a suarem a camisa para não desistirem da acirrada pontuação.

Para um certo alfa de cabelos escuros, aquela partida durara uma eternidade. Os seus colegas de time se agitavam com o bom desempenho do rapaz, mas ninguém imaginava que ele estaria apenas descontando aquele sentimento tão estranho e raivoso na bola.

"Não olhe. Por que você quer tanto saber o quão próximo eles estão?". Os pensamentos de Gabriel eram outro campo de batalha, e mais agonizante se comparado à quadra. Recriminava-se por sempre fugir o olhar para o banco amadeirado onde aqueles dois sujeitos estavam.

Mesmo que Theodore mantivesse toda sua atenção no jogo e fazia alguma anotação em um caderno, o que parecia incomodar Gabriel era o capitão do time dormindo. Como poderia dormir com aquele griteiro?

Sua mente só tivera descanso quando trocara de lugar com o líbero por um instante, podendo ver Theodore levantar do banco com cuidado para não acordar seu amigo. E então ele fora até os técnicos conversar sobre alguma coisa, deixando o ginásio em seguida.

"Por que se importar com tanto?" pensava o jogador, obrigando-se a voltar sua atenção na quadra.

Theodore era um cara legal e gentil, além de parecer inteligente. Mesmo que Sadie e Milles fizessem questão de falar sobre os rumores do loiro, Gabriel pouco se importava com aquilo. Queria ser amigo dele.

Gabriel queria se tornar próximo de Theodore.

Mas algo estava estranho.

O problema era consigo mesmo.

Já havia notado que não se sentia confortável em ver o rapaz loiro tão perto do capitão do time de vôlei. Imaginara que sentia um certo egoísmo, pois Theodore era receoso consigo algumas vezes. Precisou afirmar não se importar com o fato dele ser ômega para serem amigos. Enquanto que com Nicolas... eles se abraçavam na frente dos demais alunos, sem se importarem com os cochichos.

Tudo bem eram amigos de longa data, Theodore havia comentado isso antes, mas... E se eles tivessem algo a mais?

Não poderia dizer que era impossível.

Afinal... Tinha aquela história de Theodore com o tal Jake. Sendo assim, ele já tinha alguma experiência com relacionamentos com outros caras...

No que raios estava pensando? Precisava realmente ponderar esse tipo de coisa? Era a vida pessoal de Theodore, isso não lhe dizia respeito, certo?

Bufando com raiva dos próprios pensamentos, Gabriel deixara o ginásio assim que o apito soara findando a partida. Pouco se importou com os vivas e os chamados de seu técnico, apenas queria sair daquele ginásio o mais depressa o possível.

Com a toalha enrolada no pescoço descera os degraus do ginásio ficando sentado em um canto sozinho. Puxou o tecido de algodão sobre os cabelos suados, escondendo-se pateticamente de seus pensamentos enlouquecidos.

Não que fosse dar certo.

"Por que pareço ser o único que não pode se aproximar?".

O ginásio ficara barulhento momentos depois, ainda assim Gabriel não levantara a cabeça. Nem soubera quanto tempo permanecera sentado na escadaria perdido em seus questionamentos. Apenas assustou-se quando algo gelado tocou sua nuca.

Virando a cabeça repentinamente para trás, encontrara Theodore segurando uma sacola e uma latinha de coca cola.

— Deve estar com fome depois daquela partida. Encomendei alguns hambúrgueres para o time, não sei se é do seu gosto...

Pegando a latinha de refrigerante e a sacola com o tal lanche, Gabriel apenas concordara com a cabeça em uma resposta muda. Tirando o hambúrguer da sacolinha plástica o cheiro fizera seu estômago reclamar de fome. Mordera um grande pedaço, quase revirando os olhos de prazer por comer alguma coisa.

Ouvindo um leve riso vindo do seu lado, Gabriel lembrou-se de que Theodore ainda estava ali. Havia se sentado ao seu lado e também comia um lanche parecido ao seu. Mas o que realmente lhe chamou a atenção era a distância entre eles. Uma pessoa poderia sentar entre os dois com facilidade.

Dependendo da sorte que tinha, a única pessoa que faria questão de ficar entre eles era um certo baixinho.

— Pensei que estivesse com o capitão...

As palavras malditas escaparam de seus lábios sem sua permissão. Gabriel se repreendeu em mente, tratando de enfiar o lanche na boca para ocupá-la antes que outra baboseira fosse proferida. Ainda assim, olhara de canto pra Theodore curioso sobre sua reação.

Theodore ficara em silêncio e então o olhara diretamente. O alfa não recuara o olhar de maneira alguma, pois desejava saber a resposta. Da qual viera logo em seguida.

— Quando ele sentir o cheiro de comida, irá acordar sozinho. Será o suficiente pra acalmar os ânimos.

Gabriel balançara a cabeça ainda comendo o lanche. Queria fazer tantas perguntas, mas não tinha coragem nem pra organizá-las em sua cabeça. Por um momento percebera que só de estar ali sentado na escadaria, comendo hambúrguer em silêncio do lado de Theodore já era confortável para si. Era algo bom. Mesmo com a distância entre eles.

Só que esse momento logo fora empurrado com violência quando lembrara-se de Nicolas jogando a sua blusa pra livrar o colo de Theodore. Mesmo que ela tivesse sido impecavelmente dobrada e aquecida no colo do ômega, aqueles detalhes se desfizeram quando caíram em seus braços.

— O jogo foi tão cansativo assim pra você? — Ouvindo a voz soar curiosa despertara Gabriel dos seus pensamentos. Erguendo o rosto, via Theodore o encarando enquanto bebia um gole de coca cola. — Está bem quieto agora.

— Estou? — Theodore concordara com a cabeça rapidamente, e Gabriel só pode lhe dar um sorriso ladino pra esconder a vergonha — Deve ser o cansaço mesmo.

— Vi que saiu do ginásio assim que o jogo terminou. Se estou sendo intrometido já me desculpo, mas você parece incomodado com alguma coisa.

Gabriel tivera que desviar o olhar, pois sentia que poderia abrir o sorriso mais besta em sua face. Theodore havia reparado em si, e também parecia preocupado agora. Isso não seria um sinal de que eles já haviam se tornado bons amigos?

— Nada demais... Apenas uns pensamentos irritantes.

— Oh... O aluno novo já está irritado com alguma coisa?

O moreno soltara um riso nasalado, abocanhando o final do seu lanche antes de amassar os guardanapos. Bebericando um gole da coca, permanecera em silêncio tentando buscar uma resposta adequada.

— Não estou irritado, só incomodado. — Ria Gabriel disfarçando a vergonha baixando a cabeça.

A toalha escondera a expressão envergonhada do rapaz, mas a brisa suave e refrescante criara uma brecha para Theodore. Gabriel, então, se surpreendia quando as mãos do loiro lhe tocaram a cabeça, esfregando a toalha em seus cabelos.

— Você está todo suado. Se pegar vento vai ficar doente.

Mal ouvira aquelas palavras com nitidez. Gabriel só conseguia ouvir o som de seu coração batendo tão acelerado quanto uma locomotiva. Seus ouvidos deixaram de escutar qualquer outro som, pois todos os seus sentidos estavam voltados pra aquele toque na sua cabeça.

A mão de Theodore era grande, seus dedos eram finos e delicados. Esfregava seus cabelos com suavidade e delicadeza, como se tomasse todo o cuidado do mundo para não machucá-lo. E seus olhos claros estavam focados em sua tarefa, mesmo que sua expressão fosse suave.

Prestar atenção em Theodore fizera o coração de Gabriel acelerar cada vez mais. Era o máximo de proximidade que conseguira desde que o abraçara...

Oh.

Céus.

Aquela vez havia abraçado Theodore.

As lembranças daquela tarde haviam sido esquecidas para o bem estar do seu coração. Gabriel chegara a sonhar com o abraço, com o quão quente estava o corpo de Theodore, e o quão acelerado estava seu coração. Só que o que acabava tirando-lhe a razão era o desejo de apertá-lo contra si cada vez mais por sentir seu cheiro intensificar.

Agora aquele calor estava sobre sua cabeça, perto o suficiente de si. Poderia quebrar a distância entre eles somente puxando o seu pulso. A mera ideia aumentava o seu nervosismo, o fazendo fechar os dedos em punho para se conter.

Queria abraçá-lo.

Não queria ser o único a não ser capaz de tocá-lo.

Engolindo em seco, Gabriel baixara os olhos reprimindo aqueles desejos.

— Posso te pedir uma coisa, Theodore?

Ouvir a própria voz fizera Gabriel se recriminar. Ela soara tão baixa e estranha aos próprios ouvidos, que chegava a querer fugir de Theodore. Pela maldita segunda vez sua boca falava o que não deveria.

— Pode, o que foi?

Fechando os olhos e cerrando o punho, Gabriel tentava se conter. Mas o toque quente de Theodore ainda estava sobre sua cabeça, enxugando os cabelos em sua nuca. Aquele toque simplesmente puxava as memórias daquela tarde, onde ficaram tão perto e próximo atrás de uma palmeira.

Maldito fosse o momento em que seus olhos buscaram as pérolas azuladas. Pois a partir daquele momento, vendo a curiosidade tão genuína naquele rapaz loiro fora o suficiente para ouvir algo se romper dentro de Gabriel.

Uma corda vermelha.

Ela se rompera.

O garoto alto segurara o pulso de Theodore com certa força e urgência, o puxando para si até que seus ombros tocassem seu peitoral. Mesmo que o braço livre envolvesse o loiro em um abraço, Gabriel não soltara do pulso dele temendo a sua fuga.

Aproximando seus lábios do lóbulo, permitira que aquela voz tão estranha fosse mostrada ao mundo.

— Poderia não deixar o capitão tão perto de você?

Lentamente ele sentira o corpo de Theodore enrijecer em seus braços, e um aroma adocicado lentamente se tornando presente. Permanecera naquela posição estando sensível à cada movimento de dele. Sua mão livre espalmada em suas costas o apertara mais contra si, lhe dando a maravilhosa percepção de um coração batendo acelerado contra o seu.

— Por quê?

A voz baixinha e receosa de Theodore estraçalhava cada vez mais a sanidade de Gabriel. Estava em uma corda bamba, sentia que à qualquer momento encontraria forças para recobrar a consciência e afastar o loiro. Por isso seus desejos lutavam bravamente pelo controle da consciência. Não se dariam por vencido até que conseguissem o que tanto queriam.

— Porque me incomoda.

Ouvindo vozes dentro do ginásio aumentando, provavelmente o horário de intervalo chegaria ao seu fim. Imediatamente Theodore espalmara as mãos no peito de Gabriel, o empurrando para se soltar do abraço.

Ele se deixara afastar apenas para ver seu rosto. E a visão que tivera o prazer de agraciar fora de Theodore com as bochechas rosadas e os olhos arregalados de surpresa. Algo da qual Gabriel marcara no fundo de sua alma para não se esquecer.

Era nítido a confusão em Theodore. O loiro escondia a vergonha desviando o olhar e cobrindo a boca com o dorso de sua mão. Ainda que tentasse fugir, ele lhe questionava mais uma vez.

— Por quê?

Gabriel não sabia dizer se a pergunta era pro abraço ou para seus motivos, tampouco se importara. Aqueles míseros segundos em que pudera sentir o calor de Theodore em seus braços, e ainda sentir o seu coração batendo foram o suficiente para que o mau humor fosse embora.

Então, esboçara um sorriso cavaleiro para o loiro.

— Porque você disse que eu poderia fazer o que quisesse.

Sem nenhuma palavra sendo dita, Gabriel tivera de se levantar ao ouvir o chamado do técnico para começarem o treino. E diferente do último set em que algo o incomodava, agora estava leve.

Realmente Theodore lhe salvava, agora até de sensações desconfortáveis.