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Chapter 18 - A rusga de Milles & Nicolas

Na segunda feira Gabriel chegara na escola de bom humor. Como de costume, se sentara no banco perto da fonte onde seu novo grupo de amigos se encontravam e acenavam para si. Sadie o recebera com um sorriso contagiante ao puxá-lo pelo braço.

— Bom dia Gabi! Fiquei sabendo que arrasou no treino de sábado.

— Bom dia — Cumprimentava o rapaz, já abrindo seu sorriso gentil de costume. — Não fui o único, o time todo foi muito bem.

— Não foi o que meu irmão me contou...

Sadie olhara para Milles, que deixara de praticar em seu skate só pra participar da conversa.

— Não estou mentindo, se é isso o que estão pensando.

— De qualquer forma, estávamos pensando em ir à uma festa nessa sexta. Lembra que eu falei sobre ela?

— Festa? — Gabriel ponderou por alguns instantes.

Seus pais haviam pedido que tratasse bem a garota, já que era filha de seu chefe. Mas também pediram que se enturmasse com os jovens da cidade, para ficarem tranquilos de que o filho estava bem. Gabriel não poderia negar um pedido dos pais, e por isso concordara com a cabeça ao convite, fazendo a garota arreganhar ainda mais a boca dando pequenos saltinhos de felicidade.

— Será na casa da Fabi, de noite. Podemos dormir lá caso alguém fique bêbado...

A garota rolara os olhos para o irmão mais velho, que apenas lhe mostrara a língua infantilmente.

— Não serei o seu babá, pirralha. Não estregue os meus negócios, que eu não estrago os seus.

— Não tenho negócios, maninho. Apenas quero me divertir.

Milles sorrira maliciosamente para a irmã, como se compreendesse o significado daquela diversão. Desviando os olhos para o aluno novo, o loiro alto fora ao seu lado abraçando seu ombro.

— Temos que fazer uma bela despedida, já que depois disso seremos escravizados pelo diabo.

— Falando no diabo...

O grupo seguira o olhar de Sadie sobre o capitão do time de vôlei que acabava de chegar. Escondido no boné e na toca de seu moletom, ele seguia para a tabebuia amarelada onde outro garoto loiro lia silenciosamente.

Gabriel deixara as mãos no bolso para assistir a interação. Theodore falava alguma coisa pro amigo recém chegado, e o outro apenas se sentara ao seu lado descansando a cabeça em seu ombro. Como se soubesse estar sendo vigiado, o loiro recluso encarara o grupo de jovens, em especial retribuía o olhar de Gabriel.

Theodore desviou o olhar e voltara a ler seu livro. Não afastara Nicolas de seu ombro, porém também não o fizera se deitar no seu colo como no sábado.

— Aquele pequeno demônio deve estar reunindo energia pra acabar com a nossa vida de tarde.

— Falando desse jeito, até parece que você não aguenta o treino.

— Cala a boca pirralha. Você mau consegue acertar a bola.

Rindo da briga entre os irmãos, Gabriel respirara fundo dando as costas para as tabebuias floridas.

— Vamos pra aula antes que vocês dois comecem a se matar no pátio.

O grupo logo abandonara a fonte e seguiram para dentro do prédio, mas sem deixarem de brincar e andar lentamente. Estando mais atrás com privacidade, Sadie soltara o braço do alfa sem diminuir a proximidade.

— Estou feliz que vá na festa na sexta. Muita gente quer te conhecer, e você pode fazer mais amigos por lá.

— Valeu pela consideração. Mas não precisa se preocupar comigo nesse ponto.

— Até que se acostume com a nossa escola, pelo menos. E a gente pode se conhecer mais...

Gabriel sabia das intenções da garota, ela não seria diferente de tantas outras com quem já estudara anteriormente. Elas sempre iriam lhe dirigir sorrisos e boas palavras só pra lhe distrair enquanto se agarravam ao seu braço como uma predadora impedindo sua presa de fugir.

Não se importavam em questionar sobre seus sentimentos, se gostava de que o tocassem ou não. Apenas faziam o que bem queriam só pra elevarem seus status na escola. Gabriel sabia muito bem disso, e já sofrera o suficiente no ano anterior.

Parando de caminhar, erguera os olhos para a ômega que estava alguns passos na sua frente. Ela o encarava curiosamente, não deixando mostrar nenhum sinal de malícia.

— Sadie, você não gosta de mim, gosta?

A garota emudecera repentinamente, ficando vermelha. Olhava de um lado para outro verificando se alguém estava por perto, até ela retroceder alguns passos para perto de Gabriel. Ali inclinou a cabeça infantilmente negando com a cabeça.

— Por que acha isso?

— Impressão minha. Mas se eu estiver errado, tudo bem.

Sadie abria um sorriso nervoso erguendo os ombros retomando a compostura. Os dois colegas caminharam lado a lado.

— Mas... E você? Está gostando de alguém daqui?

A pergunta da garota soara inocente, mas quando chegara ao cérebro de Gabriel ele só pudera se lembrar do que acontecera no sábado. Da sensação aconchegante de ter abraçado uma certa pessoa, e do quão contente ficara em ver a expressão envergonhada nele.

Queria ver aquela expressão novamente.

Queria causá-la em Theodore.

Isso era um jeito de mostrar que os dois estavam ficando próximos, não? Era isso o que queria. Ser amigo de Theodore. Assim como demais amigos, poderia brincar com ele, abraçá-lo e bagunçar seus cabelos. Fazer piadas, saírem para se divertirem criando memórias juvenis.

Não era isso o que queria?

Ainda com as mãos no bolso da calça social preta, Gabriel suspirava pesado em notar que a confusão em sua cabeça parecia seguir para um caminho nem um pouco querido. Por isso sorrira para a doce garota ao seu lado.

— Não, ninguém em especial.

Sadie balançava os cabelos tornando a saltitar pelo corredor, completamente alegre pelo caminho livre até a sala de aula. Aproveitando os minutos antes do sinal tocar, o grupo barulhento de amigos conversavam em frente da sala.

O irmão mais velho dos Mckenzie parecia bem humorado ao falar alto e dar risadas. Sua presença simplesmente brilhava ao lado da irmã mais nova, que também deixava claro a sua presença ali ao tagarelar. Aqueles dois eram a alma daquele pequeno grupo, percebia Gabriel.

— Eu posso pegar o carro do meu pai para levar vocês na festa.

— Vamos a pé, eu quero beber.

— Eita! Alguém falou sobre levar alguma coisa?

— A gatinha provavelmente vai pegar dos pais dela. — Ria Milles, arqueando a sobrancelha arrogantemente. — Falando nisso, você bebe, Biel?

Reprimindo torcer o nariz para mais um apelido, Gabriel apenas negou com a cabeça.

— Sou de menor.

— Não seja careta! Todo mundo na festa vai beber alguma coisa...

— Sinto muito, ser careta é muito viciante pra mim. — Ria Gabriel, apertando os ombros de Milles com certa força — Não quero preocupar os meus pais, por isso não preciso de álcool pra ser considerado um cara legal.

— Está falando sério? — Voltando a colocar a mão no bolso, Gabriel movera os ombros de jeito desinteressado. — Se é assim... Então tudo bem, eu te respeito cara.

— Vão ficar empatando a porta da sala até quando?

O resmungo mau humorado fizera Milles olhar para trás e para baixo, encontrando Nicolas com seu nítido mau humor. Gabriel até dera um passo para o lado liberando a passagem, mas o mesmo não fora feito pelo alfa loiro.

Cruzando os braços sobre o peito e erguendo o queixo em uma pose prepotente, Milles abria um sorriso ladino para o capitão do time de vôlei.

— Qual é baixinho, sabe ser educado não? Ou será que sua esposa não ensinou boas maneiras?

O olhar malicioso do rapaz foram direto para Theodore, que se encontrava logo atrás de Nicolas. O loiro não transparecera incômodo, apenas inclinou levemente a cabeça quando Nicolas respondia.

— Por quê? Quer ficar no lugar dele pra me ensinar a ser um bom garoto?

— E se eu quiser?

Milles dera um passo ficando perto de Nicolas, não perdendo a pose amedrontadora ao exalar feromônios. Porém o mais baixo sorria ladino, segurando a camisa do mais velho o obrigando a se inclinar na sua direção.

— Cai dentro.

— Nico, a professora logo vai chegar.

O baixinho, mesmo que contra gosto, largara a blusa do terceiranista. Milles ajeitava a blusa sem desviar os olhos furiosos do menor, que o empurrara com força para o lado abrindo passagem pra sala.

— Sai da frente babaca.

— Isso não vai ficar assim!

— Estarei esperando a sua birra, maternal. — Sorria Nicolas acenando, mesmo de costas.

O grupo de estudantes assistiam os outros dois entrarem na sala sem parecerem incomodados com a discussão. Gabriel se encostava na parede apertando a alça da mochila sobre seu ombro, acompanhando com o olhar um certo loiro seguir o seu melhor amigo até o fundo da sala.

— Esse baixinho me dá nos nervos. Sempre se achando só por ser o capitão do time — Reclamava Sadie ao lado de Gabriel.

— Vocês o provocam também.

Tanto Sadie quanto Milles olhavam para o alfa com surpresa. Gabriel pouco se importou se suas palavras fossem mau interpretadas, ele sequer prestava tanta atenção já que estava ocupado observando Theodore arrumar seu material.

— Tá falando que fui eu quem começou isso?

Virando o rosto para o terceiranista, Gabriel suspirou deixando alguns tapas nas costas de Milles.

— Você gosta de provocar Nicolas, então imagino que pra você seja divertido.

— Caralho, nem fudendo! Ele simplesmente me irrita.

— Tá certo, tá certo. Não está mais aqui quem falou. Aproveite a aula pra acalmar os nervos.

Gabriel, então, olhara para Sadie e a convidara com o olhar para entrarem na sala. A garota muda com a discussão, assentira antes de acompanhar seu novo paquera. Deixado para trás, Milles bagunçava os cabelos loiros resmungando, e talvez xingando um certo capitão do time de vôlei.