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Chapter 6 - Capítulo 5: Big Bad

Karol se mantinha de pé com dificuldade, eu a ajudava a caminhar o máximo que podia, mas estávamos no meio do nada e naquele ritmo ela acabaria morrendo antes de chegarmos em um hospital. A única coisa que eu ouvia era a respiração pesada dela e os ocasionais gemidos de dor que ela soltava involuntariamente.

Eu até cogitei a ideia de deixar ela aqui e voltar pra casa correndo, ainda mais que o Flying Dutchman deve estar querendo eliminar a mim e a minha família, mas agora mais do que nunca eu preciso de aliados, por mais que eu esteja preocupado.

—Pra onde tá me levando?—Ela finalmente abriu a boca, pena que foi pra fazer uma pergunta óbvia.

—Pro hospital.

—E como eu vou explicar que tem uma faca cravada na minha barriga?

—Se vira, não vou deixar você morrer.

—Por que está tão preocupado? Hoje cedo você disse que não me ajudaria.

—Agora eu não tenho escolha, ela te levou porque queria saber se eu era uma ameaça pro Flying Dutchman e quando eu te ajudei ficou claro que eu era.

—Então você...

—Vou te ajudar, vamos achar e matar aqueles dois.—A expressão dela suaviza por um instante, provavelmente deve estar feliz Agora que eu decidi ajudar.—Mas primeiro temos que levar você pro hospital.

Assim que terminamos a conversa, alguma coisa começou a brilhar a nossa frente, era como um buraco, uma distorção em pleno ar, e no seu centro eu podia ver... o hospital! Mas precisamente, no estacionamento.

Agora eu entendi, isso é um portal! Mas quem fez isso? Quem nos ajudou?

"Eu sou o demônio que reside dentro do seu ser."

Essa voz... Hatter?

"Meu poder é vosso para comandar, vossa vontade nos levará para as estrelas. Basta uma ordem e a porta para onde seu coração deseja ir será aberta."

Entendi, então o poder do Hatter é de abrir portais! Isso vai ser muito útil.

—Vamos.—Disse olhando pra Karol apoiada em mim.—Não vou sair do seu lado, e não vou deixar ninguém se aproximar de você.

Eu atravessei o portal junto com ela, foi como simplesmente dar um passo adiante, não senti nada de diferente, mas estava alí, no hospital.

—Por que você me ajudou?—Ela não cansa de fazer essa pergunta? Estava prestes a repetir a resposta anterior quando ela me cortou.—Não estou falando de agora, eu quero dizer quando encontrou ela, você podia ter ido embora e me deixado pra morrer, por que decidiu me ajudar mesmo sabendo que acabaria tendo que se juntar a mim?

A olhei fixamente para aquelas íris azuis acinzentadas como se estivesse procurando nelas uma resposta, nem mesmo eu sabia o porque fiz isso, eu não ligo pros problemas dela e não queria ajudar, então por que eu fiz isso?

Eu só conseguia encontrar uma única resposta:

—Na hora parecia o certo a se fazer.

Com minha resposta, ela se calou, talvez não fosse a resposta que esperava mas era o bastante, eu também me conformei com isso, afinal, quando se segue o coração você acaba agindo inesperadamente.

Após ter inventado uma desculpa qualquer pros médicos, abri um portal pra casa, mais precisamente pra onde a minha mãe estava, ela me olhou surpresa mas logo se acalmou, provavelmente já deve ter visto algum Fable capaz de criar portais.

—Onde você esteve esse tempo todo?—O olhar dela desceu até minha camisa manchada de sangue e o desespero tomou conta de seu rosto.—Esse sangue...?

—É da Karol, nós fomos atacados e ela acabou sendo esfaqueada, eu trouxe ela pro hospital.

—Atacados? O que houve? Me conta essa história direito.

Ela já havia atravessado o portal e estava do meu lado, as pessoas nos olhavam curiosas e surpresas, mas como a maioria tem mais o que fazer, todos voltaram ao que estavam fazendo.

Expliquei toda a situação a ela, desde o sequestro da Karol até a usuária que não morria, mamãe ouviu tudo calada, provavelmente absorvia toda a informação antes de dizer alguma coisa.

—Entendo, devemos ter cuidado mais do que nunca agora, podemos ser atacados a qualquer momento.—Ela me olhou do nada com um sorriso no canto da boca e a olhei confuso.—Nada não. Enfim, temos que ficar de olho na Karol, provavelmente vão tentar matar ela enquanto se recupera do ferimento.

—Pensei o mesmo, por isso te chamei, pode tomar conta dela uns minutinhos? Tenho que fazer uma coisa importante.—Ela sorri outra vez, sério, o que deu nela hoje?

—Claro, pode ir, não vou deixar ninguém chegar perto dela.

—Valeu.—Digo abrindo outro portal.—Eu já volto.

Entrei pelo portal e sai bem onde eu queria: a delegacia da cidade, Isabella quer brincar com a gente? Pois vai ser pelas minhas regras.

Adentrei o lugar e fui logo até o recepcionista.

—Boa noite, eu queria fazer um boletim de ocorrência.—O homem de meia idade me olhou por alguns instantes antes de digitar algumas coisas no seu computador.

O que se seguiu foram algumas sessões de perguntas sobre o ocorrido, eu disse a eles que eu e uma amiga fomos atacados na calada da noite por uma mulher, minha amiga acabou sendo esfaqueada e agora se recupera no hospital, a criminosa fugiu mas consegui memorizar seu rosto, eles fizeram um retrato falado da Isabella com base na minha descrição e disseram que fariam o possível pra afastar a suspeita das ruas.

Durou bem mais do que eu havia previsto, já passava da meia noite quando fui liberado, em circunstâncias normais eu teria medo de andar na rua a uma hora dessas, mas com o Hatter isso já não é mais problema.

—Denunciar a Isabella à polícia? Engenhoso, mas imprudente.—Ouvi uma voz assim que sai da delegacia, você só pode estar de brincadeira comigo...

O dono dessa voz aparece, um homem alto, talvez passando os dois metros, a pele marrom clara e os músculos bem definidos, uma cicatriz atravessando o olho esquerdo, mas pelo jeito o golpe não o cegou, seus dois olhos ainda eram de um profundo verde, possuía um corte rasteiro com um degradê em baixo, simples, mas bonito, as roupas eram típicas pra quem não quer chamar atenção, um sobretudo marrom com uma camisa branca por baixo, uma calça jeans bastante justa e coturnos pretos, por acaso o Flying Dutchman só contrata gente bonita? Eu estaria babando nesse cara se não fosse o fato dele querer me matar.

—Eu sou-

Ele começou a falar e só o cortei.

—Eu não me importo.—Ele me olhou em misto de confusão e surpresa.—Eu prometi à minha mãe que só demoraria alguns minutos e já tô atrasado, então eu não me importo com quem ou o que você seja, se entrar no meu caminho...

Mostrei o olhar mais ameaçador que eu conseguia mostrar e invoquei o Hatter.

—Eu mato você.

Ele fez menção de avançar na minha direção mas eu já estava de saco cheio, abri um portal a minha frente e imediatamente uma corrente de água explode de dentro dele, acertando-o como um míssil e o jogando pra longe com a força da pressão, abri outro portal atrás dele por onde seu corpo desapareceu e depois abri outro portal pro mesmo lugar e entrei nele.

Ele rolou pelo chão da floresta em que estávamos tentando se recuperar, o mesmo cuspiu um pouco de água e tentou se levantar mas o impedi pisando em seu pescoço, chamei o Hatter e já apontei a arma pra sua cabeça.

—Eu devia abrir um buraco na sua testa, mas tô sem tempo, então aqui vai um aviso, se eu te ver outra vez, abro um portal pro Alaska e te jogo lá pra morrer de frio.

—Eu sou só um mercenário...—Ele disse com dificuldade por conta do pé no seu pescoço.—Fui contratado pra te matar mas tá na cara que não vale a pena, eu não te incomodo mais, eu juro!

Era patético ver um homem com quase o dobro do meu tamanho implorando pela vida, mas o soltei.

Já abri um portal pra ir embora quando ouvi passos a nossa volta e os arbustos se mexendo, de repente alguma coisa pulou por entre as árvores a avançou em mim bem rápido, mal tive tempo de invocar o Hatter antes daquilo estar a metros de mim.

—Big bad!—Ouvi a voz do tal mercenário e então outra coisa vem por trás de mim e agarra aquilo que tinha me atacado, olhei de novo e percebi a forma de um lobo, um que andava em duas patas e tinha o corpo de um homem, o pelo cinza daquele Fable balançava no vento enquanto ele segurava aquela pessoa pelo pescoço.

Aquilo era um Fable, óbvio, mas não prestei muita atenção na sua forma, eu estava mais era surpreso por ele ter me ajudado.

—Essa é por conta da casa.—Olhei por cima do ombro e o vejo fazendo um sinal positivo com a cabeça ainda sentado no chão.

Sorri em saber que tenho um novo aliado, Hatter apareceu e deu um tiro na cabeça do Fable, o sangue negro dele manchou as árvores, o som do tiro ecoou pela floresta e o cadáver do usuário caiu de uma das árvores, esse foi o primeiro usuário que eu matei, e não poderia ter sido melhor!