Anseio por ti
Anseio por teu perfume
Anseio deflorar teus lábios somente
Anseio enquanto escrevo estas palavras a tinta e pena
Emália correu as escadas adentrando no quarto de Marienny colocando o primoroso vestido cor vinho com brocados na cama. A condessa saiu do banho de leite e rosas e não se incomodou nem um pouco de mostrar sua nudez a amiga, que por sua vez, ficara encantada e envergonhada. Os belos traços e curvas de Marienny incitavam sedução e pura beleza. Seus ondulados e longos cabelos ressaltavam com amplitude todo o resto.
- Lindo vestido, seu pai fez uma costura esplendida - alegrou-se medindo o vestido no corpo nu.
- Esse é nosso presente para a condessa - Emália esboçou um sorriso de constrangimento e contentamento.
- Ah! - Marienny deu um grito de exaltação abraçando o vestido. Abraçou também Emália que sentiu a maciez e perfume dela. - Você virá a festa não é lady Emália?
- Oh, sim. E devo ir-me já para casa aprontar-me.
- Não, ainda não, deve me ajudar primeiro - lembrou-lhe a condessa.
- Desculpe-me.
- Não se abale, ainda está cedo, depois vá ao quarto de meu irmão.
- Por que deveria ir condessa, será inconveniente e meu primo Lourenço o ajudará.
- Você tem um primo?
- Sim. Ele confeccionou junto a meu pai suas roupas.
- Quero conhecê-lo pessoalmente. Ele vira a festa?
- Senhora fomos convidados somente eu e meu pai.
- Que absurdo Emália. Não desconsiderarei nenhum dos meus alfaiates de mão de fada.
- Mãos de fada - Emália riu.
- O convide, pois o quero como meu acompanhante.
- Se é do seu desejo, assim o será.
Saiu. Passou em frente ao quarto do conde. Lutou para bater na porta e perguntar-lhe se não precisaria de ajuda. Mas quando se virou para partir a porta rangeu abrindo-se sozinha. Um convite tentador. Pode ver de relance o peito nu do conde.
- Entre - ele disse já sabendo intuitivamente de sua presença.
- Senhor... Eu vim auxilia-lo. Desculpe. Meu primo deveria ter chegado.
- Não há problema senhorita Emália. Venha, ajude-me.
- Ai - exclamou ao sentir o dedo ser espetado. - Que grande mal feito - resmungou - como Lourenço pode esquecer um alfinete.
O conde vertiginou ao ver o sangue no dedo de Emália. Respirou e controlou o sombrio desejo que queria se apoderar do seu ser. Deu-lhe um de seus lenços.
- Oh, senhor eu o lavarei e devolverei limpo.
- Não se incomode - apertou o lenço sobre os dedos de Emália. Não resistiu e puxou-a para perto de si. Sentiu o perfume de sua pele invadir suas narinas. Seu delicado e macio pescoço parecia chamar pelo toque de sua boca. Ele a abraçou num misto de desejo e razão. A razão sobrepôs o desejo, então a soltou.
- Perdão lady Emália - falar seu nome era como se transcorresse desejo em suas veias. No entanto precisava do controle acima dele.
- Senhor, eu é que peço perdão, não deveria ter entrado na sua intimidade. Eu...
- Shiii! Não. Eu a desejo tão somente. Preciso dizer. Ou do contrário explodirei.
- Senhor...
- Cale-se - disse com aspereza suave. Aproximou-se dela e tocou em seus lábios. Ela amoleceu com seu toque casto, que parecia molda-los como se rabiscasse um papel de seda. Levantou seu queixo para que possibilitasse que a boca dela fosse acessível a sua. Beijou-a como se tivesse beijando uma rosa. Emália paralisada só pode entregar-se inocentemente ao beijo poético.