Possuo-te
Devoro-te
Bebo-te
Saboreio-te
Molho-te na pena e faço de ti uma poesia
Ronald desconfiava que um dos parlamentares da corte o investigava secretamente. Levara Vladminsk a uma das reuniões na qual fora bem recebido e elogiado por muitos. Foi cansativo, mas tivera que ler quase todas as mentes para confirmar a suspeita de seu tio. Enfim, descobrira. Um nobre muito influente, o Duque Baslay. Um dos poucos que não simpatizava com o conde e muito menos com Ronald. Seu irmão mais novo fora uma das vitimas dos estripadores. Três réus foram condenados à decapitação, no entanto os crimes continuaram ocorrendo. Desde então o Duque não dera mais credibilidade a capacidade de Ronald capturar os culpados.
Em uma tarde de chá com o tio, Vladminsk discutira a respeito do que fazer com o Duque. O tio ainda não decidira o que fazer. Apenas que ia continuar seu trabalho. Mas agora eles teriam de usar outro método de julgamento para com os réus.
Emália com ajuda de Lourenço conseguira comprar um local espaçoso para montar o novo atelier da família no mesmo bairro nobre que moram. Marienny trouxera vinho para comemorar. Um dia por descuido Lourenço descobrira o segredo da condessa. Por mais que ela o hipnotizasse, os fragmentos sempre se juntavam e ele relembrava tudo. Para sua sorte ele estava apaixonado completamente por ela e pedia insistentemente que o transformasse. A condessa relutava, mas ficara encantada pela coragem do rapaz.
- Hoje à noite – sussurrou no ouvido dele. Vou realizar seu desejo. Ele sorriu contente.
O fim da tarde se transformara em noite. Lourenço estava ansioso e com medo. Prometera nunca revelar o segredo da condessa. Entrou no quarto dela com uma bandeja de chá. Ela surgiu nua e molhada, após sair do banho. Pediu que ele se despisse e a acompanhasse na cama.
- Você vai me hipnotizar?
- Não. Você terá que sentir. Ficar lúcido. Saber como é – falou mordendo suavemente os lábios do rapaz que já estava embriagado pela sedução de Marienny. Os dois se fizeram caricias. Durante o sexo na hora do clímax ela cravou suas presas no pescoço dele sugando o suficiente que precisava.
Vladminsk, o julgador de réus assassinos. Assombrava as sombras dos condenados na noite londrina. Uns sugava e colhia seus sangues, outros hipnotizava sob o comando de seu tio que os levava preso para serem julgados pela corte. Por mais que Ronald se esforçasse perante o parlamento, o Duque Baslay ainda não se convencera da sua capacidade. Porem Ronald já não ligava mais, pois o duque não era o único a qual teria de provar sua competência.
Ao finalizar o tratamento, o senhor Holths demonstrara uma jovialidade e animação excepcional. Emália acreditara que fora por causa da medicação e os cuidados. Estava feliz por seu pai está com saúde e bem. Mas esse melhoramento se devia ao sangue de Marienny que a mesma misturava aos remédios. A questão era que o senhor Holths em uma noite vira a porta entreaberta do quarto da condessa e sem querer a vira mordendo homens como se fosse uma fera incontrolável. Não soube o que fazer, pois ficara completamente aturdido sem saber se teria sido um sonho ou já estava com suas faculdades fracas por causa da doença.
Lourenço se retorcia trancafiado no porão esperando a dolorosa transição acabar. Concluída, Marienny daria de seu sangue e tudo ficaria bem. E foi feito. Agora ela o domesticava para aprender a controlar suas emoções e se comportar de maneira adequada na sociedade. Era um processo que exigia paciência e maestria. E isso ela tinha de sobra. Pois foi assim que aprendera do seu transformador. Seu tio Rosnan, o duque de Vladneski. Toda vez que Emália perguntava por seu prima recebia a mesma resposta de Marienny, que ele tinha pego a mesma virose do senhor Holths.
A pena encharcada de tinta e sangue deslizava como a suavidade de uma pluma vagante no papel, fazendo o contorno perfeito das palavras pela mão que a conduzia. Assim nasciam as poesias em sangue de Morion Vladminsk Rossien. Caligrafia com o sangue de seus réus.