Emália passeava nos jardins da mansão na companhia de Raysson Vladnesk. Segurava uma cesta com dez ramos de rosas. Queria enfeitar os vasos da mansão com as mesmas. Seus cabelos estavam ornados com raminhos de flores de jasmim, sustentados por um fino arco dourado. Parte de seus cachos caiam pelas costas e ombros, formando uma cachoeira. Raysson podia sentir o perfume dela. Ele a ajudava, cortando os ramos onde ela indicava. Seu corset discreto de renda, ainda lhe proporcionava uma sensualidade suave. Quando sua longa saia ficava presa em galhos espinhosos. Raysson a desprendia. Aos poucos ele fora entendendo a razão de Vladminsk ter se apaixonado por Emália. Era fascinante o modo delicado como que ela se mexia ou andava. Não era esnobe. Mantinha uma elegância sem deixar de manter sua humildade. Seu rosto exalava uma beleza sutil. Inocente até. E seu olhar meigo era capaz de aprisionar ate mesmo a pior das feras. Quando ela o olhou de perto, Raysson estremeceu por dentro. Uma vontade perturbadora o invadiu. Desejou beija-la nesse momento.
- acho melhor, condessa... – salivou. – irmos – sugeriu.
- desculpe-me, duque Raysson – disse. Eu não queria ser cansativa.
- não. A condessa não é. Eu apenas...- se atreveu a tocar no queixo dela.
Emália percebeu a aproximação perigosa desse toque.
- o duque tem razão. Devemos ir – sorriu e se afastou. Enquanto Raysson a seguia levando o cesto de rosas.
Raysson era ciente da sua designação. Sabia que uma das regras era não se apaixonar pelas esposas dos primos vampiros quando é solicitado. Mas com Emália, estava sendo difícil. E ainda não entendia o porquê. Ao chegarem a porta da mansão, se depararam com Vladminsk. O mesmo os cumprimentou. Emália passou entre eles com semblante baixo. O conde convidou o primo para caminhar. O silencio os sondou por um tempo. Até que Vladminsk descongelou o clima mórbido.
- prepare-se Raysson – disse encarando o primo.
- mas já. Não é melhor esperar mais tempo.
- não. Tomei minha decisão. Quanto antes isso acontecer. Melhor.
Raysson consentiu. Imaginar a sensação de poder tocar na pele de Emália lhe fluiu na mente. Mas Vladminsk não pode decifrar os pensamentos do primo. Só de pensar em sua esposa nos braços de outro, era o suficiente para matar. Mas isso ele não podia. Essa é uma das regras de manter o semeadores da família vivos. Pois os mesmos serviam para dar continuidade aos novos membros dos Rossien. Raysson tinha a liberdade que precisava para envolver Emália. Após o jantar foi ter com ela na biblioteca. A encontrou desenhando. Estava tão concentrada que não o viu entrar. Raysson a observou por dois minutos. Até que Emália o percebeu. Seus olhares se cruzaram. Ela sentiu-se incomodada. Mas o sorriso de Raysson era tão encantador que faria cair qualquer mulher casta.
- duque Vladnesk – disse.
- estava a passear pelo corredor e quis vir aqui para ler um pouco. Não imaginei que a lady Emália também apreciasse leitura.
- oh não, não aprecio muito. Estou estudando desenhos.
- interessante – disse se aproximando da mesa. – posso ver – fez um gesto gentil.
- sim – respondeu ela, passando- lhe uma folha.
Ele avaliou o rascunho. – que traçado formidável. A lady valorizou bem o modelito.
- ainda não está terminado. Falta finalizar com as sombras – recolheu o papel da mão dele.
- espere – disse ao tocar a mão de Emália. A mesma ficou pasma. – ficou manchada de carvão. Tome um lenço – tirou o lenço bordado com fios de ouro do bolso do casaco e o colocou na palma dela. – a lady é muito habilidosa.
- gostaria de ser tanto quanto desenhar para dar filhos a meu esposo. Ele nem me olha mais – revelou.
- pelo que vi, meu primo a ama.
- não consigo mais perceber isso.
- ele a ama. Eu sei – garantiu.
- desde que pensei que estivesse esperando um filho...- ela inclinou a cabeça para baixo num ato deprimido.
- não desista. A lady ainda poderá ter filhos.
- o duque diz com tanta certeza.
- sim. Eu digo. Eu sou médico.
- medico – disse levantando a cabeça para olha-lo. Um brilho reacendeu nos olhos de Emália. Agora podia entender a presença de Raysson na mansão. De repente uma esperança, uma saudade do esposo. Pediu licença e saiu apressada da biblioteca. Percorreu o extenso corredor e chegou ao aposento de Vladminsk. Tentou abrir a porta. Mas estava trancada. Foi ao quarto de encontro e por ai quis acessar o corredor que dava para o outro quarto de dormir do esposo. Também estava trancada. Antes mesmo de sair, o esposo a surpreendeu.
- Vladminsk – disse ansiosa. Correu em direção a ele. E o abraçou. Ele retribuiu. Afagou os cabelos dela. Cheirou suas mexas douradas. Apertou a nuca dela, expressando um desejo quase mortal.
- eu o amo, o amo – disse Emália ofegante. Isso soou como uma poesia aos ouvidos de Vladminsk. A melhor das poesias que poderia recitar ou escrever. – como eu não pude perceber antes.
- eu também a amo tanto – olhou-a com desejo. Paixão. – eu não quero mais vê-la triste e solitária. Eu a quero fazer sorrir todos dias de sua vida. Eu quero ver o brilho vivido no seu rosto. Você é a luz que me faz crê, que faz ter fé na minha própria existência – a beijou com intensidade como que quisesse devora-la.
- eu sei por que trouxe seu primo aqui – disse ao se desprender do beijo.
- sabe – desconfiou que ela descobrira o verdadeiro motivo.
- ele é médico – diz Emália.
- sim.
- por que não me disse antes. Eu teria entendido.
- você estaria disposta a se submeter algum tipo de tratamento – perguntou, apertando os ombros dela a encarando.
- se for para lhe dar um filho. Sim. Eu o amo. Seria capaz de qualquer coisa para ao menos lhe dá um presente fundamental. Um descendente.
Ele sentiu. Sentiu a dor novamente. A dor que as palavras de Emália causava quando mencionava sobre lhe dar um filho. A abraçou de novo. Cheirou seu cabelo e a beijou. Desfez seu penteado e afrouxou seu corset.
- eu sei que você sempre será minha – disse antes de beija-la de novo. – minha – repetiu. – eu farei de tudo para vê-la sorrindo.