"Quem vence os outros é forte. Quem vence a si mesmo é invencível."
– Lao Tsé
A noite estava mais do que combinando com os eventos que estavam a acontecer na vila de Chi no Bara. A luz do luar estava intensa e as nuvens estavam mínimas, a neblina cobria tudo até o seu alcance.
O garoto dos fios negros tentou fazer o que lhe foi ordenado, mas Hanasaki tomou a frente e ainda o esfaqueou. Sua ferida física ainda está sangrando e não parou até agora.
Algumas lanternas começaram a cair no chão, e por causa das barracas que eram feitas de papéis e madeira. O fogo aumentou consideravelmente. As pessoas que estavam com medo, começaram a se mover quando perceberam que o lugar estava a ser engolido pelas chamas.
Tadashi, olhou em volta e viu que logo o lugar estaria puras chamas. Não queria sair sozinho. Precisava de Hanasaki. Já que ela é escolhida pela Chimamire. E ele queria ter controle total do poder da Chimamire. Hanasaki era como a sua boneca de porcelana. Ele a criou para obedecê-lo e servir. Nunca poderá ir contra as suas ordens. Assim, era o que pensava. Se aproximou de Hanasaki, que ainda chorava. A puxou pelo o braço e pegou a força.
— Vamos, Hanasaki! Você não pode quebrar assim! Preciso de você, para que eu alcance o que desejo! — Tadashi grita desesperado, mas Hanasaki nem o escuta, apenas fica chorando.
Itsumo vendo que Tadashi a queria levar para longe. Se levantou com certo sacrifício e usou a espada para se equilibrar melhor. Foi onde se encontrava Tadashi e Hanasaki.
— Deixe-a! Vá e deixe ela em paz! — Itsumo falou erguendo a sua espada e a apontando para a garganta de Tadashi. O ameaçando. — Ou prefere morrer? Não ache que não irá morrer pelas minhas mãos só porque estou ferido. Escolha agora! Abandonar Hanasaki ou sua vida? — Itsumo grita com esforço e arfa em seguida.
Tadashi engoli em seco com a ameaça do jovem. Estava achando injusta a oferta de Itsumo. Um absurdo! Mas ainda sim, precisava escolher. Olhou para Hanasaki e segundos depois a soltou.
— Saia agora! — Itsumo ordenou a Tadashi e ele permaneceu no lugar. Itsumo estala a língua e continua. — Saia agora! Ou irei repensar sobre a escolha de te deixar vivo! — Itsumo fala e Irashi se assusta. Se retirando na mesma hora.
O jovem sentiu seu corpo ficar mais pesado. Sua visão começou a ficar cada vez mais escura. Tentou resistir mas caiu no chão. Novamente cuspiu sangue e ergueu a mão para a direção para Hanasaki. Queria ajudá-la. Não entendia o porquê de querer ajudá-la! Era o seu alvo! Tudo o que devia fazer a respeito era matá-la, mas então porque não fez?
Confusão.
Sim, isso era o que o impedia de fazer algum mal à existência da Hanasaki. Mas porquê? Ela não significa nada para ele, então porque? Por que, então, seu coração e mente o perturbam tanto? Nem mesmo o seu corpo quer o obedecer mais. Queria, queria mais do que tudo cortá-la ao meio. Mas o seu corpo paralisou! Não quis o obedecer! Como se linhas invisíveis estavam o amarrando. Era ridículo! Logo ele, um assassino frio sentir esse tipo de sentimento.
Não, não. Por favor. Emoções não voltem! Eu não preciso de vocês! Eu não quero mais senti-las! Então, por que logo agora vocês querem me torturar. Patético..... Patético! Me deixem em paz!
— Malditas... Me deixe em paz... — sussurrou antes de desmaiar completamente. Desmaiou poucos centímetros de Hanasaki, que ainda estava se torturando eternamente.
No âmago de Hanasaki:
Tudo estava escuro. Ao redor era só preto e algumas partes cinzas. Que insistiam em perseguir Hanasaki por algum motivo. A puxando pouco a pouco para o fundo. Não iria sobrar nada da garota, quando fosse totalmente sugada pela terrível sombra negra.
Ainda sim, a garota lutava. Não queria ir. Se debatia, tentava chutar a sombra e corria para longe. Por estranho que fosse, estava chorando sem parar e não conseguia lembrar o porquê de está correndo tanto. Porque fugir?
A garota possuía sobre o seu corpo um manto de cor vermelha. Que brilhava intensamente. Deitou-se sobre o chão e lamentou por algo que nunca havia perdido. Parou alguns instantes de chorar e prestou atenção no em seu haori carmesim. O tirou de sobre o seu corpo e o abraçou forte. Queria descansar um pouco, estava cansada e de algum modo aquele haori carmesim a acalmava de algum modo.
A dor. Por que, ela existe? Ela realmente é necessária? Porque ela dói tanto?
Volta e meia estas perguntas assombravam Hanasaki. Ela queria as respostas , mas era tão complicado pensar.
Por que... Por que... Por que... Nada é tão simples? Por que, sempre, sempre precisamos sofrer?
Novamente perguntas. Hanasaki queria encontrar uma forma de acabar com a sua dor ou queria dividi-la com alguém?
A dor, o arrependimento, consumiam pouco a pouco a razão de Hanasaki. Tirando a sua razão. Era a pior das torturas. Doía demais. Queria acabar com ela o mais rápido possível. Mas como?
Não, não...
Repetia várias vezes enquanto estava adormecida.
Eu não sou um monstro... Eu não matei o Yuki. Não... Não.. matei. Foi um acidente. Ele pulou sem querer em cima de uma lança e eu apenas queria o ajudar. Estava agonizando e eu estava assustada. Não sabia o que fazer, então apenas o tirei de lá. Então, por que ele ainda morreu? Se eu soubesse usar o meu poder, seria diferente? Então... Se eu desaparecesse, tudo seria mais fácil? Afinal, por que eu nasci? Não entendo!
Com mais confusões a intensidade das sombras aumentaram e cobriram Hanasaki em poucos segundos.
"É, acho que essa é a melhor opção.... "
Ela se deu por vencida e deixou as sombras a cobrirem sem lutar. Nada mais importava.
"Ah, o silêncio é tão bom! Poderei finalmente ter paz!"
Uma última lágrima escreveu do rosto gélido de Hanasaki e ela também deu um sorriso como se fosse o último.
Quando a sombra iria a cobrir totalmente, Hanasaki ouve uma voz distante a chamando:
— Hanasaki! Hanasaki! Me desculpa! É tudo culpa minha! — um grito desesperado é alcançado até os ouvidos da jovem. Ela fica chocada, mas em momento de agonia ela se levantou com tudo até para buscar aquela voz. Segundos atrás ela queria jogar tudo para o alto, mas agora apenas queria algo em que pudesse se apoiar. Saber que não está sozinha. Que alguém vai tá lá para que cuide dela e não que a abandone e nem a use de modo errado. Alguém que lhe dê o verdadeiro valor. Alguém que prove que tudo é possível. Apenas... Apenas.... Nada mais... Nada menos....
Correu, correu como se fosse a última vez. Mas parecia que cada vez que corria, a voz se distanciava. Ela estava em todos os lados, mas na verdade onde estava? Ela realmente queria que o dono daquela voz facilitasse para ela. Por que não a guiar.
Hanasaki respirou fundo e tentou se concentrar. Já que a voz era distante. Então, ela pensou que a mais perto é a verdadeira. Do lado esquerdo ela ouviu mais de perto, então para lá ela foi. Correu e poucos minutos depois ela viu uma luz e quando se aproximou mais percebeu que parecia mais um espelho. Onde mostrava os momentos com o jovem de cabelos pretos longos, que usava uma roupa vermelha com preta e sua orbes eram carmesim.
— Quem é este...? — ela perguntou. Por mais que tentasse lembrar, não conseguia. Parecia até que algo a impedia. Sua cabeça começava a doer cada vez que tentava se lembrar, mas ainda resistia à dor e se esforçava. Até que finalmente se lembrou. — Itsumo! Itsumo! Seu é Itsumo! — ela falou dando pulinhos de alegria. Com lágrimas de felicidade escorrendo de seu rosto.
Todas as sombras cessaram e um vento forte sobrou das profundezas e Hanasaki por um instante fechou os olhos e quando os abriu novamente. Estava em um campo de flores vermelhas.
— Ah? Por que estou em um campo onde só há higanbana? — Questionou-se passando levemente as pontas dos dedos sobre as flores.
Mais uma vez, o vento é soprado. E ela é levada a outro lugar estranho. Agora em um porto.
— Um porto? — ela olha para os lados confusa. Depois de perceber onde está.
Sem esperar muito, o vento sopra novamente e a leva agora para o tempo de Toyoko. E onde fica a Chimamire.
"Ande, minha criança. Está na hora de você finalmente conhecer o seu verdadeiro poder. O verdadeiro você..."
Uma voz um pouco distorcida começa a falar com Hanasaki. Era Chimamire. A espada quebrou o selo que havia nela e com uma aura sinistra ela foi até onde Hanasaki estava.
Sem esperar muito, Hanasaki estende as mãos e a espada pousa nelas.
"Fico feliz que finalmente descobriu o que deseja. Minha criança, você é muito mais especial do que pensa."
Hanasaki ainda não sabe muito bem como lidar com a situação atual, mas assim sim sorriu para a espada.
— Obrigada, Chimamire! — ela agradece a espada a abraçando.
"Vamos deixar tudo isso para depois! Depois teremos todo o tempo do mundo, mas agora Itsumo corre perigo! Deve voltar imediatamente!"
— Como? Falando nisso, onde estou? — ela questionou a espada.
"Esta na parte mais profunda de sua alma. Consciência. Você se perdeu em seus próprios sentimentos. E agora você precisa encontrar rápido a saída. Mas serve você criar uma."
A espada a aconselha. Ela assente com a cabeça e fica com um olhar firme.
— Aguente só mais um pouco! Sairei daqui o mais rápido possível! — ela fala determinada.