— Emeraude e a namorada estão esperando você. — Audrey foi avisada. — Elas subiram para o seu quarto.
— Obrigada. — Audrey agradeceu, puxando Ema por um dos braços, escada à cima.
— Por que aqui não tem elevador? — Ema questionou, com cansaço evidente na voz. — Vocês têm dinheiro para um, me pouparia tanto trabalho.
— Não seja resmungona. — A Hamilton riu negando com a cabeça. — Eu não mandei você querer fazer todos aqueles exercícios e ainda lutar com o Tim.
— Foi tão legal que depois que eu dormir naquela sua cama boa nem vou ligar mais!
— Eu deveria te dar uma cama igual a minha, você a idolatra tanto. — Audrey brincou, arrancando risos baixos da polinésia.
— Nem tanto, Drey. — Ema fez um gesto com as mãos para a negra ficar na dela. — A minha cama ganha da sua num nível! Você não faz ideia!
Audrey avistou a porta de seu quarto, pedindo que não encontrasse Ayla por cima de Emeraude, ou qualquer coisa parecida com o que já viu as duas fazendo quando estão sozinhas.
— Então eu tenho que ir testar sua cama qualquer hora. — Audrey brincou, abrindo a porta do próprio quarto dando de cara com Emeraude de olhos atentos, enroscada em Ayla que dormia com a cabeça enfiada em seu peito.
— Que história é essa de testar a cama da Ema?
— Somos um casal. — Audrey afirmou, sorrindo um pouco forçado para dar ênfase na sua fala irônica.
— Aham.
Ema se jogou na cama, ao lado das duas outras que estavam enroscadas.
— Eu vou tomar banho, depois você vem, claro depois que morrer e voltar a vida, EJ.
— Ok. — Ema riu da brincadeira de Audrey, que já entrava em seu banheiro.
— Ela te chamou para tomar banho com ela?! Uh!
— Quê? Pirou foi?! É depois que ela tomar banho.
— Ah! Pensei que...
— Nem termine a frase. — Ema bocejou, tentando soar indiferente.
*****
Ema saiu do closet de Audrey com os maiores óculos que conseguiu encontrar. Blusa de moletom, assim como a negra deitada na cama, e um short de malha. Fez uma pose engraçada, balançou a cabeça antes de tapá-la com a blusa e brincar:
— E aí gata, rola ou não rola?!
— Rola! — Audrey respondeu, gargalhou e rolou em sua cama. — Rolei!
— Acabou com a minha moral, pô! — forçou a voz, tentando engrossá-la e em um tom divertido. — Já vou indo, gata!
Deu uma virada dramática, voltando para o closet.
— Tem duas garotas se beijando aqui, Drey! — Ema gritou fazendo-se de horrorizada.
— Mandem-nas saírem do armário!
Audrey correu para o closet como se fosse um fato desconhecido que Ayla e Emeraude tivessem ali.
— Ela está nos mantendo no cativeiro juntas e acabamos nos apaixonando! — Ayla dramatizou, jogando um pouco do peso do corpo para cima de Emeraude.
— É uma história de amor impossível, com o destino controlando nossas vidas... — Emeraude acrescentou, também dramática, rindo no final. — Aaah! Como é bom amar!
— Parabéns, ótimo espetáculo! — Audrey aplaudiu de leve, rindo tanto que mal se aguentava. Ema encarava o sorriso da mulher negra. Achava-a tão bonita sorrindo, uma mulher forte e com ideias bonitas agora. Antes não, com certeza não achava. Audrey parecia outra.
— Acho melhor trocar de roupa. — Audrey anunciou. — Minha mãe já deve estar voltando para se arrumar para o jantar.
— Ok. — Ema informou, saindo do closet para que Audrey trocasse de roupa.
*****
Audrey sentia os olhares, que não eram poucos, dos familiares de Ema sobre si.
Estava um pouco incomodada, mas era melhor do que estar com sua mãe em um jantar com suas amigas chatas, servindo de troféu e recebendo perguntas do tipo: como é gostar de uma mulher e porque ela gostava de mulheres.
Ela sabia que sua resposta: eu não nasci assim, não as satisfariam. Então preferiu fugir daquele evento, indo para casa de Ema.
Ema foi para o quarto com Audrey agarrada à sua mão, Emeraude e Ayla no encalço das duas.
— Sua irmã é fofa. — Audrey falou depois de ver um pequeno ser de cabelos nos ombros correndo casa a fora.
Ayla mordeu o lábio inferior, esperando assim como Ema para falarem quando entrasse no quarto de Ema e Hika.
A latina se jogou na cama de Ema, que era de casal, rindo tanto que quase babou. Emeraude não entendia o motivo, assim como Audrey, que tinha uma cara mais confusa ainda.
— Audrey... — Ema deixou uma risada escapar, mordendo o lábio inferior em seguida. — Aquele era o meu irmão, não a minha irmã!
— Merda! — Emeraude começou a rir, jogando-se ao lado de Ayla.
— Oh, Deus! — Audrey levou as mãos no rosto, envergonhada. — Eu não...
— Tudo bem... — Ema riu, olhando a negra sem graça. — Eu falei para a mamãe que ele estava parecendo uma garota, ela que não quis me ouvir.
— Desculpa.
— Já disse que tudo bem. — Ema continuou rindo. —Sério!
— Esquece isso, Audrey. — Ayla quis garantir o bem estar da mulher.
— Estou desconfortável agora. — Audrey murmurou.
— Se quiser nós podemos ir para minha casa. — Emeraude ofereceu, Ayla assentiu apoiando. — Se não quiser ficar mais aqui.
Audrey cogitou a ideia e olhou para Ema, que apenas prestava atenção em tudo.
— Não, estou bem. — respondeu. — Foi só um erro de percurso...
— Exatamente. — A polinésia sorriu.
— Nós podíamos fazer algo de divertido... — Ayla deu a ideia e Ema concordou:
— A Ay tem razão.
Quase cinco horas tinham se passado. Depois de alguns jogos e salgadinhos, Ayla e Emeraude foram cada uma para sua própria casa. A família de Ema já estava familiarizada com Audrey, todos gostando da companhia um do outro.
Hika foi dormir junto com Funaki e Maru, deixando Ema para dormir com a namorada.
— Está confortável aí? — Ema perguntou deitada na cama de Hika.
— Você tem razão, sua cama é ótima! — Audrey elogiou, risonha. — E estou sim, obrigada.
— Certo. — Ema falou, deixando o silêncio crescer entre elas novamente. Pensou e repensou se deveria fazer uma pergunta a Audrey. Sentou na cama da irmã, olhando para o quarto semiescuro, sendo iluminado apenas por uma miniatura brilhante de um dos seriados favoritos de Hika. — Audrey?
— Oi?
— Posso... Hmm... Perguntar uma coisa?
Audrey notou a aflição de Ema e se arrastou para a beirada da cama, sentando.
— Claro, pergunta.
— O que vamos fazer se nos pedirem para nos beijarmos? — Ema se remexeu, intrigada.
— Beijamos?! — falou incerta. Ema ficou pensativa, Audrey se preocupou, pensando num provável surto e foi sentar ao lado da polinésia. — Nós damos um jeito...
— E se não... Tipo não der certo, sabe, não tiver aquela sintonia?!
— É só não pensar nisso, apenas encaixar os lábios e pronto! — Audrey acrescentou. — Não vamos fazer nada exagerado...
— Nós podemos tentar? — sugeriu, mudando um pouco o tom, sem tanto nervosismo e confusão.
— O QUÊ?! — Audrey gritou, logo levando as mãos na boca. — Você quer que eu te beije?
— Isso é tão ruim assim?
— Não seja boba... Você é linda. — Garantiu. — Mas seja sincera, você quer mesmo me beijar ou é apenas para se nos pedirem isso?
— Sendo sincera?
— Sim. — Audrey afirmou.
— Eu quero mesmo te beijar.