Audrey pegou sorvete com sua colher e fez Ema engolir, irritando-a, mesmo que seu rosto ficasse sujo. As duas se encaram, provocando uma à outra, se olhando de perto.
— Olha se eu não fiz?! — a Hamilton provocou, referindo-se ao sorvete que Ema teve de comer de qualquer forma.
— É você fez, filha da mãe! — grunhiu, bufando. — Agora meu rosto está todo melado!
— Quer que eu limpe? — Audrey provocou, rebatendo.
— Só se for na sua blusa da 'GUESS', sei muito bem que você não vai até a sorveteria para me trazer guardanapos de papel.
— Foda-se a blusa, mas eu não disse que limparia de formas tão convencionais assim... — Audrey brincou de forma quase explícita, encostando o dedo indicador na bochecha polinésia.
Ema estranhou todo aquele comportamento e olhou para os lados, havia poucas pessoas no parque e mesmo assim elas nem prestavam atenção nas duas.
Audrey aproximou o seu rosto da polinésia que arregalou um pouco os olhos por ela estar muito perto.
— O que pensa estar fazendo? — Griffin questionou, assustada.
A negra sorriu, um sorriso pequeno no canto dos lábios. O canto da boca de Ema todo sujo com o sorvete de baunilha de Audrey.
A Hamilton ergueu as sobrancelhas, como se perguntasse: o que pensa que estou fazendo?!
— Eu não acredito que...
Ema foi interrompida pela boca da negra no canto da sua boa, retirando o sorvete dali. Audrey riu baixinho.
— Me olhe. — pediu, a polinésia o fez, sem ao menos se conter. — Feche os olhos.
— Por que voc...
A negra sorriu, olhando para Ema de olhos fechados. Se inclinou, desde o dia na academia que Davis apareceu não conseguia parar de olhar para a polinésia e ficar sem imaginar como seria beija-la.
Tocou na lateral do rosto polinésio, levemente, tomando cuidado para não arranhar o mesmo com suas unhas postiças, que eram enormes. Sentiu a respiração de Ema batendo em parte da sua boca e rosto. Estava muito próxima, em sua cabeça já não podia ser mais parada.
Então enfim ela uniu suas bocas, encaixando o lábio inferior de Ema entre os seus. Ladeou a cabeça para ter mais contato, enfim a polinésia pareceu acordar correspondendo o beijo de Audrey e usando a mão livre do pote de sorvete para lhe segurar na cintura.
Elas se beijaram sem pressa, nada e nem ninguém estragou o momento. Aquele momento era delas! Enfim um momento agradável, novidade afinal.
Depois que finalizaram o beijo, Audrey o fez na verdade, Griffin franziu o cenho, abrindo os olhos devagar, arrancando sorrisos da negra.
— Não acredito que fez isso. — Murmurou perplexa e envergonhada.
— Deixa de ser boba, podemos ir? — Audrey fez menção de levantar fazendo Ema tirar a mão de sua cintura, rindo. Levantou e puxou os pulsos de Ema, abraçando-a.
*****
— Eu não sei você, mas eu quero mais alguns beijos... — Hamilton sentou por cima dos pés, ao lado de Ema, falando próxima da orelha da mesma.
— Estou assistindo ao filme. — A polinésia fez-se de difícil. Audrey bateu no ombro de Ema, empurrando—a no sofá.
— Ah, não seja chata...
— Oi, gente! — Emeraude chegou gritando agarrada em Ayla. — Vocês tiveram que beijar, hein, vimos as fotos!
— Vocês beijam com tanta verdade! São boas atrizes!
— Fotos? Uh... — Audrey questionou, mordendo o lábio inferior, não se lembrava de ver ninguém lá. — Mas sim, Ayla, nós somos excelentes atrizes.
Ema riu rapidamente, negando com a cabeça. Trazendo a atenção do casal para si.
— O que foi? — Emeraude questionou, confusa e curiosa.
— Lembrei de uma coisa. — Ema mentiu.
— Do quê?
— Deixa para lá, Ay...
*****
"Depois da afirmação de marketing do blogueiro Davis, a filha da senadora Hamilton, Audrey Hamilton, aparece aos beijos com sua namorada, fato não visto antes. Será que Davis está certo sobre isso?"
Emeraude acabou de ler para Ema, que revirou os olhos.
— Que droga! — a polinésia ralhou, um pouco irritada. — Esse povo não tem mais o que fazer?
— Deixa isso para lá, Ema. — Ayla tentou tranquiliza-la, encostando a mão no ombro da amigam — Vamos curtir o evento.
— Laa tem razão! E é um evento indie e você está linda! — Emeraude cantarolou, leve feito uma pluma. — Estamos todas lindas.
Ema riu da forma que Emeraude falou.
— Ela está drogada?
— Você tem dúvidas? — Ayla brincou, mas sabia que a namorada não tinha usado nada naquele dia em questão.
— São os meus hormônios que estão animados! Estou tão ansiosa pelos shows!
— Nós só vamos embora quando o dia amanhecer! — Ayla falou, olhando Emeraude girar animada ao seu lado. Ema a observou também, rindo da empolgação da Simmons. — Vai sair matéria dizendo que Audrey e você estão dando um tempo, só porque ela não quis vir com a gente! Aposto! — comentou, rindo um pouco, quebrando a animação da polinésia como vidro se quebra ao ser arremessado ao chão.
— Merda, eu devia ter ido com a Drey...
— Ah, claro que não! — Emeraude se intrometeu, ja tinha parado de girar e estava perto da namorada. Ema estava surpresa que ela pudesse ter escutado, pois havia sons, mesmo que ainda baixos, vindos de todos os lados. — Evento muito chaaato!
— Acha que eu devia ao menos ligar para ela?
— Você que sabe. — Emeraude respondeu, abraçando Ayla de lado. — Faça isso enquanto eu beijo a minha linda namorada!
Ema revirou os olhos, Simmons tinha soado como se tivesse vergonha de beijar a namorada onde fosse. Fato esse que estava longe de ser real.
Virou-se um pouco ao ver as duas se beijando, era sexy a polinésia não negava, mas sentia que estava invadindo a privacidade delas ao ficar olhando. Pegou seu celular que estava entre os seios, não achava o bolso seguro suficiente e afinal dinheiro não caía do céu.
Ligou para Audrey.
Audrey sentiu seu celular vibrar em suas coxas, onde o aparelho repousava. Faltavam mais duas pessoas para discursar, sua mãe já tinha o feito, estava apenas alheia a tudo até então.
Viu que era Ema, quem ligava. Levantou-se discretamente, de forma elegante é claro, com um corpo esculpido feito o seu e a educação que recebeu não poderia ser de outra forma.
— Drey? — Ema falou apenas para confirmar. Audrey entrou no banheiro daquele evento chato de política.
— Oi, Ema! — sorriu, olhando si mesma no espelho, vendo se a maquiagem continuava perfeita.
— Como estão as coisas por aí? Empolgantes?
— Uh! Empolgantes demais. — Ironizou, arrancando risadas de Ema. Prestou mais atenção aos sons que vinham junto ao riso polinésio. — Onde você está? Está em uma festa?
Ema demorou a responder, como se estivesse sentindo culpa ou remorso. E por quê? Nem namoravam de verdade!
— Esqueci de avisar... Estou com Emeraude e Ayla em um...
— No festival indie?! — Audrey completou, quase num surto. — Que merda vocês têm na cabeça de ir sem mim?
— Eu não sabia que não devia vir sem...
— Não é por ir sem minha companhia e sim porque eu quero ir! — esclareceu, antes que Griffin sentisse culpa por algo que não precisava.
— Ah... Desculpa não ter falado, achei que Emeraude tinha chamado e como você ia sair com a senadora não pôde vir. — Ema explicou, um pouco nervosa, seria ótimo ter companhia que não fosse Ayla e Emeraude. Estava de vela afinal.
— Tudo bem... — Audrey se olhou mais no espelho. — Tenho que desligar.
— Então... Até mais, beijos...
— Vou te cobrar quando a gente se ver. — Audrey brincou. Olhou para o vestido preto com vermelho, não seria a melhor escolha para o que iria fazer, mas não ia dar-se ao luxo de trocá-lo. — Tchau.
*****
— Quero assistir Fall Out Boys! — Ayla comentou, comendo fondue chocolate e morangos. Ema não falou nada sobre também querer muito aquilo, estava na vibe de uma das músicas novas da banda. — Se eu não assistir ao show deles eu nunca mais saio com vocês!
— Mas essa banda não é de pop punk? — Emeraude perguntou, após tentar morder o 'fondue' da namorada que desviou. — O que ela tá fazendo em um evento indie?
— Eu não entendo o mundo, querida! Justin Timberlake não canta rock e foi cantar no 'Rock in Rio'! — Ema brincou, rindo de Ayla negando comida para a Simmons. — Não leve os festivais ao pé da letra.
— Você já comeu o seu! — Ayla ralhou. — Não mandei escolher aquele de queijo! Não vou dar do meu! — saiu andando na frente de Emeraude.
— Vamos, Ema! — a de olhos verdes deu de ombros, fazendo um bico para a polinésia.
*****
As três, vez ou outra apareciam no telão do show. Estavam lá quase grudadas na lateral do palco, por culpa de Ayla.
Ema estava começando a ficar famosa, já tinha tirado fotos com algumas pessoas que lhe pediam, ou perguntavam apenas se namorava Audrey Hamilton mesmo.
A banda já estava tocando há alguns minutos, quando a música que Ema tanto ansiava tocou. 'The Last Of The Real Ones'. A polinésia gritou animada, Emeraude até se assustou. Já não bastava Ayla dando uma de louca?!
— 'I was just an only child of the universe (Eu era apenas um filho único do universo)... Nad then I found you (E então eu encontrei você) — Ema via Ayla pular em Emeraude, mas as coisas pareciam se mover devagar. — And then I found you (E então eu encontrei você)... You are the sun and I am just the planets (Você é o sol e eu sou apenas os planetas)... — Toda vez que escutava essa música se sentia mais feliz, talvez porque ela lhe fizesse lembrar um certo alguém. — Spinning around you (Girando ao seu redor)... Spinning around you (Girando ao seu redor)'...
A polinésia estava tão feliz, escutando sua música preferida do momento ao vivo. Só não imagina que poderia ser melhor.
— 'You were too good to be true (Você era boa demais para ser verdade)... Gold platted (Dourada)... — Audrey cantou bem próxima a Ema, fazendo a mesma virar ao sentir o ar quente da boca da negra batendo em seu corpo. — But what's inside you (Mas o que está dentro de você)... But what's inside you (Mas o que está dentro de você)'...
Ema pensou em comemorar pela chegada da Hamilton, mas apenas continuou cantando. Apreciando o momento. Ela estava fazendo bastante isso ultimamente.
— 'I know the whole damn city thinks it needs you (Eu sei que toda a cidade maldita acha que precisa de você)...
But not as much as I do (Mas não tanto quanto eu)... — Ema continuou a canção. Só que dessa vez com o bônus da presenças de Audrey, aumentando sua felicidade em muitos níveis. — As much as I do (Tanto quanto eu preciso)'... — só não aumentou mais quando cantou a última parte do primeiro refrão e foi beijada por Audrey.
Melhor do que estar ao vivo escutando sua música preferida, era estar escutando ao vivo com o bônus da boca de Audrey Hamilton na sua.