— Vocês, hmm... Podem beijar o rosto uma da outra levemente...
O fotógrafo gesticulou para Ema e Audrey que estavam sentadas se olhando, aproximassem seus rostos.
O homem achava que elas eram apenas tímidas, em frente a câmera, mal sabia que Ema não estava à vontade.
Ema não ousou de mexer, Audrey não respondeu, mas teve que agir, beijando o rosto da polinésia levemente, um roçar de peles apenas.
Sentiu o toque quente de uma das palmas de Audrey em seu rosto também, do lado esquerdo e acordou, lembrando-se que deveria se mexer também.
Espalmou as mãos, um tanto nervosa nas curvas de Audrey, apreciando mesmo que de maneira forçada como era tocar a filha da senadora. Audrey Hamilton. Sua "aluna". Sua namorada de mentira. E também a mulher por quem desenvolveu uma paixão.
— Audrey, tente reproduzir como você beija Ema de forma carinhosa, como se fossem amigas e guardassem um segredo... Feito um relacionamento escondido.
Ema engoliu à seco e em seguida expirou rapidamente. Deixou uma das mãos na cintura de Audrey e a outras nas costas.
Hamilton arrastou seus lábios pelo rosto da outra mulher, que sentia o ato como um caminho quente, até próximo a boca de Ema, onde afastou os lábios de forma quase brusca.
— Excelente...
*****
— Audrey, chega mais perto da Ema... — As duas iam se ajeitando de acordo com que era pedido. — Ótimo...
— Isso não vai acabar hoje não? — Ema grunhiu para Audrey. — Já ficou chato.
— Só mais algumas, mulher. — Audrey grunhiu de volta.
— Audrey, pode se apoiar nas nádegas da Ema...
— Sério? — Ema perguntou para Audrey.
— Ema pode tentar parecer mais... Uh, séria...
— Podemos fazer uma pausa? — Ema perguntou, bufando.
— Claro. — O fotógrafo concordou. As duas não voltaram para mais fotos tão cedo, e por Ema não voltariam mais.
*****
— Nós vamos sair hoje? — Audrey perguntou para Ema que estava encostada no vidro do carro de Isa, olhando para fora. A polinésia não respondeu, então Audrey se inclinou para o lado da mesma. — Hey?!
— Você que sabe, tanto faz...
— Uh... — Isa murmurou, olhando Ema pelo espelho do carro.
— Eu queria sair para lanchar, mas se não estiver bem...
— Eu vou. — respondeu sem muito ânimo. — Está afim, Isa?
— Claro, vai ser legal! — a loirinha respondeu, tentando conter a ironia na voz.
— Mas... Ah... Achei que seria um programa só nosso...?! — Audrey tinha praticamente um ponto de interrogação na testa.
Ema se virou para a negra e forçou um riso, sua voz soando áspera:
— O mundo já sabe que estamos namorando, não tem necessidade a gente sair sozinhas.
— Eu não sei o que você tem, Ema, mas... Essa porra já está ficando chata!
— Iiih! — Isa grunhiu ao volante.
Ema bufou.
— Eu não tenho nada!
— Mas é óbvio que tem! — Audrey retrucou sem perder a chance.
— O que eu tenho então?
— Porra, não sei! Se eu soubesse com certeza tentaria te ajudar!
— Você não pode me oferecer esse tipo de ajuda... — o sarcasmo escorrendo no canto dos lábios. — Isa, pode pegar o caminho mais curto pra minha casa, por favor!
Isa queria gritar que não era chofer, mas como fazia ideia de como Ema se sentia, nada retrucou. Gostava daquela da grandona afinal.
Aquele dia não teve o tal lanche que Audrey queria. Elas nem se viram por três dias seguidos. Ema só foi avisada que iam sair, quando o vestido preto chegou em sua casa, acompanhado de um bilhete.
Mais tarde Isa pegou Ema em sua casa, parando na casa de Audrey para pegar a mesma e Emeraude, indo para a tal galeria. No caminho elas conversaram bem pouco, mas já era um progresso.
— Para você eu era um capítulo. Para mim, você era o livro. — Ema leu, na parede da galeria que estava com Isa, Emeraude e Audrey. — Charles Bukowski.
— Falou algo? — Emeraude perguntou, ajeitando seu cabelo, próxima a Ema.
— Só li uma coisa aqui...
— Certo. — Emeraude sorriu, indo atrás de Isa que estava na frente, olhando uma das fotografias, concentrada.
— Acho que um dia isso vai me representar. — Murmurou para si mesma.
— Falando sozinha?
— Talvez... — Ema sorriu irônica para Audrey, ou melhor tentou. Ela queria tanto não gostar da Hamilton, queria mesmo, mas a única coisa que conseguia era ser grossa com a mesma.
E por mais grossa que fosse, Audrey lhe tratava com paciência... Pelo menos desde a última vez que "explodiu" no carro.
— Vamos? — Audrey sugeriu mais do que perguntou, aproximando-se de Ema, ficando ao seu lado.
— Vamos. — A polinésia respondeu e saiu andando na frente da Hamilton.
— Hey?! — chamou, confusa.
— O quê? — Ema parou de andar, para virar-se de lado, observando a confusão estampada no belo rosto da negra.
— Não vai me dar sua mão?
— Tem que pedir minha mão pra minha família antes de me fazer o pedido. — Ema ironizou.
— Aham, querida... Você entendeu.
— Ah, não quero andar de mãos dadas. — Ema fez uma careta segurando a mão esquerda com a direita, massageando um pouco. — Fica suando.
— Posso te abraçar então?
— Ah, não ach... — Ema iria prorrogar a reclamação, mas foi cortada:
— Vou só encostar a mão na sua cintura... Isso pode ou tem problema também?
— Pode. — Concordou a contra gosto.
*****
— Por que a Ayla não veio? — Audrey perguntou para Emeraude, ela nem ao menos tinha lembrado de perguntar isso antes, estava tão ocupada tentando se arrumar o suficiente para o evento.
— Ah... Laa disse que não tinha roupa adequada. — Emeraude revirou os olhos, antes de beber o conteúdo da taça que segurava. — Bobeira dela, eu ia providenciar.
— Ela está perdendo, você, está um arraso nesse vestido! — Ema elogiou, sorrindo para Emeraude.
— Obrigada, Ema, também está maravilhosa essa noite... — Emeraude lançou um sorriso cúmplice. — Se não tivesse "namorada" com certeza não sairia daqui sozinha hoje.
Ema e Audrey viraram-se para procurar a quem Emeraude se referia, a pessoa que olhava para a polinésia.
— Aquele não é um jogador do Raiders? Puta merda! Se eu acompanhasse meu time mais vezes saberia o nome dele!
— Sério, Ema? Oakland Raiders? — Emeraude fez uma expressão de ofendida, levando sua taça com a mão ao peito. — Esperava mais de você.
— Sério, Emeraude? Miami Dolphins? — Ema imitou a mulher de olhos verdes. — Esperava mais...
— Ele continua olhando. — Audrey comentou, dando de ombros. — Tanto faz.
Ema se virou para olhar.
— Não vai ser hoje, gato... — fingiu uma cara de triste para Emeraude e Audrey.
A Simmons riu, negando com a cabeça. Hamilton apenas aproximou mais de Ema, de modo que não causasse incômodo.
— É, não vai ser...