— Vocês já vão terminar com esse marketing para arrecadar voto lésbico na campanha da mamãe Hamilton?
Nem uma das duas responderam, estavam chocadas com as palavras do homem. Não tinham certeza se ele sabia a verdade, mas desconfiava que era só um verde que ele estava jogando.
— Para começo de conversa... — Ema questionou, irritada demais para se conter. Ela só queria menos problemas e o que acontecia era totalmente o contrário. — O que você está fazendo aqui?
— A academia é um local público, querida. — Davis respondeu, irritando mais Ema, a ponto de ela morder o lábio inferior tão forte que lhe arrancasse um pouco de sangue.
— A academia pode ser, mas essa parte aqui, não, querido. — Audrey tratou de rebater. — Timothy e eu temos um contrato que pode te prejudicar um pouco...
— Você e seu antigo affair e a marketing aí... — gesticulou enquanto falava, fazendo o estômago de Audrey revirar, um tanto irritada. — Todos juntos, mal posso imaginar o que acontece aqui.
— Eu vou quebrar a cara dele, como eu prometi da outra vez! — Ema começou a marchar irritada demais para poder se segurar, para o lado de Davis.
— Não! — Audrey puxou Ema pelos braços bruscamente, fazendo a mesma se virar com tudo ficando em sua frente bem próximas. — Nós somos melhores que isso!
— Mas ele é tão idiota que merece... — insistiu. — Argh! — Ema grunhiu, tentando se desvencilhar da Hamilton.
— Hey, hey. — Audrey puxou o rosto da polinésia para perto do seu. — Deixa esse mal amado para lá.
— Segura sua subordinada, escurinha. — falou, fazendo Ema cair certeira na provocação.
— Não. — Foi o que Audrey falou antes de agarrar Ema pela cintura com uma das mãos. As duas se encaram por alguns segundos.
Audrey olhou nos olhos da polinésia, mas seus olhos focaram na boca dela em seguida. Olhou mais uma vez nos olhos da mesma, se ficasse focando demais nos detalhes do rosto de Ema, perderia uma vida ali, os admirando.
— Vamos embora.
— Ei, você, fora daqui. — Timothy apareceu e falou com Davis. O blogueiro argumentou alguma coisa, mas o outro rebateu: — Você poderia ser o 'Papa', não pode ficar aqui... Saí fora, gordinho... Opa, isso foi preconceituoso, desculpa, mas saí logo!
— Porra, Tim! Você não devia deixar ninguém entrar...
— Desculpa, mulher, eu só fui dar espaço para vocês discutirem e acabei me dando bem com uma gata...
— A única coisa que você vai achar aqui é rata de academia.
— Ela é muito engraçadona, ela!
*****
— Eu amo o quanto somos um casal espontâneo! — Ema alfinetou com sarcasmo.
— Um passeio de bicicleta pela orla?! — Audrey ajudou, acrescentando mais sarcasmo na conversa. — Quem teria uma ideia dessas?
— Eu como uma boa romântica incurável teria. — falou, deixando seus pensamentos fluindo ao olhar o mar.
Audrey tinha deixado sua bicicleta encostada em um poste, frente onde queria descer para sentir a água sob seus pés.
— Você? Romântica? Eu não acredito nisso. — Debochou fazendo Ema lhe olhar com os olhos estreitos, julgando-a por ter falado que não acreditava em suas palavras.
— Eu sou de câncer sou muito sensível para coisas românticas!
— Ah, certo... Se você diz. — Audrey deu de ombros, praticamente esnobando a polinésia enquanto andava para perto do mar. — Essa placa te lembra alguma coisa?
Hamilton apontou para a placa de uma sereia, rindo.
— Ah, claro! — Ema respondeu como se não fosse nada que lhe importasse de verdade. — Tipo a placa de quando você beijou a minha irmã.
— Sim, eu estava muito louca. — Acrescentou, risonha. — Queria beijar até você... — Ema lhe encarou, a desafiando para continuar, achando que iria sair asneira da boca da negra. — Não me entenda mal, vocês são bonitas e tudo mais, mas eram desconhecidas até então.
— Você sabe como fazer um bom uso das palavras, para sua sorte. — Ema ameaçou de modo divertido.
— A culpa é toda sua por me fazer bom uso delas. — Rebateu, sorrindo para a polinésia. O coração de Ema se agitava tanto quando Audrey era espontâneo consigo.
Depois da discussão com Davis, percebeu que estava realmente senso rude demais e tentava ao máximo controlar aquele sentimento de raiva dentro de si, por não ter reciprocidade de sentimentos, que adquiriu, vindos de Audrey.
— Que mentira, você já era boa com elas antes de me conhecer. — Ema insistiu, acrescentando o pequeno elogio velado.
— Se era eu não sei, mas pude notar a diferença de quando estar por perto.
Wow! O peito de Ema se aquecia mais com as palavras de Audrey, do que pelo sol que queimava sua pele, naquele belo dia ensolarado.
— Preciso de algo gelado para derreter essa coisa quente no meu peito. — Ema murmurou para si, girando seu corpo para longe do mar.
— O que foi? Onde vai?
— Quero sorvete. — Ema apontou para qualquer lado, sem rumo, para apenas sair das armadilhas em formas de palavras de Audrey.
— Eu também quero! Conheço um lugar legal!
— Ah... — murmurou descontente por despertar o interesse da Hamilton em ir junto. Mas logo fingindo estar tudo bem. — Então vamos até esse lugar.
Pegaram a bicicleta encostada no poste, Ema pedalando e Audrey sentada atrás, apenas deixando ser guiada pela polinésia depois e explicá-la onde ficava a sorveteria que adorava.
— Você dá muita sorte, na minha rua dá bobeira para ver... — Ema comentou o fato de Audrey deixar a sua bicicleta em qualquer lugar sem passar um cadeado ou algo que dificultasse o roubo. — Se der muita bobeira levam até a pessoa mesmo.
— Sequestram pessoas lá? — Audrey perguntou, horrorizada com a informação. — Meu Deus, eu estava correndo risco...
— Ai, Drey... — revirou os olhos e se deu conta de que falou o apelido que não usava já algum tempo com Audrey. — Foi só uma forma de exagero!
— Desculpa, se não entendo sua língua direito...
— Não entende a língua da subordinada, é?! — Griffin brincou, fazendo a negra negar com a cabeça e sorrir discreta. Pelo menos Ema estava de volta com seu bom humor.
— Talvez eu passe a entender. — Audrey murmurou como se fosse um segredo.
— Oi?
— Oi?
— O que foi? — Ema indagou, sem entender.
— Eu que pergunto?!
— Pensei que tinha falado algo. — A polinésia explicou.
— Não, não falei.
*****
— Você usa maquiagem demais. — Ema balançou a cabeça em direção ao rosto de Audrey. — Parece a minha irmã.
— Eu poderia te falar que o rosto é meu e dele faço o que eu quiser... — Audrey estalou a língua nos lábios, sentando bem próxima a Griffin no banco concreto de um parque. — Ou continuar esse diálogo do filme 'Curtindo a Vida a Doidado'. (Título original do filme: Ferris Bueller's Day Off).
— Eu nunca vi esse filme! — Ema falou isso só para ver a reação de Audrey, esperava que ela não lhe decepcionasse.
— Quando a gente chegar lá em casa, vamos assistir! É um clássico, mulher, estou decepcionada contigo! Estou cogitando terminar nosso namoro só por isso...
— Ei, calma... Não precisa falar feito uma louca! — a polinésia riu um pouco. — Tenho dó dos seus filhos ou de quem você casar!
— Mas você não assistiu o filme e ele é incrível, você também é então não faz sentido! — Audrey fez uma expressão emburrada.
— Já assisti, ok?! Só estava fazendo hora com sua cara... — Ema explicou, enfiando uma colher de sorvete na boca enquanto ria. — E eu sou incrível é?
— Engole esse pote de sorvete! — Audrey ralhou com a polinésia por ter mentido, a mesma só riu.
— Vem me fazer engolir, senhorita você é incrível! — Ema provocou brincando e a negra se aproximou mais.
Audrey pegou sorvete com sua colher e fez Ema engolir, irritando-a, mesmo que seu rosto ficasse sujo. As duas se encaram, provocando uma à outra, se olhando de perto.
— Olha se eu não fiz?! — a Hamilton provocou, referindo-se ao sorvete que Ema teve de comer de qualquer forma.