Chapter 21 - Capítulo 21

No Reino do Inverno, um mensageiro entregou um comunicado urgente ao rei Hayden. Após lê-lo, o monarca amassou o papel com um grunhido de desgosto e ordenou que preparassem seu cavalo. Partiu imediatamente para o castelo da Rainha Risny. 

 

Ao adentrar o imponente salão principal, Hayden viu Risny sentada com sua habitual expressão de indiferença, mas também a clara reprovação no olhar do Comandante Eisen, que o observava com desprezo. 

 

Consciente de que precisava esconder suas verdadeiras intenções, Hayden manteve a mente limpa, sabendo que Risny tinha habilidade de ler pensamentos. O que ele não sabia era que sua habilidade ia além disso — Risny percebia as nuances, as camadas ocultas, os pensamentos que ele se esforçava para suprimir. Risny conhecia as verdadeiras intenções de Hayden, mas, por ora, as considerava irrelevantes. 

 

Ajoelhando-se diante de Risny, ignorando os olhares inquisidores dos cavaleiros de elite presentes, Hayden suplicou: 

— Suprema Rainha Risny, eu não sabia! Desconhecia os poderes de Letícia! Não fazia ideia de que ela escondia esses poderes. 

 

O Comandante Eisen, porém, não estava disposto a ouvir suas desculpas. 

— Você é um incompetente! A presa estava debaixo do seu nariz, e você não percebeu. 

— De qualquer forma, eu estava cumprindo ordens, mesmo que indiretamente — rebateu Hayden, levantando-se e enfrentando o Comandante com um olhar desafiador. 

 

Sua aversão por Eisen não era segredo; para ele, Eisen era um obstáculo que precisava ser removido, um guerreiro temido que detinha a admiração de Risny. Isso apenas alimentava o ódio de Hayden, aumentando sua ambição de tomar seu lugar. 

— Cumprirei a vontade da Rainha Risny — declarou Hayden, com os olhos fixos em Eisen. — Provarei minha lealdade e eficiência. E tomarei seu posto como Primeiro Cavaleiro de Elite. 

— Mas ele nem é mais o 1º cavaleiro de elite — interveio Vyza, uma guerreira de elite da segunda divisão, conhecida por seus longos cabelos violeta, seus vestidos extravagantes e seu vasto conhecimento sobre venenos e poções. 

 

Ao ouvir o comentário dela, o olhar de Eisen a fitou, e Vyza sentiu uma onda de tensão no ar, um aviso claro do perigo que ele representava. Percebendo o erro de expor um segredo, teleportou-se instantaneamente, evitando um possível confronto. 

 

Hayden ficou momentaneamente confuso. "Então, se ele não é mais o 1º cavaleiro de elite, quem será?" — pensou ele, intrigado. 

 

Risny, que lera seu pensamento, esboçou um sorriso sutil. 

— Por que não tenta descobrir? — perguntou Risny, com um sorriso enigmático. — E se for capaz, derrote-o. — disse ela, observando com curiosidade a crescente rivalidade. 

 

Essa pequena provocação deixou claro que ela apreciava o conflito, incentivando a disputa interna entre seus cavaleiros. Para Risny, a competição não era um problema; era um meio de revelar o verdadeiro potencial dos que serviam a seu lado. 

 

... 

Enquanto isso, no Reino do Inverno, Laurenn estava na biblioteca examinando meticulosamente os documentos reais, determinado a elaborar um relatório completo e preciso para a próxima reunião do conselho. Apesar da resistência de alguns funcionários, que questionavam sua autoridade e competência, eles não podiam se negar a fornecer a documentação requisitada. 

 

Ao examinar o orçamento do reino, Laurenn percebeu discrepâncias alarmantes. Os valores recebidos pelo reino não estavam sendo repassados devidamente à população. Intrigado, ele começou a revisar outros documentos, mas quanto mais investigava, menos compreendia como a situação financeira havia se deteriorado tanto. Com o material reunido, ele decidiu reportar diretamente ao rei Hayden. 

 

Hayden, humilhado por Risny e Eisen, retornara ao castelo graças a um portal aberto por Latifa, uma cavaleira de elite que nesse momento estava com uma chave de portal. Chegara ao castelo, Hayden ignorou todos ao redor e foi direto para seus aposentos, a raiva queimando em cada passo. A humilhação que sofrera o consumia. 

 

Momentos depois, Laurenn bateu à porta, pedindo permissão para entrar, anunciando sua presença. 

— Majestade, preciso falar com o senhor. É importante — disse, com respeito. 

 

Hayden, porém, não estava disposto a ser incomodado. 

— Saia! — gritou, sua voz reverberando pelo quarto. — Um inútil como você não pode me ajudar em nada! 

 

Em um acesso de fúria, arremessou um copo de vidro na direção de Laurenn, que se estilhaçou na porta logo atrás dele. Um pequeno fragmento atingiu seu rosto, causando um corte superficial. 

— Me perdoe, Majestade — disse Laurenn, com a voz baixa, inclinou-se em um gesto de desculpas e deixou o relatório sobre a mesa antes de sair. 

 

Uma das damas de companhia, que aguardava no corredor, correu para socorrer Laurenn. 

— Alteza! O senhor está bem? Seu rosto… está sangrando! 

— É apenas um corte superficial. Logo cicatrizará. — respondeu Laurenn, minimizando o ferimento. — Você deveria descansar; já está tarde. 

 

Em seu quarto, Hayden cerrou os punhos com tanta força que a palma de sua mão começou a sangrar. Avistou o relatório deixado por Laurenn, lançou um rápido olhar por cima das páginas e, sem hesitar, jogou-o na lareira, observando as chamas consumirem o papel até que ele se transformasse em cinzas. 

— Preciso me eliminar Letícia… e Laurenn… para sempre — murmurou ele para si mesmo, seu tom carregado de uma determinação sombria.