Chapter 27 - Capítulo 27

Letícia e Aleph chegaram a uma das cidades próximas à capital do Reino da Primavera e foram se hospedar no local indicado por Daniel. A hospedaria, uma mistura charmosa de estilos oriental e ocidental, os recebeu com uma atmosfera acolhedora. Durante o check-in, a atendente, com um sorriso malicioso, perguntou se era um casal e os conduziu a um quarto decorado especialmente para recém-casados, repleto de detalhes românticos e sugestivos. 

 

— "O que foi que Daniel sugeriu!"— pensou Aleph, constrangido. — Princesa Letícia, irei solicitar que nos troquem de quarto. 

 

Antes que ele pudesse fazê-lo, Letícia o interrompeu, o rosto corado. 

— Não precisa, Aleph — disse, com um fio de voz. — Seria estranho recusar, já que...somos um casal. 

 

Aleph ficou surpreso com a resposta repentina e com a ausência do tratamento formal. Aquele simples "Aleph", sem o título de "Sir" ou "Cavaleiro", criava uma intimidade inesperada entre eles. Em um impulso, decidiu retribuir a informalidade, chamando-a pelo nome. 

— Letícia — disse, com um sorriso suave —, se não a incomoda...acho que este quarto ajudará a disfarçar nossas identidades. 

 

Com uma breve reverência, Aleph desejou-lhe boa noite e se acomodou no confortável sofá do quarto, cedendo a cama a Letícia. 

 

 

O Reino da Primavera, protegido por uma poderosa barreira mágica impenetrável pelas shineideas, oferecia um refúgio seguro para Letícia e Aleph. Aquele escudo protetor tranquilizava Aleph, que sabia que ali, ao menos por enquanto, Letícia estaria a salvo. 

 

Enquanto exploravam a cidade principal, Aleph encontrou um rosto familiar: Kirin, um velho amigo. Letícia, com discrição, afastou-se para que eles pudessem conversar em particular. 

— Aquela senhorita é a princesa do Reino do Inverno, não é? — perguntou Kirin, com um olhar curioso. — Por que você está escoltando-a? 

— O que você quer, Kirin? — perguntou Aleph, direto ao ponto. — Tem alguma mensagem do Mestre Yoshi? 

— A mensagem é do Reino do Outono — respondeu Kirin, entregando um pergaminho lacrado a Aleph. 

 

Aleph abriu o pergaminho e leu seu conteúdo, a expressão se tornando séria. 

 

— Por que não foi direto ao Reino do Outono? — questionou Kirin, com um sorriso irônico. — O que o prende aqui? Não me diga que está… enrolando para passar mais tempo com a princesa? 

 

Aleph o encarou, sem responder. Kirin riu, divertindo-se com sua reação. 

— Não me diga que não percebeu! 

 

Kirin olhou na direção de Letícia e fez um sinal para Aleph. 

— Sua princesa está cercada de parasitas. Neste exato momento. 

 

Com um último aceno, Kirin se despediu e desapareceu. na multidão. 

 

Letícia estava olhando uma vitrine com alguns vestidos ao estilo do reino da primavera, quando alguns rapazes se aproximaram de Letícia, e um deles falou: 

— Esse vestido ficaria encantador na senhorita. Essa cor azul combinaria perfeitamente com seus olhos. 

Ele se aproximou e falou apenas para que ela pudesse ouvir. 

— Mas ficaria muito melhor sem ele. 

 

Letícia se surpreendeu, pois não esperava uma abordagem tão direta por parte de um desconhecido. 

— Obrigada pelo elogio, porém sou comprometida. 

— Ele nem está aqui, porque não damos um passeio. 

 

Letícia notou que os outros dois a estavam cercando, impedindo que ela fugisse. Ela não poderia gerar alarde, mas também não podia permitir aquela situação. Um deles colocou a mão sobre o ombro de Letícia que tentou se afastar, mas logo o outro se aproximou para tocar o braço dela. 

 — Podemos lhe fazer companhia, meu amor. 

 

 

Letícia estava olhando uma vitrine com vestidos típicos do Reino da Primavera, quando alguns rapazes se aproximaram. Um deles disse com um sorriso arrogante: 

— Esse vestido ficaria encantador na senhorita. Essa cor azul combinaria perfeitamente com seus olhos. 

 

Ele se aproximou um pouco mais e, falando de maneira quase confidencial, completou: 

— Mas ficaria ainda melhor sem ele. 

 

Letícia se surpreendeu com a ousadia do desconhecido e, sem hesitar, respondeu: 

— Agradeço o elogio, mas sou comprometida. 

— Ele nem está aqui. Que tal darmos um passeio? 

 

Letícia percebeu que os outros dois rapazes começaram a cercá-la, bloqueando qualquer possibilidade de fuga. Ela sabia que não podia causar alarde, mas não podia permitir aquela situação. Um deles colocou a mão sobre seu ombro, e quando ela tentou se afastar, o outro se aproximou para tocar seu braço. 

— Podemos lhe fazer companhia, meu amor. 

 

Antes que pudesse reagir, Aleph apareceu como um relâmpago, segurando com firmeza o braço do homem que estava prestes a tocá-la e o afastando abruptamente. Ele ficou entre Letícia e os rapazes. Quando os três viram o olhar gélido de Aleph, perceberam que não tinham mais chance e, sem dizer uma palavra, se afastaram. 

 

Eles haviam tentado arrastá-la para uma rua escondida. 

 

Aleph olhou para Letícia com uma expressão de preocupação, mas também confusão. 

 

— Por que você não fez nada contra eles? Por que agiu como se estivesse indefesa? 

 

Ela o encarou, um pouco surpresa com a pergunta. 

— Eu sou forte, conseguiria me defender — respondeu Letícia, tentando não mostrar insegurança. 

 

Aleph se virou rapidamente para ela, caminhando em sua direção, e disse calmamente: 

— Você tem certeza disso? E se a pessoa for mais forte que você? 

 

Antes que Letícia pudesse responder, Aleph a pressionou contra a parede, com um gesto firme, prendendo o braço dela acima da cabeça. Letícia nunca o tinha visto agir daquela forma, e o choque a fez questioná-lo, seus olhos buscando respostas. 

— O que… o que você vai fazer? — perguntou, a voz trêmula. 

 

Ela não conseguia se soltar, e seu coração acelerou. Aleph se aproximou lentamente, seu rosto a centímetros do dela. Letícia sentiu sua respiração quente em sua pele, o olhar intenso de Aleph penetrando em seus olhos. Um misto de medo e excitação a percorreu. Ela fechou os olhos, instintivamente, enquanto os lábios de Aleph estavam a poucos centímetros dos seus. 

 

No entanto, no último instante, ele se deteve, afastando-se rapidamente. 

— Desculpe — murmurou Aleph, afastando-se abruptamente, o rosto corado. — Não queria assustá-la. Era apenas um… aviso. 

Aleph estava visivelmente constrangido com a atitude que havia tomado. 

 

— Obrigada… pelo aviso — respondeu Letícia, ainda ofegante, o coração batendo forte no peito. 

 

 

Eles caminharam em silêncio até a livraria, sem trocar uma única palavra durante o percurso. Quando chegaram, Letícia entrou sozinha, e Aleph ficou esperando do lado de fora. 

"Por que estou perdendo a paciência? Isso não deveria estar acontecendo. Por que fiz aquilo? Isso me torna igual àqueles importunadores." — pensava Aleph, caminhando de um lado ao outro, imerso em seus próprios pensamentos. 

 

Dentro da livraria, Letícia viu várias moças conversando animadamente, e, curiosas, elas se aproximaram dela. 

 

— Com licença — começou uma delas, com um sorriso tímido —, aquele rapaz é seu… namorado? Ele é muito lindo! 

— Somos… noivos? — respondeu Letícia, um pouco hesitante. 

— Vocês formam um belo casal — disseram as moças empolgadas. 

 

Acostumada a um ambiente formal e pragmático, Letícia tinha pouca experiência com os meandros dos relacionamentos amorosos. As jovens, por outro lado, pareciam especialistas no assunto. Aproveitando a oportunidade, Letícia decidiu pedir conselhos. 

— Nosso compromisso é arranjado — explicou. — Como posso saber se ele… gosta de mim? 

 

As moças olharam umas para as outras, um pouco surpresas, antes de responder. 

— Como assim, "como"? — perguntou uma das jovens, incrédula. — Quando se está apaixonada, é tão fácil de perceber! 

 

As moças começaram a compartilhar dicas e experiências pessoais, falando sobre os sinais da paixão e as nuances do romance. 

— Mas... o difícil é ser correspondido — disse uma delas, pensativa. 

— Quando tem problemas envolvidos, fica bem mais complicado — completou outra. 

 

Percebendo que Letícia estava mais confusa do que antes, uma das moças sorriu e disse: 

— Você deve ser de outro reino, porque aqui tudo respira romance! 

 

Com isso, elas ficaram animadas. 

 

— Já sei! — exclamou outra. — Vamos lhe recomendar alguns livros! Afinal, você vai se casar em breve! 

 

Entusiasmadas, as jovens escolheram três livros sobre romance e os entregaram a Letícia, que os recebeu com surpresa. Esta era a primeira vez que ela teria acesso a um desse tipo. 

 

— Eu tive uma ideia... — disse uma das moças com um sorriso travesso. — Por que não aproveita e testa com ele? Ele é seu noivo, e está te esperando há tanto tempo! 

— Mas… o que eu poderia fazer? — perguntou Letícia, incerta. — Quero agradecê-lo por tudo o que tem feito por mim. 

— Já que ele a ajuda tanto… — começou a jovem, e, aproximando-se de Letícia, cochichou algumas sugestões em seu ouvido. 

 

O rosto de Letícia ficou completamente ruborizado. Após um momento de silêncio constrangedor, agradeceu os livros e saiu apressadamente da livraria, a mente fervilhando com as ideias ousadas das jovens. 

 

Uma das moças, vendo sua saída apressada, perguntou à outra: 

— O que você disse a ela? — perguntou uma das moças à amiga, curiosa. 

— Nada demais — respondeu a outra, com um sorriso enigmático. — Só um empurrãozinho. Ele é lindo, ela tem que aproveitar a oportunidade! 

 

De volta à pousada, Letícia repassava em sua mente os conselhos ousados das jovens da livraria. 

— "Preciso agradecer a Aleph por tudo o que ele tem feito por mim — pensava, inquieta. — "A viagem está terminando, e logo não terei mais essa oportunidade. Mas… será que consigo?" — A lembrança das sugestões atrevidas a fazia corar. — "Não sei se consigo ser tão… direta."