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Chapter 34 - A manhã de Sábado

Sábado, 9:20.

Vanda chegou ao hospital, e logo foi informada por Mil sobre a situação. Alguns dos funcionários do hospital corriam ali por dentro, assustados e confusos. Alguns entravam na sala e questionavam sobre Tristan, sobre as crianças e a situação. Alguns diziam que queriam ir embora, outros diziam ter poder para caso alguma das crianças precisasse ser protegida.

Mil os pedia licença, e dizia que ficariam bem. Mas eram muitos. O tempo corria, e a situação estava quase saindo do controle. Alguns dos outros pacientes estavam saindo do controle também, alguns corriam alegres, outros assustados, alguns aproveitavam a situação e tentavam fugir. Alguns pediam ajuda para chegar a outros lugares, variando desde o banheiro até a Terra Encantada de Oz.

-Tudo bem, Vanda. -Mil disse. -A situação começou a ficar complicada. As pessoas aqui são como nós. Vários funcionários querem ir embora por medo.

Gritos e xingamentos podiam ser ouvidos à distância. O pânico estava começando a se instaurar entre alguns dos funcionários.

-E se essa gente que quer ir embora surtar e tentar fazer algo contra a gente? -Vanda perguntou.

-A gente desce a porrada. -Anne respondeu. -Não é como se um médico pudesse vencer todo mundo aqui.

-Eles são vários! Não sabemos o quê podem fazer!

-Para de surtar, tia. -Scott falou. -Tá fazendo a mesma coisa que eles.

-NÃO, NÃO PARO! SE FOSSE A SUA MÃE ELA IA FAZER A MESMA COISA!

-E eu ia mandar ela calar a boca também.

-Scott, você não tá ajudando. -Erine o interrompeu.

-Vamos logo, estejam prontos pra sair daqui. -Paul falou. -Peguem suas coisas, arrumem tudo e quando chegar o meio dia vai todo mundo estar prontinho.

A confusão continuou. Por mais tempo. Vanda continuou reclamando e se descontrolando.

-Eu vou ligar pra Cassidy. -Vanda finalmente disse.

-Quem? -Mil perguntou.

-Mãe da Claire. -Tristan explicou. -Elas são amigas desde o colégio. Foi por isso que eu conheci a Claire.

-Que legal. -Disse Mil. -Ela vai lutar também?

-Não! Vou mandar ela ir lá em casa cuidar do Tristan!

-Por quê?

-Porquê eu vou com você matar aquele nojento.

-Ah. Pode ser então. Só não morre. Você sabe lutar?

-Não...

-Tá bom. Sabe correr se a gente precisar de uma isca pra atrair ele?

-Não.

-Você sabe...

Uma médico abriu a porta abruptamente.

-Olá, desculpem. Eu vim aqui avisar que tem visita.

-No meio dessa confusão? -Vanda perguntou.

-Todo mundo querendo sair daqui, deve ser um maluco pra tentar entrar no meio desse caos.

-Ou... -Paul disse.

-É. Ele chegou.

-Quem é, senhor?

-Uma moça chamada Clementina. Ela disse que foi ela quem salvou o garoto no dia do ataque. O relato dela sobre o suspeito é assustadoramente parecido com o do garoto. Tô quase acreditando que tem um monstro por aí.

-Deixa ela entrar. -Mil exclamou. -E deixem os funcionários que surtaram saírem.

-Certo.

O médico se virou, e saiu andando pelo corredor. Erine ergueu a mão, e de lá um cilindro metálico brilhante saiu de sua mão. Karen olhou para o metal, que saiu flutuando. Ele parou em cima da porta.

-Não ataque sem que ela faça algo suspeito. -Paul disse. -Precisamos ter certeza sobre quem vamos atacar.

-Ele tá certo. -Vanda disse. -Calma.

-Ela estava lá, então. -Erine disse. -Será que é ela mesma, ou se ele está usando o rosto dela?

-Todo mundo pronto? -Hector perguntou. -Glória tá querendo amassar um vampiro hoje!

-Calma, Hector. -Zack disse.

-Todo mundo, fiquem tranquilos. -Mil disse. -Vamos ver primeiro quem vai entrar aqui.

A porta abriu, e uma mulher entrou.

-Oi. -Ela acenou. -Tristan, não é?

Tristan começou a chorar quando viu ela. Ele se levantou e correu abraçá-la.

-Você me salvou! -Ele soluçava.

Todos ali encaravam eles.

-A vida do meu filho... -Vanda disse enquanto lacrimejava. Ela deu um abraço em Clementina.

Clementina era uma mulher de meia idade, visivelmente mais velha que Vanda. Ela era alta, seu cabelo era curto e loiro. Suas roupas claras faziam barulho enquanto Tristan se mexia ali.

-Tudo bem, tudo bem. -Ela afagou Tristan. -Você soube do quê aconteceu?

Ela se dirigiu para Vanda.

-Sim. Acho que você só vai acreditar porquê viu.

Clementina assentiu. Vanda estava tremendo. Ela estava perto demais. E se ela atacasse Tristan?

-Muito bem, Clementina, eu preciso que você venha com a gente. -Vanda disse. -Se o Tristan confia em você, eu também confio.

-Ir com você? Onde você vai?

-Vamos esconder o Tristan.

-E essas crianças?

-São os amigos dele. Se não fossem elas, Tristan não ia nem falar com a gente mais.

-Pobrezinho. Tá tudo bem, a gente vai te cuidar, mocinho. Sua mãe sabe o quê faz. Vamos com ela, tá bem?

-Sim. Eu confio nela e nos meus amigos.

-Ei gente! -Martha exclamou. -Acabei de lembrar! Contem os guardas!

-O quê? -Hector perguntou. -Por quê?

-Por segurança. Têm 55 guardas lá. Um a mais ou um a menos significa que ele chegou.

-Ele... -Clementina olhou para o grupo. -O psicopata, não é?

-Eles sabem que ele é um vampiro. -Tristan falou enquanto se soltava do abraço dela.

-Ah, que bom. -Ela olhou para Vanda. -Que monstro horroroso fazendo essas coisas com crianças.

-Pois é. -Vanda respondeu. -Vamos lembrar do que a Martha disse. 55 guardas. Agora, vamos esperar um pouquinho.

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Sábado, 10:00

Heather e Trixie riam juntas com Alex. Mas a brincadeira delas durou apenas meia hora. Elas dormiram lá em uma festa do pijama entre as três, mas Alex tinha aula de canto às 11:30. As duas então tomaram café lá, e estavam se preparando para ir embora.

A casa de Alex era pequena, para os padrões da família. A mobília, no entanto, era cara. Muito cara.

-Ah gente, me desculpem. Mas minha mãe não vai gostar se eu me atrasar, e aí não vai deixar a gente fazer mais festas do pijama. -Alex se lamentava.

-Querida, acompanhe as duas até a porta. -Sua mãe disse, através da porta do quarto. -E então venha se arrumar.

Enquanto passavam pela sala, elas conversavam.

-Ah, mas eu gosto de andar, não é legal esperar alguém levar você embora de carona, porquê não é perigoso andar na rua assim. -Heather provocou, falando alto no meio da sala.

-Heather! -Trixie disse.

Heather riu.

-É uma bobona. -Alex riu também.

Heather e Alex eram melhores amigas, faziam tudo juntas. Ou pelo menos, tudo que a mãe de Alex permitia.

-Sábado que vem, na minha casa. -Trixie disse. -Vou chamar as outras meninas também.

-Tá! Tchau! -Alex disse enquanto fechava a porta atrás delas.

As duas caminharam pela calçada, e saíram andando pela rua.

-E aí, vai ir embora já? -Heather perguntou. -Ou quer sair dar uma volta pelo bairro?

Seus pais iriam ficar muito irritados em saber que a família de Alex mandou duas garotas de doze anos saírem por aí à própria sorte.

-Vamos. Vamos ver se alguma das meninas tá em casa!

-Boa. Talvez a Tammy esteja.

Tammy era da turma no ano anterior, mas neste ano ela estava em outra turma. Ainda assim, ela manteve a amizade com as garotas.

Heather e Trixie andaram por aí por um tempo. Eventualmente, encontraram Claire sozinha, caminhando pela rua.

-Ei! Claire! Oi!

Trixie gritava e acenava.

Claire ouviu os gritos, então parou e esperou as duas se aproximarem dela.

-Oi. -Claire disse. -Onde vão essa hora?

-A gente tava na casa da Alex. -Heather debochou. -Mas a mamãezinha dela não quer umas plebeias conversando com a princesa.

Claire riu.

-Sei. Vamos ver o Tristan? Eu vou na casa dele.

-Vamos! -Trixie sorriu. -Não tem nada pra fazer em casa mesmo.

-Pode ser.

-Certo. Eu sei onde ele mora, me sigam. Souberam do quê aconteceu com ele?

-Não. Na verdade, eu estranhei que ele sumiu. -Trixie pareceu preocupada.

-É. Ele tá internado.

-O quê ele tem? -Heather questionou.

-Essa é a parte complicada. Vamos indo que eu vou explicar no caminho.

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Sábado, 11:00.

Nathan chegou no endereço que passaram para ele. Ele conversou algumas vezes com Claire durante a semana, agora os dois haviam combinado de se encontrar ali naquele horário. Ele ficou esperando na frente da casa com ladrilhos azulados. O muro era baixo, o portão era pequeno, e aquilo o dava uma leve paranoia de que a qualquer momento alguém pularia ali.

Mas a pior parte era Nate. Nate havia ido dormir na casa da namorada na noite anterior. Nathan estava em choque por isso. Ele não conseguiu falar com o irmão, e não ousaria contar para os pais. Os dois naquela manhã foram à casa de Hector, pois fizeram amizade com os pais do garoto.

As coisas estavam indo de mal a pior.

-Ei! Oi! Nathan! -Os gritos chamaram sua atenção.

Era Trixie. Ela acompanha Claire. E... Heather?

-Ah, oi. Oi, Heather. -Ele olhou para Claire. -Você trouxe elas pra cá? Achei que ia ser só a gente...

-O QUÊ? -Trixie arregalou os olhos. -Vocês iam se encontrar? Eita!

-Quieta, burra. -Heather riu. -Os dois são só amigos. -Ela deu uma risada debochada. -Só vieram aqui pra ver o Tristan. Juntos...

Ela riu de novo.

-Parem. -Claire corou. -Ele veio aqui ajudar o Tristan também. Vocês sabem...

-Ele nem conhece o Tristan. -Trixie disse.

-É que os amigos dele vão vir. Os nerds.

-É. -Nathan respondeu. Ele estava levemente vermelho. -Todos eles. O Scott vai vir também.

Ele olhou para Heather com um olhar debochado.

-Heather... -Trixie ergueu uma sobrancelha. -Não é sério né?

-Não! A gente é só amigo!

-É, melhor ser mais rápida que a Myrella, hein...

-Myrella? -Trixie olhou. -O quê é que...

-Chega, gente. -Claire disse. Vamos entrar. A mãe do Tristan me levou a chave hoje cedo. Vamos esperar eles lá dentro.

-Com um muro dessa altura, nem precisa de chave nenhuma. -Nathan comentou.

Claire abriu o portão, e os quatro entraram.