Sábado, 12:00.
Todos estavam em ordem, prontos para sair dali. Depois de 3 horas em meio àquela confusão, era um alívio para Tristan.
-Vamos, venham. -Mil guiou todos até a entrada do hospital. -Eles olharam para os guardas.
Zack tentava contar o número de guardas que viu no caminho.
-Tem muitos, não vai dar pra contar todos!
-Não importa, andem. -Mil disse.
Eles saíram pela entrada da frente. O pátio externo se estendia até um muro distante.
-E aí, vamos fazer o quê? -Clementina perguntou.
-Temos um plano. -Vanda disse. -Vem comigo e com o Mil.
Eles se dividiram nos três grupos.
-Mãe! -Tristan gritou. -Eu vou te esperar em casa. Te amo.
Vanda voltou e abraçou ele.
-Ele vai para casa com eles? E a gente? -Clementina questionou novamente.
-A gente vai também, mas por outro caminho. A coisa já deve estar perseguindo a gente. Crianças! Fiquem dentro de casa até eu chegar! Erine! Se alguma coisa acontecer comigo...
-Não! -Erine gritou. -Vai dar tudo certo. Eu vou mandar as crianças e nós vamos matar aquele monstro. Quando a gente se ver de novo, vai estar tudo bem!
Erine e seu grupo acompanharam as crianças até um portão que estava bem mais longe do principal. Eles passaram por algumas salas e então saíram para a rua.
-Aqui fora... Faz tanto tempo... -Tristan balbuciou.
-Sim. -Hector disse. -É estranho ver uma rua depois de uma semana inteira tomando porrada do Jeff.
-Falando no Jeff, o quê será que ele foi fazer? -Zack questionou.
-Alguma pesquisa maluca que ele fica fazendo com o velhote. -Scott disse.
-Respeito! Ele é nosso mestre! -Zack gritou.
-Desculpa. Ele tá na missão com o vovô. -Scott riu.
-Olha seu... Ah, que se foda. -Zack desistiu.
-Gente. -Erine deu um abraço em cada um dos seis. -Olha, eu não sei o quê vai acontecer hoje. Eu nem dormi direito de ansiedade. Mas...
-Mas a gente vai fazer tudo certo. -Martha disse. -Vamos ter certeza de dar um jeito nele antes que ele sequer toque em alguma outra pessoa.
-Galera. -Paul chamou. -Olha, eu não posso garantir que vamos sair bem dessa. -Ele apertou a mão dos seis. -Se alguma coisa acontecer comigo, preciso que vocês me façam dois favores. Primeiro, peguem cada membro daquela organização e deem um cacete neles. O segundo, se vocês um dia descobrirem quem é o pai do Joe, deem uma surra nele. Uma surra das boas mesmo, quero ter certeza que ele nunca vai esquecer que ele é um bosta. Beleza?
-Paul... -Hector suspirou. -Pode deixar, parceiro.
-Gostei de você. -Scott disse. -Se você morrer, eu vou te dar uma surra.
Paul riu.
-Por favor, gente, fiquem bem. -David disse.
-Vocês são nossos amigos também. -Zack disse.
-Eu ainda quero zoar com vocês, voltem pra gente. -Max completou.
-Meninos... -Anne disse. -Quero vocês todos em segurança.
-Quero muito continuar com vocês, garotos. -Martha disse.
Karen chorou, e então abraçou cada um deles.
Matt grunhiu, triste, e então abraçou os meninos também.
Erine então segurou as mãos de Hector.
-Ah meus meninos... -Ela lacrimejava. -A gente vai brincar muito ainda. Eu sei. Vocês todos... São iguaizinhos ao Joe, eu tenho certeza que nenhum de vocês vai dar o braço a torcer. Eu quero ver vocês crescendo, quero ver vocês de novo. Se o pior acontecer, não se abalem. Se o monstro achar vocês, então acabem com ele. Não tenham dó.
-Isso parece muito uma despedida. -Paul riu. -Vamos lá, vamos ficar bem. -Ele ainda lacrimejava. -Se eu sair dessa inteiro, vou contar pra Denise o quê eu sinto por ela.
-PELA DENISE!? -Karen gritou. -SÉRIO?
Ela ria
-O quê? Ela é inteligente e tudo o mais.
-Eu não esperava isso. -Erine riu também.
Alguns guardas passaram correndo por ali. Um paciente alegre corria deles.
-Liberdade! Liberdade! -Gritava o homem.
-Ei! Fica parado aí!
-Espero que meu tio tenha contado os guardas. -Hector comentou.
-Clementina. -Tristan disse. -Será que ela era mesmo o monstro?
-Você acha? -Erine o encarou. -É bem estranho ela aparecer tão rápido assim. A única pessoa que viu o incidente, ela nem questionou sobre o vampiro. Não tem outra possibilidade.
-Por favor, tenham certeza que é ele se forem atacar ela. -Tristan disse.
-Prometemos. -Erine disse.
Dois furgões brancos viraram a rua à distância.
-Nossa carona. -Hector disse.
-Tô meio ansioso agora. -Paul comentou. -Bem, gente, o lugar da emboscada é meio longe. A gente vai demorar um pouco. Vamos avisar vocês pelo celular.
Os furgões pararam.
Os motoristas eram dois homens trajados em ternos. Eles possuíam pequenos comunicadores.
-Eles não estão usando óculos. -David comentou.
-É. -Hector concordou.
Os dois grupos subiram cada um em um furgão.
-Crianças, coloquem o cinto. Eu vou levar vocês para casa. -O motorista disse.
Logo, todos partiram.
No caminho, os motoristas receberam algumas transmissões. Eles explicaram para os passageiros a estratégia: todos seriam deixados em um local próximo, pois caso o Furgão tivesse sido avistado, o mesmo seria perseguido para um lugar diferente do destino dos passageiros.
Erine e Paul debatiam sobre o plano. Até que Anne interferiu.
-Gente, vocês acham que existe uma chance da Clementina ser mesmo a Clementina?
-Pequena. -Paul disse. -Só o nome me parece mais falso que todo aquele drama dela lá dentro.
-Mas se ela não for, então significa que o Vrazael tá no hospital. -Erine disse. -Agora deixa eu dar uma olhada nas coisas aqui. Acho que eu devia ter dado um saco de lixo para as crianças...
-Você acha que ele pode ir atrás delas? -Martha perguntou.
-Ele pode. A chance de ir até os meninos é minúscula, mas...
-Como assim!? -O motorista gritou. -Quê guarda!? Não tinha guarda nenhum!
Eles se viraram para o homem.
-O quê... -Erine começou.
-Algum guarda escoltou vocês até a saída? -Ele perguntou.
-Sim. Se não me engano foram quatro.
O motorista passou a informação.
-Merda... -Ele olhou pelo retrovisor. -Fiquem de olho na rua. O merdinha provavelmente era um deles.
-O QUÊ!? -Karen gritou.
-Você tem certeza?
-Parece que faltou um guarda quando eles voltaram para o William. Todos aqueles lá deviam ter ficado com vocês até nós chegarmos.
-Será que eles perceberam? -Paul perguntou.
-Acho que sim.
Enquanto isso, William e os guardas vasculhavam tudo freneticamente. Ele estava em parceria com 01. Os dois contataram todos os guardas, ordenaram a contagem completa. No final, 54.
-E agora, Senhor? -Ele olhou para a rua. -O 51 sumiu completamente.
-Agora vamos tentar achar ele. Vou ligar para o Maximillion.
Assim que Mil atendeu, William perguntou sobre seus guardas.
-William, eu esqueci de avisar. O 51 veio com a gente. Ele vai ajudar aqui. Eu tô dirigindo e ele cuidando da gente. A Clementina e a Vanda estão se sentindo mais seguras com ele aqui.
-Entendido. Pode passar para ele?
51 pegou o telefone e atendeu.
-Senhor, peço desculpas. Um dos pacientes arrancou meu comunicador enquanto eu carregava ele de volta para o hospital. O Maximillion pediu que eu acompanhasse ele.
-Ah, cacete, que susto. Porquê você não pegou o comunicador de volta?
-Porquê aquela mulher surtou completamente. Ela me batia igual um animal. Gritava e pedia socorro. Achei que vocês iam me matar achando que eu era um impostor. Desculpa, senhor.
-Tudo bem. Vamos avisar as crianças já.
-Certo. Vou passar para o Max de novo.
-Avisou as crianças sobre o guarda. Muito bom. Desculpa por ter dado esse susto. Eu vou demorar para chegar no lugar, então espera eu te ligar. Se a gente pegar o safado, vamos ligar pra você ir ver ele. Consegue?
-Óbvio que sim.
William ligou para os outros motoristas e explicou a situação.
Quando repassaram, Erine entendeu a mensagem.
-O guarda provavelmente está entre ele e a Clementina. Até o Mil deve achar isso.
-Ele disse que achava isso enquanto a gente tava meio longe dela. -Paul contou. -O guarda deve estar ali pra evitar que ele ataque a Vanda.
-E se ele for o vampiro? -Karen perguntou.
-Então, a gente vai dar um fim nele e não diz nada para a Clementina.
-Faz sentido.
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Sábado, 13:00.
Tristan e os amigos chegaram em casa, e ele entrou primeiro. Ele se assustou ao encontrar Trixie e Heather com Claire. Mas ele ficou parado, embasbacado quando viu Nathan.
-Oi... -Ele acenou. -Você é enorme... Você é o Nathan?
-Sim, sou. Como vai?
-Bem...
-Qual é? -Hector disse para Claire. -Era só a gente! As duas podem ficar em perigo!
-Com a Heather aqui, é mais fácil o vampiro estar em perigo. -Claire respondeu.
-Vampiro... -Heather murmurou.
-Só companhia boa pra gente passar a tarde toda, hein. -Scott disse, em tom de sarcasmo.
-Cala a boca, Scott. -Heather disse.
-Ei! -David disse. -Vamos fazer o quê o dia todo?
-Vamos achar alguma coisa. -Tristan disse.
Por uma hora inteira, eles apenas conversaram e assistiram.
E então o telefone tocou.
Quando Tristan atendeu, ele ficou parado, em choque.
Ele balbuciou algo, e então foi até a sala.
Scott, Hector e Max estavam sentados conversando.
-Gente... Minha mãe ligou.
-E aí? -Hector ergueu uma sobrancelha.
-O plano deu errado. Ele escapou.