Sábado, 17:30.
Assim que Mil chegou no endereço de Vanda, ele viu sangue no chão. Ele perdeu aquele bom humor na mesma hora. Como poderia tudo dar errado daquele jeito? Mas e se aquele sangue não fosse das crianças?
Ele viu que o sangue deixou um rastro para dentro da casa, até próximo de um muro na parte de trás. Lá, pessoas gritavam em pânico. Quando ele pulou, viu que as pessoas estavam assustadas.
Ele precisou sair dali, pois ninguém acreditou que ele ia salvar as crianças. O portão estava escancarado. Mas ainda haviam pegadas no chão. Ele correu à toda velocidade, até que perdeu o rastro. Não ia muito longe. Ele observou a área. E viu umas luzes. Gritos. Vinham da siderúrgica ali perto. Ele correu até lá.
Sábado, 17:40.
William foi o último a ser solto pelo grupo. Todos ainda se desculpavam com Clementina.
-As crianças! -Ela gritou. -Vamos para elas!
-Ela tem razão! -Paul gritou. -Precisamos ir.
-Estão vindo!? -William gritou para o comunicador. Ele havia chamado um dos furgões para levá-los para as crianças.
-Chegando no local, senhor. Avistamos a garota.
Erine estava na saída do beco, sinalizando. Ela, Matt, Anne, Vanda e Karen ficaram lá, para caso algum estranho tentasse fazer algo.
William soltou a perna direita da gosma.
-Pronto! -Ele disse para Paul. Ele soltou a perna, e então saiu pulando.
-Cacete! -Paul exclamou.
-Não importa agora. Vamos.
O restante do grupo se encaminhou para o Furgão.
Eles entraram e partiram para a casa de Vanda.
-Vamos rezar por eles. -Clementina disse.
Erine chorava, junto de Vanda.
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-MAS NEM FUDENDO! -A esperança surgiu nos olhos de Hector ao ouvir o nome do herói.
-ISSO! CARALHO!! -Max berrava, feliz. Maximum Overload era seu ídolo, seu herói.
Vrazael se levantou. Seu corpo estava quase completo. Sua pele estava se recuperando ainda. Ele usou a mão para por a mandíbula no lugar.
-Que ótimo. Mais um. Vai morrer antes ou depois dessas crianças?
-Antes, por favor. Se eu matar você depois de você matar elas, meu chefe vai me estrangular.
-Haha. Boa sorte, Mil...
O cabelo de Mil se levantou sozinho. Uma viseira escura cobriu seu rosto. Pequenas luzes acenderam nelas. Alguns protetores surgiram em seu corpo.
-CARA, QUE IRADO! -Max vibrou. As crianças correram até parar atrás entre Mil e a saída.
Vrazael se moveu. Em uma fração de segundo, Mil correu por toda a siderúrgica, passou pela esteira caída, pulou por uma parede, e chutou Vrazael. O vampiro, em vão tentou se equilibrar ao ser lançado, Mil começou a socar. Direita, esquerda, direita, esquerda. Os ossos do monstro se partiam a cada golpe, um por um.
Dez segundos, foi o tempo que Mil levou para esmagar o crânio do monstro. Ele parou, e observou, enquanto o corpo, alerta, fazia vários movimentos. Ele tentava usar as garras para atacar. Mil lançou uma onda elétrica tão forte que o corpo explodiu enquanto se chocava com uma parede.
-Que foi? Tá tentando ouvir os vizinhos brigando? -Mil provocou.
Nada.
Ele se virou para as crianças.
Todas riam e comemoravam. Heather estava curvada.
-Cara, que foda! -Trixie exclamou.
-E esse cara? -Mil apontou para Nathan. -É amigo de vocês?
-Sim! -Hector riu.
-Caralho, Mil! -Max gritou e foi correndo até ele.
Max o abraçou.
-Calma, garotão. Vamos primeiro ter certeza que essa coisa morreu.
Ele pegou o celular e ligou para Erine.
-Erine?
Ela atendeu. Vozes ecoaram do fundo.
-MIL! Por favor, me diz que tá tudo bem.
Ela chorava.
-Sim. As crianças deram uma surra no indivíduo. Eu cheguei aqui e dei outra. Acelera com a soda aí, ele vai se regenerar de novo se demorarem.
-CERTO. AH QUE BOM.
Ela deu uma risada. Mil desligou o telefone.
-Tá vindo. -Max disse.
Mil se virou. Vrazael já estava se regenerando. Dessa vez, era um esqueleto apenas.
O esqueleto grudou na parede e começou a rastejar até o teto.
Lá, a carne começou a crescer de novo.
-Oh, que triste, não é? -Vrazael disse. -Aposto que a Erine vai chorar muito quando ver todos vocês mortos. Ela vai vir com tanta raiva atrás de mim! Igual todas as vezes que cantaram vitória cedo demais!
Ele riu.
-Você já tá fodido, seu merda! -Hector gritou.
-Se acha que não, desce aqui. -Scott falou.
-Tem muito pra você! -David riu.
-Muito? Não, não tem. Crianças têm pouca carne. Só não são piores que bebês.
-Bebês? -Heather estava enojada. -Você...
-Claro! -Ele riu enquanto seu rosto se formava. -Bebês, Crianças, mulheres grávidas! Todas as vítimas que fazem os heróis ficarem furiosos quando eu conto que devoro!
Ele riu mais e mais enquanto seu rosto tomava forma humana novamente.
-SEU FILHO DA PUTA MISERÁVEL! -Hector berrou. -EU VOU TE MATAR!!!
-HECTOR ELE SÓ TÁ PROVOCANDO! -Mil tentou avisar, mas foi tarde.
Hector atirou Gloria com toda a força. Uma parte do teto desabou, junto de Vrazael.
Mil atirou Max para trás, e caiu no processo. Vrazael se levantou dos escombros, enquanto Mil tentava levantar. Vrazael avançou contra ele, e o jogou com toda a força na parede. Suas costas bateram com força, sua cabeça logo em seguida.
-Eu disse. Cantou vitória muito cedo.
Sua visão ficou turva. As vozes se distanciaram. Desde quando Vrazael era tão veloz?
Hector puxou o martelo e tentou bater. Vrazael segurou a cabeça do martelo e jogpu-o, junto de Hector, em Nathan. Os dois caíram no chão.
Scott e David se jogaram contra ele, mas ele apenas jogou uma telha nos dois.
Max lançou uma onda de vento, e então foi para cima.
Vrazael o atacou com as garras, mas o garoto desviou dos dois golpes e deu uma joelhada no monstro. O vampiro tentou mordê-lo, mas ele desviou, e deu um gancho no queixo dele. Ele se lembrou de Jeff e de como Jeff reagia rapidamente aos ataques.
Era sua única chance de vencer. Ele pulou, e pisou na garra esquerda que vinha em direção à sua perna esquerda. Socou o lado direito do monstro. O estômago. Ele se lembrou.
Max pulou para trás. Ele observou o monstro, e preparou seu ataque. Uma onda de vento rodopiou por seus braços. Ele usou todo o seu poder para aquilo. A onda era tão forte que ele não conseguia aproximar os braços.
Vrazael chegou perto. Max o atacou, direto no estômago, desviando da feroz investida do monstro. Ser selvagem o fazia um artista marcial fraco aos olhos de Max, que era um prodígio em combate.
Sua mão pegou no estômago, Max concentrou tudo o quê pode naquele ataque. O vento rodou a pede de Vrazael, que estava totalmente nu àquela altura.
O abdômen se rasgou, sangue e pele voaram por todo lado.
-TCHAU, FILHO DA PUTA! -Max berrou enquanto enfiava a outra mão no buraco aberto. O monstro ficou empalado, desesperado enquanto seu interior se torcia.
Ele deu um chute, que derrubou Max.
-Eu tô confundindo ele! -Claire gritou. -VAI MAX!
Max não teria tempo, Vrazael se contorcia e atacava às cegas. Somente a retaguarda estava liberada.
Tristan agora era o único ali. Ele olhou para Zack. Zack segurava a lança de luz.
O tempo pareceu parar, como na tarde em que ele viu o monstro pela primeira vez. Ele não ouvia nada. Sua cabeça girava. Ele sentia medo. Como daquela vez. Mas ele não estava sozinho. Cada dia naquele hospital. Cada segundo sofrendo, com medo, receoso do quê aconteceria com ele... Mas agora seus amigos eram os alvos. Ele não queria ninguém sofrendo tudo o quê ele sofreu.
-ZACK JOGA PRA MIM! -Suas pernas se moveram sozinhas.
Ele correu, enquanto Zack atirava a lança para ele. A lança girava no ar. Ele se lembrou de cada segundo que aqueles garotos falaram com ele. Eles foram os amigos que ele precisava. Eles lutaram por ele até ali, e agora lutavam contra o medo que Tristan não conseguia superar. Pelo menos, não superaria sozinho.
Ele segurou a lança, pulou e rodou no ar. Seus olhos se fecharam. Todos aqueles dias de desgraça passaram como um flash por seus olhos. "A mamãe está aqui!". "E aí, cara?". Ele realmente superou tudo aquilo.
Tristan caiu no chão. Quando abriu os olhos, Vrazael gritava ao lado dele. Seu corpo, sem cabeça e com um buraco no meio cambaleando. Espere, gritando ao seu lado?
A cabeça estava caída ao seu lado, tentando abocanhar ele. Ele se sentou e recuou. Max chegou correndo e chutou a cabeça para longe. Ela caiu perto das garotas. Heather criou a proteção de pedras em seus antebraços e esmagou a cabeça escandalosa.
Nathan e Hector estavam ali, Nathan enfiou sua mão transtornada no buraco que Max abriu. Ele puxou uma coisa... Que se mexia... Um coração?
Ele arrancou, olhou com nojo, fechou os olhos e comeu.
-PUTA MERDA QUE NOJO! -Ele gorfou.
Hector deu uma martelada no corpo, que começava a ficar lento outra vez. O corpo caiu no chão.
-Deixa ele aí! -Scott gritou.
Ele e David se aproximaram do corpo, e começaram a lançar fogo contra ele.
-TORRA, FILHO DA PUTA! -David berrou.
O corpo ficou ali, queimando.
Eles se afastaram. Max foi acudir Mil.
-Oi... -Mil falou. -Tô bem.
-A gente conseguiu. -Max disse. -Eu acho.
Eles se levantaram. E ali, ficaram vigiando o corpo.
Nathan vomitou.
-Foi mal. -Ele disse. -Alguém queima isso aqui, por precaução.
-Tô indo. -Scott foi queimar.
-Ei, Nathan. -Hector chamou. -Você sempre foi um vampiro?
-Sim. Foi mal por não contar. Achei que iam achar que eu era um... Traidor.
-Cara, não. -Tristan disse. -Você é nosso amigo. Tudo bem?
Tristan abraçou ele.
-Eu...
-Tristan... -Claire interrompeu. -Você conseguiu...
Ela desabo em lágrimas. Os dois se abraçaram.
-Ei, vocês dois. -Hector chamou. -Toca aí!
Ele estendeu o punho. Tristan e Claire tocaram. A marca dos Mirai surgiu neles, com uma ampulheta.
-O quê... -Tristan olhou para sua mão, para a de Claire, e então para a de Hector. -Entendi.
Ele sorriu.
-Bem, vamos descansar. Cara eu não como nada desde quando o Paul levou tudo aquilo de manhã.
-Nem eu. -Max reclamou.
-A gente quase morreu, e vocês preocupados com comida!? -Trixie berrou. -O quê aconteceu aqui? Vocês são loucos?
-Respondendo suas perguntas, -Scott disse. -Sim, a gente matou um vampiro, e sim. Principalmente a terceira parte. Todo mundo aqui é louco.
-Cara, eu devia andar mais com vocês. -Heather disse.
-Devia mesmo.
-Desculpe, Trixie. -Claire disse. -Foi minha culpa você ter se metido nisso. Na verdade, tudo isso foi minha culpa. Se eu não tivesse...
-Se não tivesse, a gente não ia ser chamado de herói. -Hector a interrompeu. -A gente venceu, e não tinha como você saber que ele era um vampiro. Você sobreviveu a ele mesmo sem saber. Você é muito foda, Claire!
-E linda... -David resmungou.
Hector riu.
-Criançada... -Mil disse. -Vocês são malucos. Adorei Vocês. Espero poder trabalhar junto com vocês outra vez.
-Ei, quero meu autógrafo! -Max disse.
-Você salvou minha vida, Max. Vou te mandar um pelo correio.
-Valeu!
Max riu.
Mil pegou o celular e ligou para William, e passou a localização da siderúrgica.
Algum tempo depois, um grupo de seguranças de William chegou, e recolheu os restos do monstro. Um dos seguranças se aproximou de Mil.
-Tá vivo, parceiro?
Mil riu.
-Tô. Mas adivinha quem vai ganhar atestado?
Eles riram.
O guarda olhou para as crianças.
-Que trabalho bem feito. Se um dia quiserem um emprego, falem com o William. Digam que o 01 recomendou vocês.
-Ei, e o corpo? Vão fazer o quê com ele? -Tristan perguntou.
-Vamos usar esses caldeirões daqui mesmo, jogar o quê sobrou dele lá, e usar a soda que sua amiga comprou. Falando nisso, eles acabaram de chegar.
As criança se levantaram, e foram até a saída. Já era noite, mas os guardas tinham lanternas. Eles viram Erine, Vanda, Clementina e o restante do grupo.
Todos correram juntos, para se abraçar. Com exceção de Scott e Anne.
-Caraca, molecada, vocês lutaram mesmo? -Paul disse. -Como foi?
-Fácil. -Disse Claire.
Eles riram. Vanda deu um abraço bem longo na garota.
-Meu irmão vai ficar muito puto. -Nathan disse.
-Ele é bonito? -Trixie perguntou.
-É muito velho pra você.
-Ainda bem, a Karen quer um namorado. -Erine se intrometeu.
Todos riram.
-Hector. -William chegou pulando até ele. -Você me provou que eu estava errado. Muito errado. Estou orgulhoso, garotão. Seu amigo não errou em confiar os Mirai a você.
-Sua perna... -Hector olhou para ela.
-Sim. Já faz uns anos. Foi o Vrazael. Foi ele quem matou a tia Selene também e...
-Podia ter me contado antes. Eu ia bater nele com mais força.
-Eu sei que ia. E isso que me assusta. Se você perdesse o controle por raiva... Não sei o quê poderia acontecer.
-Ele tá certo. -Scott disse. -Você é meio esquentadinho. Ia acabar preso por agredir o vampiro.
Os três riram. William começou a chorar.
-Desculpe. -Ele suspirou. -Bem, algum dia ele provavelmente vai sair daquele caldeirão. Mas ele vai ter tempo de rezar pra nós já estarmos mortos de velhice.
-Sim, ele vai! -Hector riu.
-E então, quem vai me abraçar? -Clementina perguntou.
Tristan correu até ela. Claire também.
-Obrigado! Muito obrigado!
-Senhora... Você tinha que ver. O Tristan perdeu o medo!
-Sério? Sim! Ele cortou a cabeça do vampiro!
-Nossa!
-Ei! -Paul interrompeu. -Quero saber também.
Matt grunhia e batia palmas.
-Vamos para onde agora? -Tristan perguntou.
-Vamos jantar na minha casa! -Vanda chamou. -Eu ligo para os pais de quem não devia estar fora até essa hora!
-Ei. A janta fica por minha conta. -William anunciou.
-Opa! Agora sim! -Mil disse. -William, nós vamos ser superados por essa geração.
-Ah vamos sim. Olhem para eles! O primeiro grande inimigo foi o próprio Vrazael! Tenho medo do quê eles vão se tornar.
-Acho que vão ficar fracos daqui trinta anos. -Mil disse. -Já que vão derrotar todos os inimigos com tanta força ainda jovens...
William riu. Juntos, todos caminharam pela rua noturna até a casa de Vanda para jantar.