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Chapter 40 - Finalmente, Livres

Sábado, 20:00.

O jantar na casa de Vanda estava extremamente animado. Alguns vizinhos estranharam o grupo de crianças sujas de sangue, mas não fizeram nenhuma pergunta.

William pagou cinco enormes pizzas para todos. Vanda assumiu a conta dos refrigerantes. Era uma comemoração e tanto. E as crianças estavam extremamente energéticas naquela noite.

-Cara, vocês tinham que ver! -Hector contava aos mais velhos. -O Max deu um cacete nele! Ele é muito poderoso!

-Acho que ele é mais poderoso que eu ou o Scott. -David disse.

-Nem é pra tanto. -Max disse. -Eu mandei tudo naquele golpe, me esgotei completamente.

-Ah, o Relâmpago Esmeralda levou quase toda nossa energia. -David contou. -No fim a gente acertou todas.

-Mas mesmo assim, vocês têm outros poderes! -Max protestou.

-Ei, rapaz. -Clementina chamou. -Não faça isso. Rebaixar suas conquistas não é legal. É heroico, mas mesmo assim. Vamos lá, dá um sorriso e diz "Isso aí! Eu me esforcei!". É bem melhor.

-Mas...

-Mas nada! -Hector interrompeu. -Você merece os créditos! Todas aquelas pauladas do Jeff valeram a pena.

-Haha, verdade.

Max riu.

A noite estava animada. Os pais de Heather, Trixie e Nathan entenderam a situação e permitiram a comemoração. Eles ainda não sabiam da parte do vampiro.

-Ah, Max, aproveita. -Trixie disse. -Eu só fiquei lá chorando. Não fiz nada!

-Não fica assim, Trixie. Tudo bem, você tava com medo. Todo mundo tava. -David a confortou.

-Só a Heather que tem uns parafusos a menos e não sentiu nada. -Scott riu.

-Ah, qual é! -Heather o encarou. -Alguém te falou sobre seu surto?

-Surto... -Scott repetiu. Ele ficou sério. -Eu acabei de lembrar! Aconteceu uma coisa muito esquisita. Quando eu tive aquele lapso, eu continuei controlando meu corpo.

-A gente viu, cara. Você controlou bem mais do quê o normal. -David falou. -Aprendeu com o Jeff?

-Continua, Scott. -Hector o olhava, sério, e fez um sinal para David esperar.

-Eu estava em outro lugar. Eu não sei o quê era, mas tinha uma garota, e um esquisitão. Ele tava com a mão toda quebrada, me xingando. Eu não sei o quê aconteceu, mas ele disse que eu devia ter morrido. Eu bati naquele cara, e depois virei e falei com ela, perguntei onde eu tava e o quê tava acontecendo. E aí... Ela me perguntou quem eu era... E aí eu acordei lá no meio do quebra-pau.

-Falou com quem? -Erine perguntou.

-Não sei quem era.

-Lana. -Claire disse. -Você disse Lana.

-Lana... -Scott repetiu.

-Cara, você nunca fez isso antes. -Hector disse. -Todos seus lapsos tiveram um desmaio, uma convulsão e até uns gritos. Mas você nunca espancou ninguém igual hoje.

-Como assim? -Scott ergueu a sobrancelha.

-Você deu um pau nele enquanto tava apagado! -David contou. -Foi muito foda!

-Caraca... Mas... Ah Foda-se. -Ele olhou para Nathan. -Cara você quase me matou do coração. Podia ter dito pra gente que você era um vampiro.

-Já entendi, mas eu fiquei com medo. -Nathan respondeu.

-Zack... -Scott chamou. -E você? Por que tá tão quieto?

-Ah eu... Tava com medo. -Ele respondeu. -Achei que ia morrer. Eu até tentei usar a marca que o Jeff deu pra gente voltar pra Arcádia, mas eu tava com tanto medo que esqueci como fazer.

-Mano... -Hector olhou para ele. -Alguém mais lembrou da saída de emergência do Jeff?

-Não. -Max respondeu.

-Não. -Scott e David disseram, juntos.

-Porra.

-Ah, gente, que dia louco. -Anne disse. -Quero dormir. Mas acho que eu vou ter pesadelos...

-Se tiver pesadelos, encara eles! -Tristan disse. -Eu vou dormir muito bem hoje!

Vanda riu.

-Que bom, querido.

Ela pensou no quê um pai diria para ele. Mas esqueceu a ideia. Pai... Certamente, Tristan adoraria um. Ela pensou em seu falecido marido. Claire também perdeu o pai. Os maridos de Vanda e de Cassidy eram melhores amigos. Mas os dois acabaram sendo mortos em um ataque mutante em 2003. Ela chorava muito quando lembrava daquele dia. Mas naquela noite, ela se recusou. Ela viu Tristan feliz pela primeira vez em dias! E ele mesmo enfrentou seu trauma. Aquilo era... Grandioso.

Mas ela estava preocupada com Cassidy. Ela havia ido até o hospital depois de Vanda. Por que ela ainda não estava em casa?

-Ei, Martha. -William chamou. -Onde é esse colégio que você e a Erine vão?

-É no centro. É bem famoso até, mas vezes eu penso em ficar no Moreil...

-Martha! -Erine disse. -Nós íamos juntas! Se você ficar, eu fico!

-Calma, calma. -William interrompeu. -Não sabia que era um assunto tão... delicado. Esqueçam a pergunta. Eu quero mandar meus filhos para lá.

-Sério? Quantos filhos você tem? -Vanda perguntou.

-Tenho dois. Eu normalmente deixo eles na casa dos meus pais. Já que a mãe deles faleceu...

-Nossa. O pai do Tristan também. Se não quiser falar disso...

-Tudo bem. É uma coisa... complicada.

-Willian. -Paul chamou. -Acabei de lembrar de uma coisa! Eu vou faculdade de engenharia.

-Que legal! Qual engenharia?

-Alguma delas. -Paul riu. -Mas eu disse isso porquê eu vou te dar de presente uma perna que eu mesmo vou fazer!

Willian deu um sorriso.

-Garoto... -Ele se levantou e deu um abraço em Paul. -Muito obrigado.

Paul sorriu.

-Ah, cara, o Paul tem um coração tão bom. -Karen disse.

-Aposto que a Denise vai gostar. -Anne provocou.

-Ei!

Matt riu.

-Olha! -William disse. -Não me leve a mal, mas eu posso te dar uns conselhos. Que tal?

-Não sei...

-Escuta ele, Scott. -Hector disse. -Usa pra conquistar a Myrella.

-Você gosta da Myrella? -Heather perguntou.

-Não! Eu... -A voz de Scott sumiu.

-Quem é Myrella? -Erine perguntou.

-Uma assanhada. -Heather disse, e olhou para Scott.

-Eu não gosto dela. -Scott disse.

-Você ama ela? -David provocou.

-Quer saber, vão a merda.

-Nunca imaginei que o Scott tivesse sentimentos. -Trixie disse.

-Gente, sem querer quebrar o clima. -Clementina disse. -Mas alguém pode me levar para o hospital? Meu carro ainda está lá.

-Eu vou mandar alguém trazer. -William disse. -A minha moto ficou lá perto daquele beco também... Espero que ainda esteja lá.

-A essa hora, devem ter roubado até a sua perna que estava lá. -Mil disse.

Todos riram.

-Tudo bem, Will. Qualquer coisa pode dormir aqui em casa. -Vanda disse.

-Não, tudo bem. Eu consigo alguém pra me levar...

-Ai, ai, ai. -Mil disse. -Para de ser chato, Will. Will. Will...

-Você é que é chato.

-Obrigado.

-Gente, e o Vrazael? -Erine perguntou.

-Jogaram ele na soda. -William respondeu. -Do jeito que você planejou. Meus homens arrumaram um pouco mais de soda. Pode ficar com a que você comprou.

-Ah...

-Bom, a gente churrascou o corpo dele. -Scott disse. -Acho que não tem como ele fugir.

-Não. -Disse William. -Mas as vezes ele volta...

-Deve ser triste isso. -Martha disse. -Um dia, todo o mundo vai acabar. Será que ele vai estar aqui ainda?

-Se estiver, ele vai merecer. -Hector disse. -Depois de tudo o quê ele fez...

-Aquela esmagada da Heather deve ter feito ele esquecer até o nome dele. -Disse Max.

-Ele deve ter morrido sim. -Trixie disse. -Viu a força que ela fez?

-Sim.

Eles continuaram comendo e conversando, até que uma mulher bateu palmas na frente da casa. Todos ficaram em silêncio.

-Oi! Miga!

-MÃE! -Claire gritou e saiu correndo.

A mulher entrou com uma sacola, acompanhando ela.

Claire a abraçava e chorava.

-Eu trouxe um presentinho para o Tristan, amiga. Demorei porquê queria fazer surpresa. Nossa, quem é essa galera?

-Nossos amigos. -Claire disse.

-Ah, que legal.

Claire apresentou o pessoal para Cassidy.

E ali, eles passaram um bom tempo se divertindo e rindo.

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Domingo, 14:00.

Em uma floresta, não muito longe de Gardeville, um homem corria. Durante uma confusão no dia anterior, ele conseguiu escapar da prisão. Era sua liberdade agora. Hora de seguir sua vida, de viver uma vida nova e longe de tudo o quê ele fez.

Reavaliar suas escolhas foi sua melhor escolha. Bastava ele cruzar a fronteira, procurar um lugar para recomeçar, e era isso. Sua vida. Seu grande plano.

Em meio à corrida, ele escutou gritos. Ele parou. Se agachou e andou lentamente. Polícia?

Ele ficou quieto.

Nada.

-Socorro! -Uma voz feminina gritou. -Alguém!

Ele procurou a fonte da voz. Quem estaria gritando desse jeito?

Ele viu uma mulher cambaleando pela mata. Ela estava nua. Era magra e pálida. Ela se apoiava nas árvores quando andava. Ele foi devagar até ela.

-Socorro... Alguém...

-Ei, moça! Tudo bem?

-Estão vindo...

-Quem?

-Eles... Eles vão vir...

-Eles quem?

-Eles me enganaram... Me sequestraram...

-Calma, eu vou te ajudar. Mas eu preciso saber quem fez isso.

-Eles fizeram... Me ajuda...

-Merda, você tá catatônica. Vem comigo.

Ele seguiu reto e puxou a mulher pela mão.

-Eles acharam que eu iria para uma armadilha sem tomar precaução... -Ela disse.

-O quê você quer dizer com... HUF!

Ele olhou para baixo, e viu garras saindo de seu abdômen. Ele olhou para trás. A mulher se deformara, um sorriso gigante, com enormes dentes saía de sua boca.

-Quero dizer que o William e aquelas crianças erraram.

E ali, aquele pobre presidiário, iludido com a liberdade foi devorado até saciar a fome de Vrazael.

Um Cont do Futuro- A Grande Fome – Fim.